segunda-feira, 31 de outubro de 2011

INFORMABIM 294 A e B

O LIVRO E SUAS MAGIAS

Irm Antônio do Carmo Ferreira


Hoje é domingo. No Recife, já se foi o período hibernal. O dia nasce animado por um sol de verão, iluminando tudo. E incendiando ... Do apartamento, ouve-se a algazarra do povo, num vai-e-vem intenso, pelas ruas. Decerto, indo à praia, indo aos exercícios, indo aos negócios, indo viver a vida. O inverno é dorminhoco, mas o verão é despertador. Mais ainda em Pernambuco, cujo sol “não somente clareia, mas sobretudo incendeia”, como alertava o poeta João Cabral de Melo Neto. Daí a “boniteza da vida nessa manhã tão linda”. Contudo não é da magia que essa manhã nos passa a que desejo me reportar. Desejo falar de outras magias. Também não quero responder a Robert Heibronner que indaga, em seu livro Perspectivas do Homem, “se ainda há esperança” para o ser vivente. Quero dizer como Paulo Soledade: “Vê, há esperança ainda”. Quero falar do livro e algumas de suas magias.

Em Recife de Pernambuco, chega a seus instantes finais a Bienal do Livro, já em sua oitava versão. Um mundão de gente esteve lá. Foi ver, fazer, participar, ouvir, aprender, adquirir. E alguns até foram passear e se divertir. Pois estar ali, também poderia ser um lazer. Contam que 600 mil pessoas estiveram na Bienal do Livro. Um mundão, não é? Porquanto não são muitas as cidades do Brasil que têm essa população! Foram atraídos pela magia do principal artista da feira ...

Livros e autores. Muitos livros. Muito mais do que se pensa. Nacionais e estrangeiros. De todos os estilos e de todas as escolas. Em prosa e verso. Para todos os gostos. Era o que a vista alcançava. Cicerones a indicarem os estandes segundo as especialidades procuradas. Salas de leitura aparelhadas em nada deixando a desejar. Salões para exposição dos escritores. E eles também compareceram, vindos daqui do Brasil e do exterior. Ajudaram a construir a festa, explicando o curso das narrações de suas obras e alguns deles até ensinando, com satisfação, o exercício do escrever aos que se revelaram interessados naquela aprendizagem.

Alardeiam, por aí, umas comparações que deixam o Brasil em desvantagem nesse setor dos livros. Noticiam, por exemplo, que, na Argentina, há uma livraria para cada 6 mil pessoas, enquanto que em nosso País, há uma livraria para cada 65 mil habitantes.A Unesco sugere uma livraria para cada 10 mil habitantes. Também noticiam que no país vizinho, em média, cada pessoa adquire 7 livros por ano. No Brasil, somente 3, e nesses três se incluem os livros didáticos que o MEC distribui. Estes registros não são bons, e não sabemos se realmente correspondem à verdade. Mas pelo sim e pelo não, convém ficarmos atentos. Pois um “país é feito de homens e de LIVROS”, alerta-nos Monteiro Lobato. Sendo que nesse aconselhamento, o Irmão(zinho) Castro Alves, foi mais enfático: “O livro, caindo n´alma, é gérmen que faz a palma; é chuva que faz o mar”.

Considerando que muitos alegam indisponibilidade financeira para aquisição de livro, lembro que o governo federal, através da lei nº 12.244, publicada no DOU de 24.05.2010, determinou que, em 10 anos, houvesse pelo menos uma biblioteca em cada escola do país e que os títulos não fossem inferiores à quantidade de alunos matriculados. Então “livros a mancheia”. Quero louvar a Maçonaria por sua preocupação e seu desempenho em favor da leitura, do livro e da biblioteca. Ensina a Ordem que quanto mais o homem for preparado, mais ele poderá auferir dos benefícios que a natureza oferece. A preparação, segundo ela, vem do saber que se adquire especialmente através dos livros, cujo hábito de ler ela fomenta e inclui nas obrigações de seus quadros.

Estou certo de que o livro contém magias aos milhares, mais do que os telescópios (extensão da vista), mais do que as espaçonaves (extensão das pernas), mais do que o telefone (extensão da voz), mais do que o arado (extensão dos braços), mais do que os landmarks, porque é o livro “extensão da memória e da imaginação”.

A maçonaria está na luta para que em breve se erradique do Brasil a miséria do analfabetismo. E todos possam desfrutar do prazer de ler e de conhecer o livro e suas magias.

INFORMABIM 293 A e B

203 anos de Imprensa no Brasil
Irm.: Antônio do Carmo Ferreira


O bicentenário da Imprensa no Brasil foi comemorado em vários pontos do País, no dia 1º de junho de 2008. Em cada local, procedeu-se a exposição de seu jornal mais antigo, mostrando-se o exemplar mais remoto disponível, prensas, materiais gráficos, tudo que pudesse identificar um início da atividade jornalística na região. Em muitos lugares também foram realizadas mesas de estudos e de debates em que se revelasse a trajetória da imprensa nesses 200 anos no Brasil.

Recordo que até o início deste século, comemorava-se o dia da imprensa em 10 de setembro, por decisão do Governo Getúlio Vargas. Em 1808, naquela data, entrou em circulação A GAZETA, no Rio de Janeiro,

jornal editado pelo frei Tibúrcio José da Rocha, como órgão oficial de divulgação dos feitos da Coroa portuguesa, cuja sede havia se transferido para a Colônia, com a família real fugindo dos soldados de Napoleão.

O engano (de 10 de setembro) se corrigiu a partir do ano 2000, quando o Congresso Nacional discutiu e aprovou projeto, depois convertido em Lei sancionada pelo Presidente Fernando Henrique, estabelecendo em 1º de junho O DIA NACIONAL DA IMPRENSA.

É que no dia 1º de junho de 1808 entrara em circulação o jornal CORREIO BRAZILIENSE, editado, em Londres, por Hipólito da Costa. Justa e verdadeira homenagem a Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça, considerado, a partir da Lei, Patrono da Imprensa Brasileira.

Antes dA Gazeta, era proibida, na Colônia, a impressão de qualquer informativo e quem se atrevesse adquirir uma máquina tipográfica terminaria por vê-la confiscada de ordem da Coroa e seu proprietário seria punido com muito rigor. Mas, na América espanhola, era diferente e tal não acontecia.

O jornalista Xico Trolha, em seu livro “Itambé – berço heróico da maçonaria no Brasil” registra: “Um fato bem curioso que ilustra o que era o Brasil do começo do século XIX, não havia em todo o território pernambucano e adjacências uma só tipografia. Aqueles que se meteram a instalar Tipografias no Brasil, pagaram muito caro por essa temeridade por esse “crime infamante”. Ainda segundo seus registros, o comerciante Ricardo Fernandes chegou a importar, da Inglaterra, uma tipografia, em 1815, mas não teve condições de utiliza-la. Quando eclodiu a Revolução de 1817, descobriram-na escondida no fundo de um armazém, sendo ela então usada pelos revolucionários para a impressão de seus panfletos. “Com isso, conclui Xico Trolha, podemos afirmar que Itambé, por intermédio da Revolução Pernambucana, implantou a Imprensa Livre no Brasil”.

O Correio Braziliense chegava ao Brasil, transportado em navios, e, aqui, entrava de forma clandestina. Era um jornal engajado no movimento da independência do Brasil. Seu editor, Hipólito da Costa, era maçom que havia sido perseguido e preso pelos executivos da “santa inquisição”, em Lisboa, de onde fugiu para Londres com a ajuda da maçonaria. E, segundo consta, na qualidade de Grão-Mestre Provincial do Condado de Rutland, Inglaterra,(GLUI) participou da iniciação de Domingos José Martins, Presidente da República implantada em 6 de março de 1817, com a Capital em Pernambuco.

Com a mudança da Capital da República, do Rio, para o planalto central, o Correio Braziliense voltou a circular, editado em Brasília pelo sistema dos Órgãos Associados, inspirado e dirigido pelo jornalista Assis Chateaubriand, paraibano de Umbuzeiro, que marcou época na Imprensa do Brasil pela sua inigualável competência gerencial e inovadora no setor.

Mas o DIA NACIONAL DA IMPRENSA, entre nós, é 1º de junho.

Salve!