O SONHO E A ESCADA
Ir.: Antônio do Carmo Ferreira
Não sei se é costume em todas as regiões do Brasil, o maçom dizer que “subiu um degrau na Escada de Jacó”, para externar sua alegria em receber “aumento de salário”.
Aqui, na região em que vivo e tenho vinculação com a Arte Real, é rotina dizer-se esta expressão, tanto na revelação da felicidade de quem foi elevado de grau, como nos discursos de saudação aos beneficiados.
Entendo que deverá ser muito denso o significado deste símbolo na maçonaria (1), diante de tanta ênfase que se lhe dá em seu uso ou ao se fazer a sua exegese, por mais superficial que seja a abordagem.
Não quero falar que a Escada de Jacó é importante, por haver sido admitida no Simbolismo Maçônico e, coincidentemente, ao mesmo tempo em que se inaugurava o primeiro Templo Maçônico, construído como tal e para esta finalidade – o Freemason’s Hall – inaugurado em 1776 (2), no oriente de Londres.
Nem desejo registrar, mas já registrando, a sua importância, porque esteja configurada no Painel da Loja de Aprendiz, elaborado por Willian Dight, em 1808 (3), onde a Escada de Jacó aparece, partindo da Bíblia aberta sobre o altar e alçando-se ao céu, que o alcança no clarão de uma estrela de sete pontas.
Todavia, como se percebe, mesmo sem querer me referir a uma Escada, já falei de duas. Uma, a do sonho de Jacó, cuja descrição vem do Velho Testamento (4). Outra, desenhada por Dight, que se reporta à primeira, mas com omissões e algumas inserções. Na Escada do sonho, ela está ligando a terra ao céu, e anjos, sobem e descem. Na Escada do Painel, ela está ligando a Bíblia do altar ao céu, sem anjos, mas com a introdução de fortes símbolos do cristianismo, quais sejam: a cruz da fé, a âncora da esperança, e o cálice do amor (o sangue do Filho de Deus, derramado em face do amor pela humanidade). (5)
O sonho, teve-o Jacó, e está totalmente narrado no Gênesis. O Senhor, na oportunidade, fala a Jacó de tudo de bom que lhe está reservado, tanto a Jacó quanto à sua descendência – o povo de Israel, nome este que substituiu o de Jacó, após sua luta com o anjo, episódio de que a Bíblia se ocupa no livro de Gênesis (6)
A conversa havida ao pé da Escada inspira o entendimento de uma contrapartida de Jacó e descendentes ao que o Senhor, seu Deus, lhe estava a garantir. Que aquele povo desse à vida o destino de encaminhar-se ao Altíssimo: (7) “uma peregrinação de retorno à Casa do Pai”, como séculos depois, Santo Agostinho ensinava a respeito da vida.
Parece-me não causar arrepios dizer que a maçonaria pensa desta forma, quando proclama a “prevalência do espírito sobre a matéria”. Pensamento este muito bem retratado na composição do compasso e esquadro, sendo este a matéria e aquele o espírito.
A vida, em seus aspectos menos tangíveis, é o mote principal da Ordem. O aperfeiçoamento do iniciado e seu exemplo na comunidade em que habita.. O cuidado com o bem-estar do próximo. O zelo pela família. A dedicação às coisas do amor fraternal. O adepto da maçonaria deve apresentar-se pelo bem que pode fazer.
A Escada de Jacó indica esta trajetória. No que se refere ao sonho, ela é utilizada pelos anjos (seres plenos de virtudes) em sua movimentação. O maçom deverá ser um construtor de templos à virtude. Ele mesmo será uma pedra que se poliu para ocupar espaço na construção. Ascender mais um degrau na Escada é estar mais perto do Criador. Significa dizer: possuir mais virtudes. A contrapartida ao que o Senhor ofertou a Jacó.
A Escada de Jacó, na concepção de Dight, que contém os símbolos da fé, da esperança e do amor, tem o chamamento do maçom a seu próprio aperfeiçoamento.
Se o maçom diz que subiu um degrau na Escada, tem convicção do que está dizendo, e acredita nisto, ele está declarando seu compromisso com esta prática de amar a Deus, pois está em seu caminho; de aperfeiçoar-se, porque é destinado a ser templo de Deus (8); e de amar ao próximo que é um estágio da Escada, que se encontra mais aproximado do Altíssimo.
Que o Grande Arquiteto do Universo conceda, sempre, aos irmãos maçons a força e o vigor suficientes para subirem, não somente um, porém vários degraus nesta desafiadora “escada”, com a qual sonhou Jacó e na qual a maçonaria se inspira a cada instante.
RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS
(1) “A Escada de Jacob é alegoria de origem bíblica e designa a escada que Jacob viu em sonho, a qual simbolizava a providência e cuidado especial de Deus por Jacob; os anjos levavam suas orações e necessidades ao trono de Deus e desciam com as bênçãos divinas; em Maçonaria ela é representada sobre o círculo entre paralelas verticais e tangenciais, tendo no topo, uma estrela de sete pontas, como símbolo da ligação do iniciado com Deus, através da ascensão na escada iniciática”. José Castellani, no livro Dicionário Etimológico Maçônico, vol. DEFG, pág. 59, Editora A Trolha, Londrina/PR..
(2) “Naquele ano foi pintado um Painel... tudo leva a crer que o irmão Pintor... acrescentou também a Escada de Jacó, que desde alguns anos antes já vinha sendo ensinado nas Lojas. Lendo Machey, vemos que no rito de York, a Escada não era um Símbolo original, tendo sido introduzido por Dunckerley em 1776, época em que Priston iniciou suas LEITURAS. O que vem a comprovar, é que, até aquela data, a Escada de Jacó ainda não era um Símbolo Maçônico. No Rito Escocês Antigo e Aceito, ela entrou pelas mãos de Miguel André de Ransay, que era um ardoroso defensor dos Stwarts, transformando em símbolo maçônico a Escada Mística dos Mistérios Mitraicos.” Francisco de Assis Carvalho no livro “Símbolos Maçônicos e suas origens”, págs. 135, 136 e 137, Editora A Trolha, Londrina/PR..
(3) “Willian Dight, um maçom inglês, pintor, em 1808 elaborou três Painéis sobre lona, como era de uso na época.” Rizzardo Da Camino no livro “Os Painéis da Loja de Aprendiz” pág. 109, Editora A Trolha. Na pág. 110 da mesma obra, está reproduzido o painel onde se encontra o desenho da Escada de Jacó.
(4) Gênesis 28:10 – 17
(5) I Cor 13:13
(6) Gênesis 32: 28
(7) Gênesis 28:20 – 22
(8) I Cor 6: 19
(Informabim 290 B)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
INFORMABIM 289 A e B
RESPONSABILIDADE EDUCACIONAL
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Venho tratando, com insistência, da situação em que se encontra a qualidade da educação pública em nosso País. Tenho feito isto sob um enfoque maçônico, dado fazer parte da Fraternidade, em cujos objetivos se inclui o permanente combate à ignorância. E, em nome de uma de suas integrantes de que recebi delegação, procuro desincumbir-me da missão, dirigindo debates nas assembléias, instruindo em Lojas e divulgando as sugestões em artigos que os tenho publicado, quinzenalmente, nos principais jornais e revistas da Ordem.
O presente momento é convidativo para isto, diante da crítica internacional e mesmo perante o diagnóstico conhecido por todos, revelantes de uma imagem desoladora, e, ao tempo em que tramita na Câmara dos Deputados a proposta governamental – PNE – com que o Poder Executivo pretende estabelecer as diretrizes, para o setor, no período decenal que se inicia este ano, buscando decerto a qualificação que a construção de nosso futuro requer.
Entende-se que o Plano governamental é bom. Mas temos alertado para que todos acompanhem a sua tramitação, impedindo que ele seja desfigurado. Mais ainda: oferecendo as sugestões para melhorá-lo. E, sem dúvidas, elas são muitas. Uma delas, por exemplo, é a revogação da Lei que permite o analfabeto votar. Se realmente queremos erradicar o analfabetismo neste decênio, como sinaliza o PNE, não tem cabimento, por razões obvias, manter-se em vigor uma lei que permite o analfabeto votar, até premiando-o com o direito de escolher todos os dirigentes da Nação. A restrição é que será o estímulo de procura à escola.
Outros dois pontos que tenho abordado reiteradas vezes são os referentes à existência dos planos de atividades educacionais nos Estados e Municípios. No diagnóstico de nosso atual estágio da educação pública, ressalta a notícia de que poucos são os Estados que têm plano de educação, e se os Estados são poucos muito menos são os Municípios. Então voltamos aos ensinamentos do velho Sêneca: “O marujo que não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe sopra favorável”.
Quando o PNE foi anunciado e com sua chegada ao Congresso Nacional, falou-se muito a respeito dos recursos financeiros comprometidos que seriam da ordem dos 7% do PIB – produto interno bruto. E houve grita em favor de alavancar-se o piso para 10%. Mas ao mesmo tempo, vários jornais impressos e de televisão registravam que os recursos financeiros, mesmo inferiores a 7%, foram suficientes, a aplicação é que teria sido falha. Quer dizer, nem existiam metas a alcançar. A pulverização dos recursos foi diagnosticada pela inferior qualidade com que a educação pública se revelara.
Então que nos acudam as sagradas escrituras em seu novo testamento: “não só orar, mas não esquecer nunca de vigiar”. É imprescindível ao sucesso do plano, a inserção, em seu conteúdo, da responsabilidade por este êxito. Metas estabelecidas, meios condicionados e a fiscalização a respeito da aplicação dos meios e da consecução dessas metas ao tempo estabelecido.
São evidentes estas preocupações em nossos debates no seio da maçonaria e nos artigos que tenho publicado. Em “uma urgente e doce revolução”, de fevereiro, fiz referência a projeto de lei, de iniciativa do Poder Executivo, enviado à Câmara, em novembro/10, que “objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional”. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos. E os cumpridores de seus deveres sejam louvados.
Para grande alegria nossa, viemos a saber que o Deputado Federal Raul Henry desenvolve gestões no sentido de vir a ser escolhido para relatar a matéria. Quer dizer, foi vitoriosa a constatação de que se torna necessário e indispensável o estabelecimento da responsabilidade de quem executa o plano de educação pública, passando a ser crime o descumprimento, seja na ação, seja na omissão.
Falei em alegria, também porque o Deputado Henry, desta forma, pensa igualzinho à maçonaria, mas sem a ela pertencer, nessa luta da educação pública. E possui grande experiência no assunto, tendo sido Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e, posteriormente, Secretário Estadual para os assuntos da Educação em Pernambuco. Candidato a Prefeito do Recife, debateu o assunto educação pública e mostrou a sua potencialidade para levá-lo a auspiciosos resultados. Faço votos que seja vitorioso nessa cruzada pela relatoria, pois em alcançando tal desejo, o Plano Nacional de Educação fugirá do rótulo de “uma mera carta de boas intenções”, para resultar completo com a existência e exigência da responsabilidade educacional.
(Informabim 289 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Venho tratando, com insistência, da situação em que se encontra a qualidade da educação pública em nosso País. Tenho feito isto sob um enfoque maçônico, dado fazer parte da Fraternidade, em cujos objetivos se inclui o permanente combate à ignorância. E, em nome de uma de suas integrantes de que recebi delegação, procuro desincumbir-me da missão, dirigindo debates nas assembléias, instruindo em Lojas e divulgando as sugestões em artigos que os tenho publicado, quinzenalmente, nos principais jornais e revistas da Ordem.
O presente momento é convidativo para isto, diante da crítica internacional e mesmo perante o diagnóstico conhecido por todos, revelantes de uma imagem desoladora, e, ao tempo em que tramita na Câmara dos Deputados a proposta governamental – PNE – com que o Poder Executivo pretende estabelecer as diretrizes, para o setor, no período decenal que se inicia este ano, buscando decerto a qualificação que a construção de nosso futuro requer.
Entende-se que o Plano governamental é bom. Mas temos alertado para que todos acompanhem a sua tramitação, impedindo que ele seja desfigurado. Mais ainda: oferecendo as sugestões para melhorá-lo. E, sem dúvidas, elas são muitas. Uma delas, por exemplo, é a revogação da Lei que permite o analfabeto votar. Se realmente queremos erradicar o analfabetismo neste decênio, como sinaliza o PNE, não tem cabimento, por razões obvias, manter-se em vigor uma lei que permite o analfabeto votar, até premiando-o com o direito de escolher todos os dirigentes da Nação. A restrição é que será o estímulo de procura à escola.
Outros dois pontos que tenho abordado reiteradas vezes são os referentes à existência dos planos de atividades educacionais nos Estados e Municípios. No diagnóstico de nosso atual estágio da educação pública, ressalta a notícia de que poucos são os Estados que têm plano de educação, e se os Estados são poucos muito menos são os Municípios. Então voltamos aos ensinamentos do velho Sêneca: “O marujo que não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe sopra favorável”.
Quando o PNE foi anunciado e com sua chegada ao Congresso Nacional, falou-se muito a respeito dos recursos financeiros comprometidos que seriam da ordem dos 7% do PIB – produto interno bruto. E houve grita em favor de alavancar-se o piso para 10%. Mas ao mesmo tempo, vários jornais impressos e de televisão registravam que os recursos financeiros, mesmo inferiores a 7%, foram suficientes, a aplicação é que teria sido falha. Quer dizer, nem existiam metas a alcançar. A pulverização dos recursos foi diagnosticada pela inferior qualidade com que a educação pública se revelara.
Então que nos acudam as sagradas escrituras em seu novo testamento: “não só orar, mas não esquecer nunca de vigiar”. É imprescindível ao sucesso do plano, a inserção, em seu conteúdo, da responsabilidade por este êxito. Metas estabelecidas, meios condicionados e a fiscalização a respeito da aplicação dos meios e da consecução dessas metas ao tempo estabelecido.
São evidentes estas preocupações em nossos debates no seio da maçonaria e nos artigos que tenho publicado. Em “uma urgente e doce revolução”, de fevereiro, fiz referência a projeto de lei, de iniciativa do Poder Executivo, enviado à Câmara, em novembro/10, que “objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional”. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos. E os cumpridores de seus deveres sejam louvados.
Para grande alegria nossa, viemos a saber que o Deputado Federal Raul Henry desenvolve gestões no sentido de vir a ser escolhido para relatar a matéria. Quer dizer, foi vitoriosa a constatação de que se torna necessário e indispensável o estabelecimento da responsabilidade de quem executa o plano de educação pública, passando a ser crime o descumprimento, seja na ação, seja na omissão.
Falei em alegria, também porque o Deputado Henry, desta forma, pensa igualzinho à maçonaria, mas sem a ela pertencer, nessa luta da educação pública. E possui grande experiência no assunto, tendo sido Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e, posteriormente, Secretário Estadual para os assuntos da Educação em Pernambuco. Candidato a Prefeito do Recife, debateu o assunto educação pública e mostrou a sua potencialidade para levá-lo a auspiciosos resultados. Faço votos que seja vitorioso nessa cruzada pela relatoria, pois em alcançando tal desejo, o Plano Nacional de Educação fugirá do rótulo de “uma mera carta de boas intenções”, para resultar completo com a existência e exigência da responsabilidade educacional.
(Informabim 289 B)
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