sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

INFORMABIM 304 A e B

A MÍDIA PERANTE OS ATUAIS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO


Irm Antônio do Carmo Ferreira

A mídia tem sido farta, em suas notícias, a respeito do estado em que se encontra nossa Educação no setor de responsabilidade direta do governo, com avaliação constrangedora inclusive por organismos internacionais encarregados dessas aferições, denunciando-nos em acentuada desvantagem entre as nações desenvolvidas ou em vias disto. É preciso saber, não esquecer e encarar, que sem o elemento educação enfatizado, não haverá desenvolvimento econômico nem social. E, neste item, é tempo de abrir os olhos, posto que não há motivos para os brasileiros se alegrarem.

O Diário de Pernambuco, credenciado por sua longevidade - jornal mais antigo em circulação na América Latina - e respeitado pela credibilidade que tem sabido construir ao longo de todo esse tempo, emite sua posição, em editorial, a respeito da situação atual da educação pública no Brasil e faz interessantes sugestões, de inegável eficácia, perante os desafios, neste momento em que um novo ministro assume a Pasta da Educação.

“A verdade é que o MEC precisava mesmo de novas cabeças e, principalmente, de gente disposta a reconhecer que temos feito pouco e mal para avançar na qualidade do ensino”(DP, 31.01.2012)

O DP entende que essa equipe que ora assume os destinos do setor educacional, à frente da qual se encontra o experiente Ministro Mercadante que vem da área das Ciências Tecnologia e Inovação, chega no melhor momento. E por que esta conclusão? Se neste exato momento vêm à tona graves reclamações, muitas, porém ganhando destaque entre elas a desmoralização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a falta de determinação para erradicar o analfabetismo e o aviltamento da carreira do magistério que se agride com o descaso de pagamento até de um piso de remuneração, quando “ a figura central da escola é o professor” ? Além disto, e já se insinua como pesadelo, o entrave ao desenvolvimento industrial, gerado pela falta de profissionais qualificados com que se possa suprir a demanda dos novos postos de trabalho, embora a comunidade esteja esbanjando desempregados e excluídos sociais.

A “Carta Mensal”, edição de outubro de 2011 da CNC, traz uma resenha da Mesa-redonda sobre Educação coordenada por Arnaldo Neskier, Doutor em Educação, acontecimento solicitado pela Confederação Nacional do Comércio, por atribuir à educação “a maior prioridade e a maior importância para o País.” E nessa mesa-redonda foram identificadas causas de nossa fragilidade na administração educacional pública como foram sugeridas exeqüíveis soluções. Destaco duas das preocupações apresentadas:
1)“No ensino básico, 36% não terminam o fundamental, e somente 23% concluem o ensino médio.
2) “Dos nossos 135 milhões de eleitores, cerca de 27 milhões não sabiam ler nem escrever, nas últimas eleições.”

Agora, eu me pergunto: se o Governo realmente deseja erradicar o analfabetismo, por que não começa revogando a lei que permite o analfabeto votar?

Mas não vamos desistir, porque, em contrapartida a todos esses desafios, e aí se coloca a real conceituação “de melhor momento”, a que se reporta o DP, está em formação um Plano Nacional para 10 anos de vigência, através do qual se estabelecem metas e meios, para no período melhorar a qualidade da educação pública, de modo que as pessoas beneficiadas por esse processo, e nossa postulação é pela inclusão de todos, possam não somente formar o caráter cidadão e exercê-lo, mas também possam com o saber adquirido contribuir para o desenvolvimento do País e usufruir desse alvissareiro porvir.

Os desafios estão evidentes. Cabe a todos nós enfrentá-los e resolvê-los. A sociedade exigindo os resultados e o governo providenciando a disposição dos meios, pois a Constituição é clara ao estabelecer que o
“acesso ao ensino obrigatório (nos termos do plano nacional de educação) e gratuito é direito público subjetivo, ou seja, o seu não-oferecimento pelo poder público ou sua oferta irregular, importa responsa-bilidade da autoridade competente (podendo ser processada)”.(Maria Lúcia de A Aranha, História da Educação e da Pedagogia Geral e Brasil, Editora Moderna, São Paulo)

Como está a educação pública é que não deve continuar. E a Maçonaria merece grande consideração por não se omitir, iden-tificando pontos críticos e gargalos que não são poucos, ao tempo em que oferece as sugestões de superação dos mesmos. E tem feito isto, através da ABIM, bravamente e com inigualável pertinência, reiteradas vezes.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

INFORMABIM 303 A e B


DANTE E A EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL


Irm Antônio do Carmo Ferreira

Tenho cá minhas razões em pensar que Dante profetizava com relação à educação pública no Brasil, quando escreveu, em sua Divina Comédia, aquela parte referente ao Inferno, ao chamar a atenção dos que ali adentravam com dizeres mais ou menos assim: “vós que para aqui viestes, perdei a esperança”.

É o que se percebe, igualzinho, com o que ora se passa com a educação pública no Brasil. Um plano decenal para 2000-2010, estabelecendo metas a serem alcançadas e condicionados os meios para tanto. Uma lei, a de diretrizes e bases para educação brasileira, cuja avaliação foi de resultados frustrantes. Uma gozação internacional revelada, contra nossa juventude, nos índices do PISA.

Tempos de  economia mundializada numa “aldeia global”. O conhecimento tecnológico ensejando novas descobertas a cada instante. E o brasileiro parecendo o viandante guerrajunquei-riano, sentado à beira da estrada, sem as condições para acompanhar os que marcham para o progresso. Em marcha veloz, velocíssima.

Diante dessas lamúrias, desdéns de nosso ensino público, eis que um novo plano educacional é enviado ao Congresso Nacional. Reacendem-se as esperanças. Dez anos para se corrigirem os defeitos, e engatar uma celeridade que responda às exigências de nosso tempo. PNE é seu nome de batismo: programa para a melhoria da educação pública brasileira no período 2011-2020.

Em novembro de 2010, lá estava o PNE na Câmara dos Deputados. Uma festa na mídia. Comissão de Educação e Cultura e briga pela relatoria. Muita gente agarrada nas asas do bicho, querendo aparecer e decerto eleger-se para cargos de polpudas remunerações. Mas brigar mesmo pela melhoria da educação, nada, “nadica de nada”.

O projeto de lei continua na Câmara. Sua vigência estava prevista para 2011. Já estamos em janeiro de 2012. O Congresso de férias e as mazelas da educação pública crescendo. Por isto que se diz à boca larga que os políticos, na sua quase totalidade, não têm interesse que a ignorância e o apagão cultural em nosso País sejam combatidos. A situação confirma o que se propala.

Recentemente, assumiu a Pasta da Educação um novo Ministro, vindo da área das Ciências, Tecnologia e Inovação. A mídia não comenta passagem do discurso de posse de Sua Excelência alusiva ao Plano Decenal de Educação para 2011-2020. Inclui e dá destaque a três assuntos que ora infernizam o nosso sistema educacional público. Piso salarial, alfabetização e o Enem.

Esses itens, é bem verdade, são importantes, tanto que estão dentro do PNE. Ademais não podemos pensar em seriedade tampouco em melhoria na educação com pendências tais como essas, que requerem urgência urgentíssima para sua resolução. O que não cabe, de forma nenhuma, é idéia de improviso. De tapa-buraco, quando precisamos mesmo é pavimentar a estrada toda. A lei que obrigue a implantação do PNE. E mais outro dispositivo legal que criminalize a irresponsabilidade educacional, projeto de lei que também se encontra tramitando em Comissão Especial na Câmara dos Deputados com Relator já definido e trabalhando.

O piso salarial é um piso e portanto muito pouco. Em nosso caso, não comporta discussão. O STF já decidiu. É cumprir. Mais é muito pouco para quem tem de desbravar as novas fronteiras antes da escola e do aluno. O magistério é uma profissão de constante retorno à aprendizagem, de permanente atualização. E não se faz isto sem grandes despesas.

Calar-se sobre estes assuntos não me parece demonstração de cidadania, e mais se assemelha a conivência com a corrupção. Ou Dante, quando escreveu a passagem do Inferno em sua Divina Comédia, profetizava sobre a educação brasileira: “perdei a esperança”?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

INFORMABIM 302 A e B

Números do Analfabetismo: UMA TRISTEZA


Irm Antônio do Carmo Ferreira


A Maçonaria que tem em seu ideário o combate à ignorância, por ser esta a mãe de todos os vícios, dentre os quais e em destaque a corrupção, vem clamando pela erradicação do analfabetismo, balizando em 2017 a colimação desse esforço.

Disto fez ciente aos parlamentares que cuidam da conversão do PNE em lei, através de documento entregue pelo Presidente da COMAB ao Senador Sarney, resultante de decisão a que chegou o XVI Encontro Nacional da Cultura Maçônica, realizado em São Paulo, na sede da Grande Loja Maçônica daquele Estado, em abril de 2010.

O Sr Luiz Inácio Lula da Silva, na Presidência da República, alertado para essa miséria que grassava no País (e continua), querendo combatê-la, criou o EJA (educação para jovens e adultos) em 2003, era o Programa Brasil Alfabetizado, para que se abrissem turmas de educação para jovens e adultos em todos os municípios onde 25% ou mais da população ignorassem o alfabeto. Nada obstante a vontade governamental e certamente o esforço desprendido nesse sentido, estão aí 32 cidades com esse mundão de dezenas de milhões de jovens e adultos analfabetos.

Informações recentemente circulantes na mídia dão conta de que “A Bahia tem presença maciça na relação das 32 cidades brasileiras sem oferta do EJA, embora essas localidades apresentem índice de analfabetos igual ou maior que um quarto da população adulta. O pior indicador, entretanto, está no Rio Grande do Norte. A cidade de João Dias tem 38,9% dos moradores com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever. Da Região Norte, há três municípios situados em Tocantins. No Sudeste, cinco cidades de Minas Gerais figuram na lista.”(DP, 08.01.2012)

E por que não se erradica este mal tão perverso? Responde uma pessoa de Miravânia/MG, influente líder daquela localidade que trabalha em projetos vinculados ao tema: “Os adultos precisam de um incentivo a mais para estudar. Mas, nos lugares mais carentes, muitos projetos são travados por questões políticas. Para alguns políticos, é mais interessante que as pessoas continuem analfabetas para não haver liberdade de reivindicação do exercício da cidadania e dos seus direitos”.(DP, 08.01.2012 – Ivanir Barbosa de Oliva e Silva)

Desejo abrir espaço para registrar o exemplo de um projeto bem sucedido na área de alfabetização de jovens e adultos, levado a efeito pela Loja Maçônica Trabalho e Firmeza (GOIPE), na cidade de Gravatá, região agreste de Pernambuco. Essa Loja mantém um Colégio de Ensino Fundamental, manhã e tarde. A noite, suas salas de aulas são reservadas à alfabetização de jovens e adultos, em convênio com a Prefeitura Municipal, uma parceria que tem alcançado pleno êxito. Quer dizer: “Aprende-se, não na fantasia, mas lutando e pelejando” (Camões)

O MEC tem a coordenação nacional desse programa e transfere recursos para os Estados e Municípios implantarem as classes. Estabelecida a meta da erradicação do analfabetismo até 2017, teremos que envidar o esforço de colocar nas classes 3 milhões de pessoas por ano e alfabetizar esse contingente em igual período. Será uma luta sem trégua e de confronto, carente de uma Lei sobre a responsabilidade educacional, em que se criminalizem os omissos e os que causam empecilho. Neste sentido, vejamos o alerta do Dr Roberto Catelli, coordenador do Programa no âmbito do MEC: “Falta de interesse político, sem dúvida, é um problema generalizado dos governos locais na hora de promover a alfabetização e continuidade dos estudos de adultos”.(DP, 08.01.2012)

O poeta, em 1822, escreveu o hino, incluindo-lhe o verso enfático de que “já raiou a liberdade no horizonte do Brasil.” No horizonte ... Tomara que a liberdade erga-se de lá. Caminhe. Agora a passos largos e velozes. E chegue, antes do bicentenário da Independência, a esse contingente de nossos irmãos, desprovidos desta condição essencial para o exercício da cidadania – a alfabetização, como se fossem exilados dentro da Pátria.. Do contrário, os números do analfabetismo continuarão sendo uma vergonha e nossas tristezas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

INFORMABIM 301 A e B

NA EXPECTATIVA DOS GOLS DECISIVOS


Irm Antônio do Carmo Ferreira

Corre pacífica a ideia de que a maçonaria ingressou no Brasil com objetivos nitidamente libertários que não deixam de ser filantrópicos. E esses fins foram alcançados com os movimentos revolucionários que resultaram na desvinculação colonial. E, mais tarde, com a campanha que culminou com a lei áurea da abolição da escravatura. Não há necessidade de falar, aqui, do advento da República, pois republicano era o regime governamental a que se propunham os movimentos da maioridade política de nossa Pátria, haja vista a Revolução Republicana de 6 de março de 1817. O regime monárquico foi uma vereda para encurtar o caminho de 1822, contrariando todos movimentos de independência processados nas Américas Inglesa e Espanhola.

A Maçonaria, como se entende, chamou a si esse procedimento benfazejo, abraçando essas sublimes causas de libertação da humanidade brasileira e, nem precisa dizer aqui, que esses movimentos se empreenderam não como presentinhos de príncipe e princesa. Pois as conquistas foram alcançadas, como estão aí, mas com grande luta do povo brasileiro, marcada pelo heroísmo e martírio de incontáveis de nossos patrícios. Ainda hoje ninguém revelou onde está o corpo do Ir.’. Caneca!

Todavia, reparando bem, já decorridos quase 190 anos da Independência e 122 anos da Abolição, eis que as duas heróicas e sublimes conquistas vêm à tona com a tarja de inconclusas, porquanto haja um mal de imensa perversidade que insiste em apontar neste sentido. Reporto-me ao mal da ignorância que contribui com a maior veemência para dizimar nosso progresso, esgarçar o tecido de nossos costumes políticos, fomentar a miséria no seio da sociedade brasileira.

“A ignorância é a mãe de todos os vícios”, entende-a assim a Maçonaria e, porque essa Instituição cuida do “levantamento de templos à virtude”, não esqueceu, como por felicidade o fez, de incluir em seu ideário o combate permanente a essa desgraça da humanidade: “a ignorância”.

Quando falamos de maçonaria, não há, de imediato, quem deixe de recordar ter sido ela que fez a Independência e a Abolição – marcas decerto de uma Instituição cujos integrantes amam à Pátria e são capazes de oferecer a vida por torná-la respeitada, progressista e sua gente feliz. Mas podemos estar certos de que “a mãe gentil” poderá ser vista “mais contente” (e ela está tristinha), se a Maçonaria continuar firme nesta luta que abraçou, qual seja a da melhoria da qualidade da educação pública no Brasil, incluindo o estabelecimento da responsabilidade educacional.

Este será o grande movimento que dará vitrine à nossa Ordem por todos os tempos. A sociedade clama pelo desenvolvimento econômico e social do Brasil. Isto não vem sem educação. Convocam para o combate á corrupção. Mero paliativo! Isto não se realiza sem a precedência da educação. Falam de bem-estar do povo brasileiro. Isto não se alcança com o peso de 38 milhões de analfabetos e outros tantos de analfabetos funcionais, porque a ausência da educação não deixará.

Quero encerrar este artigo, homenageando uma pessoa que nasceu na pobreza e, provando que esta não é determinismo, superando-se pela educação, hoje é um representante popular, com dignidade, culto e sempre lembrado. Refiro-me ao Deputado Federal Romário e dele são as palavras que seguem: “[ ...] insisto em uma tese em Brasília,com os outros Deputados. O Brasil só vai deixar de ser um país atrasado quando a educação for valorizada. O professor é uma das classes que menos ganha e é a mais importante. O Brasil cria gerações de pessoas ignorantes porque não valoriza a Educação, nem seus professores. Não há interesse de que a população brasileira deixe de ser ignorante. Há quem se beneficie disto. As pessoas que comandam o País precisam passar a enxergar isso. A saúde é importante? Lógico que é. Mas a Educação de um povo é muito mais”. Ídolo Romário! Você acaba de fazer um belíssimo gol.

A Maçonaria, bem que pode reparar no ídolo, pois a torcida espera que seus integrantes façam os gols decisivos, nessa ferrenha partida da Educação

(Informabim 301 B)

INFORMABIM 300 A e B

A FÉ E AS OBRAS

Irm Antonio do Carmo Ferreira


Tenho lido, em textos produzidos por maçons, que, conforme seus estudos , o mundo é governado por um conjunto de forças que só não mais são ocultas, porque a maçonaria as descobriu e passou a ser sua maquinista.

Nem municiado da fé que move montanhas eu acreditaria nisto. Pois estando no seio da Ordem há mais de 40 anos, não tive acesso a essas forças. E vejam que tenho ocupado cargos importantes! Mas, sabem!, reza o ditado popular: “para cada cabeça um mundo”. Vai ver que as forças existem e a senha de acesso às mesmas passou e, na oportunidade, eu estaria dormindo...

Às vezes fico a pensar que essa invencionice de forças ocultas é obra da antimaçonaria, engenhada para contaminar maçons despreparados e com isto levar a Ordem ao deboche da sociedade culta.

Essas forças, convinha até que existissem, porque, com elas sob seu comando, ficaria mais fácil para a maçonaria implantar, no mundo, o reinado de paz e o progresso da humanidade em geral. Mas não. A sua existência é anunciada para eliminar altos escalões. Ceifar vidas. Tudo que não é a Ordem.

O eminente escritor Ambrósio Peters exige que a maçonaria seja respeitada por tudo com que tem contribuído, ao longo da história das civilizações, para a evolução da humanidade. E reprova essas invencionices como denuncia a má fé com que agridem a Ordem, atribuindo-lhe caráter de maldades no exercício de suas funções. Alerta o grande pensador maçônico para o fato de que se isto fosse verdade, a mídia jornalística, ávida deste tipo de notícia e dotada, em nossos dias, dos mais avançados instrumentos de pesquisa, já teria colocado pelo avesso e desmoralizado tal ocultismo.

Confesso-me preocupado quando ainda leio ou ouço alguém referir-se a forças ocultas que governam o mundo sob o comando da maçonaria e de qualquer outra instituição.

Nós precisamos, e já, é exorcizar o espírito da preguiça do seio da Ordem, porque o danado desse espírito é que tem sido a causa de todos esses males que nos afligem.

Recordo que no ano de 2008, o irmão Giovani Souto defendeu tese de Mestrado dissertada perante o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, na Capital portuguesa, que foi aprovada. Aí ele faz uma espécie de gozação com os que tentam o ilusionismo de apresentar a Ordem como uma organização secreta. Ressalta que esta não é uma postura correta e sim que “os templos precisam aparecer para a sociedade, demonstrando-se que inexistem rituais macabros ou cultos a divindades. O que existem são estudos morais e filosóficos e a prática do bem e de amor ao próximo.”

Continua que “não adianta calar-se diante de notícias incoerentes e preconceitos sobre essa instituição universal”, passagem que me fez lembrar o irmão Luther King ao lhe ser atribuída a advertência de que “a preocupação não deve estar no grito dos maus, mas no silencio dos bons.” “Uma melhor qualidade nos serviços ofertados pela Maçonaria, prossegue o Irmão Souto, começa por uma boa publicidade. A boa comunicação é um meio de sobrevivência dos bons princípios”.

Há nessas conclusões do mestre Giovani Souto dois tópicos que devemos pinçar: “serviços ofertados pela maçonaria” e “boa publicidade”. No primeiro caso, “os serviços”. Deixa significar que existe algo material a ser implantado em algum lugar, na comunidade, por exemplo. Algo de amor ao próximo que labore em favor do progresso, do bem estar, da felicidade. E que, como reza o segundo caso, todos sejam informados, através de “uma boa publicidade” de tal procedimento por parte da maçonaria. Pois os “bons princípios” necessitam da “boa comunicação” para que sobrevivam e se desenvolvam.

A maçonaria nunca foi uma instituição voltada para dentro. Construtora de muros dentro dos quais escondesse o produto de sua ação. Foi e deverá ser sempre construtora de pontes através das quais pudesse levar o progresso e a felicidade aos muitos. Os aquedutos, os Palácios, os Mosteiros, as Catedrais são algumas provas disto. É verdade que há um procedimento para adoção de seus adeptos e uma pedagogia para formação dos mesmos. São procedimentos e pedagogia que só interessam aos que se “iniciam”, daí o caráter templário de sua transmissão. Mas a prática do saber maçônico, esta é de aplicação na comunidade. A Loja maçônica não é o limite. E sim a vertente.

Tiago, o apóstolo, com as suas missivas, criou uma escola. Ele ensinava não bastar possuir o sentimento do amor. Pois era preciso amar. Como a parábola do semeador. Não bastava possuir o diploma, era preciso sair a semear. E até parecia irritado com os que se contentavam apenas com a fé. Ele exigia mais e dava sentença aos que insistiam na limitação – “a fé sem as obras é coisa nula”.

Em nosso caso, é preciso, já, entusiasmar o maçom quanto ao exercício de sua função de Construtor Social. Pois “de que vale a fé sem as obras” ?

(Informabim 300 B)