terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

INFORMABIM 367 (A e B)


NOS TEMPOS DE MENTEFATURA

Irm Antônio do Carmo Ferreira(*)

 

Ninguém está alheio à modernidade ora experimentada por este velho mundo com que Deus, através da inteligência das pessoas, presenteou, de face nova, a humanidade. Em qualquer atividade que se possa imaginar isto é perceptível. E tudo isto mais se acentuou em tempos recentes. Coincidentemente com a revolução experimentada no campo da informática, da micro-robótica, com destaque para a Internet que tem instrumentalizado a consecução desse “maravilhoso mundo novo”. São bens e serviços colocados ao consumo e que há poucos anos não existiam, sequer com eles   sonhávamos. Aliás, dessa modernidade  ninguém se demite, pois ela é a “circunstância” do nosso tempo e do nosso mundo.

Lembro do grande malefício, a que se reportavam os historiadores, causado às famílias pela revolução industrial. Pai, mãe e filhos viviam unidinhos em torno do artesanato que produziam no fundo do quintal. No dia da feira livre, o pai levava a produção e a permutava pelos bens de que precisava para a manutenção da família. Acusavam a revolução industrial de ter  contribuído para o desmantelamento desse escambo e da instituição familiar. .O pai numa fábrica, a mãe em outra e numa terceira os filhos. A manufatura havia cedido lugar a maquinofatura.

A Internet inaugura um new time – o da mentefatura -, parecendo  colaborar com o retorno ao muito se fazer, sem precisar sair de casa. (Não fossem outros fatores, uma belíssima contribuição ao retorno da família!) São benefícios colocados à disposição da humanidade, contexto em que todos temos que nos inserir, e, reparando bem, não há nem como alguém ignorar esta modernidade, pois ela está em todos os setores e em todas as atividades.

Arnold Toinbee, em “Desafios de nosso tempo”, despertava as pessoas para as novas fronteiras que estavam chegando celeremente nas asas da ciência e da tecnologia. Também os profetas adver tiram, como o fez João XXIII, em sua alocução de abertura do Vaticano II: “É necessário que essa doutrina certa e imutável seja investigada e exposta do jeito que os nossos tempos o exigem”. Nesta mesma linha de aconselhamento, profetizou Paulo VI, num simpósio para teólogos e homens de ciências, em julho de 1966: “ ... bispos e sacerdotes não podem cumprir a sua missão de iluminação e salvação do mundo moderno se não estiverem capacitados a apresentar as verdades da fé divina com conceitos e palavras mais compreensíveis às mentalidades formadas na cultura filosófica e científica hodierna”.

O Cardeal Lorscheider, em seu livro “A teologia a serviço da pregação e da vida”, faz uma síntese da urgente necessidade de adequação do homem, para que possa usufruir dos benefícios que a tecnologia lhe põe à disposição: “O homem contemporâneo não raciocina: ele sente e vê. Impõe-se-lhe uma linguagem audiovisual”.

Não só a Igreja, como víramos nessas citações, mas todas as instituições, haverão de se adequar a essas “circunstâncias”, pois que  suas lideranças têm vertente nas Faculdades, portando  diplomas universitários hauridos sob avançados dispositivos  da inovação tecnológica,  fora dos quais têm dificuldade de pensar e/ou de agir.

Louve-se a Maçonaria que sempre esteve atenta a isto, “lembrando a necessidade humana de progredir na busca do conhecimento. ... pois o progresso haveria de impor-se e acelerar-se ... daí os maiores cuidados com a preparação dos futuros cidadãos ... considerando que tanto é mais adiantado o homem, quanto mais pode haurir dos segredos da natureza e empregar suas descobertas em benefício da humanidade.”

Muito nos conforta ver o empenho com que, hoje, a Maçonaria trata esse assunto. É a consciência de cumprir  a missão do combate à ignorância e do fomento ao progresso e ao bem-estar de todos. Ao inovar na didática utilizada na formação de seus quadros, inclusive recorrendo à modernidade do ensino à distância, que o tempo da mentefatura sugere, mais aplausos merece.

 

(*) Antônio do Carmo Ferreira é jornalista DRT/PE 5565.

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