quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 398 (A e B)


SUGESTÕES ALVISSAREIRAS

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

A Loja Fraternidade Brazileira (com Z) dedica-se aos estudos e pesquisas no campo da maçonaria, cujos resultados, em sua maioria, têm-se revelado durante os Encontros que realiza anualmente, não só em Juiz de Fora, onde mantém sua sede, mas também em vários outros orientes, especialmente, naqueles em que Grandes Instituições Maçônicas oferecem o apoio para, em seu seio, se darem esses eventos.

Quero, aqui, reportar-me ao XXII Encontro que teve lugar na cidade de Maringá, onde integrantes da Loja Fraternidade Brazileira se reuniram sob o amparo do Grande Oriente do Paraná, e desenvolveram o tema “Vivificação da Cultura Maçônica no meio político social” com muitas peças de arquitetura apresentadas, expostas, defendidas. Todas de grande proveito, pela credibilidade das fontes pesquisadas, pelo saber e responsabilidade dos autores, resultando num maior conceito para a maçonaria brasileira, que mais se engrandece com essas atividades de tanto respeito.

Ao término do XXII Encontro – 2ª quinzena de outubro de 2015 -, uma Carta foi enviada a todos os maçons de nosso País. E, nessa correspondência, uma síntese das conclusões a que chegaram os que em Maringá estiveram reunidos. Frutos saborosos, amadurecidos ao calor do amor fraternal, que vieram do trabalho de semeadores conscientes de seu papel de contribuintes para com o “fortalecimento e engrandecimento da Maçonaria Brasileira”. “Pomos dourados”, digamos assim, tomando por empréstimo palavras de Olavo Bilac que, com versos lindos, embelezou a poesia parnasiana da literatura brasileira.

Do Encontro de Maringá nos vêm, no conteúdo de sua Carta, significativas recomendações. O incentivo e o auxílio ao crescimento das instituições para-maçônicas, com destaque para a Ordem De Molay, tendo em vista o preparo de seus componentes para o ingresso na maçonaria, é uma delas. Outra: o grande cuidado com a análise dos que solicitam ingresso nos quadros da Ordem, mostrando-lhes o sentido família reinante em cada Loja, o caráter vocacional e o compromisso de construtor social que são exigidos dos iniciados, o que decerto será um antídoto de combate aos males das evasões.

Também foi ressaltado na Carta que há um relacionamento da maçonaria com a sociedade, a qual aliás em seus anseios, carências e dificuldades, tem revelado esperança na contribuição de soluções oriundas da maçonaria, daí a necessidade de muita atenção na formação dos maçons, zelando cada Loja por estabelecer seus projetos, cursos e instruções conforme “bases pedagógicas que contemplem não somente nossas origens e história, mas também se amoldem e interpretem as exigências educacionais e tecnológicas do mundo atual”.

Desejo cumprimentar todos quantos participaram do XXII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas, ao oriente de Maringá, com a iniciativa, a escolha do tema, a paciência das pesquisas, o oferecimento das peças de arquitetura, a participação, o apoio da Potência, a equipe executiva e a inteligente Coordenação.

Mas para que uma vírgula sequer não se perca da Carta de Maringá, remeto o leitor ao INFORMABIM 394 (http://domcarmo.blogspot.com.br/), onde se encontra o documento em seu inteiro teor, contendo para o engrandecimento da Ordem sugestões tão alvissareiras.

 

 

sábado, 6 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 397 (A e B)


 
COLUNA DO NORTE ... AH QUE SAUDADE ME DÁ!
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


Acho que o meu saudosismo não é somente meu. É de todos os que ingressaram na Ordem e já no meio da caminhada se depararam com alguma dificuldade em entender ou para explicar certas passagens do saber maçônico. É que ali, tivemos as melhores oportunidades de aprender bem e muito, mas que infelizmente nossa pequena porosidade de então, impediu que de tal forma absorvêssemos. Fraquezas da humana condição!
Também não vamos chorar por isto. Nós éramos tenros infantes, na platéia. A cada sessão, um cortinado se abria e, no palco, atores maravilhosos levavam a efeito cenas magníficas. Deslumbrados, ficávamos encantados com o que víamos, tão encantados que nem abríamos espaço para aquilo que ouvíamos. Talvez por isto, não aprendíamos tanto, embora muito fosse ensinado. Perdão, grandes mestres! O crédito, num mundo em que se pesquisa a verdade, não lhes pode ser negado.
É possível que não tenhamos amealhado o saber. Por culpa de ninguém. Pois houve o esforço dos mestres. A abnegação mesmo! O augusto e respeitável recinto escolar. Os melhores colegas de turma. E nosso desejo de aprender. Talvez a curiosidade é que tenha inibido a realidade. Mas, não podemos negar,  aprendemos algo que ficará para toda a vida, aprendemos o caminho da escola. E isto salva tudo.
O peregrino, por bondade dos mestres, andou léguas. Muitas vezes até capengando, torto, pondo a mão nos ombros dos colegas, mas indo, em frente, chegando a novos teatros e, mais uma vez, maravilhado, boquiaberto, segurando o queixo com a mão,  emocionado, lá está na platéia, assistindo encenações encantadoras dos ensinamentos da Ordem.
Agora, nas dificuldades, não tergiversar. Não chorar o leite derramado. Não ter vergonha de não saber dar resposta ao que for perguntado por alguém que se inicia. Nem por isto se sentir diminuído. Não, mano velho! Todo tempo é tempo de aprender, especialmente quando se pesquisa a verdade, coisas cristalinas que enriquecem o espírito e dão a grandeza humana aos humanos!  
A coluna do norte continua lá, no setentrião. Banquinhos duros, na fila de trás, mas continua lá. Aguardando a gente para a reciclagem. E isto é muito bom. Reparem bem! Volta-se lá, não mais para aprender tudo, mas para tirar dúvidas. Cuidar de aprender somente um pouquinho do todo. Um segmento da linha total. Aí o aproveitamento vai ser completo, uma beleza. O mestre da Galiléia nos deixou ensinado que “é próprio do viver o nascer de novo”, muitas vezes.
Talvez nem seja mesmo para cumprir a sentença de “sermos eternos aprendizes” que voltamos lá. Pode não ser por isto. Voltar à coluna do norte é um reencontro com a juventude maçônica. Um reencontro com os ideais, com os nossos sonhos. Quantos sonhos maravilhosos tivemos lá! Os mestres instruindo e a gente na missa ... Presente e ausente. Divagando...  Pensando agarrar aquele cinzel e desferir-lhe o malho, desbastando a pedra bruta que sempre fomos, e dar-lhe novos moldes de faces polidas. Pensando em vir a ser um sermão sem palavras, na comunidade, influindo na melhoria dos costumes, pelo exemplo. Pensando em como tornar feliz a humanidade. Sim, em tudo isto nós pensamos, lá na coluna do norte ...
Bom e suave é que se acendam à nossa frente os lampiões que indicam os caminhos de retorno, sempre, ao setentrião. Não importa que no local haja pouca iluminação. Que os bancos escolares sejam sem almofadas. Importa que ali haja a permanente busca pelo saber. Haja ali a semeadura dos ideais e o embalo dos sonhos, com que os construtores sociais ornamentarão, da Ordem, os amanhãs!
Ó Coluna do Norte, e quando “sei que nada sei”, ah que de ti quanta saudade me dá!


 

INFORMABIM 396 (A e B)


LER E APRENDER(*)

Irm Absaí Gomes Brito(**)

 

 

No correr dos anos, temos usado as colunas deste Jornal para incentivar Irmãos e Lojas a se dedicarem mais ao conhecimento maçônico, através de leitura de Jornais, Boletins, Revistas e Livros, usando e explorando nossos autores que crescem a cada dia, proporcionando cultura e informação.

A Associação Brasileira da Imprensa Maçônica – ABIM, dirigida ao longo dos anos pelo competente e laureado cultor das letras, respeitável Irmão Antônio do Carmo Ferreira, Grão Mestre do Grande Oriente Independente de Pernambuco, traz a cada quinzena o Boletim INFORMABIM, com vasto noticiário a respeito do mundo cultural maçônico existente no País.

Por outro lado, Editoras diversas, como a Editora Maçônica “A Trolha” Ltda, com sede em Londrina-PR, publicam mensalmente livros de excelente qualidade, tendo no corrente ano editado, entre outros, os seguintes títulos:

FUNDAMENTOS MAÇÔNICOS – Padroado, do irmão Luiz Vitório Cichoski;

A CISÃO MAÇÔNICA BRASILEIRA DE 1927, de Joaquim da Silva Pires;

ESTUDOS MAÇÔNICOS SOBRE SIMBOLISMO, de Nicola Aslan;

REFLEXÕES SOBRE UM R.’.E.’. (BEM )A.’.A.’., de Joaquim Roberto Pinto Cortez;

O PISO MOSAICO – Como Superar sua Dualidade? de Gabriel Gomez;

DIÁLOGOS ENTRE O ESQUADRO E O COMPASSO, de Walter Celso de Lima; e

CURSO DE FORMAÇÃO DE APRENDIZES DO R.’.E.’.A.’.A.’., de Paulo Antônio Outeiro Hernandes, entre outros.

Continuamos insistindo: vamos ler e estudar, pois só assim poderemos dar uma dinâmica maior às atividades de nossa Instituição, principalmente nesta fase de dificuldades que estamos atravessando.

Lembre-se: você também é responsável.

 

Notas do Editor

 

(*) Editorial do Jornal LIBERDADE E UNIÃO, julho/agosto de 2015. Filiado a ABIM mediante registro nº 003-J. Av Paranaiba, 984 – Centro – CEP 74025-900  Goiânia-GO. E-Mail : liberdadeeuniao@gmail.com

 

(**) O mui ilustre irmão Absaí Gomes Brito é um dos mais admiráveis integrantes da maçonaria brasileira. Exemplo de amor à Ordem, à qual vem se dedicando há várias décadas, não só na assiduidade aos trabalhos de sua Oficina, onde tem formado gerações com a eficácia de suas instruções, mas também participando dos Encontros e Congressos, em todo o País, e voltado à divulgação das atualidades, feitos e atuação da maçonaria, em sua região, o que faz, através do Jornal “Liberdade e União” que dirige e edita de forma atraente e com elogiável competência. Esta questão da leitura e, por conseqüência, da ilustração do maçom, recai no tema EDUCAÇÃO, em favor de cuja melhoria de qualidade  a Maçonaria Brasileira vem chamando a atenção das autoridades, advertindo da situação de inferioridade em que nos encontramos perante o cenário internacional, e exigindo  o respeito que a Educação merece. O mui ilustre irmão Absaí Gomes Brito sempre esteve nessa luta, especialmente na leitura que a ela dedicada o maçom tanto se torna  ilustrado como um digno exemplo a seus contemporâneos. Grato ao Ir Absaí que parabenizo pelo importante Editorial com que brindou a Imprensa Maçônica Brasileira. (ACF)

 

 

INFORMABIM 395 (A e B)


MÉRITO MAÇÔNICO “JOSÉ CASTELLANI”:

Outorga de Comenda

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

Reporto-me ao VIII Ano de Fundação da augusta e respeitável Loja Simbólica “José Castellani,  comemorado em Sessão Magna Pública, durante a qual várias autoridades e personagens da maçonaria de nosso País foram distinguidas, em lhes sendo outorgada a Comenda do Mérito Maçônico “José Castellani”. Dada a importância do evento, as notícias a seu respeito têm preenchido os melhores espaços da mídia maçônica brasileira.

 Os novos Comendadores são valorosos  irmãos que se têm destacado, cada um a seu modo, seja na dedicação à Ordem, seja na difusão e prática de seus princípios. Entre eles se encontra o Ir Francisco de Assis Carvalho – Xico Trolha –,  um dos homenageados (in memoriam). Maçom que fez de sua vida um instrumento de bem servir à Arte Real, na tribuna, na imprensa, na cátedra, nas Lojas, nos Congressos, no exemplo, conhecido em todo o Brasil e reconhecido por todos com a gratidão dos muitos que muito com ele aprenderam. Sua biografia foi enriquecida com a leitura feita pelo mui ilustre irmão Lucas Francisco Galdeano, Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal

 A Srta Evelise Bianco de Carvalho, filha de Xico Trolha, esteve presente à Cerimônia e, ao se referir  ao momento em que seu Pai fora homenageado, revelou  toda a suaEmoção à flor da pele”, narrando-a com o seguinte texto:

“Francisco de Assis Carvalho, o popular Xico Trolha, recebeu a comenda José Castellani uma semana antes de completar 14 anos de sua partida para o Oriente Eterno. Pai, marido, amigo, Irmão, revolucionário, estudioso, declamador, incitador, provocador de risos, muitas facetas teve Xico Trolha, mas para mim a melhor e mais importante delas foi ser meu pai. O homem que me apresentou pensamentos e pensadores, permitindo-me ousar pensar, ensinando-me que toda opinião deve ser bem embasada, e que a partir do momento que for proferida naturalmente virão posicionamentos contrários, alguns naturais, outros viscerais ! Pensar livremente e aceitar as opiniões contrárias, isso é Maçonaria. Exercício excelente tanto para aquele que opina como para o que pensa o contrário e rebate. Mas quem o conheceu pessoalmente sabe que ele lutava bravamente pelas suas opiniões, mas nem por isso ele perdia amigos, o humor e a verve de poeta.

Me encantou o nome da Comenda, “José Castellani”. Grande amigo de Xico, e meu, também. O Castello, o “blue eyes” do meu coração, e eu a “Maçaneta”.

E para rematar as emoções reencontrei amigos e Irmãos, pelos quais ele tinha o maior apreço e admiração. Relembramos histórias e demos boas risadas, um encontro inesquecível para mim. E agradeço a: Mário, Gustavo, Edla, Lucas e todos os que me receberam de maneira tão fraterna e que me fizeram rememorar momentos muito bons.

O GODF é um Templo lindamente ornado, cercado de Acácias em flor. Quem visitar Brasília deve ir conhecê-lo.”

           Parabéns ao Eminente Grão-Mestre Lucas Francisco Galdeano e a quantos com ele deram curso à iniciativa. Sem dúvida, o evento com que se comemorou o VIII Ano de Fundação da Loja maçônica “José Castellani”, por seu brilhantismo, tornou o dia 26 de outubro de 2015 uma data inesquecível.

 

 

INFORMABIM 394 (A e B)

CARTA DE MARINGÁ - XXII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas

INFORMABIM 393 (A e B)


ALGUMAS TRILHAS DE HIRAN PARA O ACESSO A NOSSOS TEMPOS.
(Conclusão Informabim  392)      Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 
estejam envolvidos, do qual todos se sintam inerentes e não apenas uma circunstância. Sem esta motivação, o maçom se sentirá um estranho fora do ninho, sem ter o que fazer no vazio, e vai embora. A duração da vida maçônica não será medida pelo tempo, mas sim pela utilidade em favor da Ordem e do próximo.
E quando se fala em plano reitor, não é de se esperar que alguém levante a mão e peça sugestões. O maçom não deve gostar do repetitivo.  O filósofo alemão, Hegel, dava destaque, em sua “arte de pensar”, ao “pensamento pensante”, contrário ao “pensamento pensado”. Ouvir e repetir, para ele, compunham um fato medíocre, sem qualquer contribuição para a evolução (o pensamento pensado). Seu elogio estava na apreciação crítica do que se ouvia e aprendia, no melhoramento dos conceitos, no fato inovador, no estabelecimento de uma nova fronteira (o pensamento pensante). José Américo de Almeida, escrevendo o romance A Bagaceira, registra que “Ver bem não é ver tudo; é ver o que os outros não vêem”.
Outro dia, perguntei a um líder como ia a sua Oficina, ao que ele me respondeu: “sobrevivendo, Mestre!” Deixou-me triste a sua reposta, e meses depois, sua Oficina “abatia colunas”. Porque, neste caso, a sobrevivência é a acomodação, é a esclerose, é a inércia, é a aceitação do fim. A organização, como a pessoa, precisa, em cada dia, renascer. A sua vida precisa ser reinventada em cada amanhecer.
Convém que estejamos sempre lembrados de que “o trabalho maçônico é uma maneira que os obreiros escolheram para participar do mundo; se não for assim, a maçonaria passa a ser um clube sem serviço. A maçonaria precisa contribuir para o progresso e desenvolvimento da humanidade. A vida é uma entrega e o maçom precisa contribuir, entregar alguma coisa” (Octacilio Schüler Sobrinho, O Prumo nº 142/2002). E neste procedimento, convenhamos, a repetição será de pouca ou nenhuma valia. O progresso estará do lado da inovação, do “pensamento pensante”.
Nossa geração não deve passar à história como a geração dos omissos. Porque os costumes de hoje não são os costumes do passado. Há os que melhoraram, mas também está aí o nosso mundo povoado de maus costumes, de costumes corrompidos e degradados. A sociedade clama a ação da maçonaria. As organizações têm, cada uma, o seu papel. Recordo aqui a parábola dos “talentos”: os que receberam e colocaram em funcionamento, perdendo ou ganhando, foram considerados pelo Senhor; os que guardaram na botija, foram taxados de covardes e omissos.
A maçonaria, não devemos esquecer, que não é apenas iniciática, esotérica, templária. Ela é, igualmente, filantrópica e progressista, exotérica, comunitária. Parece lembrar aqueles, ensinamentos do apóstolo Lucas, numa das passagens do Evangelho segundo ele: “A candeia cheia de azeite e acesa não se coloca sob a cama, mas se pendura no centro da sala, para que os muitos sejam iluminados”. Se em seu plano reitor, uma Loja significa pouco e tem apenas a candeia, se associe a outras que têm o azeite; seus maçons se dêem as mãos. O trabalho maçônico não é competidor; é uma atividade eminentemente cooperativa, pois “bom e suave é que os irmãos vivam em união”.
Então? Se os costumes dos nossos dias são outros, como são, cabe-nos, mantendo a essência de nossa querida maçonaria, sermos sensíveis às mudanças que se impõem e praticarmos os meios de superação dos desafios emergentes.
Nos nossos tempos, muitos são os templos a construir. E muitos mais jubelos estão à espreita de Hiran, antepondo-se à realização de seu trabalho. Mas não seja isto o fator impediente a abertura de suas trilhas, percorrendo as quais chegarão os maçons à sociedade carente com os ingredientes dos novos costumes. Fazer o bem é sua missão, na qual se inclui superar desafios, o que “para muitos é uma qualidade rara”, porém no maçom “não passa do simples cumprimento do dever”.
 


 

INFORMABIM 392 (A e B)


ALGUMAS TRILHAS DE HIRAN PARA O ACESSO A NOSSOS TEMPOS

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

A proposta é identificar e implementar os meios de superação dos desafios que, naturalmente, decorrem da mudança que o hodierno traz e impõe. A mudança, embora de certo modo inquietante, porque encontra o homem desprevenido, é necessária e indispensável, em face de demarcar novas fronteiras mais avançadas no processo evolutivo da humanidade, em que a inovação e a tecnologia são os fatos propulsores.

Os princípios da Maçonaria definem a sua vocação: disposição da Ordem para servir ao próximo. Forma-se o maçom para isto. No tempo dos “operativos”, preparava-se o construtor das catedrais, aonde iam as multidões amar o seu Deus. Não havia, assim, missão mais sublime que esta – construir “abrigos” para as ligações dos fiéis com o seu Criador. No tempo dos “especulativos”, os nossos tempos, prepara-se o construtor da sociedade. Antes, o cortador da pedra que se prestava para a construção da catedral; agora, o construtor que se talha para ele mesmo ser a peça de construção do monumento – a sociedade. Antes e agora, o maçom – um ser que se faz, não exclusivamente para si, mas sobretudo para o bem estar do próximo.

A sociedade se torna cada vez mais sofisticada. Paradoxalmente, nunca se dispôs de tantas possibilidades, a própria evolução tecnológica nos inspira a isto, mas nunca se viu tanto sofrimento na sociedade humana. Em muitas partes do mundo os estoques e mananciais estão abarrotados; e em outros, milhões de estômagos vazios, de padecentes de males curáveis sem o atendimento de cura, e de desabrigados. Bilhões de dólares são gastos nas viagens interplanetárias à procura do mistério, enquanto os milhões, aqui na terra, definham. Tempos das desumanidades que levam à degradação social em seus mais diversos, cruéis e abomináveis aspectos. A vigência do caos.

A maçonaria, uma sociedade iniciática, no princípio, mas filantrópica na extensão, tem compromisso com o ordenamento ético, moral e progressista da humanidade. Ela se propõe a laborar no sentido de tornar feliz a pessoa humana, e um desses labores é o do melhoramento dos costumes. Daí, uma de suas bandeiras: “ordo ab chao”. Meu Deus! Poderiam existir propósitos melhores? Então esta sociedade era para ser muito benquista, admirada, requerida e até mesmo exigida. Quem se propõe fazer um benefício deste, realmente, não merece qualquer constrangimento, e sim a maior admiração por todos. E se isto não acontece, por que não acontece? Se “a messe continua grande e os operários tão poucos”!

O maçom terá que ser um exemplo, desde a sua iniciação, momento em que ele confirma sua vocação de “construtor social”. A iniciação é o passo decisivo. Aí se exaure o profano e se dá o nascimento do maçom, mediante um teatro capaz de aguçar no candidato este sentimento. Em quase todos ... é possível perceber isto, na face que expõe... numa lágrima que escorre ... quando à sua frente se abre a “luz” que alumiará seus novos caminhos. A metáfora: eis que sois a semelhança “do sal da terra e da luz do mundo”.

É na clausura do templo que ocorre esta transformação, e aí também se dará a formação complementar do ser maçom, até a sua graduação de mestre. Na Loja, o estímulo recíproco à prática da virtude; na Loja, o treinamento do amor ao próximo; na Loja, a conspiração em detrimento do mal; na, Loja, a elaboração dos projetos para o fazimento do bem ao próximo; na Loja, o despertar para a importância da leitura, cujo hábito contribui para o combate à ignorância, amplia o conhecimento e abre caminhos largos para o exercício da cidadania. A Loja é o lugar aonde se vai, não por obrigação, mas por amor. O esposo – o Maçom; a esposa – a Dama da Fraternidade; a filha – a Filha de Jó; o filho – o Jovem DeMolay. A Maçonaria é boa demais, para ser apenas do maçom. Ela deve pertencer a toda a família do maçom. Como aliás ele faz com relação à sua Igreja, a seu Clube social.

A Loja e o amor devem ser sinônimos perfeitos. Todavia a quem cabe o grande papel de fomentar o amor à Loja? Esse papel deve estar incluído nas atribuições do seu Venerável. Ele é o líder e tem por mister a motivação. O maçom: um ser motivado. Para isto, a trilha de mais fácil seguir é que haja um plano reitor, na Oficina, discutido e aprovado, em que todos     (Continua no Informabim 393)

 

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 391 (A e B)


MAÇONARIA COMUNITÁRIA: que vem a ser?

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

Tenho alertado nossos irmãos maçons a respeito dos compromissos para com a comunidade em que nos encontramos, por ser aí que residimos ou em face de, em seu âmbito, achar-se instalada a nossa Loja. Em ambos os casos, direta ou indiretamente, o maçom  tem a ver com  essa comunidade, como qualquer outro cidadão o tem em iguais circunstâncias, devendo com ela  contribuir para melhoria de seus costumes e bem estar de todos que ali habitam. Mais ainda porque é para tornar felizes as pessoas que nós nos entranhamos de maçonaria. Pelo menos este é o objetivo. E mesmo porque ao se beneficiar o todo, a parte do mesmo termina por usufruir desses benefícios.

Quando, em meus artigos, refiro-me à maçonaria comunitária, quero tratar deste assunto. Digo que cada Loja deve ter o seu projeto e até pareço exagerar nestas referências. Entendo que é através desse instrumento que se põe em prática o que foi aprendido durante a formação templária, como também que o projeto estimulará a permanência do maçom, por muito mais tempo, em atividade na Ordem. Basta constatar que a execução do projeto leva o maçom a envolver-se com ele, constituindo-se num desafio, seja por sua condição de contribuinte dos meios, seja como dirigente. E nestas condições, decerto, não serão regrados esforços para que a missão tenha pleno êxito.

 Quero ressaltar, porém, que o envolvimento, tal como foi exposto acima, torna-se um fato circunstancial. Enquanto que o caráter de construtor social que se assume ao ser iniciado maçom, adverte-me que este envolvimento deve ser inerente. A construção social é compromisso que o maçom deve resgatar não por uma obrigação (entendida aqui como um gesto forçado), mas sim por amor à realização do que lhe é devido. A filantropia que está na definição da Ordem, é o nome deste compromisso, sendo seu exercício parte exotérica da vida do maçom. Falhar para com ele nem pensar, dado que tal indiferença, todos sabemos, seria desonroso para o Iniciado.

  “Amar ao próximo” foi um mandamento que se tornou evidente com o nascimento da civilização cristã e está catalogado entre as virtudes maçônicas que nos são dadas a conhecer desde a passagem pelo “banco das reflexões”, claro que chamando a atenção para o fato de que  a prática dessa virtude  ilustrará nossos dias, daí em diante, e por toda a vida. O apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios, estabeleceu esta marca que a maçonaria tomou como mote: “Ninguém busque o seu interesse, mas o do próximo”(I Cor 10, 24).

A mim me parece que já se torna necessário a Ordem  repensar seu dicionário no tocante  à expressão “amor fraternal”. É o “espírito do tempo” que exige isto. Os Estatutos das Potências estão cansados de repetir que a “maçonaria é uma instituição iniciática, filantrópica ...”  Mas já está no momento de ir mais além, explicitando que “filantropia” não é teoria, é prática e, como tal, absolutamente necessária, distinguindo-se de “caridade”, a qual, embora contida na filantropia, é de menor hierarquia.

Em nossos dias, fazer caridade é dar uma esmola, isto é, colocar, por exemplo, algum dinheiro na bacia do pedinte postado na cabeceira da ponte, ou servir um prato de sopa na calçada de sua residência a alguém que passa faminto, ou dar um velho e surrado cobertor a quem treme de frio debaixo da marquise, etc. Houve um tempo distante, mais de dois mil anos, em que a palavra “caridade” era sinônimo perfeito de pleno “amor ao próximo”, a ponto de ser uma das três virtudes teologais. As duas outras eram fé e esperança, mas elas ambas subalternas à caridade (I Cor 13,  13). 

Filantropia, nos tempos de hoje, ocupa um espaço mais amplo. É um estágio mais evoluído dessa caridade. Esse gesto de dar esmola, e não são poucos que entendem assim, contribui para corromper os costumes. Já a filantropia não. É a contribuição não somente destinada a atender a carências imediatas, mas também e sobretudo o caminho para fomentar a melhoria das condições de sobrevivência seja de uma organização, seja de uma coletividade. É uma contribuição para o progresso, o qual também se inclui na definição da Ordem: iniciática, filantrópica, progressista ... daí ser preciso e urgente reformar nosso dicionário! 

O projeto de filantropia é uma proposta da Loja. Não deve ser uma imposição do Venerável nem de qualquer obreiro isolado. Pois, por seu significado e destinação, é um instrumento consensual. Todos os membros da Loja deverão estar engajados. Será uma imensa Oficina. Tanto que  se me proponho a realmente ser um Construtor Social, tenho que me debruçar sobre esta nobre missão, conhecendo minha comunidade e suas carências, interpretando os seus sonhos, avaliando suas possibilidades, estabelecendo prioridades, colaborando, enfim, com a pavimentação de seus grandes caminhos.

Se o quadro da Loja é de poucos obreiros, juntem-se várias Lojas. Se já existe um projeto vitorioso na comunidade, procuremos nos associar à iniciativa.  Que a Loja não seja o limite, mas a vertente.  Não esquecer de que antes, como agora, a Ordem é construir.  Que à responsabilidade individual sobreponha-se o compromisso coletivo da Oficina, e que este seja o “orvalho do Hermon” da maçonaria comunitária.

                             

 

INFORMABIM 390 (A e B)


CHAMAMENTOS DE AGORA

Irm Antônio do Carmo Ferreira

(Conclusão. Vide Informabim 389)

 

 

apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos (13, 11):”Já é tempo de despertar”. Pois é. Este é o tempo. E os maçons estão empenhadíssimos nos resultados positivos desse projeto, como se relessem Marcel Proust “à procura do tempo perdido”.  Embora sabendo e alertando que a responsabilidade é de todos, do Estado, das Instituições, da Família. A melhoria da qualidade de nossa educação, em que reside e se baseia o futuro do País, é urgente, não só na prédica, mas na prática. Não só na palavra, mas na ação. Não só no discurso, mas no exemplo. E aí presta-se homenagem ao Padre Vieira, quando sugere que “o maior de todos os sermões é o exemplo”.

Os maçons têm feito a sua parte, não se limitando a apontar erros. Não. Isto seria muito pouco. Eles têm mostrado caminhos. Eles desejam ser e são parte da solução. Vejamos, por exemplo, o destaque “biblioteca, livro, hábito de leitura”, um dos assuntos que têm sido mote permanente nos cuidados da maçonaria brasileira. Aí recordo Xico Trolha, querendo responder a uma insinuação de seu tempo “de que o maçom  não gostava de ler”.  Irritado, chamou-me para uma campanha. Santa campanha, Irmãos! Foi inventado o Círculo do Livro Maçônico, a cargo dele mesmo. Um título por mês, editado sem lucro, a custo de fatores. O incremento da divulgação da iniciativa ficou a cargo da ABIM, que tem cumprido a sua parte com a divulgação do projeto, de modo que ninguém pudesse dizer que não lia, porque não podia adquirir o livro. Hoje, todo mês, estão dois mil e quinhentos exemplares à disposição dos maçons, a preços insignificantes, para os sócios do CLM e para a formação das mini-bibliotecas nas Lojas, contribuindo para a formação do hábito da leitura. E no hábito da leitura encontra-se o forte antídoto de combate à febre da ignorância.

A sanção do Plano Nacional de Educação 2, convertendo-o em  Lei, com vigência até 2024, muito nos alegrou. A sua tramitação no Congresso  pôs os maçons em alerta, acompanhando atentamente passo a passo, e denunciando quando se dava qualquer engavetamento. Contudo sempre dizendo que o PNE por si só era apenas uma carta de intenções, se não viesse, para sua prática uma Lei de Responsabilidade Educacional. Não veio. E está aí tudo como estava, talvez pior, porque agora há um envolvimento com a frustração. Cortes e mais cortes dos recursos financeiros destinados à educação. A semana passada, e ficará na lembrança para sempre essa triste decisão, o orçamento do Ministério foi reduzido em R$ 1 Bilhão (Editorial do Diário de Pernambuco, 02/08/2015). Então cadê a tão alardeada “Pátria Educadora” ? Quatro Ministros em menos de um ano ... É, decerto, imensa a distância entre as palavras e os atos.

A mídia, todo dia, bate forte na precariedade de nossa economia, na diminuição da produção industrial, no aumento do desemprego, na esgarçadura do tecido político brasileiro, na desconfiança com que nos olham os investidores do Exterior.  E não fala nada de nosso futuro. Como se nós não tivéssemos amanhã. Digo isto, porque o espaço para se falar de educação, do ensinar, do instruir, do aprender, da economia do conhecimento, da pesquisa para a inovação, encolheu, diminuiu tendendo para zero. Apenas aqui e ali, uma pequena marca verde de esperança. Uma escola que ganha um prêmio. Um professor que recebe uma láurea, por investimento próprio. Cada Município deve ter um plano de educação, como cada Estado deve seguir a mesma trilha. É obrigação estabelecida no PNE, mas até agora cumprida somente por alguns.

E todas essas mazelas e vícios não irão se exaurir tão cedo, pelo menos até enquanto não se entender que a cura está na educação e se lhe der a prioridade que merece. Entendo que para os maçons, missionários do construir, esses são os chamamentos de agora.

INFORMABIM 389 (A e B)


CHAMAMENTOS DE AGORA

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

O medievo inglês ganha a menção honrosa de ver nascer e crescer, em seu seio, a maçonaria. Então Corporação de Ofício, cujos integrantes se dedicaram às construções de pedra, principal matéria  prima utilizada para erigir, naqueles tempos, palácios, mosteiros e, sobretudo, as grandes catedrais góticas. Pedreiros que empolgaram e atraíram gerações com o seu trabalho e, mercê disto, robusteceram a humanidade, dando um inesquecível nome à sua Corporação que ficou, na história, conhecida como a Maçonaria Operativa.

Missão cumprida e esmaecida, o Velho Mundo, já no século XVIII, rendeu-lhe grande e indestrutível homenagem, indo buscar, na simbologia de seus feitos, a geração de uma outra maçonaria – a Especulativa. Mas com o mesmo objetivo: CONSTRUIR. Não mais a construção de obras de pedra, destinadas ao usufruto de alguns. Mas a edificação de uma sociedade que baseada no amor, ensejasse a felicidade para todos.

Neste mundão de hoje, ganancioso e desumano, levanta-se o maçom para a reconstrução da humanidade, em “que todos sejam um” (divisa da maçonaria da COMAB) no amor a Deus e, por extensão, não só amando o próximo, mas também dignificando a família e honrando a pátria. Cooperador da obra divina, e, nisto, seu continuador, pois a vida nos é dada para ser feita e, como é uma “peregrinação de retorno à Casa do Pai” (Santo Agostinho), deverá ser talhada segundo às exigências de sua destinação.

O Maçom é “construtor de templos à virtude”.Convenhamos, o mais lindo construir! E é assim que rezam as normas da Fraternidade. A Loja é a escola de sua formação. Para esse mister a ela os maçons comparecem com assiduidade, para, em conjunto com os seus irmãos, instruírem-se reciprocamente nas práticas da virtude. O maçom mesmo esculpindo-se, adaptando-se, nessa formação, ao espaço que lhe for reservado no levantamento do edifício social, “submetendo suas vontades, vencendo suas paixões”. Mas deve estar sempre advertido de que “na construção do templo”, de permeio, no material, encontram-se vários obstáculos, entre eles a ignorância. Por isto a maçonaria leva na mais alta advertência o combate a ela.. É do seu ideário o combate a essa triste condição da humanidade, alertando que a “ignorância é a mãe de todos os vícios”. Então “cavar-lhe masmorra” é missão fundamental. O maçom é um missionário que se forma construtor, não para ostentar o diploma colocado na parede de seu gabinete de trabalho, mas para ir construir. Daí o entendimento de que a Loja maçônica não é o limite. E sim a VERTENTE. É como se desse interpretação e praticidade à parábola do “semeador” que recebeu as sementes, mas não as guardou em seu embornal. “Exiit seminare” (Mateus 13, 4) – Saiu a semear ...

Nossa sociedade profana revela-se carente de um maior impulso em sua marcha para o progresso. Pois muitas nações já desfrutam de uma excelente qualidade de vida. Mas nós não estamos entre elas. É urgente, portanto, correr em sua busca. E por  que ainda não estamos lá? O diagnóstico desse atraso aponta para o acentuado estágio de ignorância em que nos encontramos. Os maçons estão atentos a esse diagnóstico. Não só atentos, mas também presentes no fomento às atividades de superação desse emperramento. Sempre fomos chamados a isto.

Recentemente, a precariedade de nossas condições foi exposta internacionalmente. Sendo a nossa juventude, a principal vítima do descaso da geração que a produziu e colocou “neste vale de lágrimas”. Um mundo desafiante por uma acelerada formação de conhecimento tecnológico, e nós, no aceiro, desprovidos  das  ferramentas  para  o  seu  entendimento e  dos rudimentos para a sua leitura. Os  integrantes  da   maçonaria  têm  razão  de  sobra  em  se  irritarem  com  isto,  e  clamam como o

 

                                                                                      (Conclusão no  Informabim, edição 390)

 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 388


DESTAQUE: Reis de Souza

 


Reis de Souza tem sido um dos maiores padrinhos de escritores, poetas, jornalistas no Brasil. Vocações da literatura que precisam de espaço para a revelação, para o exercício de seus pendores. Então ele edita a produção literária em livros, as antologias. A Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias, nessa atividade, lhe tem sido de grande valia.

Jornalista e cientista político, seus artigos são encontrados nos principais jornais (maçônicos ou não) do País, e têm leitura cativa. Autor de livros que tratam da atualidade brasileira, tornou-se um escritor de largo conceito e de muitos leitores.

Temos a satisfação de cumprimentar o Irmão Reis de Souza.

INFORMABIM 387


DESTAQUE

Faz poucos anos, a Editora Maçônica A TROLHA Ltda, de Londrina, imprimiu e divulgou esse livro maravilhoso – O HOMEM, O MAÇOM E A ORDEM – escrito por Hércule Spoladore. A Trolha tem sido muito feliz na seleção de seus impressos.

O doutor Hércule Spoladore é um médico dedicado à Maçonaria, da qual conhece, melhor que ninguém, sua história, filosofia, doutrina e práticas ritualísticas. Tem público cativo para leitura de seus ensaios. Pesquisador, articulista e escritor. Seus livros têm o selo da credibilidade. E suas conferências são muito apreciadas.

Nesse livro, ele narra a história da Quatuor Coronati, de Londres, a primeira Loja de pesquisas do mundo, e indica seu principal fundador. Trata da iniciação no futuro. E inclui sete capítulos sobre paranormalidade e maçonaria.

Ganha-se muito com a leitura dessa Obra. (ACF)

INFORMABIM 383 (A e B)


EDUCAÇÃO: lembrando e exigindo

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

A mídia impressa anuncia que no dia 10 de agosto, o JCPM Trade Center, Recife, ensejando um dos seus melhores momentos à cultura e lideranças pernambucanas, abrirá espaço para Conferência que ali será pronunciada pelo dr Raul Henry sobre o tema “Educação no mundo, no Brasil e em Pernambuco”.A promoção é da Lide Pernambuco e se dará com início para as 19h, sendo o Vice-Governador o anfitrião do jantar-debate.

O conferencista é senhor de inigualável acervo a respeito do assunto. Tive a felicidade de ouvi-lo, falando perante a COMAB – Confederação Maçônica do Brasil, aqui, no Recife, quando os Grão-Mestres estiveram reunidos, no auditório do Onda Mar Hotel, sendo Presidente da Confederação o Desembargador José Simioni, dirigente da maçonaria de Mato Grosso.

Ao Dr Raul Henry, que então era Deputado Federal, havia sido confiado a função de  relator da Comissão Especial que tratava, na Câmara dos Deputados, do projeto-lei da Responsabilidade Educacional. Ele esteve conosco e apresentou, com bastante preocupação, a situação de emperramento e de inferioridade em que nossa Educação se encontrava, em se comparando com o resto do mundo. Como também discorreu sobre as possibilidades oferecidas pelo PNE 2 ainda em tramitação, mas já nas proximidades da sanção presidencial. Foi enfático perante o quadro – todo o esforço resultaria numa carta de intenção, se os crimes e as punições em conseqüência do não cumprimento  do que dispusesse o PNE2, portanto se não viesse a existir uma lei de Responsabilidade Educacional.

Decerto o Dr Raul Henry abordará o assunto e assim procedendo prestará relevante serviço à Pátria que, embora tenha até recebido a denominação de “educadora”, logo após o mencionado destaque, viu diminuídos os recursos financeiros que lhe eram destinados, como não viu maiores incentivos e cobranças quanto à execução do PNE 2. Exemplos disto: melhoria da formação de professores e do respeito à dignificação da carreira; fomento à existência de bibliotecas e laboratórios; incentivo às escolas profissionalizantes e de tempo integral; exigência dos planos de educação a nível de estado e de município, exigência da lei, para o correto funcionamento do sistema.

Vale salientar que o que tem ocorrido de melhoria na qualidade do ensino e da educação tem sido fruto de esforço dos governos locais e não uma conseqüência da prática do PNE 2 por iniciativa da União.

Outro dia, o professor Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras, Presidente do CIEE no Rio de Janeiro, esteve em Portugal e, após sua visita, escreveu um admirável artigo com o título de “Lisboa aberta ao futuro”. Aí, registra o imortal: “O Brasil tem hoje mais de 50 milhões de alunos freqüentando nossas escolas, em todos os níveis. O ensino cresceu muito, nos últimos anos. Mas falhamos na busca da qualidade, em boa parte devido à precariedade dos cursos de formação de professores. Temos quase 200 mil escolas de educação básica. Cerca de 60% delas não têm sequer uma biblioteca.” Agora, vejamos a advertência desse respeitável e experiente mestre, ao encerrar o artigo a que me reporto: “Biblioteca, ao lado de laboratórios, são exigências do futuro imediato”.

Para a maçonaria, falar sobre Educação, como tem falado, vezes sem conta e em todas as assembléias de suas lideranças, não é culpar alguns pelo  problema, mas certamente querendo engajar todos na solução. Como somos poucos nesse mundão dos que se fazem de surdos, daí termos que estar sempre lembrando e exigindo.

 

 

INFORMABIM 385 (A e B)


A CAMINHO DA ESCOLA, SEMPRE

Irm Antônio do Carmo Ferreira

As pessoas dos tempos atuais devem alimentar a consciência de que é um ser  a caminho da escola. Uns farão este percurso em processo de iniciação. São os que começam a aprendizagem. Têm os seus primeiros dias na escola. A criançada, por exemplo. Outros estão retornando, seja porque haviam abandonado os estudos, seja porque a profissão se tornou obsoleta, exigindo de seu possuidor a formação noutra especialidade e, portanto, seu retorno à escola.

Digamos que é  na escola que se dá a educação formal, como na família  se tem a educação informal. Todos nós temos o direito à educação, enquanto que à família e ao Estado cabe a obrigação do provimento da educação. A educação é voltada para objetivos que são exigências do espírito do tempo e das vocações regionais. A escola se constrói em função disto, seja quanto à destinação e à pratica do que se ensina, seja quanto à especialidade de seu quadro professoral. Mas a família não deve estar alheia a esse processo. Deve ter o compromisso da condução do filho à escola, para receber a educação. E o cuidado de acompanhamento dos resultados. Os pais devem ser julgados na omissão a tal responsabilidade.

A escola é o centro das transformações maravilhosas, a que o estudante – criança e jovem – deseje ir, sinta a grande vontade de estar nela. Tenha a ansiedade da chegada do novo dia, para ir à escola, reencontrar o colega, rever o mestre, ter a posse de mais e novos conhecimentos. A escola tem que inspirar tudo isto, tudo de bom. Querer estar o dia todo na escola é o melhor sinal. A criança e o jovem, dos cursos fundamental e médio, precisam receber dos pais e da comunidade esta consciência a respeito da escola. É preciso mostrar-lhes as belezas e a importância da vida, com esses caracteres que só se adquirem na escola.

O constituinte de 1988 pensou assim, que a nossa educação deveria ter dois sentidos: o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Salvavam-se aí os nossos sonhos de pátria, de sermos uma nação altamente conceituada perante o mundo. E não bastava para isto andar arrotando por aí frases vazias, como aquelas em que se diz “ter orgulho de ser brasileiro”, “eu amo minha pátria”, “já podeis da pátria, filho, ver contente a mãe gentil”. É preciso consultar o apóstolo Thiago. Ele deixou umas lições rígidas a respeito dessas idéias. Ele diz que essa história de se andar dizendo que se ama uma coisa, mas só dizendo, não vale nada. É caráter vazio. Há muita gente dizendo que ama a pátria. Não ama coisíssima nenhuma. Ao contrário mete a mão nos bens da pátria que são bens de todos e não dele só. Então Thiago andava irritado com essas declarações de seus contemporâneos. E pegava pesado, mas com muita sinceridade: “a fé (declaração de amor) sem as obras, não vale nada; é coisa morta”. Tai, quanta verdade esfregada em nossas caras!

É preciso levar a criançada à escola, para lá, com a educação e desde cedo, se preparar para o exercício da cidadania. Têm que aprender, desde cedo, o que é ser cidadão. O analfabeto não é capaz desse exercício, por isto que o constituinte de 88, deu o direito a todos quanto à posse da educação. Todos terem esse direito e não somente alguns que, por enganação detêm o poder e permitem  ao analfabeto a possibilidade de votar, para que eles possam continuar sendo escolhidos e no topo do poder, fazendo da maioria uma manada de búfalos, e enterrando a “mãe gentil” que diante de tal esbulho “não pode ser vista contente”.

Ninguém ignora a presença da tecnologia avançada nos bens e serviços de nossos dias. Mas essa nova fronteira que se torna obsoleta a cada dia e cede lugar, a cada amanhecer, a um novo produto, a uma nova maneira de fazer, exigindo novos costumes, essa marcha não se detém em sua velocidade, com a sentença de que o impacto da mudança desmontará o vagaroso.  Por isso, se quisermos integrar uma  gente que se prepara  pro futuro é preciso cuidar da escola,  do fomento ao brio de nossos estudantes, do apoio à dignidade dos mestres, e da consciência de que,  na forma dos costumes de hoje, marcados pelas mudanças impostas pela velocidade com que a inovação acontece,  o retorno à escola será um item principal na agenda de todos nós e, especialmente, dos profissionais.

INFORMABIM 384 (A e B)


RENOVANDO COMPROMISSO

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

Há poucos dias houve  mudança no Ministério da Educação. O Ministro cearense foi substituído por um de São Paulo. No intervalo da substituição, e de ordem da Presidente da República, a educação sofreu corte de centenas de milhões de reais nos recursos financeiras que lhe haviam sido destinados conforme o orçamento para 2015. Baita de uma surpresa para a nação brasileira, quando esta por destinação da própria Presidente havia, meses antes, em sua posse, recebido o slogan de ser uma “Pátria educadora”.

Mas não é pela causa (que não sei nem desejo saber) da troca de Ministros que me motivo a escrever este artigo. Faço-o para lembrar o estado em que se encontra a educação no País, situação aliás de todos conhecida, mas que vale a pena lembrar, somos forçados a trazer a lume sempre, sobretudo quando o setor educacional do governo federal perde grande fatia dos meios financeiros destinados a seus projetos de melhoria de qualidade.

Outro dia, conheci um dos mais perfeitos diagnósticos das carências  do ensino no Brasil, apresentado pelo Magnífico Reitor da Uninassau, o doutor Janguiê Diniz, no qual aponta três itens, dos quais não podemos esquecer, ao contrário devemos estar atentos para os mesmos e exigir com a maior urgência o empenho do governo a sua solução, pois são carências que clamam por solução iminente..

“Diminuição do analfabetismo – cerca de 10% da população brasileira é analfabeta, sem contar nos 30 milhões de analfabetos funcionais. Melhoria do ensino básico, com a diminuição da evasão, da repetência e da ampliação da qualidade considerada péssima. Ampliação de vagas no ensino superior, pois apenas 15% da população com idade universitária, de 18 a 24 anos, estão nas universidades, um dos piores índices do mundo” (JC, Recife, 17/04/2015).

A maçonaria tem insistido no grito que chama a atenção para esse estado de descaso em que se encontram o ensino e a educação. Seus Grão-Mestres não perdem oportunidade de alertar o povo e as autoridades para isto. Recentemente, o doutor Tadeu Drago, Grão-Mestre do Grande Oriente do Rio Grande do Sul, sintetizando o pensamento de todos os seus pares, disse assim:

“A educação, no mundo profano ou entre nossas colunas é, e sempre será, o principal meio de transformação do homem e da sociedade. Um povo instruído deixa de ser presa fácil para os vampiros sociais e passa a ser capaz de escolher com clareza e segurança o melhor caminho a seguir. Maçons bem preparados e conscientes da importância de seu papel no meio social qualificam-se como lideranças capazes de colaborar de forma eficiente com as transformações exigidas pela sociedade, consciente de que essa é efetivamente a nossa missão”. (Revista O Delta, GORGS, n.02/2015)

Alastra-se no Brasil um costume dos piores: faltar com a honra aos compromissos assumidos pelos políticos em tempo de campanha eleitoral, enganando-se os eleitores, fazendo-os manadas de búfalos. Veio o PNE 2. Mas o que está sendo o PNE 2? Alertava  Raul Henry, então Deputado Federal, hoje Vice-Governador de Pernambuco e maçom da COMAB: “PNE 2 sem uma lei de Responsabilidade Educacional será apenas uma carta de intenção” Raul Henry, um teleólogo! Recursos financeiros para educação não eram para ser cortados, ao contrário devem ser aumentados. O corte é pra ser denunciado e julgado, pois encaminha à morte o futuro do Brasil. Mas cadê a lei de responsabilidade educacional que define o crime e a punição?

Esquecer não devemos. Ninguém, nem o Estado, nem a Família, nem as Instituições. A “Educação é um direito de todos” como nos garante a Constituição Federal. Portanto torná-la ao alcance de todos, e disto cada um seja sabedor, é um compromisso que ora estou apenas renovando.