ALGUMAS
TRILHAS DE HIRAN PARA O ACESSO A NOSSOS TEMPOS.
(Conclusão Informabim 392)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
estejam envolvidos, do qual todos se
sintam inerentes e não apenas uma circunstância. Sem esta motivação, o maçom se
sentirá um estranho fora do ninho, sem ter o que fazer no vazio, e vai embora.
A duração da vida maçônica não será medida pelo tempo, mas sim pela utilidade
em favor da Ordem e do próximo.
E quando se fala
em plano reitor, não é de se esperar que alguém levante a mão e peça sugestões.
O maçom não deve gostar do repetitivo. O
filósofo alemão, Hegel, dava destaque, em sua “arte de pensar”, ao “pensamento
pensante”, contrário ao “pensamento pensado”. Ouvir e repetir, para ele,
compunham um fato medíocre, sem qualquer contribuição para a evolução (o
pensamento pensado). Seu elogio estava na apreciação crítica do que se ouvia e
aprendia, no melhoramento dos conceitos, no fato inovador, no estabelecimento
de uma nova fronteira (o pensamento pensante). José Américo de Almeida,
escrevendo o romance A Bagaceira, registra que “Ver bem não é ver tudo; é ver o
que os outros não vêem”.
Outro dia,
perguntei a um líder como ia a sua Oficina, ao que ele me respondeu:
“sobrevivendo, Mestre!” Deixou-me triste a sua reposta, e meses depois, sua
Oficina “abatia colunas”. Porque, neste caso, a sobrevivência é a acomodação, é
a esclerose, é a inércia, é a aceitação do fim. A organização, como a pessoa,
precisa, em cada dia, renascer. A sua vida precisa ser reinventada em cada
amanhecer.
Convém que
estejamos sempre lembrados de que “o trabalho maçônico é uma maneira que os
obreiros escolheram para participar do mundo; se não for assim, a maçonaria
passa a ser um clube sem serviço. A maçonaria precisa contribuir para o
progresso e desenvolvimento da humanidade. A vida é uma entrega e o maçom
precisa contribuir, entregar alguma coisa” (Octacilio Schüler Sobrinho, O Prumo
nº 142/2002). E neste procedimento, convenhamos, a repetição será de pouca ou
nenhuma valia. O progresso estará do lado da inovação, do “pensamento
pensante”.
Nossa geração
não deve passar à história como a geração dos omissos. Porque os costumes de
hoje não são os costumes do passado. Há os que melhoraram, mas também está aí o
nosso mundo povoado de maus costumes, de costumes corrompidos e degradados. A
sociedade clama a ação da maçonaria. As organizações têm, cada uma, o seu
papel. Recordo aqui a parábola dos “talentos”: os que receberam e colocaram em
funcionamento, perdendo ou ganhando, foram considerados pelo Senhor; os que
guardaram na botija, foram taxados de covardes e omissos.
A maçonaria, não
devemos esquecer, que não é apenas iniciática, esotérica, templária. Ela é,
igualmente, filantrópica e progressista, exotérica, comunitária. Parece lembrar
aqueles, ensinamentos do apóstolo Lucas, numa das passagens do Evangelho
segundo ele: “A candeia cheia de azeite e acesa não se coloca sob a cama, mas
se pendura no centro da sala, para que os muitos sejam iluminados”. Se em seu
plano reitor, uma Loja significa pouco e tem apenas a candeia, se associe a
outras que têm o azeite; seus maçons se dêem as mãos. O trabalho maçônico não é
competidor; é uma atividade eminentemente cooperativa, pois “bom e suave é que
os irmãos vivam em união”.
Então? Se os
costumes dos nossos dias são outros, como são, cabe-nos, mantendo a essência de
nossa querida maçonaria, sermos sensíveis às mudanças que se impõem e
praticarmos os meios de superação dos desafios emergentes.
Nos nossos
tempos, muitos são os templos a construir. E muitos mais jubelos estão à
espreita de Hiran, antepondo-se à realização de seu trabalho. Mas não seja isto
o fator impediente a abertura de suas trilhas, percorrendo as quais chegarão os
maçons à sociedade carente com os ingredientes dos novos costumes. Fazer o bem
é sua missão, na qual se inclui superar desafios, o que “para muitos é uma
qualidade rara”, porém no maçom “não passa do simples cumprimento do dever”.
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