domingo, 11 de setembro de 2011

INFORMABIM 292 A e B

ANTES TARDE DO QUE NUNCA


Irm Antônio do Carmo Ferreira

Uma constatação que nos deixa muito alegre é esta de que todos os segmentos da sociedade brasileira estão interessados na melhoria da qualidade da educação em nosso País. Até o segmento integrado pelos políticos. Também não há como alguém, entre nós, omitir-se desse envolvimento, diante das críticas de que temos sido alvo na mídia internacional frente à precariedade dos resultados revelados nas avaliações do saber dos jovens que freqüentam a escola pública brasileira. Caiu a venda, precisamente quando a avaliação PISA denunciava que nossos jovens matriculados no ensino público eram péssimos em leitura, em aritmética e em rudimentos de ciência. Tornou-se um clamor nacional essa constatação que passou a exigir uma resposta urgente.

Outro fato que nos acordou e agravou o anterior, foi o surto de desenvolvimento econômico recentemente praticado no Brasil. Não a implantação do desenvolvimento, mas a descoberta de que não havia mão de obra qualificada para o preenchimento dos novos postos de trabalho reclamados pelo crescimento, e milhares e milhares de bons empregos estavam sendo direcionados para técnicos estrangeiros para cá importados, cujo abrigo seria um prazer para nós, se nossos jovens não continuassem ociosos na ausência da formação para tanto.

Muito nos alegra ver que esse choque nos despertou para a obrigação que temos de cuidar da melhoria da educação colocada pelo governo ao dispor da sociedade. Aliás muito temos escrito sobre este assunto, alertando para o fato de que a educação não é somente responsabilidade do governo, estabelecendo a grade do que deve ser ensinado, fornecendo e mantendo a escola com seus recursos materiais, didáticos e de magistério. É responsabilidade de todos, especialmente da família, em cujo seio começa a formação do cidadão e tem sido frequentemente denunciada, na mídia, como omissa.

A Câmara dos Deputados aprecia, nestes meses, o PNE – Plano Nacional de Educação que tem a ver com o nosso ensino, em todos os níveis, ao longo dos dez anos que se seguem. Bonito é ver o interesse que a
tramitação desse projeto de lei tem despertado. Tem havido debate a seu respeito em todos os quadrantes do Brasil. Cada um se apresentando com a sua colaboração, querendo evitar que o PNE resulte apenas numa “carta de intenções”, como tiveram destino igual muitos outros projetos lindos de literatura e feios de resultados. Por isto, outro dia, disse com muita propriedade a seu povo, através da Rádio local, o Prefeito de um dos grandes Municípios das margens do Rio São Francisco: “Educação básica é o grande desafio do País e entendo que deve ser o grande tema das próximas eleições. Porque é um problema que atinge todas as cidades e regiões indistintamente. Temos boas fontes de financiamento, mas falta a qualidade na gestão dos gastos”. O Prefeito é o político certo para falar sobre isto, conquanto seja ele o gestor que mais sofre das reclamações, porque não se vive no País nem no Estado. Vive-se mesmo e no município.

Então veio em boa hora a remessa à Câmara dos Deputados do projeto de lei que estabelece a responsabilidade educacional, criando-se uma Comissão Especial para cuidar de sua tramitação. O Relator da matéria já foi designado. Trata-se do Deputado Federal Raul Henry, um jovem mestrando da UFPE e que tem vínculos elogiosos com a educação de qualidade, pela qual sempre lutou seja como Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, seja como Secretário do Estado de Pernambuco para os assuntos da Educação. Sua Excelência já entrou no exercício desta nova missão. Pretende visitar o público interessado em todo o País, para discutir o projeto e com a contribuição de todos poder oferecer um relatório que assegure à educação pública a qualidade de que o nosso querido Brasil tanto precisa. Como maçom, tenho a satisfação de registrar que a primeira audiência se deu numa Loja Maçônica – Novo Tempo – ao oriente do Recife.

Que todos realmente se engajem nesta campanha, pois estão em apreço o futuro do nosso País e dos nossos descendentes. Estamos chegando atrasados, é bem verdade, mas está aí o consolo da sabedoria popular: “antes tarde do que nunca”.

(Informabim 292 B)