sábado, 6 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 397 (A e B)


 
COLUNA DO NORTE ... AH QUE SAUDADE ME DÁ!
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


Acho que o meu saudosismo não é somente meu. É de todos os que ingressaram na Ordem e já no meio da caminhada se depararam com alguma dificuldade em entender ou para explicar certas passagens do saber maçônico. É que ali, tivemos as melhores oportunidades de aprender bem e muito, mas que infelizmente nossa pequena porosidade de então, impediu que de tal forma absorvêssemos. Fraquezas da humana condição!
Também não vamos chorar por isto. Nós éramos tenros infantes, na platéia. A cada sessão, um cortinado se abria e, no palco, atores maravilhosos levavam a efeito cenas magníficas. Deslumbrados, ficávamos encantados com o que víamos, tão encantados que nem abríamos espaço para aquilo que ouvíamos. Talvez por isto, não aprendíamos tanto, embora muito fosse ensinado. Perdão, grandes mestres! O crédito, num mundo em que se pesquisa a verdade, não lhes pode ser negado.
É possível que não tenhamos amealhado o saber. Por culpa de ninguém. Pois houve o esforço dos mestres. A abnegação mesmo! O augusto e respeitável recinto escolar. Os melhores colegas de turma. E nosso desejo de aprender. Talvez a curiosidade é que tenha inibido a realidade. Mas, não podemos negar,  aprendemos algo que ficará para toda a vida, aprendemos o caminho da escola. E isto salva tudo.
O peregrino, por bondade dos mestres, andou léguas. Muitas vezes até capengando, torto, pondo a mão nos ombros dos colegas, mas indo, em frente, chegando a novos teatros e, mais uma vez, maravilhado, boquiaberto, segurando o queixo com a mão,  emocionado, lá está na platéia, assistindo encenações encantadoras dos ensinamentos da Ordem.
Agora, nas dificuldades, não tergiversar. Não chorar o leite derramado. Não ter vergonha de não saber dar resposta ao que for perguntado por alguém que se inicia. Nem por isto se sentir diminuído. Não, mano velho! Todo tempo é tempo de aprender, especialmente quando se pesquisa a verdade, coisas cristalinas que enriquecem o espírito e dão a grandeza humana aos humanos!  
A coluna do norte continua lá, no setentrião. Banquinhos duros, na fila de trás, mas continua lá. Aguardando a gente para a reciclagem. E isto é muito bom. Reparem bem! Volta-se lá, não mais para aprender tudo, mas para tirar dúvidas. Cuidar de aprender somente um pouquinho do todo. Um segmento da linha total. Aí o aproveitamento vai ser completo, uma beleza. O mestre da Galiléia nos deixou ensinado que “é próprio do viver o nascer de novo”, muitas vezes.
Talvez nem seja mesmo para cumprir a sentença de “sermos eternos aprendizes” que voltamos lá. Pode não ser por isto. Voltar à coluna do norte é um reencontro com a juventude maçônica. Um reencontro com os ideais, com os nossos sonhos. Quantos sonhos maravilhosos tivemos lá! Os mestres instruindo e a gente na missa ... Presente e ausente. Divagando...  Pensando agarrar aquele cinzel e desferir-lhe o malho, desbastando a pedra bruta que sempre fomos, e dar-lhe novos moldes de faces polidas. Pensando em vir a ser um sermão sem palavras, na comunidade, influindo na melhoria dos costumes, pelo exemplo. Pensando em como tornar feliz a humanidade. Sim, em tudo isto nós pensamos, lá na coluna do norte ...
Bom e suave é que se acendam à nossa frente os lampiões que indicam os caminhos de retorno, sempre, ao setentrião. Não importa que no local haja pouca iluminação. Que os bancos escolares sejam sem almofadas. Importa que ali haja a permanente busca pelo saber. Haja ali a semeadura dos ideais e o embalo dos sonhos, com que os construtores sociais ornamentarão, da Ordem, os amanhãs!
Ó Coluna do Norte, e quando “sei que nada sei”, ah que de ti quanta saudade me dá!


 

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