ONDE ESTÃO OS TAMBORINS ?
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A maçonaria
que veio para o Brasil não foi a maçonaria da Inglaterra. Os maçons que
trouxeram os ideais e os objetivos da Ordem pra cá foram os iniciados na
França. Quando em 1796 foi instalado o Areópago de Itambé, o seu presidente –
Manoel Arruda da Câmara - vinha de
Montpelier, no sul da França. Trazia consigo os ideais do iluminismo e a
“bandeira” da Revolução Francesa de “liberdade,
igualdade e fraternidade”. O portal de Itambé se abria para, por seu
intermédio, favorecer o nascimento de uma escola em que o povo ia ser
doutrinado para a construção de uma pátria para os brasileiros. A maçonaria
inglesa proibia, através da Constituição de Anderson, o trato com a política e com a religião no
interior de suas Lojas. A maçonaria francesa, esta não, era eminentemente
política. E foi com esse DNA que ela veio para o Brasil. A maçonaria nos veio
para a construção da pátria. Portanto a sua força propulsora e motivacional era
a política.
A Conspirata
de Suassuna, a Revolução Republicana de 1817, os movimentos do Rio de Janeiro
que levaram o Regente a dar o Grito do Ipiranga são ações políticas gestadas no
seio da maçonaria, com o povo maçom nas
ruas, nas praças, de modo público com o conhecimento e a adesão dos muitos. Os
sonhos de liberdade, mais das vezes, sequer esperaram o raiar do dia. Antes do
amanhecer já estavam na boca do povo, buscando a realidade Isto não aconteceu apenas com relação a
Independência. Eclodiram da voz do povo maçom também a Abolição da Escravatura
e a exaustão do Império. Tamanha era então a força da maçonaria, na consciência
do povo, que nem reação houve da parte da Coroa contra a forma como se proclamou a República.
“A República é
filha de Olinda”, canta-se com o Hino de Pernambuco. Verso lindo,
representativo dos idos de 10 de novembro de 1710. Sonhos de Bernardo Vieira de
Melo que pagou caro por eles, morrendo nos calabouços do Limoeiro nas cercanias
de Lisboa. E a pátria? A pátria brasileira, a nossa Pátria, esta é filha da
Maçonaria São provas 1796, 1801, 1817, especialmente
6 de março de 1817. Com a Revolução que se fez a partir dessa data, tornou-se
irreversível o GRITO em 7 de setembro de 1822. Em 6 de março, o povo maçom
estava nas ruas. Fundou-se por sacrifício dos maçons uma República, com
Constituição, Presidente, Ministério, liberdade religiosa e de imprensa,
abolição da escravatura, a universidade. Realmente, sem dúvida, a
Maçonaria é a mãe da Pátria.
Contudo, hoje,
há muitos que não desejam lembrar dessa gênese. A Pátria saiu dos cuidados
maternais. Uma filha que se foi, na omissão da mãe.. Mas a filha e a mãe se não
podem separar. A acomodação nesse
sentido resultou decerto nos dias cruéis que aí estão. É preciso que os maçons
acordem e tomem os rumos da atuação. Como escreveu e cantou nosso irmão Pedro
de Alcântara: “Maçom alerta, tende firmeza, vingai direitos da natureza” Ensinou
cantando alto, pois não faria o Hino para o banheiro. Fez o hino para ser
cantado alto na praça pública.
Nosso
compromisso continua e ninguém vai bancar o esquecido. Não se envolver com os
destinos da Pátria é desfazer a Independência. É entregá-la à desventura. A
missão da maçonaria aqui no Brasil é “tornar a pátria livre” desse caos de que
todos temos conhecimento e de cujos males padecemos. O povo sabe disso, e é por
isso que muitos reclamam. E desejam, com razão, ver os maçons mais atuantes,
nas cobranças de mais respeito à Pátria. Nesses dias de Carnaval, penso que vale,
e muito, cantar, como cantava Pedro Caetano, num grande simbolismo a Mangueira,
“onde é que estão os tamborins, ó nêga? Viver
só do cartaz não chega! Põe os sambistas na avenida ...”