VISIBILIDADE AO BEM
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Entendo haver
razão de sobra em sua convocação. Estávamos deixando a sala de recepção, onde a
televisão apresentava a novela do período nobre. Noite de festa, em que as
famílias (senhoras e filhos) iam chegando e à espera do mo-mento do coquetel
deixavam-se ficar, assistindo ao desenrolar do folhetim, em que vilões
fustigavam mocinhas despreparadas para vida, submetendo-as a processo de
intenso sofrer, após enganá-las com a promessa de riqueza fácil. Essa trilha da
enganação e do viver desregrado era exposta em detalhes, facilitando por
demais a aprendizagem.
A mídia e
outros meios de comu-nicação prosperam na transmissão dos fatos em seus
aspectos da maldade, enquanto a notícia de
uma boa ação não aumenta a venda da tiragem. O produto midiático é
vendido segundo o volume de sangue que escorre. O dinheiro que entra nos cofres
do produtor de notícias é diretamente proporcional à maldade noticiada.
Vivemos os
dias em que não se estimula a beleza da “peregrinação de retorno à casa do Pai”,
mas se disserta sobre as agruras do inferno, não pelas agruras do inferno, mas
para induzir ao medo e daí poder-se tirar proveito dos incautos.
O mal dá
sinais de que se encontra alastrado por todos os cantos do mundo. Nas vitrines
da vida, ocupando os maiores espaços. O Santo Padre João Paulo II, já pertinho
de sua chegada à Casa do Pai, publica o livro MEMÓRIA E IDEN-TIDADE, de sua
autoria, em cujo capítulo inicial trata
do mal e do limite que se lhe deve ser imposto. Confirma que o homem
guarda germes do bem e do mal. No livro
a que aludimos há uma afirmação nesse sentido. Tudo se passa como se a vida fosse um espaço e que aí não
houvesse vazio. Se o bem mingua, o mal
cresce. Por sorte da pessoa é que nela sempre existirá um pouquinho de bem, por
menor que seja, mas sempre existirá ao menos uma semente germinal. “Como
entende Santo Tomás na esteira de Santo Agostinho: o mal é sempre ausência de
um bem qualquer que deveria estar presente em determinado ser; é uma privação,
mas nunca uma total ausência do bem”.
E Sua
Santidade, em “Memória e Identidade”, revela essa sorte de que o homem no fazer
da vida não está só, mas é preciso esforçar-se para merecer a ajuda. O importante é estar atento à recomendação de
São Paulo em carta aos Romanos (12, 21), quando ele aconselha: “não se deixar
vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem”.
O Rabino
lamenta que os meios de comunicação preencham seus espaços, enfocando o mal; privilegiando
a difusão das notícias com a tinta do sofrimento e as cores dos descaminhos. Conforto-o,
convocando os maçons, como é seu desejo, para levar avante um mutirão em que se dê
maior visibilidade ao bem. Aliás, talvez nem seja necessário o cha-mamento, porque essa é a função dos
maçons, sendo eles construtores sociais. A maçonaria é uma escola em que o
homem se forma na arte de amar ao próximo, como um dos dois mandamentos, em que
o primeiro é amar a Deus sobre todas as coisas. O maçom é o agente da
maçonaria, cujo principal objetivo é tornar feliz a humanidade.
Dar maior
visibilidade ao aspecto bom das coisas e ao estado de felicidade que todas as pessoas devem buscar é o projeto
com que o maçom tem compromisso. Sempre teve, porque “serve a Deus quem vive
na virtude e na prática do bem”, dando-lhe a maior visibilidade. (Ri-
tual do Aprendiz Maçom, REAA). (Informabim 330 B)