NOS TEMPOS DE MENTEFATURA
Irm Antônio do Carmo Ferreira(*)
Ninguém está alheio à modernidade ora experimentada
por este velho mundo com que Deus, através da inteligência das pessoas,
presenteou, de face nova, a humanidade. Em qualquer atividade que se possa
imaginar isto é perceptível. E tudo isto mais se acentuou em tempos recentes.
Coincidentemente com a revolução experimentada no campo da informática, da
micro-robótica, com destaque para a Internet que tem instrumentalizado a
consecução desse “maravilhoso mundo
novo”. São bens e serviços colocados ao consumo e que há poucos anos não
existiam, sequer com eles sonhávamos.
Aliás, dessa modernidade ninguém se
demite, pois ela é a “circunstância” do nosso tempo e do nosso mundo.
Lembro do grande malefício, a que se reportavam os
historiadores, causado às famílias pela revolução industrial. Pai, mãe e filhos
viviam unidinhos em torno do artesanato que produziam no fundo do quintal. No
dia da feira livre, o pai levava a produção e a permutava pelos bens de que
precisava para a manutenção da família. Acusavam a revolução industrial de
ter contribuído para o desmantelamento
desse escambo e da instituição familiar. .O pai numa fábrica, a mãe em outra e
numa terceira os filhos. A manufatura havia cedido lugar a maquinofatura.
A Internet inaugura um new time – o da mentefatura -,
parecendo colaborar com o retorno ao
muito se fazer, sem precisar sair de casa. (Não fossem outros fatores, uma
belíssima contribuição ao retorno da família!) São benefícios colocados à
disposição da humanidade, contexto em que todos temos que nos inserir, e,
reparando bem, não há nem como alguém ignorar esta modernidade, pois ela está
em todos os setores e em todas as atividades.
Arnold Toinbee, em “Desafios de nosso tempo”, despertava as pessoas para as novas
fronteiras que estavam chegando celeremente nas asas da ciência e da
tecnologia. Também os profetas adver tiram, como o fez João XXIII, em sua
alocução de abertura do Vaticano II: “É
necessário que essa doutrina certa e imutável seja investigada e exposta do
jeito que os nossos tempos o exigem”. Nesta mesma linha de aconselhamento,
profetizou Paulo VI, num simpósio para teólogos e homens de ciências, em julho
de 1966: “ ... bispos e sacerdotes não
podem cumprir a sua missão de iluminação e salvação do mundo moderno se não
estiverem capacitados a apresentar as verdades da fé divina com conceitos e
palavras mais compreensíveis às mentalidades formadas na cultura filosófica e
científica hodierna”.
O Cardeal Lorscheider, em seu livro “A teologia a serviço da pregação e da vida”, faz uma síntese da urgente
necessidade de adequação do homem, para que possa usufruir dos benefícios que a
tecnologia lhe põe à disposição: “O homem
contemporâneo não raciocina: ele sente e vê. Impõe-se-lhe uma linguagem
audiovisual”.
Não só a Igreja, como víramos nessas citações, mas
todas as instituições, haverão de se adequar a essas “circunstâncias”, pois
que suas lideranças têm vertente nas
Faculdades, portando diplomas
universitários hauridos sob avançados dispositivos da inovação tecnológica, fora dos quais têm dificuldade de pensar e/ou
de agir.
Louve-se a Maçonaria que sempre esteve atenta a isto,
“lembrando a necessidade humana de
progredir na busca do conhecimento. ... pois o progresso haveria de impor-se e
acelerar-se ... daí os maiores cuidados com a preparação dos futuros cidadãos
... considerando que tanto é mais adiantado o homem, quanto mais pode haurir
dos segredos da natureza e empregar suas descobertas em benefício da humanidade.”
Muito nos conforta ver o empenho com que, hoje, a
Maçonaria trata esse assunto. É a consciência de cumprir a missão do combate à ignorância e do fomento
ao progresso e ao bem-estar de todos. Ao inovar na didática utilizada na
formação de seus quadros, inclusive recorrendo à modernidade do ensino à
distância, que o tempo da mentefatura sugere, mais aplausos merece.
(*) Antônio do Carmo Ferreira
é jornalista DRT/PE 5565.
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