segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 360 (A e B)


 

 

SOBRE O PADROEIRO DA ORDEM

Ir Antônio do Carmo Ferreira

 

Recordo que em junho de 2001, a Editora Maçônica A TROLHA acabou de imprimir o livro SÃO JOÃO BATISTA E A MAÇONARIA, através do qual seu autor depõe, com êxito admirável, em favor de João Batista como “Excelso Patrono” da Ordem.

Já havia conversado com Xico Trolha, várias vezes, a respeito desse tema,  desde que escreveu a “Descristianização da Maçonaria” (1997) e, no livro, me distinguiu, transcrevendo artigo ligado ao Pórtico de Salomão. Conversas provocadas por ele, e elasticidas com suas perguntas valiosas e preciosas observações. Xico era um mestre, confidente e bastante responsável. Não falava dos autores, nem dos livros que recebia para editar. Eu supunha que havia algo a ser publicado, no campo do que ele me indagava, pelas coincidências. Era a conversa e poucos meses depois, o livro estava sendo anunciado.

Sobre os Joãos – Batista e Evangelista –, na maçonaria,  havíamos tratado, em abril, no Recife, quando da realização do Encontro Nacional da Cultura Maçônica. E, aí, lhe dissera ter-me acostumado com a expressão “Padroeiro”, em lugar de “Patrono”. Ele riu, alegando que “o uso do cachimbo entorta a boca”. E, ao mesmo tempo, me consolava: “Varoli e Aslan também preferem Padroeiro”. As interpretações e justificativas que levam à preferência pelos termos são excelentes e só enriquecem a história da Ordem.

Xico e eu estávamos de acordo. A maçonaria, nascida operativa, veio ao mundo num tempo  integralmente cristão. Cada país tinha o seu santo padroeiro. Cada província, cada cidade, cada família, também. As corporações não fugiam à regra. As guildas, como se dizia com as corporações de ofício, cada uma tinha o seu padroeiro. Os carpinteiros, os alfaiates, os ferreiros, os pedreiros, etc. Todos queriam um advogado junto à comarca celestial.

Predominava, naqueles tempos,  uma intensa religiosidade ... como grassava o analfabetismo. Os pedreiros, mais que os integrantes de outras guildas, se entranharam dessa religiosidade. Certamente porque eles construíam as igrejas, os conventos, as capelas, as catedrais, os mosteiros. Os monges que a princípio lhes ensinaram as regras do construir, passaram a secretariar as suas corporações e influir, por esta convivência, em seus costumes religiosos. As guildas dos pedreiros não tinham como deixar de ser católicas apostólicas romanas.

Os monges conduziam às reuniões. Certo dia, um deles presenteia a sua guilda com um  manuscrito do evangelho de São João. E faz a leitura da parte introdutória, referente à prevalência da luz sobre as trevas. Não tardou a se fazer costume o presenteio do manuscrito. E o costume tornou João Evangelista  Padroeiro da maçonaria operativa (1).  Quando um maçom se apresentava e era abordado, logo se identificava como um protegido do santo.Encontra-se isto em todos os catecismos de então. “De onde vindes?” O maçom perguntado, respondia incisivo: “De uma Loja de São João”.

Em 1717, no dia 24 de junho, os maçons de quatro Lojas londrinas se reuniram e resolveram adotar  o sistema obediencial para a Ordem. Não mais a Loja solitária. Mas sim as Lojas solidárias. O maçom não mais um trabalhador da “pedra e cal”, porém um “construtor social”.

A data do advento desta nova maçonaria – 24 de junho - inspirava a entronização de um novo Padroeiro – o João Batista. Nossos rituais dão muitos pontos em favor de João Batista que o chamam de “o degolado e mártir por recusar-se a abdicar de sua fé”, chamando a atenção do iniciado para o fato de que “a fé maçônica é inquebrantável”.(2)

Ambos os Joãos – o Evangelista e o Batista - merecem o status, pois tiveram vida bastante exemplar para, como tal, serem reconhecidos. Para maiores esclarecimentos, sugere-se a leitura do livro “São João Batista e a Maçonaria” do laureado escritor pesqueirense, ora residente em Brasília,  Luiz Gonzaga da Rocha, a quem muito estimamos.

Nota:

Sobre este assunto, transcrevemos pesquisa do editor do jornal O Malhete, Estado do Espírito Santo, Ir Luiz Sérgio de Freitas Castro.

 (1)São João Evangelista (ou São João, o Evangelista, ou Apóstolo João)

O apóstolo João foi o mais jovem dos doze discípulos de Jesus Cristo, e viveu entre os anos 6 e 103 da Era Cristã. De acordo com o Livro da Lei, João foi o mais fiel discípulo e acompanhou Jesus até o instante da sua crucificação, no Gólgota. As obras bíblicas de João Evangelista são: suas três Epístolas, o Evangelho segundo São João e o Livro do Apocalipse. Nesse último livro, o apóstolo narrou sua visão profética dos Últimos Dias e a vinda da Jerusalém Celestial, estudada no Grau 19 (Grande Pontífice, ou Sublime Escocês) do Rito Escocês Antigo e Aceito. Maçonicamente, o exemplo de vida deixado por São João Evangelista, ressalta a fidelidade, o companheirismo e a lealdade como virtudes maçônicas fundamentais.  O apóstolo João escreveu o Apocalipse durante o seu exílio na ilha de Patmos, na Grécia.

(2)São João Batista (ou São João, o Batista)

João Batista foi um eremita, profeta e pregador que viveu na Judéia, no início do Século I. Conforme narra o Livro da Lei (ou Bíblia), o título de batista referia-se ao fato de João Batista pregar um batismo de arrependimento e, posteriormente, batizar os arrependidos. João Batista, além de anunciar a vinda do Messias, era um severo crítico do governo romano na Judéia, tendo sido, por isso, perseguido e executado.A morte de João Batista, decapitado, possui forte significado maçônico. Simbolizando a mensagem de um homem que prefere ter a garganta cortada, a negar a sua Verdade pessoal.

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