domingo, 31 de janeiro de 2016

INFORMABIM 353 (A e B)


ONDE ESTÃO OS TAMBORINS ?
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 


A maçonaria que veio para o Brasil não foi a maçonaria da Inglaterra. Os maçons que trouxeram os ideais e os objetivos da Ordem pra cá foram os iniciados na França. Quando em 1796 foi instalado o Areópago de Itambé, o seu presidente – Manoel Arruda da Câmara -  vinha de Montpelier, no sul da França. Trazia consigo os ideais do iluminismo e a “bandeira” da Revolução Francesa de “liberdade,  igualdade e fraternidade”. O portal de Itambé se abria para, por seu intermédio, favorecer o nascimento de uma escola em que o povo ia ser doutrinado para a construção de uma pátria para os brasileiros. A maçonaria inglesa proibia, através da Constituição de Anderson,  o trato com a política e com a religião no interior de suas Lojas. A maçonaria francesa, esta não, era eminentemente política. E foi com esse DNA que ela veio para o Brasil. A maçonaria nos veio para a construção da pátria. Portanto a sua força propulsora e motivacional era a política.

A Conspirata de Suassuna, a Revolução Republicana de 1817, os movimentos do Rio de Janeiro que levaram o Regente a dar o Grito do Ipiranga são ações políticas gestadas no seio da maçonaria,  com o povo maçom nas ruas, nas praças, de modo público com o conhecimento e a adesão dos muitos. Os sonhos de liberdade, mais das vezes, sequer esperaram o raiar do dia. Antes do amanhecer já estavam na boca do povo, buscando a realidade  Isto não aconteceu apenas com relação a Independência. Eclodiram da voz do povo maçom também a Abolição da Escravatura e a exaustão do Império. Tamanha era então a força da maçonaria, na consciência do povo, que nem reação houve da parte da Coroa  contra a forma como se proclamou a República.

“A República é filha de Olinda”, canta-se com o Hino de Pernambuco. Verso lindo, representativo dos idos de 10 de novembro de 1710. Sonhos de Bernardo Vieira de Melo que pagou caro por eles, morrendo nos calabouços do Limoeiro nas cercanias de Lisboa. E a pátria? A pátria brasileira, a nossa Pátria, esta é filha da Maçonaria  São provas 1796, 1801, 1817, especialmente 6 de março de 1817. Com a Revolução que se fez a partir dessa data, tornou-se irreversível o GRITO em 7 de setembro de 1822. Em 6 de março, o povo maçom estava nas ruas. Fundou-se por sacrifício dos maçons uma República, com Constituição, Presidente, Ministério, liberdade religiosa e de imprensa, abolição da escravatura, a universidade. Realmente, sem dúvida, a Maçonaria  é a mãe da Pátria.

Contudo, hoje, há muitos que não desejam lembrar dessa gênese. A Pátria saiu dos cuidados maternais. Uma filha que se foi, na omissão da mãe.. Mas a filha e a mãe se não podem  separar. A acomodação nesse sentido resultou decerto nos dias cruéis que aí estão. É preciso que os maçons acordem e tomem os rumos da atuação. Como escreveu e cantou nosso irmão Pedro de Alcântara: “Maçom alerta, tende firmeza, vingai direitos da natureza” Ensinou cantando alto, pois  não faria  o Hino para o banheiro. Fez o hino para ser cantado alto  na praça pública.

Nosso compromisso continua e ninguém vai bancar o esquecido. Não se envolver com os destinos da Pátria é desfazer a Independência. É entregá-la à desventura. A missão da maçonaria aqui no Brasil é “tornar a pátria livre” desse caos de que todos temos conhecimento e de cujos males padecemos. O povo sabe disso, e é por isso que muitos reclamam. E desejam, com razão, ver os maçons mais atuantes, nas cobranças de mais respeito à Pátria. Nesses dias de Carnaval, penso que vale, e muito, cantar, como cantava Pedro Caetano, num grande simbolismo a Mangueira, “onde é que estão os tamborins, ó nêga? Viver só do cartaz não chega! Põe os sambistas na avenida ...”

INFORMABIM 352 (A e B)


QUANDO TODO CIDADÃO É MARINHEIRO

Irm Antônio do Carmo Ferreira(*)

 

A indiferença, para com esses sofrimentos todos instalados em nosso País, generalizou-se. Pouquíssimos são os que clamam, parecendo até que os brasileiros teriam nascido para sofrer.. Essas inquietações a que assistimos nos últimos meses, nada têm a ver. Incendiar ônibus, quebrar portas de bancos, até depredar bens públicos são gestos de vandalismos, ações de bandidagem, mas não de cobrança pelo bem-estar de todos que, decerto um dia, haverá de vir, não pela via exposta, porém por uma reformulação de costumes, em que se comprometa  o gestor público, não somente o executivo, mas também os que ganham para gerar a legislação pertinente, premiando os bons e punindo os omissos, os maus.

Vejam! Estamos em tempo de semeaduras. Este é o ano da escolha dos dirigentes do País e dos Estados. O que ouvimos, e a mídia é farta nisso, é falar-se em candidatos aos cargos, posições de grandes salários, poder e prestígio, contudo o plano de ação que se eleitos pretendem executar, nele nem falar, e apresentar para consideração do povo, menos ainda. Quer dizer, é muito postulante a empregos de oito anos de duração, sem qualquer compromisso com o que vai  realizar. E não há qualquer punição por nada fazer ou até fazer contrariamente ao que deve ser feito.

Há umas coisas a respeito das quais não podemos ficar indiferentes. Os sofrimentos ... Direitos elencados em nossa Constituição Federal que não se respeitam. Delitos que passam sem punição. Essa história das desigualdades regionais, por exemplo. No mesmo Brasil, vários brasis. A CF estabelece no artigo 165 §7º e artigo 35 das Disposições Transitórias o instrumento para evitar tais disparidades regionais, relacionando investimento e população. Mas o Nordeste tem 27% da população brasileira, e o governo federal investe quanto na Região? Apenas 13% dos recursos federais.(Diário de Pernambuco, 08.02.2014). E tome desigualdade ...

Nossos portos todos nós sabemos do precário serviço que oferecem, como, da mesma forma, são mantidas nossas rodovias, enquanto, diante disto, perde-se grande percentual das safras de grãos no interior do país, acarretando graves prejuízos para os produtores rurais, em conseqüência da omissão governamental. Escassez de recursos financeiros? Nada disto. Outro dia, registrou a mídia que “dos 218 milhões de dólares previstos para investimentos em terminais brasileiros, somente 15,5 milhões foram liberados”. Todavia “contrastando com esse desprezo pelo interesse nacional, o governo investiu, em 2008, 682 milhões de dólares no porto de Mariel, Cuba” (Jornal do Commercio, 14.02.2014).

Outro assunto muito grave: a situação da educação pública. “A educação é um direito de todos” e o Governo tem a obrigação de colocá-la à disposição, para preparar as pessoas para exercício da cidadania e da prática do trabalho. (Art.205 da Constituição Federal). As metas e os meios serão estabelecidos através de um Plano Nacional, para um período de dez anos.(CF, Art 214). Sem esse plano, a educação se realiza sem norte e daí os resultados pífios que as avaliações internacionais têm revelado a respeito de nossa educação pública, marcas que nos humilham e desdizem nosso futuro. O PNE 2 está no Congresso Nacional, há três anos. E cadê a responsabilidade educacional ?

Quero registrar, não por ser maçom, mas por um dever de justiça, que a Ordem Maçônica tem estado atenta a essas omissões e indiferenças. Tem reunido, vezes sem conta, sua liderança nacional,  e pedido que o povo acorde e tome consciência disso. Reclame seus direitos. Mas é uma tarefa muito grande, para tão poucos! É preciso o engajamento de todos. Acuda-nos a convocação que nos deixou o maçom Frei Caneca, que deu a vida nas obras de construção de nossa Pátria: “Quando a nau da Pátria se acha em perigo sob a ameaça de naufrágio, todo cidadão é marinheiro.”

*) Antônio do Carmo Ferreira é Jornalista 5565/PE-MTE

INFORMABIM 351 (A e B)


MÃO DE OBRA PARA O PROGRESSO
E O CONCURSO DA EDUCAÇÃO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 


A história do desenvolvimento econômico registra que nenhuma nação chegou ao patamar do que  chamamos 1º mundo, senão com o arrimo da industrialização (o setor secundário da economia), cujo processo se inicia com a explicitação da vontade política, e se consolida com a adesão empresarial que encontra favoráveis os insumos, um mercado a satisfazer, e, sobretudo, mão de obra abundante e qualificada.

Há um desejo de o Brasil industrializar-se, porque esse é o caminho histórico do progresso, do desenvolvimento econômico e social, embora esse desejo não esteja explícito  num projeto nacional, como nos tempos JK, por exemplo. Contudo, em muitos dos Estados, isto é evidente,  como é o caso de Pernambuco que se esforça para implantar pólos de crescimento industrial em várias regiões de seu território, conforme se constata em Suape (indústria naval e de refino de petróleo), em Goiana (saúde e automotiva), no Araripe (gesso), no São Francisco (indústria vinícola), etc

Nesses projetos, cada fator de produção tem o seu peso, mas o fator mão de obra qualificada, tanto a de nível superior como a de nível técnico, é levado na mais alta conta. João Cabral de Melo Neto, poetando, resumia essa consideração, dizendo que “o homem é sempre a melhor medida”. Em menos palavras ainda: é o “sujeito”, enquanto que o robot nunca irá além de ser um “complemento”. Daí a importância da educação, na história da riqueza das nações. Foi pensando que o Brasil haveria de ser uma potência de 1º mundo, (quero crer) que o Constituinte de 88 concluiu a redação do artigo 205 relevando os objetivos da Educação – “preparar a pessoa para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho”.

A midia divulgou recentemente que em 2014 e 2015, nesses dois anos, a indústria vai precisar preencher UM MILHÃO de novos postos de trabalho. Mas, em vez de ser só alegria, a notícia vem com a preocupação de que “o gargalo da mão de obra de nível profissionalizante e técnico acende o sinal vermelho no chão da fábrica, pois a modernização dos parques indus-triais, com a aquisição de novas máquinas e tecnologia de ponta, esbarra na baixa capa-citação profissional. 80%  das indústrias re-clamam das deficiências da educação básica no País”, considerando que os que a possu-em e estão em seus quadros “têm difi-culdade de leitura e interpretação de texto”.  Em suma:: “o indivíduo mal formado tem baixa capacidade de interpretação, não tem raciocínio matemático, e dificuldade de operar o painel digital de uma máquina.”(RLucchesi, diretor da CNI).

O entendimento que segue e vem ao encontro do que estamos abordando, é do Dr Josias Silva Albuquerque,  Presidente do Sistema Fecomércio-PE,  “o crescimento industrial e dos serviços vem sendo obstruído pela carência de mão de obra especializada, levando inúmeras organi-zações a contratar profissionais de outros países. Não se pode ignorar quadro tão som-brio, quando entendemos que a verdadeira mola propulsora do desenvolvimento de uma nação é a educação de qualidade para todos”. (D.P. 03.09.2013)

Os jovens brasileiros que têm a felicidade de já estarem empregados e os que desejam empregar-se precisam aguçar a consciência de que a escola é a vertente aonde devem ir e retornar em busca da educação  garantidora  do seu futuro, adquirindo não somente o conhecimento, mas a especialização  que leva a melhorar a sua produtividade e evidenciar sua indis-pensabilidade ao emprego que ocupa. Registro com tristeza essa estatística: atualmente, são necessários 3 trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um sul-coreano, no mesmo tempo; 4 brasileiros para um alemão; e cinco brasileiros para um norte-americano.(D.P. 20.10.2013) .

Entendo que a aprovação do Plano Nacional de Educação  2 daria uma boa ajuda para superar vexame como esse, pois que três das 20 metas do mesmo referem-se ao ensino médio profissionalizante em escolas técnicas e de tempo integral. E a mão de obra, uma vez especializada, não para o progresso. Ao contrário,dinamiza-o.

INFORMABIM 350 (A e B)


 
CADÊ O AVANÇO?
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


O anúncio do combate ao analfabetismo no Brasil vem de longe, pois não é de pouco tempo pra cá que se  aciona essa tecla. Como se costuma dizer na maçonaria, “perde-se na poeira da antiguidade...” Agora, a mídia fica assanhada com essa de que “o MEC falha no acesso ao ensino”. Não há surpresa nessa reprovação. A novidade, em nossos dias, é que a avaliação é desmoralizante e demonstra o quanto não se tem levado a sério, nem se tem compromisso com o futuro dos muitos brasileiros. Somente para uns poucos, o futuro será promissor. E tome enganação  nos muitos!

A UNESCO, departamento da Organização das Nações Unidas que cuida, inclusive, dessas avaliações educacionais, soltou recentemente o relatório de que o Brasil está entre os 8 países do mundo de maior quantidade de analfabetos, num ranking de 164 avaliados. E havia um compromisso (ano 2000) de acabar com essa chaga no seio da humanidade brasileira até 2015, assumido perante a UNESCO, como perante o próprio Brasil (até 2020). E, aí, nem uma coisa nem outra. Inclusive esse ponto final em 2020 não tem mais cabimento, considerando que era uma das 20 metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação 2, que há três anos se encontra passeando no Congresso Nacional, e o Governo teima em não acudir na sua aprovação.

A educação, no mundo fora do Brasil, avança. Melhora de qualidade. Dá-se a inclusão de todos. Graças a isto, a inovação tecnológica adquire grande velocidade. Dobra o acervo desses novos conhecimentos a cada  10 anos. Produtos, hoje, em uso, gerados há cinco anos, já são obsoletos, e não encontram  peças de reposição no mercado. Certamente, produtos que serão usados lá pelo ano 2020, a fórmula de produção ainda não foi concebida. As empresas estão ciosas disto, financiando as pesquisas, investindo pesado nisto, para viabilizarem a maximização de seus lucros. O Governo segue o mesmo raciocínio, porque aumentará a sua arrecadação e pela mesma trilha entende crescer no respeito diante das nações. Aqui, ignora-se isto, em vez de se investir no conhecimento, tem-se preferido doar o dinheiro às montadoras de veículos, isentando-as do imposto.

 Lembro, para voltar ao assunto inicial,  que em 1990, o Senador Marco Maciel publicou uma plaqueta, pelo Centro Gráfico do Senado Federal, com o título “LIBERDADE, IGUALDADE E EDUCAÇÃO”, em que ele revelava sua preocupação com a educação em nosso País, e fazia sugestões de como poderia ela ser conduzida a ponto de se tornar realmente uma forte e decisiva contribuição para o desenvolvimento do Brasil, formando mão de obra qualificada , estimulando o magistério, fomentando a geração de especialistas em pesquisas para a inovação tecnológica, procedendo a inclusão social

Vejamos como ele iniciara aquele livreto: “A grande tarefa,  o grande desafio da educação contemporânea é preparar hoje o advento do futuro que bate às nossas portas e para o qual, lamentavelmente, nós, brasileiros, não estamos ainda preparados”. Escreveu sobre a precariedade então existente em todos os graus do ensino; e sobre o analfabetismo dizia ele: “O Brasil iniciou o século XX liderando as estatísticas internacionais de analfabetismo [ ... ] Desde que se realizou o primeiro censo demográfico no Brasil, em 1872, a quantidade absoluta de analfabetos jamais deixou de crescer. Hoje (1990) são cerca de 20 milhões, se contarmos os de 18 anos e mais, e quase 30 milhões, se incluirmos os de menos de 18. A razão é simples. Jamais fomos capazes de estancar a fonte de alimentação do analfabetismo”

Decorrido todo esse tempo, a indiferença e a falta de compromisso continuam na mesma, sobretudo considerando o desafio da aceleração no campo da inovação tecnológica e do mesquinho estágio educacional em que nos encontramos.

Precisamos despertar para a cobrança do que nos pertence: “A educação é um direito de todos e obrigação do Estado ...” (Art 205 de CF). A economia do Brasil, alardeiam por aí, que é a 8ª do mundo. Mas, se é verdade, até quando lhe está garantida essa posição, sabido que o progresso é conseqüência da educação ? E no campo, em que esta se dá,  existem  enormes interrogações como: “a escola é um crematório de cérebros” e quanto  à   melhoria de sua qualidade, sai Ministro e entra Ministro, mas cadê o avanço?

 

INFORMABIM 349 (A e B)


Em sua edição de 6 de dezembro de 2013, o DIÁRIO DE PERNAMBUCO (Recife), publicou o  EDITORIAL com o título e texto que seguem:
 
“SEM SUCESSO NA EDUCAÇÃO
 


“Permanece constrangedor o resultado da comparação do ensino de nível médio brasileiro com o de outros 65 países. Foi o que revelou o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), mantido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em seu relatório 2012. Maior pesquisa de avaliação do ensino médio em nível mundial, o Pisa é realizado a cada três anos, com base em provas de matemática, leitura e ciências, aplicadas a alunos de 15 a 16 anos. Em 2012, 510 mil estudantes, sendo 19.877 brasileiros , de 837 escolas, foram avaliados.

“O objetivo é medir como cada país está preparando seus jovens para a vida adulta produtiva de modo a contribuir para o desenvolvimento. A cada avaliação, o Pisa dá mais ênfase a uma dessas três disciplinas. Em 2012, foi a matemática , justamente na que o Brasil teve seu melhor desempenho, saindo de 356 pontos em 2003 para 391, destacando-se como o país que mais ganhou pontos na disciplina. Mas nem por isso temos o que comemorar. O Brasil ficou em 58º lugar em matemática, muito abaixo da média da OCDE (502 pontos) e muito perto do Peru, lanterninha, com 373 pontos.

“Para quem se orgulha de estar entre as 10 maiores economia do mundo, comemorar um pequeno avanço nas notas de matemática como se isso indicasse que estamos no caminho certo, como disse a maior autoridade do país no setor, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, é no mínimo preocupante.

“É verdade que ele concorda que não podemos nos acomodar a esse sucesso. Mas a visão completa do ranking do Pisa não deixa dúvida: estamos muito longe de ter com que nos acomodar e, certamente, não estamos no rumo certo.

“N a s    duas    outras    disciplinas também continuamos mal. Foram 410 pontos em leitura (55º lugar) e 405 (59º) em ciências. Em todas elas perdemos até para latino-americanos como o Chile, México, Costa Rica e Uruguai. E os primeiros lugares, com mais de 500 pontos em cada uma das disciplinas, não por acaso são países ou regiões  econômicas demarcadas que já se destacam como campeãs de competitividade: Xangai, Honk Kong, Japão, Coréia do Sul e Finlândia.

“Especialistas alertam que o nível de pontos obtidos pelos estudantes brasileiros indicam que nenhum aluno obteve seis, o mais alto. Mesmo em matemática, 67,1% dos alunos ficaram no nível 1, o mais baixo, ou seja, não conseguem solucionar mais do que problemas básicos. Em ciência, mais da metade (53,7%) ficaram no nível 1, isso é, entenderam apenas o óbvio. É na leitura que o Brasil tem seu melhor desempenho, com  73%  dos   alunos  nos  níveis  2  e  3.

É o retrato de um país que insiste em descuidar do ensino médio para fazer estatística num ensino superior de qualidade discutível.

“É hora de a sociedade ir além da indignação com esses exames e perceber o risco que corremos de perder espaço na competitividade mundial. É preciso passar à ação. Um exemplo: desde 2010 o governo vem inviabilizando a aprovação pelo Congresso de um plano decenal para educação, que torna obrigatória a aplicação de verbas equivalentes a 10% do PIB (o dobro da atual). Encontrou nas promessas do pré-sal um biombo para se esconder da obrigação de dar à educação a urgência que ela requer.”

(Diário de Pernambuco, Recife, 06.12.2013)

INFORMABIM 348 (A e B)


A EDUCAÇÃO PARA TODOS: um presente inigualável
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 


 

Bruno Santana, nosso sobrinho segun-do os costumes maçônicos, mandou-me uma lembrança das boas festas desse Natal. Um livro a cuja procura eu andava fazia alguns anos: “Filosofia e História da Educação Brasileira”, do renomado educador  Paulo Ghiraldelli Jr. Presente, para mim, da melhor valia.

Registra em seu oferecimento que vem acompanhando o esforço da maçonaria em ver aprovado o PNE 2, mensageiro das possibilidades de oferta aos brasileiros de uma educação pública de melhor qualidade que mais se aproxime do alto nível  a que hoje chegou nos países desenvolvidos.

E me felicita pela insistência com que encaro o assunto, em artigos divulgados    quinzenalmente. Destaca uma citação que fiz do Senador Marco Maciel, pinçada de livro da autoria do respeitável político pernambucano, publicado em 1987. A citação encontra-se em meu artigo publicado recentemente sob o título “O joio nos trigais da educação”, que servirá de base ao texto de uma palestra que irei proferir ao oriente de Gravatá, a convite da Loja Maçônica “Trabalho e Firmeza”, filiada ao GOIPE/COMAB.

Ora, no livro, como o título indica,  está narrada a história da educação no Brasil, desde os seus primeiros anos, até os nossos dias. O autor vai direto aos assuntos. Sem rodeios, nem delongas. Conferindo os créditos a seus merecedores. Doutor e Mestre em Filosofia e História da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). E é de fontes assim de tamanha credibilidade a que temos de recorrer, para a formação de nosso conhecimento crítico sobre o tratamento que tem sido dado à educação brasileira,  em nossos dias tão mesquinho, aviltante e de somenos importância.

O educador Paulo Ghiraldelli Jr, autor do livro a que me refiro e que eu desejava ler pelas menções elogiosas com que foi informado, chegando a ser consultado, em sua residência pelo Ministro Haddad (um ministro da educação ir à residência de um professor, para consultá-lo !), segundo me contaram,  no período precedente à elaboração do texto que viria ser o projeto do PNE 2.

E a leitura do livro me trouxe à lem-brança  alguns  fatos  agradáveis  no campo da educação brasileira, que eu tive a oportunidade de acompanhar, através da mídia,  ao tempo da execução, mas em que outros historiadores se omitiram. Quero me reportar à passagem do Senador Marco Maciel como Ministro da Educação no Governo do Presidente José Sarney. O Ministério teve a sua direção confiada ao Partido da Frente Liberal, tendo a Pasta, naquele Governo, quatro Titulares: Marco Maciel (1985/86), Jorge Bornhausen (1986/87), Hugo Napoleão (1987/89) e Carlos Sant’anna (1989).

            O Ministro Marco Maciel, como os outros Titulares da Pasta, demorou pouco tempo no cargo, mas tal brevidade não o impediu de mostrar o seu empenho e sua dedicação em favor da educação pública brasileira. O orçamento de seu Ministério passou a ser o 2º maior de todos os Ministérios, resultante  dos projetos apresentados que demonstravam e convenciam o seu significado para o desenvolvimento do País.

Era um plano que entre vários outros projetos destacava a construção de muitas escolas técnicas, melhorava a merenda escolar e aumentava a quantidade dos alunos beneficiados, como fazia da distribuição do livro didático uma obrigação do governo. Criou o programa EDUCAÇÃO PARA TODOS, que alcançou grande êxito.

Vejamos o que escreve o Professor Doutor Paulo Ghiraldelli Jr, a respeito dessa memória que faço do Ministro Maciel, em sua passagem como Titular do MEC (15.3.85 a 14.2.86): “Marco Maciel foi o ministro de Sarney que fez o MEC não ficar de todo paralisado. [ ... ] a partir de 1986 o MEC passou a ter o segundo maior orçamento entre os ministérios. Maciel criou o programa Educação para Todos, que visava inclusive  ampliar o número de escolas técnicas. Além disso, incentivou a distribuição do livro didático e da merenda escolar. Todavia o seu período de gestão foi pequeno.” (Obra citada página 169, 2ª edição, Editora Manoele Ltda, Barueri/SP, 2012).

Agradeço-lhe, sobrinho Bruno, tão valiosa lembrança. Pois a “Educação para Todos” é  presente inigualável, como sonhou o Senador Marco Maciel, embora hoje (e é urgente descobrir por quê) esteja havendo, no Congresso, resistência em torná-la realidade.

 

INFORMABIM 347 (A e B)


O JOIO NOS TRIGAIS DA EDUCAÇÃO

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

A educação em nosso País se estabelece nos termos da Constituição Federal que, em seu artigo 205, diz assim: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Então, de partida, é mister indagar se o Estado está se desincumbindo, a contento, da respon-sabilidade que lhe está atribuída, sendo o seu dever colocar à disposição de todos o direito à educação ?

Negativa, infelizmente, a resposta. Uma tristeza que se revela na existência de tantos desempregados por falta de qualificação para o trabalho, e nos registros midiáticos que nos humilham perante a avaliação internacional, em constatações   que, ultimamente, têm sido verberadas no clamor das ruas.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), em sua edição de 2009, colocou a juventude estudantil brasileira numa situação aviltante, por não saber ler e ser falha nos rudimentos de aritmética e ciências. Numa escala de 1 a 6, ficamos no 1. Três anos depois, na edição de 2012, ora em divulgação, “permanece constrangedor o resultado da comparação do ensino de nível médio brasileiro”. No total de 65 países avaliados, ficamos em 58º lugar. Foram avaliados alunos de 15 e 16 anos, formando uma massa de 510 mil estudantes, sendo 19.877 brasileiros, de 837 escolas. Por isso disse o senador Cristovam Buarque: “a escola brasileira é um crematório de cérebros”.

No mês de agosto deste ano de 2013, a mídia divulgou que entre 2010 e junho de 2013, segundo dados do Banco Central, foram  transferidos para o exterior cerca de 1 bilhão e seiscentos milhões de dólares resultantes de remuneração paga a  mão-de-obra estrangeira empregada no Brasil. Nesse mesmo período foram empregados, aqui, 55 mil e 400 estrangeiros, por falta de mão obra brasileira qualificada. Um crime que a fragilidade da educação comete, favorecendo a bandidagem, a marginalidade e a corrupção com muitos desses desempregados aliciados por tais desregramentos.

Recente pesquisa sobre a carreira docente no Brasil divulgada pela Fundação Carlos Chagas, através da qual se conceitua o professor como um ser relevante que serve de exemplo a ser seguido, atua como formador de opinião e possui valor social, nada obstante isto, é hoje um profissional desvalorizado e desrespeitado. Dos estudantes do 3º ano do ensino médio ouvidos na referida pesquisa, 67% sequer consideraram a hipótese de ser professor, diante da precariedade nas condições de trabalho e dos baixos salários.

O Governo cumprirá seu papel na educação como direito de todos, mediante a formulação de um plano decenal, em que estabelecerá as metas e condicionará os meios: o chamado Plano Nacional de Educação. Encontra-se, no Congresso Nacional desde 2010 o PNE 2, para vigorar no período 2011-2020. Mas o Governo teima em emperrá-lo, pois há 3 anos estamos sem ele. Saibamos que a existência do plano nacional de educação é uma exigência constitucional (Art.214 da CF).

A maçonaria tem se desdobrado na cobrança para que o PNE 2 seja aprovado. Já estivemos reunidos em assembléia várias vezes nas principais capitais estaduais. Os Grão-Mestres e a cultura maçônica  temos pressionado nesse sentido. Meu livro – Educação e Maçonaria, Editora A Trolha, Londrina/PR – tem esgotado suas edições, prova de que estamos atentos e atuantes. A imprensa maçônica tem insistido nessa luta de ver aprovado o Plano Nacional de Educação. É preciso despertar a sociedade para o engajamento nessa luta, pois não bastam o grito da maçonaria e o clamor das ruas! Necessário se torna o envolvimento de todos, pois a EDUCAÇÃO é um assunto muito sério, inadiável e sempre precedente, não se permitindo portanto  que o Governo faça dele o que lhe convier. A nossa indignação mostrará que NÃO somos a manada de 190 milhões de búfalos como e em que parece eles quererem nos transformar. Quero lembrar, aqui, e até render homenagem ao  Senador Marco Maciel, ao alertar que “ não venceremos  a  barreira  do subdesenvolvimento, se não vencermos a batalha da educação”. (Livro Liberalismo e Justiça Social, 1987)

A maçonaria sempre esteve engajada nesse afazer de combate à ignorância – “mãe de todos os vícios”. É um princípio nosso. No período que se inicia em 1889 (Proclamação da República) e vem ao último quartel do século XX, a maçonaria, através de suas Lojas, instalou  e fez funcionar centenas de Escolas em todo o Brasil. Em Pernambuco, por exemplo, foram instalados 13 educandários, entre os quais se encontra a escola  Pequeno Príncipe, (Gravatá) que funciona com a criançada durante o dia, e, à noite, mantém um curso de alfabetização de adultos.

A maçonaria já se energiza para trabalhar um novo dispositivo legal em torno da educação, logo após a sanção do PNE 2. Uma  Lei de Responsabilidade Educacional, para punir severamente os gestores falhos e omissos (Projeto em tramitação, Relator Deputado Raul Henry). Algo sugere que não falta trigo. O joio é que excede nesse trigal, pois, “em 2010, não havia planos de educação  em 17 Estados e em 95% dos municípios brasileiros”, conforme registra o Dep Fed Paulo Ruben Santiago (J Commercio, Recife, 09.11.2013)

 

INFORMABIM 346 (A e B)


INFORMABIM 345 (A e B)


EXEMPLO A SER SEGUIDO

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

“Em se plantando, tudo dá” (Caminha). Mas

                                                         “O homem não colherá diferente daquilo que semeia,” (Gálatas 6, 7)

 

Estamos enviando os parabéns à Escola Estadual Luiza Nunes Bezerra, por estar recebendo, nesta data, o Prêmio Gestão Escolar, que lhe é concedido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação – Consed.

A Escola, localizada no município de Juara, estado de Mato Grosso., está voltada para o ensino fundamental em que matricula 870 alunos e ninguém abandona a sala de aula, sendo inexistente em seu dicionário a expressão “evasão escolar”.

A educação básica no Brasil é avaliada, em sua qualidade, por um índice que se denomina Ideb. No início do fundamental, a média nacional do Ideb é 5, e no fim a média nacional do Ideb é 4,1.

A Escola Luiza Nunes Bezerra teve, na avaliação premiada, os Idebs 6,8 e 6,7 respectivamente. Merecida, portanto a premiação. Aliás muito merecida: (a) 1º lugar; (b) o título de Escola Referência Brasil; e(c) R$30.000,00 em dinheiro.

O Congresso Nacional, a que os parlamentares comparecem ganhando muito dinheiro, precisa tomar conhecimento do esforço dessa Escola, da dedicação de sua direção, do empenho de seus mestres, do interesse e motivação de seus alunos. Desse brilho que vem do interior de Mato Grosso.

Quem sabe, ao conhecer esse feito tão brilhante, o Congresso não se daria, a si mesmo,  o prêmio de aprovar o Plano Nacional de Educação 2 que  por lá perambula há mais de dois anos, sem se ter sequer uma hipótese, em face de tamanho desinteresse a que está entregue,   de quando seguirá para a sanção presidencial!

O Plano Nacional de Educação tem sua existência obrigatória pela Constituição Federal, (Art. 214 da CF), pois é o instrumento que estabelece as metas e os meios, por intermédio dos quais o governo cumpre e torna possível “a educação que é um direito de todos” (Art.205 da CF). E mais: a negligência para com  essa disposição “importa responsabilidade da autoridade competente” (Art.208, § 2º da CF).

No mundo todo é sabido que sem a educação de qualidade, não se vai a lugar algum. Então como sonhar com o progresso do Brasil, com o nosso desenvolvimento, com o bem-estar dos brasileiros, emperrados, como estamos, em termos de educação?

Aqui e ali, de vez em quando, um prefeito, um governador, um ministro, faz um esforço danado, aí surge uma gambiarra, um puxadinho, e a educação, naquele pedacinho do mundo, tem um impulso. Mantém-se enquanto ele estiver no cargo. Passado o seu mandato, esvai-se o projeto. Por isso que a educação não deve ser um projeto de governo. A educação terá que ser um projeto de estado.

Continuarei em minha pregação, gritando em favor da aprovação do Plano Nacional de Educação 2, clamando pela urgente erradicação do analfabetismo, pelo respeito à dignidade dos professores, pelo ensino em escola de tempo integral e profissionalizante, pela melhoria  da qualidade do ensino, por uma lei  que penalize a irresponsabilidade educacional

Os parabéns à Escola Estadual Luiza Nunes Bezerra devem ser enviados, não só por este articulista, mas por todos os brasileiros, pois o esforço para sua premiação é o exemplo a ser seguido.

                                                                                  

INFORMABIM 344 (A e B)


ARGEMIRO E OS 80 ANOS DA BRB ou
o poeta que pintou a sua aldeia com a cor do amor
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


O doutor Argemiro Leite me concedeu  o privilégio de conhecer a história da Loja Maçônica “Barão do Rio Branco”, que ele mesmo escreveu. Ainda não havia sido impressa e o universo de seus leitores desconhecia o feito. Fiquei maravilhado com aquela construção literária e honrado com a deferência do escritor.

A Loja Maçônica “Barão do Rio Branco” – sertão -  é fundadora do Grande Oriente Independente de Pernambuco, juntamente com as Lojas Trabalho e Firmeza – agreste - e Defensores da Lei – no litoral, nos idos de 1973. Como divulgador da maçonaria em  Pernambuco, tenho tido o cuidado de ouvir e ler as informações de seus gloriosos feitos no passado, bem como de estar atento a o que se desenvolve nesses tempos dos quais Deus me deu a ventura de ser presente.

A história é a ressurreição dos fatos, não cabendo ao revelador fazê-los diferente da origem. O doutor Argemiro Leite é um historiador que merece ser como tal reconhecido, pela intransigente fidelidade que sua narração guarda dos acontecimentos.

Então a história que escreve sobre a Loja Maçônica Barão do Rio Branco, ao tempo em que ela comemora seus 80 anos de fundação, melhor que uma história, é um documento que faz ressurgir perante a geração de hoje a trajetória  de uma instituição benfazeja ao longo das oito décadas iniciais de seu admirável existir.(*)

O doutor Argemiro Leite sabe, melhor que qualquer um de nós, colocar suas idéias no papel. Escreve, em prosa e verso, com estilo agradável e, por isto, atraente. Faz gosto ler os seus escritos, como dá prazer ouvir a leitura dos mesmos. O doutor Argemiro Leite, na tribuna, seja nos fóruns (é Advogado), seja nas Lojas maçônicas, é um campeão de audiência.

Ele preferiu narrar os 80 anos da Loja Barão do Rio Branco em versos, o que resultou, ao que se percebe da leitura, mais sensível , mais agradável e muito mais atraente. E quem não gosta de poesia? O poeta Argemiro Leite percorreu esse caminho, pavimentando o  leito e ornamentando as  margens com o encanto mágico do lirismo de seus versos.

Agora, é ler o livro (**) do doutor Argemiro Leite, advogado, escritor, historiador, poeta. E conferir quão feliz foi ele nessa história em que narrou os 80 anos da Loja Maçônica Barão do Rio Branco, não só pela fidelidade aos fatos, mas também e sobretudo pela beleza da narração em que revela seu amor pela instituição a que pertence.

Sigamos a sugestão do poeta Argemiro Leite: “pintemos a nossa aldeia e ela será eterna”.

                  # # #

 
(*) Ferreira, Antônio do Carmo – Artesanatos Maçônicos, especialmente o capítulo  A Loja Barão do Rio Branco e o 1º Cardeal Brasileiro – Editora Maçônica A TROLHA, Londrina/PR, 2002.

 (**) O livro terá seu lançamento ao término das cerimônias de abertura do Curso de Maçonaria a se realizar no Recife, na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, em 25/26. 10.2013, estando presentes o maço-nólogo Pedro Juk (PR) e o Grão-Mestre Jurandir Vasconcelos (São Paulo).

INFORMABIM 343 (A e B)


EDUCAÇÃO: o fel e o mel
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


A poucos causou surpresa a notícia de que o ensino superior no Brasil  foi empurrado para a vala dos que saíram da evidência, dado que nenhuma de nossas Universidades se encontra entre as 200 mais bem qualificadas do mundo, onde algumas já estiveram. No Brasil todinho, meus irmãos, não termos uma sequer entre as 200 melhores !

Convenhamos, isto é uma vergonha,  que a face dos muitos infelizmente enrubesce. Também como esperar posição diferente, diante do descaso com que se trata e prepara a matéria prima com que se elabora o produto universitário?

O ensino médio avaliado, em sua qualidade,  revelando os mais  pífios resultados, sem sinais de estancamento dessa mediocridade, pois  que  mais se acentua à medida que se repete a avaliação,  nada obstante o grito de alerta, alto, muito alto, mas que mesmo assim com tantos decibéis ainda é inaudível às ouças das autoridades.

Mês passado, um jornalista do maior respeito e indiscutível credibilidade registra assim em sua coluna: “PSDB acusa D.... de calote/// ...cerca de R$20 bilhões anunciados pelo governo para a educação ...até hoje não saíram do papel. Segundo levantamento feito pela liderança do PSDB, R$10,3 bilhões destinados à educação seguem perdidos no limbo dos chamados restos a pagar. De acordo com o Tribunal de Contas da União, 55% dos investimentos anunciados na educação nunca saíram do papel”. (Coluna Cláudio Humberto, JC Recife, 16.07.2013).

Por descasos dessa monta, é que  uma das melhores intérpretes de nossa cultura tenha escrito recentemente: “A verdade – e em todos os graus do ensino – é que a nossa Constituição está sendo lida pelo avesso no capítulo da educação. Não há preocupação com a qualidade do que é ministrado e com a mudança  interior do ser humano”. (Dayse de Vasconcelos Mayer, em Rumos da educação, JC Recife, 28.07.2013).

É preciso entender que sem educação de qualidade não se vai a lugar algum.  Eu e você, pais de família dos dias de hoje, vamos ser julgados pelas gerações que hão de vir e entre seus integrantes estarão nossos filhos, nossos netos. Decerto, com essa herança que lhes deixaremos, eles terão vergonha dessa “banana” que lhes estamos legando. “A educação é a única escada apta a promover democraticamente a ascensão social”. Ao falhar, estaremos roubando o futuro dessas gerações

Se dermos às vozes das ruas, que vêm de junho e julho, a interpretação de uma cobrança nesse sentido, acredito não estar pavimentando veredas. Entendendo dessa maneira, penso eu, é que o atual jovem Governador de Pernambuco “anunciou  que, no ano que vem, Pernambuco será o 1º estado do Nordeste a ter vagas suficientes para todos os estudantes que quiserem cursar o ensino médio na rede pública em tempo integral”.

Na mesma oportunidade, em cerimônia realizada no Centro de Convenções, onde o Governo de Pernambuco provisoriamente está sediado, anunciou a concessão de um bônus de R$60 milhões para os profissionais de educação que atingirem as metas pactuadas” e prosseguindo em sua entrevista nos enche de esperança, ao enfatizar: “Pernambuco vai terminar esta década, tendo a melhor escola pública do Brasil e isso não é pouca coisa. Vamos ter escola em tempo integral em todas as cidades com mais de 40 mil habitantes”. (DP, 1º Cad, 17.07.2013)

Ancorado na sabedoria popular  que “após a tempestade, vem a bonança”, é que estou sempre gritando, não importa que no deserto, sobretudo agora, acesa  a esperança de que  um dia, em breve, após esse fel na educação, teremos, no setor, um tempo de puro e saboroso mel. Deus apresse!

 

INFORMABIM 342 (A e B)


INFORMABIM 341 (A e B)


sábado, 30 de janeiro de 2016

INFORMABIM 340 (A e B)


DESCASO COM A EDUCAÇÃO
(Um crime com a prática do qual decerto muitos  estão ganhando, mas é preciso com urgência serem denunciados)        
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 


A mídia fez o maior estardalhaço com a divulgação do grande montante de recursos financeiros que o Brasil remete ao exterior, originados em pagamento de salários a estrangeiros. Os dados são do Banco Central; foram transferidos em 2010 cerca de US$392 milhões; em 2011, US$403 milhões; em 2012, US$406 milhões; e no primeiro semestre de 2013, US$442,7 milhões. Só em 2010, segundo a mesma fonte, empregaram-se no Brasil 55,4 mil estrangeiros. (Diário de Pernambuco, edição de 04 de agosto de 2013).

O alarme procede e não procede. Não procede porque se trata de remuneração ao trabalho a quem compareceu ao expediente e honestamente desenvolveu seu esforço, deu sua energia, e competentemente produziu. Então fez jus ao salário, destinando-o a seu critério que foi enviá-lo à sua terra de origem, para seus investimentos lá e ou custeio das despesas de seus familiares.

Entretanto o alerta é cabível, se a mídia, ao fazê-lo, quiser referir-se à educação. É só reparar no que estabelece o artigo 205 de nossa Carta Magna. Lá no finzinho dessa passagem, o constituinte escreveu que “a educação se destina a preparar o brasileiro para o exercício da cidadania e a habilitá-lo para o trabalho”. É “um direito de todos” que está sendo só para uma parte. Uma pequena parte. A grande maioria não tem acesso à educação. E os que recebem essa graça são enganados com um produto de péssima qualidade, que os humilha ao dizerem-se possuidores de curso médio na escola pública brasileira. Exceções? Raras, meus irmãos. Elas existem, mas são raras.

Outro dia, um empresário, dono de muita grana, vem por aqui, onde se propõe a levantar uma grande indústria. Logo, surgiram muitos dirigentes políticos, mais parecia um leilão, cada um (fingindo silêncio), mas fazendo sua oferta para atrair o  capitalista  a  se  instalar  em  sua área de
domínio. O empresário então informa  não ter olhos para terreno, isenção fiscal ou outros benefícios. O problema, para ele, era a mão de obra qualificada, inexistente (Educação & Maçonaria, Editora A Trolha, Londrina, pág 45).  Um tapa na cara dos que levam a vida a construir puxadinhos e gambiarras ao exercício da educação pública no Brasil, com o objetivo de permanência no poder, o que não devia acontecer, porém é o que infelizmente se constata...

Oferta de muito emprego (55 mil só em 2010) e tantos brasileiros desempregados. Por que esse mal? Porque falta educação para o trabalho. Vejamos o diagnóstico desse mal que ameaça o futuro de nossa gente: “Problema do desemprego de jovens está na baixa qualidade da educação ou na total falta dela”, disse o mui ilustre educador Antônio Freitas, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao Jornal do Comercio (Recife, edição de 11 de agosto de 2013).

O Plano Nacional de Educação 2 está no Congresso Nacional há mais de dois anos. São as metas e os meios para se fazer a educação de nossos irmãos, da humanidade brasileira, com vistas a prepará-los para o exercício da cidadania e a prática do trabalho.E por que o Congresso não aprova o PNE2?  Será que os seus integrantes não são sensíveis ao crime que estão cometendo? Ou têm consciência da fábrica de analfabetos que estão construindo, para com os mesmos decerto contarem nas manobras de permanência no Congresso ?

O senador Buarque clamou: “a escola brasileira é um crematório de cérebros” (Jornal do Comercio, Recife, edição de 27 de abril de 2012). Então, será de toda urgência que identifiquemos  os operadores do crematório, para que segregados do convívio na sociedade, o crime não continue  a se perpetrar, dando-se um nunca mais ao descaso com a educação.

 

INFORMABIM 339 (A e B)


Então, qual é a nossa posição?
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 


Nossa Constituição revela, no final da redação do Art 205, que a educação dos brasileiros deve preparar as pessoas para o exercício da cidadania e a prática do trabalho. Mas, infelizmente, tal não tem acontecido. Tem sido falha numa e lerda na outra, pois é  de má qualidade o ensino público e daí ser muito grande a quantidade de analfabetos (incluindo os funcionais) e de desempregados, embora haja postos de trabalho a preencher.

Enquanto não se respeita a Constituição, e há os que juraram defender e cumpri-la e até ganham altos salários para isto, vão para o exterior milhões e milhões de dólares referentes a pagamento salarial a mão de obra importada, exatamente porque a educação tem sido falha e omissa na formação de nossos jovens.

O prejuízo advindo dessa omissão educacional ninguém vai ser capaz de dimensionar, porque retardará de muito o advento do progresso em que já se encontra o mundo e desmoraliza a juventude frustrando-lhe a possibilidade de realização dos sonhos  de construção desse porvir.

Ano passado, o Senador Buarque, cônscio de sua responsabilidade de educador, foi claro num dos escritos de alerta contra essa miséria e esses crimes que a política está a cometer. Escreveu que a educação pública brasileira não é uma via asfaltada e pródiga em favor de nosso amanhã. Ela é, isto sim, ao contrário, uma pedra impediente nesse caminho: “é um crematório de cérebros”. (JC 27.04.2012)

Tem razão de sobra o mui ilustre Senador. Confirma-o a avaliação internacional. Uma humilhação para os nossos filhos e netos, para toda a juventude, para a geração que vai povoar o Brasil de amanhã. Uma vergonha pra gente que vai legar esse vil presente e pelo qual vamos ser julgados.

A mídia já está batendo forte, antecipando o julgamento.  Rotula-nos de negligentes ao noticiar que nosso desenvolvimento não vai acontecer, porque não temos mão de obra qualificada, porque não temos a escola  para torná-la assim.  A base dessa conclusão está em dados do IBGE que, aliás, apontam numa direção terrível: a violência.  Menos jovens trabalhando, milhares de mortes de jovens acontecendo! Atualmente , no Brasil, são 5,3 milhões de pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos que nem estudam nem trabalham, contingente que representa 18%  das pessoas desempregadas!

E o Plano Nacional de Educação que estabelece metas e condiciona meios engavetado no Congresso Nacional há quase três anos! E nós coçando os queixos, parecendo que o bom mesmo é ver nossos irmãos, desempregados a serviço da marginalidade, ou sem vida a caminho do cemitério!

Recentemente,   Paulo Rubem Santiago, professor e deputado federal, não suportando tamanho descaso,  mandou  veemente recado, falando da motivação e dos interesses, como também, e com bastante clareza, apontando  solução, para a qual aliás ele tem contribuído em sua ação parlamentar. Sua mensagem circulou com o título  “O extermínio dos jovens”.

Aí ele registra que “entre 2001 e 2011, foram assassinados no Brasil 202.225 jovens” E indignado pergunta “por que tantos jovens são mortos em nosso País?”. Continua a análise: “muitas das crianças que escapam da mortalidade até 28 dias de nascidas, e que seguem vivas após os cinco anos de idade, estão sendo assassinadas na juventude”. Violência menor, prossegue, já seria  bastante para “colocar as autoridades do País no banco dos réus”.

Essa situação, conclui, “só será superada se o Brasil conseguir dobrar o investimento em educação, em dez anos (10% do PIB)”.Então, irmãos maçons, resulta claro porque o parlamento se omite em  aprovar o PNE2! Povo ignorante, sem emprego, é massa de manobra e alimento da corrupção, sabido que “a ignorância é mãe de todos os vícios”. Porém antes que o pior aconteça, pois a “nossa juventude está sendo exterminada”, convém um exame de consciência – qual é a nossa posição?

INFORMABIM 338 (A e B)

INFORMABIM 337 (A e B)


 
Carta de Poços de Caldas
 
 


A Confederação Maçônica do Brasil – Comab, diante dos últimos acontecimentos e manifestações por nossas ruas e avenidas, ergue sua voz, como legítima representante de seus Grandes Orientes Confederados.
Estamos vivendo um delicado momento de nossa história, onde os brasileiros, fazendo uso das prerrogativas que lhes garante a Constituição, vão à praça pública e fazem valer seus direitos, de forma pacífica, como devem ser todas as manifestações legitimadas pelo estado democrático de direito, que deve nortear as reações públicas de caráter reivindicatório.
Fazemos lembrar que todos os relevantes fatos históricos da nação brasileira, quer políticos ou não, passaram, necessariamente, por dentro de Lojas Maçônicas.
Assim, como veiculadores da moral e do direito, e como constantes investigadores da verdade, os Maçons, reunidos neste dia, no oriente de Poços de Caldas, sul de Minas Gerais, por ocasião de sua 94º Assembleia Geral, não poderiam deixar de manifestarem-se sobre estes fatos, entendendo-os legítimos, se realizados de forma ordeira e pacífica, condenando de forma veemente o vandalismo e as depredações que ocorrem.
Estas manifestações não possuem caráter político-partidário, mas, muito acima das legendas, com   seus   tributos   e   que   muito
 
escuta-se a voz do cidadão e da cidadã,   daqueles  que contribuem
pouco ou quase nada têm em troca.  
A corrupção e a insegurança que assolam o país não podem ser entendidas por nossos jovens como uma herança e a política não deve ser vista apenas como uma forma de enriquecimento rápido e ilícito.
Precisamos de novos valores. A nação brasileira clama pela decência, ética e transparência dos responsáveis pelas ações governamentais.
A Maçonaria conclama seu povo, para que, mais uma vez, unidos e congregados pelos laços de liberdade e fraternidade, deixem seus Templos e busquem, na solidariedade de nossos Irmãos em cada quadrante do chão brasileiro, a semente da honestidade e do caráter, da moral e do direito, virtudes que norteiam a conduta de todo Maçom.
A Confederação Maçônica do Brasil, congregada em uma única voz, de concórdia e entendimento, deixa aqui sua manifestação de solidariedade à causa ora aludida, na esperança que façam eco em todos aqueles que têm responsabilidades com a causa pública e na certeza que trará dias melhores para todos os brasileiros.
 
Poços de Caldas, MG, 21 de junho de 2013.