sábado, 21 de maio de 2016

INFORMABIM 403 (A e B)


TENTANDO RETIRAR O “S”DA CRISE

Irm Antônio do Carmo Ferreira               

A humanidade brasileira está muito perturbada. Uma ilha cercada por um mar de vicissitudes por todos os lados. Pior ainda é que essas mazelas avançam nas contaminações, colocando todos contra todos, cada um querendo se salvar, exacerbando a intolerância, parecendo um regresso aos tempos do Leviatã de Thomas Hobbes em que “o homem era o lobo do homem”.

Parou tudo. Menos o desgaste que se danou a crescer. Não se fala em prosperidade, tampouco em amor à Pátria. Só se fala que fulano tem graves defeitos e beltrano, mais ainda. E eles lutam por escapar das garras da difamação. Nas repartições, nas praças, no Congresso, os planos têm a ver com a salvação pessoal. Mas nacional, nenhum plano. Não importam o desemprego, a inflação, a queda da produção, a mediocridade da educação, nem como nos vêem os do Exterior.  De repente é aquela história: “cada um por si, Deus por alguns e o diabo por todos.” Candidato não falta para a ocupação do poder. É “uma luta renhida” para chegar lá. Mas cadê o projeto para a retomada do desenvolvimento brasileiro? Nisso não se fala. Foge-se disso com maior velocidade que, segundo Ferreira de Catuama,    “o diabo foge da cruz”.

Entendo que já ultrapassamos o tempo de construção da crise. Isto só tem deixado prejuízo e sofrimento para a Nação brasileira. Que venha, agora, e já,  o tempo de se retirar o S da crise. É urgente que se crie um modo de operar a prosperidade do País. Cada um ponha a mão na consciência, especialmente os que ainda não se contaminaram. Vamos pensar na colheita, pois que não será diferente do que for semeado, como inspira o apóstolo Paulo em Carta aos Gálatas.

De minha parte, sugiro não esquecerem a educação, ressaltando as diretrizes estabelecidas pela Lei 13.005, de 25/06/2014, que aprovou o PNE, vigente até 2024. “Erradicar o analfabetismo; universalizar o atendimento escolar; melhorar a qualidade da educação: formar para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos; superar as desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; promover o princípio da gestão democrática na educação pública; e a promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País.”

É preciso dar um freio nessa história dos interesses pessoais. Antes de tudo está a Pátria, estão os interesses nacionais. E para isto se torna necessário que o Brasil triplique os investimentos em educação, assuma a responsabilidade educacional, “de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB brasileiro no 5º ano de vigência do PNE e o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio, isto é, em 2014”.

Lembremos as idéias de Sua Santidade Paulo VI, em sua encíclica Populorum Progressio, “o desenvolvimento é o novo nome da paz”, portanto sem o exercício da virtude da tolerância e da paz entre as pessoas vai ser impossível a consecução do progresso, que encontra suas raízes na educação. Então retire o S da crise, que paralisa e destrói. Crie.

INFORMABIM 402 (A e B)


O CONSTRUTOR DA REVOLUÇÃO DE 1817

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 


Para atender a convite do comendador Elânio Pereira, Venerável Mestre do Areópago de Itambé, compareci àquela Loja Maçônica no dia 6 de março, para, com a comunidade ali presente, relembrarmos a revolução republicana de 1817. Estive em companhia do Presidente da Academia Maçônica de Artes e Letras do Recife, o imortal acadêmico Carlos Frederico Lopes de Barros, admirável pesquisador dos gloriosos feitos da ordem maçônica em Pernambuco.

Desejava, na oportunidade, fazer referências a Manoel Arruda da Câmara que, embora tenha fundado o Areópago, onde se doutrinou o povo para a construção de uma pátria para os brasileiros, sua existência é trazida ao conhecimento das gerações de hoje como um ilustre cientista com sucesso total nos campos da botânica. Foi por seu intermédio que a maçonaria ingressou no Brasil, em 1796, ao fundar o Areópago de Itambé, que a partir de 1996, durante as comemorações de seu bicentenário, foi reconhecido como o berço da maçonaria brasileira.

Manuel Arruda da Câmara é paraibano, nascido em Pombal, no ano de 1752. Vamos encontrá-lo, 31 anos depois, no Convento dos Carmelitas, em Goiana, mata norte de Pernambuco, como Frei Manuel do Coração de Jesus. Fez votos em 25.11.1783.

Goiana, então, era um centro populacional já bastante evoluído e por ali passavam e repousavam, oriundos do Recife, viajantes, vendedores, pesquisadores, comerciantes, jornalistas, profissionais liberais, religiosos, pessoas cultas e influentes, que demandavam a Paraíba, Rio Grande do Norte, os sertões de Pernambuco ou que faziam o caminho inverso, buscando a cidade do Recife.

É possível que, em contato com essas pessoas, tenha o Frei Manuel do Coração de Jesus ouvido falar do grande esforço que já se fazia na América  Espanhola, no sentido de torna-la independente, como ocorrera na América Inglesa. O entusiasmo e a decisão do Frei podem ter encontrado vertente em tais informações.

Pretextando o aperfeiçoamento teológico, o Frei embarca para Lisboa e lá chegando matricula-se nos cursos de Filosofia  de Coimbra (27.10.1789). Mas não prossegue, tendo sido, ali,  perseguido em face do elogio que fazia às causas da Revolução Francesa. Aparece em Montpellier, centro universitário e laboratório político do sul da França, onde fez seu curso de Medicina, matriculando-se em 15.8.1790 e defendendo tese em  02.09.1791. Também adquiriu grande saber em Botânica, nela especializando-se. Segundo consta, aí em Montpellier fora iniciado nos augustos mistérios  e despertado para a importância da emancipação política da América portuguesa. Teve o privilégio de conhecer o Velho Mundo, em atividade de pesquisa, parte em companhia de José Bonifácio.

No inverno de 1796, já ex Frade, médico, mas dedicando-se a botânica, Manuel Arruda da Câmara instala o Areópago de Itambé em companhia de vários outros sábios com e sem batina, objetivando  doutrinar o povo e treinar adeptos para a construção da Pátria dos brasileiros.

A primeira tentativa prática se deu em 1801 – a Conspirata de Suassuna – que preconizava a instalação de uma República sob a proteção de Napoleão Bonaparte. Resultou frustrado o ensaio, com o conseqüente fechamento do Areópago. No entanto o entusiasmo pela causa se exacerbou, transferindo-se o foco do movimento para Recife e seu entorno, onde várias Lojas Maçônicas, disfarçadas de Academias, foram surgindo para agasalhar  e doutrinar os novos adeptos  à medida que estes cresciam em quantidade.

Em outubro de 1810, Manuel Arruda da Câmara se encontrava na Ilha de Itamaracá e de lá escreve uma carta a seu afilhado João Ribeiro (Padre), antevendo, para logo, a Revolução Republicana. E como se revelasse muito doente e até previsse iminente sua morte, fazia algumas recomendações em favor da abolição da escravatura com inclusão social dos libertos, e da amizade com os irmãos das Américas inglesa e espanhola que deveria ser intensificada. Faleceu no início do ano seguinte.

O respeitável e inesquecível irmão Mário Melo escreveu em livro publicado em 1912 que o Areópago de Itambé foi a primeira escola destes ensinamentos instalada entre nós e ali pontificava o Dr Arruda da Câmara. O Areópago segundo entende era uma Loja Maçônica nos moldes das existentes em Montpellier, onde Arruda da Câmara havia sido iniciado. Dr José Castellani confirma esta condição de Loja e  inclui o Dr Arruda da Câmara no rol dos maçons que fizeram a História do Brasil. Enfim, o historiador Amaro Quintas, escrevendo um dos livros mais lidos   sobre a Revolução de 1817, assegura que Manuel Arruda da Câmara foi o construtor da Revolução.

Então que se exalte o seu feito e se registre o título que merece

 

OBRAS CONSULTADAS:  1) O Areópago de Itambé, Ferreira, Antônio do Carmo, editora maçônica A TROLHA, Londrina/PR.  2) Os Maçons que Fizeram a História do Brasil, Castellani, José, Editora A Gazeta Maçônica, São Paulo, página 21. 3) A Maçonaria e a Revolução Republicana de 1817, Melo, Mário, Imprensa Industrial I.Nery da Fonseca, Recife/PE, 1912. 4) A Revolução de 1817, Quintas, Amaro, José Olímpio Editora, Rio, 1985, 2ª edição.

INFORMABIM 401 (A e B)


O JORNAL IMPRESSO E SEU FUTURO

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

Tive minha preocupação aguçada, faz alguns meses, ao ler numa de nossas revistas maçônicas que o jornal impresso estava com os seus anos de vida chegando ao fim. Mais algumas décadas, poucas, e iríamos passar a ler em termos de registro histórico que em tempos remotos tivera existido um tal de jornal de papel.

Quando o rádio entrou em evidência, foi difundida a mesma notícia. O advento da TV também favoreceu o aparecimento de semelhante  previsão. Mas o jornal impresso continuou vivo, derrotando aquelas adivinhações.

Agora, com a chegada da internet, o assunto volta à mesa. E as bolas de cristal são acionadas com insistência, buscando-se saber por seu intermédio o ano em que o jornal impresso “sairá da vida e entrará pra história”.

Ora, o jornal de papel é produzido por empresas com grandes responsabilidades e compromissos em seu relacionamento com a sociedade. A vida de uma empresa não é uma brincadeira. Para sua existência e funcionamento são necessários investimentos de grande monta. E os empresários não são ingênuos a ponto de colocarem seus capitais em empreendimentos de vida efêmera, sem futuro.

Cito aqui dois exemplos. O Diário de Pernambuco, de circulação ininterrupta desde sua fundação em 1825,   transferiu suas instalações, acerca de cinco anos, para uma área muito maior que a utilizada até então, para o que, decerto,   fez grande investimento, modernizando o parque gráfico  e ampliando sua capacidade instalada. Seus dirigentes não fariam isto sem a previsão de um amanhã promissor e de muitos e muitos anos.

Igualmente acontece no âmbito do Jornal do Commercio (97 anos), também aqui de Pernambuco. O grupo  que possui a empresa não para de investir em sua modernização. Empresários experientes e de sucesso garantido em seus negócios não procederiam dessa forma, se não houvesse  futuro lucrativo para seu empreendimento.

Exemplos assim, de crença no jornal impresso, são encontrados pelo mundo afora, no Brasil e no Exterior.

E a inovação? Ah! A inovação tecnológica pode nos trazer surpresa, mas do ponto de vista favorável. Para isto, contudo, basta não descuidar. Estar atento ao espírito do tempo e adequar-se às sugestões que  a inovação ensejar. É aí que aparece a internet, como assegurou o Dr Maurício Hands, Presidente institucional do Diário de Pernambuco, em palestra no Rotary Recife (29/01/2016): “os jornais não serão substituídos pela internet, mas terão a sua missão complementada através dos portais e redes sociais”.

E disse mais: “Quem se informa apenas online corre o risco de ficar na superficialidade. É aí que entra o impresso, para fazer uma curadoria das notícias mais relevantes do dia e aprofundá-las, analisá-las”. Entendo também desta forma. A internet será uma grande aliada e favorecerá no crescimento quantitativo dos leitores do jornal impresso.

Em março de 2014, pesquisa do Ibope então realizada revelou que o jornal impresso do Brasil, comparado a outros meios de comunicação, é o que apresenta as informações com maior nível de confiança”. A pesquisa foi encomendada pela Secom da Presidência da República. E confirma o pensamento dos empresários da área.

Mesmo diante do alto percentual de analfabetos em nossa população; mesmo sabendo da precariedade de leitura com que nossa juventude é avaliada; mesmo convivendo com a minguada condição financeira de nosso povo que influencia na aquisição de bens como o jornal, livros e revistas; mesmo assim minha expectativa é a de que “os jornais impressos não terão fim” e que promissor é o seu futuro.

segunda-feira, 28 de março de 2016

INFORMABIM 400 (A e B)


NOSSO MAIOR DESAFIO DESTES TEMPOS

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

A mídia, todo dia, bate forte na precariedade de nossa economia, na diminuição de nossa produção industrial, no aumento do desemprego, na esgarçadura do tecido político brasileiro, na desconfiança com que nos olham os investidores do Exterior. Coisas do passado que eclodem agora e prendem a atenção de todos. Mas não fala nada de nosso futuro. Como se nós não tivéssemos amanhã. Fôssemos um corpo sem destino. Dante Alighieri, se vivo fosse, nem precisava dissertar sobre o inferno. Bastava aconselhar uma “espiadinha” no agora brasileiro. E pronto: “perdei a esperança”.  Escrevo assim, porque o espaço para se falar de educação, do ensinar, do instruir, do aprender, da economia do conhecimento, da pesquisa para a inovação – ingredientes sem os quais não se construirá o progresso – encolheu, diminuiu tendendo para zero. Apenas aqui e ali, uma pequena marca verde de esperança. Uma escola que ganha um prêmio. Um professor que recebe uma láurea, contudo custeados por  seus próprios recursos. A “pátria” aguarda ansiosa o momento de ser “educadora”, pois esse objetivo é um dever constitucional, posto que “a educação é um direito de todos” (Art.205 da CF).          

Esse é o entendimento de quantos têm compromisso, não apenas consigo mesmo, mas com a Pátria. Que exigem uma resposta para já, como, por exemplo, se posiciona,  em editorial de 2/8/2015, o Diário de Pernambuco, com toda a sua responsabilidade de ser o jornal mais antigo em circulação na América Latina. Escreve seu editor que a “educação” em nosso país está “sem avanços”, alertando sobre a gravidade que isso representa com a chamada de  que “a educação é o maior desafio do Brasil no século 21”.                              

Prossegue o Diário de Pernambuco em seu editorial até um tanto cético (e não é pra menos), pois “á medida que o tempo passa, a situação se agrava e a solução se distancia. A pátria educadora, alardeada como prioridade no discurso de posse [ ...] não passou de promessa. Décadas de negligência pioraram o ensino, expulsaram alunos e afugentaram os talentos da carreira do magistério”, deixando o Brasil com uma “educação sem avanços”.                                                                                                    Recordo que foi uma luta danada para se ver sancionada a Lei do Plano Nacional de Educação 2 que prevê um investimento, na sua fase conclusiva, de 10% do produto interno bruto. Uma carta de intenção diante das frustrações que vêm aparecendo. Recentemente,  em vez de avançar, o orçamento do Ministério foi reduzido em um bilhão de reais. Faltou uma peça chave na maquinaria do PNE2 – a responsabilidade educacional, que, decerto, estancaria tamanha voracidade.                                       

O que se torna mais frustrante ainda, penso eu acompanhando a constatação do Diário de Pernambuco a que nos vimos referindo e damos parabéns,  é  saber que “sem quadros de excelência, não há como proceder a revolução por que clama o País” e nesse campo, que é inerente à  educação, nada  se vislumbra, sequer,  nem por aceno, um passo à frente, tornando-se por conseqüência em nosso maior desafio destes tempos.

sábado, 26 de março de 2016

INFORMABIM 399 (A e B)


ATENÇÕES QUE DEVEMOS PRESTAR AO CHAMAMENTO DOS LÍDERES

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 


O historiador Arnold Toynbee escreve “Desafios de nossos Tempos”. Uma advertência a humanidade para o tempo que se vem encurtando entre as descobertas. Antes, milhões de anos. Hoje, pedaço de uma hora. A indústria e a Universidade consorciadas nas pesquisas, para a geração de novos produtos – a inovação; e ou para aumentar a velocidade da produção -  tecnologia. A cada instante, o surgimento de “um maravilhoso mundo novo”, como sonhara Aldoux Huxley. Mundo novo que se torna rapidamente ciente de todos, graças ao próprio processo inovador no campo das comunicações, que adquiriu surpreendente velocidade, fazendo desse mundão de meu Deus uma “aldeia global”, como acreditando, mas parecendo ainda não acreditar, chamou-o  Marschal MacLuhan. Penso que Toynbee nos queria advertir sobre isto, sugerindo que não nos acomodássemos para receber o prato feito, mas em aprender a fazê-lo melhor e em menos tempo.

Procedeu de forma idêntica o laureado escritor Alvin Toffler em seu livro Choque do Futuro. Fácil depreender-se da leitura dessa obra que mais da metade dos humanos vive hoje o tempo das “borboletas azuis” de Casimiro de Abreu, em que “o céu é um manto azulado, o mar é um lago sereno, e a vida é um hino de amor”. Quer dizer, bom mesmo seria viver aquele tempo ... Aí uns 40% da humanidade estariam felizes com a possibilidade do usufruto dos bens resultantes das inovações, contudo sem qualquer preocupação de como eles se tornaram possíveis. Filósofos de que se estou feliz com o que Deus me deu,”deixa a vida me levar, que a vida leve eu”. Somente 10% (em torno disso) da humanidade estariam gerando os novos bens, portanto habilitados à propriedade das riquezas do amanhã. Eles estariam implantando na humanidade sensações de escassez e inovando e produzindo os bens com que satisfazer tais necessidades. Já estamos assistindo a isto, com muitas novas profissões surgindo, e muitas outras tornando-se obsoletas. Grande  advertência, penso eu. O futuro já está em nossa sala, tornando-se necessário e urgente o nosso engajamento em sua construção.

Os povos ricos que ora gozam das melhores condições de vida no planeta,  entenderam essas advertências e fundaram as suas escolas adequadas às exigências desse novo tempo. Não é que esqueceram o passado. O passado lhes é muito importante, mas como referência, não como destino. O seu destino é o futuro. Fortaleceram-se no ensino, na escola, na educação de seu povo. O Brasil, diferentemente, não quer entender assim. Frágil nas escolas, esquecido dos professores. Pesquisa? Nem pensar. Acentua-se no corte dos recursos financeiros, centenas de milhões de reais, só no orçamento deste ano! Quatro Ministros em 6 meses. Daí a avaliação internacional da qualidade de nosso ensino médio nos revelar em estágio de mediocridade, na avaliação passada e na recente. Aqui, faço um registro: como maçom isto muito me entristece, como tristes encontram-se todos os integrantes da Fraternidade, para quem a ignorância é a mãe de todos os vícios. Temos advertido as autoridades. Temos-lhes levado o nosso grito e as nossas sugestões.

Vejamos o chamamento de quem tem compromisso com o futuro, mesmo sabendo que seu país é o primeiro colocado no ranking de educação, mas não se acomoda na condição de modelo educacional. Diz a Secretária de Educação de Helsinque, MarjoKyllonen: que “a Finlândia inicia mais uma reforma em busca de melhorias”. Daí nosso  apelo para que se preste atenção ao que dizem líderes como a Sra MarjoKyllonen. Então ... se “o Brasil é realmente o país do futuro” (Stefan Zweig), já está passando do tempo de abrir as inscrições para a sua  construção.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 398 (A e B)


SUGESTÕES ALVISSAREIRAS

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

A Loja Fraternidade Brazileira (com Z) dedica-se aos estudos e pesquisas no campo da maçonaria, cujos resultados, em sua maioria, têm-se revelado durante os Encontros que realiza anualmente, não só em Juiz de Fora, onde mantém sua sede, mas também em vários outros orientes, especialmente, naqueles em que Grandes Instituições Maçônicas oferecem o apoio para, em seu seio, se darem esses eventos.

Quero, aqui, reportar-me ao XXII Encontro que teve lugar na cidade de Maringá, onde integrantes da Loja Fraternidade Brazileira se reuniram sob o amparo do Grande Oriente do Paraná, e desenvolveram o tema “Vivificação da Cultura Maçônica no meio político social” com muitas peças de arquitetura apresentadas, expostas, defendidas. Todas de grande proveito, pela credibilidade das fontes pesquisadas, pelo saber e responsabilidade dos autores, resultando num maior conceito para a maçonaria brasileira, que mais se engrandece com essas atividades de tanto respeito.

Ao término do XXII Encontro – 2ª quinzena de outubro de 2015 -, uma Carta foi enviada a todos os maçons de nosso País. E, nessa correspondência, uma síntese das conclusões a que chegaram os que em Maringá estiveram reunidos. Frutos saborosos, amadurecidos ao calor do amor fraternal, que vieram do trabalho de semeadores conscientes de seu papel de contribuintes para com o “fortalecimento e engrandecimento da Maçonaria Brasileira”. “Pomos dourados”, digamos assim, tomando por empréstimo palavras de Olavo Bilac que, com versos lindos, embelezou a poesia parnasiana da literatura brasileira.

Do Encontro de Maringá nos vêm, no conteúdo de sua Carta, significativas recomendações. O incentivo e o auxílio ao crescimento das instituições para-maçônicas, com destaque para a Ordem De Molay, tendo em vista o preparo de seus componentes para o ingresso na maçonaria, é uma delas. Outra: o grande cuidado com a análise dos que solicitam ingresso nos quadros da Ordem, mostrando-lhes o sentido família reinante em cada Loja, o caráter vocacional e o compromisso de construtor social que são exigidos dos iniciados, o que decerto será um antídoto de combate aos males das evasões.

Também foi ressaltado na Carta que há um relacionamento da maçonaria com a sociedade, a qual aliás em seus anseios, carências e dificuldades, tem revelado esperança na contribuição de soluções oriundas da maçonaria, daí a necessidade de muita atenção na formação dos maçons, zelando cada Loja por estabelecer seus projetos, cursos e instruções conforme “bases pedagógicas que contemplem não somente nossas origens e história, mas também se amoldem e interpretem as exigências educacionais e tecnológicas do mundo atual”.

Desejo cumprimentar todos quantos participaram do XXII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas, ao oriente de Maringá, com a iniciativa, a escolha do tema, a paciência das pesquisas, o oferecimento das peças de arquitetura, a participação, o apoio da Potência, a equipe executiva e a inteligente Coordenação.

Mas para que uma vírgula sequer não se perca da Carta de Maringá, remeto o leitor ao INFORMABIM 394 (http://domcarmo.blogspot.com.br/), onde se encontra o documento em seu inteiro teor, contendo para o engrandecimento da Ordem sugestões tão alvissareiras.

 

 

sábado, 6 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 397 (A e B)


 
COLUNA DO NORTE ... AH QUE SAUDADE ME DÁ!
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


Acho que o meu saudosismo não é somente meu. É de todos os que ingressaram na Ordem e já no meio da caminhada se depararam com alguma dificuldade em entender ou para explicar certas passagens do saber maçônico. É que ali, tivemos as melhores oportunidades de aprender bem e muito, mas que infelizmente nossa pequena porosidade de então, impediu que de tal forma absorvêssemos. Fraquezas da humana condição!
Também não vamos chorar por isto. Nós éramos tenros infantes, na platéia. A cada sessão, um cortinado se abria e, no palco, atores maravilhosos levavam a efeito cenas magníficas. Deslumbrados, ficávamos encantados com o que víamos, tão encantados que nem abríamos espaço para aquilo que ouvíamos. Talvez por isto, não aprendíamos tanto, embora muito fosse ensinado. Perdão, grandes mestres! O crédito, num mundo em que se pesquisa a verdade, não lhes pode ser negado.
É possível que não tenhamos amealhado o saber. Por culpa de ninguém. Pois houve o esforço dos mestres. A abnegação mesmo! O augusto e respeitável recinto escolar. Os melhores colegas de turma. E nosso desejo de aprender. Talvez a curiosidade é que tenha inibido a realidade. Mas, não podemos negar,  aprendemos algo que ficará para toda a vida, aprendemos o caminho da escola. E isto salva tudo.
O peregrino, por bondade dos mestres, andou léguas. Muitas vezes até capengando, torto, pondo a mão nos ombros dos colegas, mas indo, em frente, chegando a novos teatros e, mais uma vez, maravilhado, boquiaberto, segurando o queixo com a mão,  emocionado, lá está na platéia, assistindo encenações encantadoras dos ensinamentos da Ordem.
Agora, nas dificuldades, não tergiversar. Não chorar o leite derramado. Não ter vergonha de não saber dar resposta ao que for perguntado por alguém que se inicia. Nem por isto se sentir diminuído. Não, mano velho! Todo tempo é tempo de aprender, especialmente quando se pesquisa a verdade, coisas cristalinas que enriquecem o espírito e dão a grandeza humana aos humanos!  
A coluna do norte continua lá, no setentrião. Banquinhos duros, na fila de trás, mas continua lá. Aguardando a gente para a reciclagem. E isto é muito bom. Reparem bem! Volta-se lá, não mais para aprender tudo, mas para tirar dúvidas. Cuidar de aprender somente um pouquinho do todo. Um segmento da linha total. Aí o aproveitamento vai ser completo, uma beleza. O mestre da Galiléia nos deixou ensinado que “é próprio do viver o nascer de novo”, muitas vezes.
Talvez nem seja mesmo para cumprir a sentença de “sermos eternos aprendizes” que voltamos lá. Pode não ser por isto. Voltar à coluna do norte é um reencontro com a juventude maçônica. Um reencontro com os ideais, com os nossos sonhos. Quantos sonhos maravilhosos tivemos lá! Os mestres instruindo e a gente na missa ... Presente e ausente. Divagando...  Pensando agarrar aquele cinzel e desferir-lhe o malho, desbastando a pedra bruta que sempre fomos, e dar-lhe novos moldes de faces polidas. Pensando em vir a ser um sermão sem palavras, na comunidade, influindo na melhoria dos costumes, pelo exemplo. Pensando em como tornar feliz a humanidade. Sim, em tudo isto nós pensamos, lá na coluna do norte ...
Bom e suave é que se acendam à nossa frente os lampiões que indicam os caminhos de retorno, sempre, ao setentrião. Não importa que no local haja pouca iluminação. Que os bancos escolares sejam sem almofadas. Importa que ali haja a permanente busca pelo saber. Haja ali a semeadura dos ideais e o embalo dos sonhos, com que os construtores sociais ornamentarão, da Ordem, os amanhãs!
Ó Coluna do Norte, e quando “sei que nada sei”, ah que de ti quanta saudade me dá!


 

INFORMABIM 396 (A e B)


LER E APRENDER(*)

Irm Absaí Gomes Brito(**)

 

 

No correr dos anos, temos usado as colunas deste Jornal para incentivar Irmãos e Lojas a se dedicarem mais ao conhecimento maçônico, através de leitura de Jornais, Boletins, Revistas e Livros, usando e explorando nossos autores que crescem a cada dia, proporcionando cultura e informação.

A Associação Brasileira da Imprensa Maçônica – ABIM, dirigida ao longo dos anos pelo competente e laureado cultor das letras, respeitável Irmão Antônio do Carmo Ferreira, Grão Mestre do Grande Oriente Independente de Pernambuco, traz a cada quinzena o Boletim INFORMABIM, com vasto noticiário a respeito do mundo cultural maçônico existente no País.

Por outro lado, Editoras diversas, como a Editora Maçônica “A Trolha” Ltda, com sede em Londrina-PR, publicam mensalmente livros de excelente qualidade, tendo no corrente ano editado, entre outros, os seguintes títulos:

FUNDAMENTOS MAÇÔNICOS – Padroado, do irmão Luiz Vitório Cichoski;

A CISÃO MAÇÔNICA BRASILEIRA DE 1927, de Joaquim da Silva Pires;

ESTUDOS MAÇÔNICOS SOBRE SIMBOLISMO, de Nicola Aslan;

REFLEXÕES SOBRE UM R.’.E.’. (BEM )A.’.A.’., de Joaquim Roberto Pinto Cortez;

O PISO MOSAICO – Como Superar sua Dualidade? de Gabriel Gomez;

DIÁLOGOS ENTRE O ESQUADRO E O COMPASSO, de Walter Celso de Lima; e

CURSO DE FORMAÇÃO DE APRENDIZES DO R.’.E.’.A.’.A.’., de Paulo Antônio Outeiro Hernandes, entre outros.

Continuamos insistindo: vamos ler e estudar, pois só assim poderemos dar uma dinâmica maior às atividades de nossa Instituição, principalmente nesta fase de dificuldades que estamos atravessando.

Lembre-se: você também é responsável.

 

Notas do Editor

 

(*) Editorial do Jornal LIBERDADE E UNIÃO, julho/agosto de 2015. Filiado a ABIM mediante registro nº 003-J. Av Paranaiba, 984 – Centro – CEP 74025-900  Goiânia-GO. E-Mail : liberdadeeuniao@gmail.com

 

(**) O mui ilustre irmão Absaí Gomes Brito é um dos mais admiráveis integrantes da maçonaria brasileira. Exemplo de amor à Ordem, à qual vem se dedicando há várias décadas, não só na assiduidade aos trabalhos de sua Oficina, onde tem formado gerações com a eficácia de suas instruções, mas também participando dos Encontros e Congressos, em todo o País, e voltado à divulgação das atualidades, feitos e atuação da maçonaria, em sua região, o que faz, através do Jornal “Liberdade e União” que dirige e edita de forma atraente e com elogiável competência. Esta questão da leitura e, por conseqüência, da ilustração do maçom, recai no tema EDUCAÇÃO, em favor de cuja melhoria de qualidade  a Maçonaria Brasileira vem chamando a atenção das autoridades, advertindo da situação de inferioridade em que nos encontramos perante o cenário internacional, e exigindo  o respeito que a Educação merece. O mui ilustre irmão Absaí Gomes Brito sempre esteve nessa luta, especialmente na leitura que a ela dedicada o maçom tanto se torna  ilustrado como um digno exemplo a seus contemporâneos. Grato ao Ir Absaí que parabenizo pelo importante Editorial com que brindou a Imprensa Maçônica Brasileira. (ACF)

 

 

INFORMABIM 395 (A e B)


MÉRITO MAÇÔNICO “JOSÉ CASTELLANI”:

Outorga de Comenda

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

Reporto-me ao VIII Ano de Fundação da augusta e respeitável Loja Simbólica “José Castellani,  comemorado em Sessão Magna Pública, durante a qual várias autoridades e personagens da maçonaria de nosso País foram distinguidas, em lhes sendo outorgada a Comenda do Mérito Maçônico “José Castellani”. Dada a importância do evento, as notícias a seu respeito têm preenchido os melhores espaços da mídia maçônica brasileira.

 Os novos Comendadores são valorosos  irmãos que se têm destacado, cada um a seu modo, seja na dedicação à Ordem, seja na difusão e prática de seus princípios. Entre eles se encontra o Ir Francisco de Assis Carvalho – Xico Trolha –,  um dos homenageados (in memoriam). Maçom que fez de sua vida um instrumento de bem servir à Arte Real, na tribuna, na imprensa, na cátedra, nas Lojas, nos Congressos, no exemplo, conhecido em todo o Brasil e reconhecido por todos com a gratidão dos muitos que muito com ele aprenderam. Sua biografia foi enriquecida com a leitura feita pelo mui ilustre irmão Lucas Francisco Galdeano, Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal

 A Srta Evelise Bianco de Carvalho, filha de Xico Trolha, esteve presente à Cerimônia e, ao se referir  ao momento em que seu Pai fora homenageado, revelou  toda a suaEmoção à flor da pele”, narrando-a com o seguinte texto:

“Francisco de Assis Carvalho, o popular Xico Trolha, recebeu a comenda José Castellani uma semana antes de completar 14 anos de sua partida para o Oriente Eterno. Pai, marido, amigo, Irmão, revolucionário, estudioso, declamador, incitador, provocador de risos, muitas facetas teve Xico Trolha, mas para mim a melhor e mais importante delas foi ser meu pai. O homem que me apresentou pensamentos e pensadores, permitindo-me ousar pensar, ensinando-me que toda opinião deve ser bem embasada, e que a partir do momento que for proferida naturalmente virão posicionamentos contrários, alguns naturais, outros viscerais ! Pensar livremente e aceitar as opiniões contrárias, isso é Maçonaria. Exercício excelente tanto para aquele que opina como para o que pensa o contrário e rebate. Mas quem o conheceu pessoalmente sabe que ele lutava bravamente pelas suas opiniões, mas nem por isso ele perdia amigos, o humor e a verve de poeta.

Me encantou o nome da Comenda, “José Castellani”. Grande amigo de Xico, e meu, também. O Castello, o “blue eyes” do meu coração, e eu a “Maçaneta”.

E para rematar as emoções reencontrei amigos e Irmãos, pelos quais ele tinha o maior apreço e admiração. Relembramos histórias e demos boas risadas, um encontro inesquecível para mim. E agradeço a: Mário, Gustavo, Edla, Lucas e todos os que me receberam de maneira tão fraterna e que me fizeram rememorar momentos muito bons.

O GODF é um Templo lindamente ornado, cercado de Acácias em flor. Quem visitar Brasília deve ir conhecê-lo.”

           Parabéns ao Eminente Grão-Mestre Lucas Francisco Galdeano e a quantos com ele deram curso à iniciativa. Sem dúvida, o evento com que se comemorou o VIII Ano de Fundação da Loja maçônica “José Castellani”, por seu brilhantismo, tornou o dia 26 de outubro de 2015 uma data inesquecível.

 

 

INFORMABIM 394 (A e B)

CARTA DE MARINGÁ - XXII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas

INFORMABIM 393 (A e B)


ALGUMAS TRILHAS DE HIRAN PARA O ACESSO A NOSSOS TEMPOS.
(Conclusão Informabim  392)      Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 
estejam envolvidos, do qual todos se sintam inerentes e não apenas uma circunstância. Sem esta motivação, o maçom se sentirá um estranho fora do ninho, sem ter o que fazer no vazio, e vai embora. A duração da vida maçônica não será medida pelo tempo, mas sim pela utilidade em favor da Ordem e do próximo.
E quando se fala em plano reitor, não é de se esperar que alguém levante a mão e peça sugestões. O maçom não deve gostar do repetitivo.  O filósofo alemão, Hegel, dava destaque, em sua “arte de pensar”, ao “pensamento pensante”, contrário ao “pensamento pensado”. Ouvir e repetir, para ele, compunham um fato medíocre, sem qualquer contribuição para a evolução (o pensamento pensado). Seu elogio estava na apreciação crítica do que se ouvia e aprendia, no melhoramento dos conceitos, no fato inovador, no estabelecimento de uma nova fronteira (o pensamento pensante). José Américo de Almeida, escrevendo o romance A Bagaceira, registra que “Ver bem não é ver tudo; é ver o que os outros não vêem”.
Outro dia, perguntei a um líder como ia a sua Oficina, ao que ele me respondeu: “sobrevivendo, Mestre!” Deixou-me triste a sua reposta, e meses depois, sua Oficina “abatia colunas”. Porque, neste caso, a sobrevivência é a acomodação, é a esclerose, é a inércia, é a aceitação do fim. A organização, como a pessoa, precisa, em cada dia, renascer. A sua vida precisa ser reinventada em cada amanhecer.
Convém que estejamos sempre lembrados de que “o trabalho maçônico é uma maneira que os obreiros escolheram para participar do mundo; se não for assim, a maçonaria passa a ser um clube sem serviço. A maçonaria precisa contribuir para o progresso e desenvolvimento da humanidade. A vida é uma entrega e o maçom precisa contribuir, entregar alguma coisa” (Octacilio Schüler Sobrinho, O Prumo nº 142/2002). E neste procedimento, convenhamos, a repetição será de pouca ou nenhuma valia. O progresso estará do lado da inovação, do “pensamento pensante”.
Nossa geração não deve passar à história como a geração dos omissos. Porque os costumes de hoje não são os costumes do passado. Há os que melhoraram, mas também está aí o nosso mundo povoado de maus costumes, de costumes corrompidos e degradados. A sociedade clama a ação da maçonaria. As organizações têm, cada uma, o seu papel. Recordo aqui a parábola dos “talentos”: os que receberam e colocaram em funcionamento, perdendo ou ganhando, foram considerados pelo Senhor; os que guardaram na botija, foram taxados de covardes e omissos.
A maçonaria, não devemos esquecer, que não é apenas iniciática, esotérica, templária. Ela é, igualmente, filantrópica e progressista, exotérica, comunitária. Parece lembrar aqueles, ensinamentos do apóstolo Lucas, numa das passagens do Evangelho segundo ele: “A candeia cheia de azeite e acesa não se coloca sob a cama, mas se pendura no centro da sala, para que os muitos sejam iluminados”. Se em seu plano reitor, uma Loja significa pouco e tem apenas a candeia, se associe a outras que têm o azeite; seus maçons se dêem as mãos. O trabalho maçônico não é competidor; é uma atividade eminentemente cooperativa, pois “bom e suave é que os irmãos vivam em união”.
Então? Se os costumes dos nossos dias são outros, como são, cabe-nos, mantendo a essência de nossa querida maçonaria, sermos sensíveis às mudanças que se impõem e praticarmos os meios de superação dos desafios emergentes.
Nos nossos tempos, muitos são os templos a construir. E muitos mais jubelos estão à espreita de Hiran, antepondo-se à realização de seu trabalho. Mas não seja isto o fator impediente a abertura de suas trilhas, percorrendo as quais chegarão os maçons à sociedade carente com os ingredientes dos novos costumes. Fazer o bem é sua missão, na qual se inclui superar desafios, o que “para muitos é uma qualidade rara”, porém no maçom “não passa do simples cumprimento do dever”.
 


 

INFORMABIM 392 (A e B)


ALGUMAS TRILHAS DE HIRAN PARA O ACESSO A NOSSOS TEMPOS

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

A proposta é identificar e implementar os meios de superação dos desafios que, naturalmente, decorrem da mudança que o hodierno traz e impõe. A mudança, embora de certo modo inquietante, porque encontra o homem desprevenido, é necessária e indispensável, em face de demarcar novas fronteiras mais avançadas no processo evolutivo da humanidade, em que a inovação e a tecnologia são os fatos propulsores.

Os princípios da Maçonaria definem a sua vocação: disposição da Ordem para servir ao próximo. Forma-se o maçom para isto. No tempo dos “operativos”, preparava-se o construtor das catedrais, aonde iam as multidões amar o seu Deus. Não havia, assim, missão mais sublime que esta – construir “abrigos” para as ligações dos fiéis com o seu Criador. No tempo dos “especulativos”, os nossos tempos, prepara-se o construtor da sociedade. Antes, o cortador da pedra que se prestava para a construção da catedral; agora, o construtor que se talha para ele mesmo ser a peça de construção do monumento – a sociedade. Antes e agora, o maçom – um ser que se faz, não exclusivamente para si, mas sobretudo para o bem estar do próximo.

A sociedade se torna cada vez mais sofisticada. Paradoxalmente, nunca se dispôs de tantas possibilidades, a própria evolução tecnológica nos inspira a isto, mas nunca se viu tanto sofrimento na sociedade humana. Em muitas partes do mundo os estoques e mananciais estão abarrotados; e em outros, milhões de estômagos vazios, de padecentes de males curáveis sem o atendimento de cura, e de desabrigados. Bilhões de dólares são gastos nas viagens interplanetárias à procura do mistério, enquanto os milhões, aqui na terra, definham. Tempos das desumanidades que levam à degradação social em seus mais diversos, cruéis e abomináveis aspectos. A vigência do caos.

A maçonaria, uma sociedade iniciática, no princípio, mas filantrópica na extensão, tem compromisso com o ordenamento ético, moral e progressista da humanidade. Ela se propõe a laborar no sentido de tornar feliz a pessoa humana, e um desses labores é o do melhoramento dos costumes. Daí, uma de suas bandeiras: “ordo ab chao”. Meu Deus! Poderiam existir propósitos melhores? Então esta sociedade era para ser muito benquista, admirada, requerida e até mesmo exigida. Quem se propõe fazer um benefício deste, realmente, não merece qualquer constrangimento, e sim a maior admiração por todos. E se isto não acontece, por que não acontece? Se “a messe continua grande e os operários tão poucos”!

O maçom terá que ser um exemplo, desde a sua iniciação, momento em que ele confirma sua vocação de “construtor social”. A iniciação é o passo decisivo. Aí se exaure o profano e se dá o nascimento do maçom, mediante um teatro capaz de aguçar no candidato este sentimento. Em quase todos ... é possível perceber isto, na face que expõe... numa lágrima que escorre ... quando à sua frente se abre a “luz” que alumiará seus novos caminhos. A metáfora: eis que sois a semelhança “do sal da terra e da luz do mundo”.

É na clausura do templo que ocorre esta transformação, e aí também se dará a formação complementar do ser maçom, até a sua graduação de mestre. Na Loja, o estímulo recíproco à prática da virtude; na Loja, o treinamento do amor ao próximo; na Loja, a conspiração em detrimento do mal; na, Loja, a elaboração dos projetos para o fazimento do bem ao próximo; na Loja, o despertar para a importância da leitura, cujo hábito contribui para o combate à ignorância, amplia o conhecimento e abre caminhos largos para o exercício da cidadania. A Loja é o lugar aonde se vai, não por obrigação, mas por amor. O esposo – o Maçom; a esposa – a Dama da Fraternidade; a filha – a Filha de Jó; o filho – o Jovem DeMolay. A Maçonaria é boa demais, para ser apenas do maçom. Ela deve pertencer a toda a família do maçom. Como aliás ele faz com relação à sua Igreja, a seu Clube social.

A Loja e o amor devem ser sinônimos perfeitos. Todavia a quem cabe o grande papel de fomentar o amor à Loja? Esse papel deve estar incluído nas atribuições do seu Venerável. Ele é o líder e tem por mister a motivação. O maçom: um ser motivado. Para isto, a trilha de mais fácil seguir é que haja um plano reitor, na Oficina, discutido e aprovado, em que todos     (Continua no Informabim 393)

 

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 391 (A e B)


MAÇONARIA COMUNITÁRIA: que vem a ser?

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

 

Tenho alertado nossos irmãos maçons a respeito dos compromissos para com a comunidade em que nos encontramos, por ser aí que residimos ou em face de, em seu âmbito, achar-se instalada a nossa Loja. Em ambos os casos, direta ou indiretamente, o maçom  tem a ver com  essa comunidade, como qualquer outro cidadão o tem em iguais circunstâncias, devendo com ela  contribuir para melhoria de seus costumes e bem estar de todos que ali habitam. Mais ainda porque é para tornar felizes as pessoas que nós nos entranhamos de maçonaria. Pelo menos este é o objetivo. E mesmo porque ao se beneficiar o todo, a parte do mesmo termina por usufruir desses benefícios.

Quando, em meus artigos, refiro-me à maçonaria comunitária, quero tratar deste assunto. Digo que cada Loja deve ter o seu projeto e até pareço exagerar nestas referências. Entendo que é através desse instrumento que se põe em prática o que foi aprendido durante a formação templária, como também que o projeto estimulará a permanência do maçom, por muito mais tempo, em atividade na Ordem. Basta constatar que a execução do projeto leva o maçom a envolver-se com ele, constituindo-se num desafio, seja por sua condição de contribuinte dos meios, seja como dirigente. E nestas condições, decerto, não serão regrados esforços para que a missão tenha pleno êxito.

 Quero ressaltar, porém, que o envolvimento, tal como foi exposto acima, torna-se um fato circunstancial. Enquanto que o caráter de construtor social que se assume ao ser iniciado maçom, adverte-me que este envolvimento deve ser inerente. A construção social é compromisso que o maçom deve resgatar não por uma obrigação (entendida aqui como um gesto forçado), mas sim por amor à realização do que lhe é devido. A filantropia que está na definição da Ordem, é o nome deste compromisso, sendo seu exercício parte exotérica da vida do maçom. Falhar para com ele nem pensar, dado que tal indiferença, todos sabemos, seria desonroso para o Iniciado.

  “Amar ao próximo” foi um mandamento que se tornou evidente com o nascimento da civilização cristã e está catalogado entre as virtudes maçônicas que nos são dadas a conhecer desde a passagem pelo “banco das reflexões”, claro que chamando a atenção para o fato de que  a prática dessa virtude  ilustrará nossos dias, daí em diante, e por toda a vida. O apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios, estabeleceu esta marca que a maçonaria tomou como mote: “Ninguém busque o seu interesse, mas o do próximo”(I Cor 10, 24).

A mim me parece que já se torna necessário a Ordem  repensar seu dicionário no tocante  à expressão “amor fraternal”. É o “espírito do tempo” que exige isto. Os Estatutos das Potências estão cansados de repetir que a “maçonaria é uma instituição iniciática, filantrópica ...”  Mas já está no momento de ir mais além, explicitando que “filantropia” não é teoria, é prática e, como tal, absolutamente necessária, distinguindo-se de “caridade”, a qual, embora contida na filantropia, é de menor hierarquia.

Em nossos dias, fazer caridade é dar uma esmola, isto é, colocar, por exemplo, algum dinheiro na bacia do pedinte postado na cabeceira da ponte, ou servir um prato de sopa na calçada de sua residência a alguém que passa faminto, ou dar um velho e surrado cobertor a quem treme de frio debaixo da marquise, etc. Houve um tempo distante, mais de dois mil anos, em que a palavra “caridade” era sinônimo perfeito de pleno “amor ao próximo”, a ponto de ser uma das três virtudes teologais. As duas outras eram fé e esperança, mas elas ambas subalternas à caridade (I Cor 13,  13). 

Filantropia, nos tempos de hoje, ocupa um espaço mais amplo. É um estágio mais evoluído dessa caridade. Esse gesto de dar esmola, e não são poucos que entendem assim, contribui para corromper os costumes. Já a filantropia não. É a contribuição não somente destinada a atender a carências imediatas, mas também e sobretudo o caminho para fomentar a melhoria das condições de sobrevivência seja de uma organização, seja de uma coletividade. É uma contribuição para o progresso, o qual também se inclui na definição da Ordem: iniciática, filantrópica, progressista ... daí ser preciso e urgente reformar nosso dicionário! 

O projeto de filantropia é uma proposta da Loja. Não deve ser uma imposição do Venerável nem de qualquer obreiro isolado. Pois, por seu significado e destinação, é um instrumento consensual. Todos os membros da Loja deverão estar engajados. Será uma imensa Oficina. Tanto que  se me proponho a realmente ser um Construtor Social, tenho que me debruçar sobre esta nobre missão, conhecendo minha comunidade e suas carências, interpretando os seus sonhos, avaliando suas possibilidades, estabelecendo prioridades, colaborando, enfim, com a pavimentação de seus grandes caminhos.

Se o quadro da Loja é de poucos obreiros, juntem-se várias Lojas. Se já existe um projeto vitorioso na comunidade, procuremos nos associar à iniciativa.  Que a Loja não seja o limite, mas a vertente.  Não esquecer de que antes, como agora, a Ordem é construir.  Que à responsabilidade individual sobreponha-se o compromisso coletivo da Oficina, e que este seja o “orvalho do Hermon” da maçonaria comunitária.

                             

 

INFORMABIM 390 (A e B)


CHAMAMENTOS DE AGORA

Irm Antônio do Carmo Ferreira

(Conclusão. Vide Informabim 389)

 

 

apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos (13, 11):”Já é tempo de despertar”. Pois é. Este é o tempo. E os maçons estão empenhadíssimos nos resultados positivos desse projeto, como se relessem Marcel Proust “à procura do tempo perdido”.  Embora sabendo e alertando que a responsabilidade é de todos, do Estado, das Instituições, da Família. A melhoria da qualidade de nossa educação, em que reside e se baseia o futuro do País, é urgente, não só na prédica, mas na prática. Não só na palavra, mas na ação. Não só no discurso, mas no exemplo. E aí presta-se homenagem ao Padre Vieira, quando sugere que “o maior de todos os sermões é o exemplo”.

Os maçons têm feito a sua parte, não se limitando a apontar erros. Não. Isto seria muito pouco. Eles têm mostrado caminhos. Eles desejam ser e são parte da solução. Vejamos, por exemplo, o destaque “biblioteca, livro, hábito de leitura”, um dos assuntos que têm sido mote permanente nos cuidados da maçonaria brasileira. Aí recordo Xico Trolha, querendo responder a uma insinuação de seu tempo “de que o maçom  não gostava de ler”.  Irritado, chamou-me para uma campanha. Santa campanha, Irmãos! Foi inventado o Círculo do Livro Maçônico, a cargo dele mesmo. Um título por mês, editado sem lucro, a custo de fatores. O incremento da divulgação da iniciativa ficou a cargo da ABIM, que tem cumprido a sua parte com a divulgação do projeto, de modo que ninguém pudesse dizer que não lia, porque não podia adquirir o livro. Hoje, todo mês, estão dois mil e quinhentos exemplares à disposição dos maçons, a preços insignificantes, para os sócios do CLM e para a formação das mini-bibliotecas nas Lojas, contribuindo para a formação do hábito da leitura. E no hábito da leitura encontra-se o forte antídoto de combate à febre da ignorância.

A sanção do Plano Nacional de Educação 2, convertendo-o em  Lei, com vigência até 2024, muito nos alegrou. A sua tramitação no Congresso  pôs os maçons em alerta, acompanhando atentamente passo a passo, e denunciando quando se dava qualquer engavetamento. Contudo sempre dizendo que o PNE por si só era apenas uma carta de intenções, se não viesse, para sua prática uma Lei de Responsabilidade Educacional. Não veio. E está aí tudo como estava, talvez pior, porque agora há um envolvimento com a frustração. Cortes e mais cortes dos recursos financeiros destinados à educação. A semana passada, e ficará na lembrança para sempre essa triste decisão, o orçamento do Ministério foi reduzido em R$ 1 Bilhão (Editorial do Diário de Pernambuco, 02/08/2015). Então cadê a tão alardeada “Pátria Educadora” ? Quatro Ministros em menos de um ano ... É, decerto, imensa a distância entre as palavras e os atos.

A mídia, todo dia, bate forte na precariedade de nossa economia, na diminuição da produção industrial, no aumento do desemprego, na esgarçadura do tecido político brasileiro, na desconfiança com que nos olham os investidores do Exterior.  E não fala nada de nosso futuro. Como se nós não tivéssemos amanhã. Digo isto, porque o espaço para se falar de educação, do ensinar, do instruir, do aprender, da economia do conhecimento, da pesquisa para a inovação, encolheu, diminuiu tendendo para zero. Apenas aqui e ali, uma pequena marca verde de esperança. Uma escola que ganha um prêmio. Um professor que recebe uma láurea, por investimento próprio. Cada Município deve ter um plano de educação, como cada Estado deve seguir a mesma trilha. É obrigação estabelecida no PNE, mas até agora cumprida somente por alguns.

E todas essas mazelas e vícios não irão se exaurir tão cedo, pelo menos até enquanto não se entender que a cura está na educação e se lhe der a prioridade que merece. Entendo que para os maçons, missionários do construir, esses são os chamamentos de agora.