A CAMINHO DA ESCOLA, SEMPRE
Irm Antônio do Carmo Ferreira
As
pessoas dos tempos atuais devem alimentar a consciência de que é um ser a caminho da escola. Uns farão este percurso
em processo de iniciação. São os que começam a aprendizagem. Têm os seus primeiros
dias na escola. A criançada, por exemplo. Outros estão retornando, seja porque
haviam abandonado os estudos, seja porque a profissão se tornou obsoleta,
exigindo de seu possuidor a formação noutra especialidade e, portanto, seu
retorno à escola.
Digamos
que é na escola que se dá a educação
formal, como na família se tem a
educação informal. Todos nós temos o direito à educação, enquanto que à família
e ao Estado cabe a obrigação do provimento da educação. A educação é voltada
para objetivos que são exigências do espírito do tempo e das vocações regionais.
A escola se constrói em função disto, seja quanto à destinação e à pratica do
que se ensina, seja quanto à especialidade de seu quadro professoral. Mas a
família não deve estar alheia a esse processo. Deve ter o compromisso da
condução do filho à escola, para receber a educação. E o cuidado de
acompanhamento dos resultados. Os pais devem ser julgados na omissão a tal
responsabilidade.
A
escola é o centro das transformações maravilhosas, a que o estudante – criança
e jovem – deseje ir, sinta a grande vontade de estar nela. Tenha a ansiedade da
chegada do novo dia, para ir à escola, reencontrar o colega, rever o mestre,
ter a posse de mais e novos conhecimentos. A escola tem que inspirar tudo isto,
tudo de bom. Querer estar o dia todo na escola é o melhor sinal. A criança e o
jovem, dos cursos fundamental e médio, precisam receber dos pais e da
comunidade esta consciência a respeito da escola. É preciso mostrar-lhes as belezas
e a importância da vida, com esses caracteres que só se adquirem na escola.
O
constituinte de 1988 pensou assim, que a nossa educação deveria ter dois
sentidos: o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o
trabalho. Salvavam-se aí os nossos sonhos de pátria, de sermos uma nação
altamente conceituada perante o mundo. E não bastava para isto andar arrotando
por aí frases vazias, como aquelas em que se diz “ter orgulho de ser
brasileiro”, “eu amo minha pátria”, “já podeis da pátria, filho, ver contente a
mãe gentil”. É preciso consultar o apóstolo Thiago. Ele deixou umas lições
rígidas a respeito dessas idéias. Ele diz que essa história de se andar dizendo
que se ama uma coisa, mas só dizendo, não vale nada. É caráter vazio. Há muita
gente dizendo que ama a pátria. Não ama coisíssima nenhuma. Ao contrário mete a
mão nos bens da pátria que são bens de todos e não dele só. Então Thiago andava
irritado com essas declarações de seus contemporâneos. E pegava pesado, mas com
muita sinceridade: “a fé (declaração de amor) sem as obras, não vale nada; é
coisa morta”. Tai, quanta verdade esfregada em nossas caras!
É
preciso levar a criançada à escola, para lá, com a educação e desde cedo, se
preparar para o exercício da cidadania. Têm que aprender, desde cedo, o que é
ser cidadão. O analfabeto não é capaz desse exercício, por isto que o
constituinte de 88, deu o direito a todos quanto à posse da educação. Todos
terem esse direito e não somente alguns que, por enganação detêm o poder e
permitem ao analfabeto a possibilidade
de votar, para que eles possam continuar sendo escolhidos e no topo do poder,
fazendo da maioria uma manada de búfalos, e enterrando a “mãe gentil” que
diante de tal esbulho “não pode ser vista contente”.
Ninguém
ignora a presença da tecnologia avançada nos bens e serviços de nossos dias. Mas
essa nova fronteira que se torna obsoleta a cada dia e cede lugar, a cada
amanhecer, a um novo produto, a uma nova maneira de fazer, exigindo novos
costumes, essa marcha não se detém em sua velocidade, com a sentença de que o
impacto da mudança desmontará o vagaroso.
Por isso, se quisermos integrar uma
gente que se prepara pro futuro é
preciso cuidar da escola, do fomento ao
brio de nossos estudantes, do apoio à dignidade dos mestres, e da consciência
de que, na forma dos costumes de hoje,
marcados pelas mudanças impostas pela velocidade com que a inovação acontece, o retorno à escola será um item principal na
agenda de todos nós e, especialmente, dos profissionais.
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