NOSSO MAIOR DESAFIO DESTES TEMPOS
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A
mídia, todo dia, bate forte na precariedade de nossa economia, na diminuição de
nossa produção industrial, no aumento do desemprego, na esgarçadura do tecido
político brasileiro, na desconfiança com que nos olham os investidores do
Exterior. Coisas do passado que eclodem agora e prendem a atenção de todos. Mas
não fala nada de nosso futuro. Como se nós não tivéssemos amanhã. Fôssemos um
corpo sem destino. Dante Alighieri, se vivo fosse, nem precisava dissertar
sobre o inferno. Bastava aconselhar uma “espiadinha” no agora brasileiro. E
pronto: “perdei a esperança”. Escrevo
assim, porque o espaço para se falar de educação, do ensinar, do instruir, do
aprender, da economia do conhecimento, da pesquisa para a inovação –
ingredientes sem os quais não se construirá o progresso – encolheu, diminuiu
tendendo para zero. Apenas aqui e ali, uma pequena marca verde de esperança.
Uma escola que ganha um prêmio. Um professor que recebe uma láurea, contudo
custeados por seus próprios recursos. A
“pátria” aguarda ansiosa o momento de ser “educadora”, pois esse objetivo é um
dever constitucional, posto que “a educação é um direito de todos” (Art.205 da
CF).
Esse
é o entendimento de quantos têm compromisso, não apenas consigo mesmo, mas com
a Pátria. Que exigem uma resposta para já, como, por exemplo, se
posiciona, em editorial de 2/8/2015, o
Diário de Pernambuco, com toda a sua responsabilidade de ser o jornal mais
antigo em circulação na América Latina. Escreve seu editor que a “educação” em
nosso país está “sem avanços”, alertando sobre a gravidade que isso representa
com a chamada de que “a educação é o
maior desafio do Brasil no século 21”.
Prossegue
o Diário de Pernambuco em seu editorial até um tanto cético (e não é pra
menos), pois “á medida que o tempo passa, a situação se agrava e a solução se
distancia. A pátria educadora, alardeada como prioridade no discurso de posse [
...] não passou de promessa. Décadas de negligência pioraram o ensino,
expulsaram alunos e afugentaram os talentos da carreira do magistério”,
deixando o Brasil com uma “educação sem avanços”. Recordo
que foi uma luta danada para se ver sancionada a Lei do Plano Nacional de
Educação 2 que prevê um investimento, na sua fase conclusiva, de 10% do produto
interno bruto. Uma carta de intenção diante das frustrações que vêm aparecendo.
Recentemente, em vez de avançar, o
orçamento do Ministério foi reduzido em um bilhão de reais. Faltou uma peça
chave na maquinaria do PNE2 – a responsabilidade educacional, que, decerto,
estancaria tamanha voracidade.
O
que se torna mais frustrante ainda, penso eu acompanhando a constatação do
Diário de Pernambuco a que nos vimos referindo e damos parabéns, é
saber que “sem quadros de excelência, não há como proceder a revolução
por que clama o País” e nesse campo, que é inerente à educação, nada se vislumbra, sequer, nem por aceno, um passo à frente, tornando-se
por conseqüência em nosso maior desafio destes tempos.