quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 376 (A e B)


VITRIOL, um tônico rejuvenescedor
Irm Antonio do Carmo Ferreira
 


De quando em vez tenho me surpreendido com a lembrança daquele “sim” que se costuma dizer, alto e bom som, no comecinho da carreira maçônica, quando o candidato é todo emoção, envolvido na  cerimônia, de cujo fascínio sequer fazia idéia e culmina em sendo ele mesmo o especial protagonista. Refiro-me à indagação: “desejas esquecer tua  vida profana, submetendo-a aos  costumes da vida maçônica?” que se completa com a resposta “sim”do iniciando.
Este é um passo tão decisivo que, no meu modo de pensar, se lhe deveria dar uma ênfase extraordinária. Muitos estão de acordo e até são mais exigentes, entendendo que o candidato, mesmo nesta condição,  deveria ter a sua atenção despertada para a importância dessa parte da cerimônia de ingresso na Ordem. Como o maçom,  deveria refletir,  a respeito da seriedade desse compromisso, não somente durante sua permanência nos bancos do aprendizado, mas qualquer que fosse a “sua idade”.
Os ritos que, no seu procedimental, incluem a Câmara de Reflexão, oferecem a seus candidatos os benefícios que este dispositivo proporciona. O candidato, ali recolhido, distante de todos, sem  a influência de estranhos, está em companhia apenas de sua consciência. Palavras escritas, figuras, objetos, substâncias têm o objetivo de lhe pedirem a atenção para um novo modo de  viver.   E ele decerto se reencontrará consigo mesmo – nosce te ipsum, quando então virá á sua mente a lembrança de que a vida é uma missão, para cujo  exercício ele está fazendo nova opção naquele momento. E se a opção é sincera, sua atenção, de pronto,  se aguçará  para a absorção dos princípios que dali em diante lhe haverão de ser ensinados. O  “sim” de sua resposta, embora motivado pela  indagação, obedecerá não àquele comando, mas aos ditames de sua consciência.
O sábio Nicola Aslan (Grande Dicionário Enciclopédico, vol I pág 196, Editora Maçônica A Trolha Ltda, Londrina/Paraná)  diz assim: “O candidato, logo de  início,   é  introduzido  neste  lugar   de meditação (a câmara), para entender que o homem profano deve morrer naquele lugar”. O candidato confirma isto ao subscrever um testamento. A primeira prova a que é submetido, ali no interior da “terra”, de onde veio  e para onde seu corpo voltará, conforme ensina o autor de Eclesiastes . As grandes árvores que povoam as florestas também foram assim. Vieram de sementes que no colo da terra se anularam, dando origem às mesmas. Em seu testamento, o candidato antecipa e sela compromissos, como amar a Deus, a Pátria, a família, ao próximo. Uma “floresta” exuberante, não de árvores, mas de amor.
Por isto que convém ao maçom reservar, na sua vida, momentos de reflexão a este “sim”, como é recomendável aos instrutores voltarem aos já Aprendizes diversas vezes para tratar desta passagem da cerimônia de Iniciação, até que cada um compreenda, em toda sua extensão, o significado do profano e do sagrado da opção que fez.  
Raimundo Rodrigues, o mestre exponencial da filosofia maçônica, trata deste assunto e compara quem faz reflexão a um “buscador”. Elogia quem exerce a busca: “ ... certo é que o buscador vai encontrar coisas que jamais pensou existissem no seu Ego ... virtudes e defeitos ou até vícios cuja existência era ignorada”. Mas este é o caminho da continuidade ao “sim”. E lavra uma sentença horrível, para os que não buscam: “Depois de iniciados, só não se darão ao trabalho da busca aqueles que se julgam perfeitos. Estes tais nunca crescerão na virtude, nem na Maçonaria nem fora dela”. (A Filosofia da Maçonaria Simbólica, vol 2, pág 70, Editora Maçônica A Trolha, Londrina/PR).
Pois é, quando a miopia da  dúvida encostar, é não ter cerimônia de usar o tônico rejuvenescedor do VITRIOL - “penetra os interiores da terra e esquadrinhando-os encontrarás a pedra oculta”.
São os votos  da farmacopéia maçônica e os nossos também.


 

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