COLUNA DO NORTE ... AH QUE SAUDADE ME
DÁ!
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Acho que o meu
saudosismo não é somente meu. É de todos os que ingressaram na Ordem e já no
meio da caminhada se depararam com alguma dificuldade em entender ou para
explicar certas passagens do saber maçônico. É que ali, tivemos as melhores
oportunidades de aprender bem e muito, mas que infelizmente nossa pequena
porosidade de então, impediu que de tal forma absorvêssemos. Fraquezas da
humana condição!
Também não
vamos chorar por isto. Nós éramos tenros infantes, na platéia. A cada sessão,
um cortinado se abria e, no palco, atores maravilhosos levavam a efeito cenas
magníficas. Deslumbrados, ficávamos encantados com o que víamos, tão encantados
que nem abríamos espaço para aquilo que ouvíamos. Talvez por isto, não
aprendíamos tanto, embora muito fosse ensinado. Perdão, grandes mestres! O
crédito, num mundo em que se pesquisa a verdade, não lhes pode ser negado.
É possível que
não tenhamos amealhado o saber. Por culpa de ninguém. Pois houve o esforço dos
mestres. A abnegação mesmo! O augusto e respeitável recinto escolar. Os
melhores colegas de turma. E nosso desejo de aprender. Talvez a curiosidade é
que tenha inibido a realidade. Mas, não podemos negar, aprendemos algo que ficará para toda a vida,
aprendemos o caminho da escola. E isto salva tudo.
O peregrino,
por bondade dos mestres, andou léguas. Muitas vezes até capengando, torto,
pondo a mão nos ombros dos colegas, mas indo, em frente, chegando a novos teatros
e, mais uma vez, maravilhado, boquiaberto, segurando o queixo com a mão, emocionado, lá está na platéia, assistindo encenações
encantadoras dos ensinamentos da Ordem.
Agora, nas
dificuldades, não tergiversar. Não chorar o leite derramado. Não ter vergonha de
não saber dar resposta ao que for perguntado por alguém que se inicia. Nem por
isto se sentir diminuído. Não, mano velho! Todo tempo é tempo de aprender,
especialmente quando se pesquisa a verdade, coisas cristalinas que enriquecem o
espírito e dão a grandeza humana aos humanos!
A coluna do norte
continua lá, no setentrião. Banquinhos duros, na fila de trás, mas continua lá.
Aguardando a gente para a reciclagem. E isto é muito bom. Reparem bem! Volta-se
lá, não mais para aprender tudo, mas para tirar dúvidas. Cuidar de aprender
somente um pouquinho do todo. Um segmento da linha total. Aí o aproveitamento
vai ser completo, uma beleza. O mestre da Galiléia nos deixou ensinado que “é
próprio do viver o nascer de novo”, muitas vezes.
Talvez nem
seja mesmo para cumprir a sentença de “sermos eternos aprendizes” que voltamos
lá. Pode não ser por isto. Voltar à coluna do norte é um reencontro com a
juventude maçônica. Um reencontro com os ideais, com os nossos sonhos. Quantos
sonhos maravilhosos tivemos lá! Os mestres instruindo e a gente na missa ...
Presente e ausente. Divagando... Pensando agarrar aquele cinzel e desferir-lhe
o malho, desbastando a pedra bruta que sempre fomos, e dar-lhe novos moldes de
faces polidas. Pensando em vir a ser um sermão sem palavras, na comunidade,
influindo na melhoria dos costumes, pelo exemplo. Pensando em como tornar feliz
a humanidade. Sim, em tudo isto nós pensamos, lá na coluna do norte ...
Bom e suave é
que se acendam à nossa frente os lampiões que indicam os caminhos de retorno,
sempre, ao setentrião. Não importa que no local haja pouca iluminação. Que os
bancos escolares sejam sem almofadas. Importa que ali haja a permanente busca
pelo saber. Haja ali a semeadura dos ideais e o embalo dos sonhos, com que os
construtores sociais ornamentarão, da Ordem, os amanhãs!
Ó Coluna do Norte, e quando “sei que nada sei”, ah que
de ti quanta saudade me dá!
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