sábado, 21 de maio de 2016

INFORMABIM 403 (A e B)


TENTANDO RETIRAR O “S”DA CRISE

Irm Antônio do Carmo Ferreira               

A humanidade brasileira está muito perturbada. Uma ilha cercada por um mar de vicissitudes por todos os lados. Pior ainda é que essas mazelas avançam nas contaminações, colocando todos contra todos, cada um querendo se salvar, exacerbando a intolerância, parecendo um regresso aos tempos do Leviatã de Thomas Hobbes em que “o homem era o lobo do homem”.

Parou tudo. Menos o desgaste que se danou a crescer. Não se fala em prosperidade, tampouco em amor à Pátria. Só se fala que fulano tem graves defeitos e beltrano, mais ainda. E eles lutam por escapar das garras da difamação. Nas repartições, nas praças, no Congresso, os planos têm a ver com a salvação pessoal. Mas nacional, nenhum plano. Não importam o desemprego, a inflação, a queda da produção, a mediocridade da educação, nem como nos vêem os do Exterior.  De repente é aquela história: “cada um por si, Deus por alguns e o diabo por todos.” Candidato não falta para a ocupação do poder. É “uma luta renhida” para chegar lá. Mas cadê o projeto para a retomada do desenvolvimento brasileiro? Nisso não se fala. Foge-se disso com maior velocidade que, segundo Ferreira de Catuama,    “o diabo foge da cruz”.

Entendo que já ultrapassamos o tempo de construção da crise. Isto só tem deixado prejuízo e sofrimento para a Nação brasileira. Que venha, agora, e já,  o tempo de se retirar o S da crise. É urgente que se crie um modo de operar a prosperidade do País. Cada um ponha a mão na consciência, especialmente os que ainda não se contaminaram. Vamos pensar na colheita, pois que não será diferente do que for semeado, como inspira o apóstolo Paulo em Carta aos Gálatas.

De minha parte, sugiro não esquecerem a educação, ressaltando as diretrizes estabelecidas pela Lei 13.005, de 25/06/2014, que aprovou o PNE, vigente até 2024. “Erradicar o analfabetismo; universalizar o atendimento escolar; melhorar a qualidade da educação: formar para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos; superar as desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; promover o princípio da gestão democrática na educação pública; e a promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País.”

É preciso dar um freio nessa história dos interesses pessoais. Antes de tudo está a Pátria, estão os interesses nacionais. E para isto se torna necessário que o Brasil triplique os investimentos em educação, assuma a responsabilidade educacional, “de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB brasileiro no 5º ano de vigência do PNE e o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio, isto é, em 2014”.

Lembremos as idéias de Sua Santidade Paulo VI, em sua encíclica Populorum Progressio, “o desenvolvimento é o novo nome da paz”, portanto sem o exercício da virtude da tolerância e da paz entre as pessoas vai ser impossível a consecução do progresso, que encontra suas raízes na educação. Então retire o S da crise, que paralisa e destrói. Crie.

INFORMABIM 402 (A e B)


O CONSTRUTOR DA REVOLUÇÃO DE 1817

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 


Para atender a convite do comendador Elânio Pereira, Venerável Mestre do Areópago de Itambé, compareci àquela Loja Maçônica no dia 6 de março, para, com a comunidade ali presente, relembrarmos a revolução republicana de 1817. Estive em companhia do Presidente da Academia Maçônica de Artes e Letras do Recife, o imortal acadêmico Carlos Frederico Lopes de Barros, admirável pesquisador dos gloriosos feitos da ordem maçônica em Pernambuco.

Desejava, na oportunidade, fazer referências a Manoel Arruda da Câmara que, embora tenha fundado o Areópago, onde se doutrinou o povo para a construção de uma pátria para os brasileiros, sua existência é trazida ao conhecimento das gerações de hoje como um ilustre cientista com sucesso total nos campos da botânica. Foi por seu intermédio que a maçonaria ingressou no Brasil, em 1796, ao fundar o Areópago de Itambé, que a partir de 1996, durante as comemorações de seu bicentenário, foi reconhecido como o berço da maçonaria brasileira.

Manuel Arruda da Câmara é paraibano, nascido em Pombal, no ano de 1752. Vamos encontrá-lo, 31 anos depois, no Convento dos Carmelitas, em Goiana, mata norte de Pernambuco, como Frei Manuel do Coração de Jesus. Fez votos em 25.11.1783.

Goiana, então, era um centro populacional já bastante evoluído e por ali passavam e repousavam, oriundos do Recife, viajantes, vendedores, pesquisadores, comerciantes, jornalistas, profissionais liberais, religiosos, pessoas cultas e influentes, que demandavam a Paraíba, Rio Grande do Norte, os sertões de Pernambuco ou que faziam o caminho inverso, buscando a cidade do Recife.

É possível que, em contato com essas pessoas, tenha o Frei Manuel do Coração de Jesus ouvido falar do grande esforço que já se fazia na América  Espanhola, no sentido de torna-la independente, como ocorrera na América Inglesa. O entusiasmo e a decisão do Frei podem ter encontrado vertente em tais informações.

Pretextando o aperfeiçoamento teológico, o Frei embarca para Lisboa e lá chegando matricula-se nos cursos de Filosofia  de Coimbra (27.10.1789). Mas não prossegue, tendo sido, ali,  perseguido em face do elogio que fazia às causas da Revolução Francesa. Aparece em Montpellier, centro universitário e laboratório político do sul da França, onde fez seu curso de Medicina, matriculando-se em 15.8.1790 e defendendo tese em  02.09.1791. Também adquiriu grande saber em Botânica, nela especializando-se. Segundo consta, aí em Montpellier fora iniciado nos augustos mistérios  e despertado para a importância da emancipação política da América portuguesa. Teve o privilégio de conhecer o Velho Mundo, em atividade de pesquisa, parte em companhia de José Bonifácio.

No inverno de 1796, já ex Frade, médico, mas dedicando-se a botânica, Manuel Arruda da Câmara instala o Areópago de Itambé em companhia de vários outros sábios com e sem batina, objetivando  doutrinar o povo e treinar adeptos para a construção da Pátria dos brasileiros.

A primeira tentativa prática se deu em 1801 – a Conspirata de Suassuna – que preconizava a instalação de uma República sob a proteção de Napoleão Bonaparte. Resultou frustrado o ensaio, com o conseqüente fechamento do Areópago. No entanto o entusiasmo pela causa se exacerbou, transferindo-se o foco do movimento para Recife e seu entorno, onde várias Lojas Maçônicas, disfarçadas de Academias, foram surgindo para agasalhar  e doutrinar os novos adeptos  à medida que estes cresciam em quantidade.

Em outubro de 1810, Manuel Arruda da Câmara se encontrava na Ilha de Itamaracá e de lá escreve uma carta a seu afilhado João Ribeiro (Padre), antevendo, para logo, a Revolução Republicana. E como se revelasse muito doente e até previsse iminente sua morte, fazia algumas recomendações em favor da abolição da escravatura com inclusão social dos libertos, e da amizade com os irmãos das Américas inglesa e espanhola que deveria ser intensificada. Faleceu no início do ano seguinte.

O respeitável e inesquecível irmão Mário Melo escreveu em livro publicado em 1912 que o Areópago de Itambé foi a primeira escola destes ensinamentos instalada entre nós e ali pontificava o Dr Arruda da Câmara. O Areópago segundo entende era uma Loja Maçônica nos moldes das existentes em Montpellier, onde Arruda da Câmara havia sido iniciado. Dr José Castellani confirma esta condição de Loja e  inclui o Dr Arruda da Câmara no rol dos maçons que fizeram a História do Brasil. Enfim, o historiador Amaro Quintas, escrevendo um dos livros mais lidos   sobre a Revolução de 1817, assegura que Manuel Arruda da Câmara foi o construtor da Revolução.

Então que se exalte o seu feito e se registre o título que merece

 

OBRAS CONSULTADAS:  1) O Areópago de Itambé, Ferreira, Antônio do Carmo, editora maçônica A TROLHA, Londrina/PR.  2) Os Maçons que Fizeram a História do Brasil, Castellani, José, Editora A Gazeta Maçônica, São Paulo, página 21. 3) A Maçonaria e a Revolução Republicana de 1817, Melo, Mário, Imprensa Industrial I.Nery da Fonseca, Recife/PE, 1912. 4) A Revolução de 1817, Quintas, Amaro, José Olímpio Editora, Rio, 1985, 2ª edição.

INFORMABIM 401 (A e B)


O JORNAL IMPRESSO E SEU FUTURO

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

Tive minha preocupação aguçada, faz alguns meses, ao ler numa de nossas revistas maçônicas que o jornal impresso estava com os seus anos de vida chegando ao fim. Mais algumas décadas, poucas, e iríamos passar a ler em termos de registro histórico que em tempos remotos tivera existido um tal de jornal de papel.

Quando o rádio entrou em evidência, foi difundida a mesma notícia. O advento da TV também favoreceu o aparecimento de semelhante  previsão. Mas o jornal impresso continuou vivo, derrotando aquelas adivinhações.

Agora, com a chegada da internet, o assunto volta à mesa. E as bolas de cristal são acionadas com insistência, buscando-se saber por seu intermédio o ano em que o jornal impresso “sairá da vida e entrará pra história”.

Ora, o jornal de papel é produzido por empresas com grandes responsabilidades e compromissos em seu relacionamento com a sociedade. A vida de uma empresa não é uma brincadeira. Para sua existência e funcionamento são necessários investimentos de grande monta. E os empresários não são ingênuos a ponto de colocarem seus capitais em empreendimentos de vida efêmera, sem futuro.

Cito aqui dois exemplos. O Diário de Pernambuco, de circulação ininterrupta desde sua fundação em 1825,   transferiu suas instalações, acerca de cinco anos, para uma área muito maior que a utilizada até então, para o que, decerto,   fez grande investimento, modernizando o parque gráfico  e ampliando sua capacidade instalada. Seus dirigentes não fariam isto sem a previsão de um amanhã promissor e de muitos e muitos anos.

Igualmente acontece no âmbito do Jornal do Commercio (97 anos), também aqui de Pernambuco. O grupo  que possui a empresa não para de investir em sua modernização. Empresários experientes e de sucesso garantido em seus negócios não procederiam dessa forma, se não houvesse  futuro lucrativo para seu empreendimento.

Exemplos assim, de crença no jornal impresso, são encontrados pelo mundo afora, no Brasil e no Exterior.

E a inovação? Ah! A inovação tecnológica pode nos trazer surpresa, mas do ponto de vista favorável. Para isto, contudo, basta não descuidar. Estar atento ao espírito do tempo e adequar-se às sugestões que  a inovação ensejar. É aí que aparece a internet, como assegurou o Dr Maurício Hands, Presidente institucional do Diário de Pernambuco, em palestra no Rotary Recife (29/01/2016): “os jornais não serão substituídos pela internet, mas terão a sua missão complementada através dos portais e redes sociais”.

E disse mais: “Quem se informa apenas online corre o risco de ficar na superficialidade. É aí que entra o impresso, para fazer uma curadoria das notícias mais relevantes do dia e aprofundá-las, analisá-las”. Entendo também desta forma. A internet será uma grande aliada e favorecerá no crescimento quantitativo dos leitores do jornal impresso.

Em março de 2014, pesquisa do Ibope então realizada revelou que o jornal impresso do Brasil, comparado a outros meios de comunicação, é o que apresenta as informações com maior nível de confiança”. A pesquisa foi encomendada pela Secom da Presidência da República. E confirma o pensamento dos empresários da área.

Mesmo diante do alto percentual de analfabetos em nossa população; mesmo sabendo da precariedade de leitura com que nossa juventude é avaliada; mesmo convivendo com a minguada condição financeira de nosso povo que influencia na aquisição de bens como o jornal, livros e revistas; mesmo assim minha expectativa é a de que “os jornais impressos não terão fim” e que promissor é o seu futuro.