sexta-feira, 25 de março de 2011

INFORMABIM 282 A e B

NA HORA DE DESPERTAR

                                (Informabim 282 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira



Raras são as notícias de que tramita na Câmara dos Deputados, o PNE – Plano Nacional de Educação, para viger no período de dez anos a se iniciar ainda neste 2011. Frágil, infelizmente, o envolvimento do povo, quando deveria ser intenso e encorpado, febril mesmo, não só por causa do tempo de sua vigência que já começou, mas também e sobretudo pela importância que ele tem para o progresso de nosso País. O PNE foi elaborado pelo Ministério da Educação e encaminhado pelo Presidente da República, no mês de novembro próximo passado, à Câmara dos Deputados, onde recebeu o nº PL 8035/10. A Comissão de Educação e Cultura, onde ele ora se encontra, é presidida pela Deputada Fátima Bezerra (PT-RN).

Poucos se deram conta disto, decerto pela ausência, na mídia, de notícias sobre o assunto, e também do silêncio imposto aos fóruns onde o debate sobre a matéria deveria estar em efervescência.

Reparando bem, a mídia foi preenchida com o noticiário dos “apagões”, do corte orçamentário, da reforma política, da visita do Presidente dos EUA, cortinas que inibem a visão do real, mas o assunto EDUCAÇÃO foi esquecido, quando, pelo menos, e neste momento, a sua discussão deveria ser a prioridade nacional. Parece que já apagou, na memória brasileira, o nosso fiasco na avaliação internacional da qualidade da educação que se ministra a nossos jovens! Lembram? Em matéria de leitura (e nas outras duas) ficamos na lona! Enquanto sem a educação não iremos a lugar nenhum. Não iremos fabricar. Não iremos produzir. Não iremos progredir. Vejamos o sucesso de quem investiu na qualidade da educação. A Coréia do Sul, por exemplo “que na década de 70 iniciou uma verdadeira revolução na qualidade da educação pública, principalmente investindo na área de ciência. Com isto elevaram um PIB per capita abaixo do brasileiro (à época) para um dos mais altos do mundo em menos de duas gerações”. Isto para não falar em fato remoto, ao lembrar que os Estados Unidos fizeram o mesmo na década de 1870/80.

Agora, temos uma oportunidade como esta da discussão de um plano nacional para a nossa educação, para um período de dez anos, e não se coloca o povo no seio do debate a tal respeito. Talvez por isto haja até quem afirme não haver, para muitos parlamentares “interesse em democratizar e melhorar a qualidade na educação, porque seu sucesso eleitoral depende justamente do atraso, da falta de conhecimento e de informação”.

Quero, no entanto, registrar grande alegria com a mobilização de seus Grão-Mestres levada a efeito pela Confederação Maçônica do Brasil – COMAB nos dias 14 e 15 de março deste ano, quando os reuniu em Brasília, tendo os mesmos visitado Senadores e Deputados em seus Gabinetes, apresentando a cada um dos parlamentares visitados Manifesto em que expõe as preocupações da maçonaria para com o nível da educação brasileira e faz sugestões para a melhoria da sua qualidade.

A COMAB tem ressaltado que é prioritário o seu cuidado para com a educação. E várias têm sido as assembléias realizadas a este respeito, sendo principais as que tiveram lugar em Fortaleza, Salvador, Blumenau, Recife, Amapá e Brasília nestes últimos 12 meses. E em seu Manifesto apresentado recentemente em Brasília, inclusive ao MEC, revela o seu desejo de participar, de perto, das discussões sobre o PNE, e, depois de aprovado em sua versão final, acompanhar a sua execução. A revista A TROLHA, capitaneando a imprensa maçônica brasileira, tem alertado o povo para a importância deste momento.

Então é preciso e urgente, e a maçonaria faz esta cruzada, mostrar à população “o verdadeiro desastre que é a nossa educação pública”, que resulta no desemprego, na violência, na pobreza e em nossa humilhação internacional; bem como e ao mesmo tempo fomentar o envolvimento de todos, conscientizando-os de que “a educação pública é uma questão relevante para se deixar apenas na mão do Estado”.


E para os que entendem nada ter a ver com o que se disse até aqui, passo-lhes um recadinho do apóstolo Paulo (Rom 13, 11): “não vedes que já é tempo de despertar?”.

quinta-feira, 3 de março de 2011

INFORMABIM 281 A e B

PASSAGEM PARA O FUTURO
(Informabim 281 B)


Irm Antônio do Carmo Ferreira

Somos seres em trânsito e nesta caminhada é costume nos depararmos com satisfações, alegrias, prosperidade, como também com pedras, tropeços, conflitos, dificuldades. Agora mesmo, convivemos com os conflitos decorrentes de dois modelos sociais. Até aqui o modelo referente à sociedade industrial, em exaustão, e abrindo espaço para a sociedade do conhecimento, já em nossa sala.

O primeiro, por todo o avanço tecnológico que alcançou, destronando o homem do sólio da “melhor medida” e tornando-o um complemento. O robô substituindo-o em quase todas as funções, assumindo o exercício de sujeito da ação, povoando nossa sociedade de desempregados, dos quais está repleta, ornamentados de todos os percalços gerados por este ócio compulsório Mas, paradoxalmente, para quem pode adquirir, oferecendo um mundo pleno de conforto, maravilhas e possibilidades.

Estes conflitos, porém, não nos tomaram de assalto. Não chegaram sorrateiros nas caladas da noite de ontem. Eles vêm se anunciando. A notícia da globalização, por exemplo, foi um alerta. E porque não foi levada na devida conta, a atual geração está pagando caro por isto. A tecnologia em desenvolvimento rápido, numa velocidade que nos põe cada vez mais distante de seu alcance.

Pesquisas recentes, neste setor da educação, mostram o fosso que separa nossos jovens, quanto ao nível de saber, de seus coetâneos de outros países. Então este é o grande momento do despertar, porque se encontra em andamento a formulação de um plano educacional, com vistas à inclusão no sistema de trabalho de muitos dos que ora se acham desempregados e, ao mesmo tempo, antecipa idéias que se insinuam como dominantes na era do conhecimento que está chegando.

O Plano Nacional de Educação, para o decênio 2011 a 2020, deverá ser o instrumento dessa teleologia. Vislumbra-se nele tais possibilidades. E se confirma isto no pronunciamento feito pela Presidente Dilma Rousseff na abertura do calendário escolar deste ano, quando Sua Excelência expressa que “nenhum país poderá se desenvolver sem educar bem o seu jovem e capacitá-lo plenamente para o emprego e para as novas necessidades criadas pela sociedade do conhecimento”. Quer dizer, cuida do homem para esses instantes finais da era industrial, sem deixar de investir na preparação dos que se destinam ao mundo da mentefatura, ainda em laboratório, mas na certeza de que há de vir.

Como um dos dirigentes da maçonaria brasileira, tenho pedido a atenção de meus irmãos para estes conflitos, seja analisando o insuficiente nível de conhecimento que detemos perante as atuais exigências da economia globalizada, seja despertando para o esforço que devemos induzir para a melhoria da qualidade da educação que ora proporcionamos.

Indagado por que se pede essa atenção? A resposta está no óbvio. É que a Maçonaria tem como objetivo tornar feliz a humanidade, sendo uma de suas missões o combate à ignorância, mãe de todos os vícios. Então não há como deixar de corresponder a esta convocação. Aliás, temos sido presentes nesta luta, através de fóruns de debate, de assembléias gerais, de firmeza em nossos pronunciamentos e da imprensa.

Recentemente, o Presidente da COMAB, em Mensagem a seus Grão-Mestres, focalizou “a ação pela educação de qualidade, como projeto prioritário” [ ...] contribuindo para que as novas gerações saiam do modelo de preparo de massas para uma mão de obra (era industrial), para desenvolver um espírito pró-ativo para as questões de inclusão social com a geração de oportunidades e renda (era do conhecimento)”. Seu entendimento é que o maçom, neste instante, deve assumir duas bandeiras: “1) conscientizar a parcela da sociedade, formadora de opiniões e a população em geral para o verdadeiro desastre que é a nossa educação pública; e 2) envolver-se pessoalmente, pois educação pública é uma questão por demais relevante para se deixar apenas na mão do Estado.”


E, para isto, não mais dispomos de tempo de carência, pois segundo Alvin Toffler, o futuro já está em nossa sala, aguardando sugestões.