EDUCAÇÃO... EIS A QUESTÃO!
Ir.'. Edenir Gualtieri *
Sempre encarada como grande desafio a questão da Educação no Brasil, razões assistem aos nossos Irmãos ao demonstrarem indignação com o descaso dos nossos governantes ao encaminhamento das ações com vistas às melhorias do ensino no País.
No século XVIII, ao discutir as relações entre “disciplina” e “cultura”, o filósofo Immanuel Kant escreveu:
“Talvez a educação se torne sempre melhor e cada uma das gerações futuras dê um passo a mais na direção ao aperfeiçoamento da Humanidade, uma vez que o grande segredo da perfeição da natureza humana se esconde no próprio problema da Educação. A partir de agora isto pode acontecer ... Isto abre a perspectiva para uma futura felicidade da espécie humana”. (KANT, Immanuel , 1996, Sobre a Pedagogia. Piracicaba: UNIMEP. Tradução de Francisco Cock Fontanella).
Lastimando a situação política de seu tempo, Kant se manifesta:
“[ ...] nas condições atuais pode dizer-se que a felicidade dos Estados cresce na mesma medida que a infelicidade dos homens.E não se trata ainda de saber se seríamos mais felizes no estado de barbárie, onde não existiria toda essa nossa cultura, do que no atual estado. De fato, como poderíamos tornar os homens felizes, se os não tornamos morais e sábios? Deste modo, a maldade não será diminuída”. (idem, p. 29).
Embora seja mesmo bastante complexo o entendimento da relação Cultura/Educação, quer nos parecer que nossos políticos não queiram entender, ou se fazem de desentendidos no trato do assunto. São hábeis apenas nos discursos.
Sabedores que somos da utilidade do espelho retrovisor e que precisamos dele apenas de vez em quando, temos que olhar, sobretudo, para frente. Fatos passados sempre serão referências úteis, mas não essenciais.
Na qualidade de bons construtores, temos que analisar basicamente como o ensino no Brasil chegou ao estado em que se encontra e partirmos para a desconstrução daquilo que nos desagrada e buscar um novo encaminhamento com ações mais eficazes.
Este tema foi amplamente discutido no nosso XVI Encontro Nacional da Cultura Maçônica, onde se elaborou a “Carta de São Paulo”, demonstrando que a Maçonaria Universal preocupa-se com a questão, apresenta sugestões e coloca-se à disposição para o cumprimento dos objetivos do crescimento. Não muito diferente disto, o tema foi também objeto da elaboração da “Carta de Brasília”, elaborada naquele Oriente, durante o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica, pelas entidades coordenadoras e entregue nas mãos do Excelentíssimo Senador Cristovam Buarque, presente naquele evento.
Meus irmãos, olhemos para frente. Temos muito a fazer e muitas razões para viver.
Agendem o XVII Encontro Nacional da Cultura Maçônica. São Luís, Maranhão, dias 13 e 14 de abril de 2012.
(*) O jornalista Edenir Gualtieri é editor da revista maçônica A TROLHA, Londrina/PR.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
INFORMABIM 297 A e B
DESEJAVA FALAR DE FLORES
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Ele não estava pensando nisto. Mas, quem sabe ? Talvez estivesse. E se estava, aquele momento de estar era maravilhoso. Ele passava um alerta, como o fez Vandré, poetando “pra não dizer que não falei das flores”. Lindos versos!. E ele também estava alertando, quando escreveu as palavras que escreveu.
Reporto-me ao que disse, e com o dizer alertara, o jornalista Ziraldo, admirado por sua produção literária destinada às crianças, parte já transformada em filme.. Falou que as ferramentas modernas, ensejadas pelas adiantadas estações da tecnologia, devem ser auxiliares na formação e transmissão do conhecimento. E não devem ser vistas como sinais de que o jornal (mídia impressa) e o livro tenham-se tornado obsoletos e, em decorrência, estejam céleres nos caminhos da inatividade. O livro não deixou de ser “um audaz guerreiro” (Castro Alves). E ainda é “com ele e homens que se constrói uma nação” (M Lobato).
Alerta o jornalista Ziraldo para o frágil estado em que se encontra nossa educação e se coloca disposto ao confronto: “enquanto o problema da educação não se resolver, vamos continuar batendo de frente”. Prossegue: “Temos que estabelecer o compromisso de que, a partir de hoje, não cresçam mais crianças analfabetas no país”. Para ele, o instrumento principal, nesse combate, é o livro: Aí suas palavras: ”A educação precisa ser pelo livro. A palavra gravada mudou o mundo. Em 1500, o ser humano andava de charrete. 500 anos depois de Guttemberg, ele pousa na lua. Não pode ser coincidência” Então, conclui Ziraldo, “Não adianta colocar a internet na mão da criança. A humanidade é 90% formada por imbecis e o paraíso deles é a internet.” (Diário de Pernambuco, edição de 12.10.2011).
Muitos outros líderes nos mais diversos setores econômicos e sociais do Brasil, pensando da mesma forma, alertam os pregoeiros do ocaso da imprensa e do livro. Batem de frente com a mesquinhez dos mesmos, sobretudo agora diante do sucesso alcançado pela Bienal do Livro a que assistimos nesta Região. .
Informações da pertinência do Instituto de Verificação de Circulação (IVC) dão conta de que a circulação dos jornais experimentou um crescimento de 4,2% no 1º semestre deste ano, se comparado com os 6 primeiros meses do ano passado.
E quanto aos livros? Já falei sobre o assunto em artigos anteriores. A Bienal, aqui no Recife, foi um sucesso. 600 mil pessoas passaram por lá.
Com a popularização da TV, havia muita gente anunciando o fim do cinema. Hoje são profetas fracassados, pois constata-se o reverso de suas previsões: o cinema se beneficiou da televisão, renovando-se e expandindo-se.
O mesmo vem acontecendo com a mídia impressa e a internet; o livro e a internet. Um susto danado com o advento desta, e as carpideiras já eram chamadas ...Mas o que se torna evidente ? Cada vez mais progresso, tornando rouca e abafada a voz dos pregoeiros do caos
Ouso resumir: a leitura do livro e do jornal impresso é de valia inexcedível para a evolução da humanidade e, claro, de seu bem estar. O crescimento no acesso aos mesmos é um forte indicativo do que se expôs. Há uma esperança de que dias melhores hão de vir para nossa gente. Para nós todos. E, então, desperta-se para a construção dos caminhos a essa Canaã. A pavimentação não está longe de nós. Está à nossa vista. Na leitura, seja do jornal, seja da revista, seja do livro. Isto é pacífico. Como é pacífico também a necessidade da formação do hábito da leitura. Não devemos esquecer disto: o hábito da leitura. O livro, o jornal, a biblioteca e a destinação das pessoas a esse convívio e a esse mister..
Os caminhos não serão nada fáceis. Serão, decerto, ásperos e espinhosos. Exigirão suor e determinação. Contudo a premiação ultrapassará, de muito, o esforço. A história das sociedades que chegaram ao cume, atesta o esforço e o prêmio. Minha leitura da entrevista de Ziraldo, aqui referida, é de um alerta, como quem lembrasse o poeta – também falei de espinhos, mas o desejo era apenas falar de flores.
(Informabim 297 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Ele não estava pensando nisto. Mas, quem sabe ? Talvez estivesse. E se estava, aquele momento de estar era maravilhoso. Ele passava um alerta, como o fez Vandré, poetando “pra não dizer que não falei das flores”. Lindos versos!. E ele também estava alertando, quando escreveu as palavras que escreveu.
Reporto-me ao que disse, e com o dizer alertara, o jornalista Ziraldo, admirado por sua produção literária destinada às crianças, parte já transformada em filme.. Falou que as ferramentas modernas, ensejadas pelas adiantadas estações da tecnologia, devem ser auxiliares na formação e transmissão do conhecimento. E não devem ser vistas como sinais de que o jornal (mídia impressa) e o livro tenham-se tornado obsoletos e, em decorrência, estejam céleres nos caminhos da inatividade. O livro não deixou de ser “um audaz guerreiro” (Castro Alves). E ainda é “com ele e homens que se constrói uma nação” (M Lobato).
Alerta o jornalista Ziraldo para o frágil estado em que se encontra nossa educação e se coloca disposto ao confronto: “enquanto o problema da educação não se resolver, vamos continuar batendo de frente”. Prossegue: “Temos que estabelecer o compromisso de que, a partir de hoje, não cresçam mais crianças analfabetas no país”. Para ele, o instrumento principal, nesse combate, é o livro: Aí suas palavras: ”A educação precisa ser pelo livro. A palavra gravada mudou o mundo. Em 1500, o ser humano andava de charrete. 500 anos depois de Guttemberg, ele pousa na lua. Não pode ser coincidência” Então, conclui Ziraldo, “Não adianta colocar a internet na mão da criança. A humanidade é 90% formada por imbecis e o paraíso deles é a internet.” (Diário de Pernambuco, edição de 12.10.2011).
Muitos outros líderes nos mais diversos setores econômicos e sociais do Brasil, pensando da mesma forma, alertam os pregoeiros do ocaso da imprensa e do livro. Batem de frente com a mesquinhez dos mesmos, sobretudo agora diante do sucesso alcançado pela Bienal do Livro a que assistimos nesta Região. .
Informações da pertinência do Instituto de Verificação de Circulação (IVC) dão conta de que a circulação dos jornais experimentou um crescimento de 4,2% no 1º semestre deste ano, se comparado com os 6 primeiros meses do ano passado.
E quanto aos livros? Já falei sobre o assunto em artigos anteriores. A Bienal, aqui no Recife, foi um sucesso. 600 mil pessoas passaram por lá.
Com a popularização da TV, havia muita gente anunciando o fim do cinema. Hoje são profetas fracassados, pois constata-se o reverso de suas previsões: o cinema se beneficiou da televisão, renovando-se e expandindo-se.
O mesmo vem acontecendo com a mídia impressa e a internet; o livro e a internet. Um susto danado com o advento desta, e as carpideiras já eram chamadas ...Mas o que se torna evidente ? Cada vez mais progresso, tornando rouca e abafada a voz dos pregoeiros do caos
Ouso resumir: a leitura do livro e do jornal impresso é de valia inexcedível para a evolução da humanidade e, claro, de seu bem estar. O crescimento no acesso aos mesmos é um forte indicativo do que se expôs. Há uma esperança de que dias melhores hão de vir para nossa gente. Para nós todos. E, então, desperta-se para a construção dos caminhos a essa Canaã. A pavimentação não está longe de nós. Está à nossa vista. Na leitura, seja do jornal, seja da revista, seja do livro. Isto é pacífico. Como é pacífico também a necessidade da formação do hábito da leitura. Não devemos esquecer disto: o hábito da leitura. O livro, o jornal, a biblioteca e a destinação das pessoas a esse convívio e a esse mister..
Os caminhos não serão nada fáceis. Serão, decerto, ásperos e espinhosos. Exigirão suor e determinação. Contudo a premiação ultrapassará, de muito, o esforço. A história das sociedades que chegaram ao cume, atesta o esforço e o prêmio. Minha leitura da entrevista de Ziraldo, aqui referida, é de um alerta, como quem lembrasse o poeta – também falei de espinhos, mas o desejo era apenas falar de flores.
(Informabim 297 B)
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
INFORMABIM 295 A e B
AGORA É A HORA DO MAIOR ESFORÇO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Existe uma prioridade no elenco de atividades que a maçonaria brasileira estabeleceu para execução nos tempos atuais. Refiro-me à campanha pela melhoria da qualidade da educação pública em nosso País. E quanto a isto é impossível negar a dedicação com que a maçonaria tem se voltado, para que os mais altos resultados sejam colimados no tempo requerido. Sem dúvida os desafios para que isto aconteça são enormes, contudo mais consoladora será a colheita. E certamente são estas expectativas e estas esperanças que têm alimentado o enfrentamento às barreiras que se levantam.
Mas este cuidado com a formação do homem, no seio da maçonaria, não se inaugura no mundo de agora. Sempre foi o seu mister em todos os tempos. Pois é de sua inerência o combate à ignorância e, por conseqüência, o preparo do homem para o exercício de uma vida digna, não somente a sua vida, mas também contribuindo para que a vida do próximo tenha o mesmo destino. Neste sentido é que recordo passagem de um dos seus mais antigos catecismos, de onde pinço: “Não basta habilitar o indivíduo somente para o trabalho, que é um dever social. É preciso dar-lhe uma formação moral e cívica adequada às novas conquistas da técnica e aos novos caminhos abertos para a ciência e para a arte”.
Os altos dirigentes da Ordem maçônica têm consciência disto e trabalham para que esses sonhos não tardem em se concretizar. Inegável como eles têm sabido colocar voz nesses sonhos de nós todos ! Assembléias gerais e audiências públicas, fóruns de debates sempre acalorados e de posicionamento, têm se repetido, muitas vezes, em todos os principais centros populacionais do Brasil, com o objetivo de se deixar bem claro que, sem a melhoria da qualidade da educação pública, nosso País não irá ao lugar competitivo que a economia globalizada estar a exigir. E nos humilha, e constrange, e empobrece ... perante o concerto internacional das Nações.
As Sagradas Escrituras registram que o homem domina a natureza, isto é, a natureza está à disposição para nosso usufruto (Gênesis 1, 26), mas, para tanto, é exigido o devido conhecimento. Por isto, os maçons ensinam que “tanto mais adiantado é o homem, quanto mais pode haurir dos segredos da natureza e empregar as suas descobertas em benefício da humanidade.”
Outro dia, li uma convocação do Grão-Mestre da Maçonaria catarinense, o maçom Alaor Francisco Tissot, que muito nos deixa entusiasmados, quanto ao empenho com que a Fraternidade deverá encarar esse desafio, exigindo a melhoria da qualidade de nossa educação pública. Muito me animaram o arrojo, a ênfase e a tempestividade da mensagem, porque ela coincide com o momento em que tramita na Câmara dos Deputados o Plano Nacional de Educação que resultará nas “diretrizes e bases” do ensino público no decênio que ora se inicia.
Tamanho o significado do que disse o Grão-Mestre Alaor Francisco Tissot que entendo ser a palavra de ordem de todos os maçons brasileiros. Vejamos: “Urge que se dê maior atenção à Educação, destinando-lhe as necessárias verbas, constituindo um melhor e mais eficiente programa de formação, aperfeiçoamento e valorização do magistério, complementando-se por uma maior assistência e consideração pelo estudante. Educar é fixar limites justos. Cabe assim, a nós maçons, mantendo as nossas dignificantes tradições e contribuição à história, assumirmos essas posições até mesmo ousadas. Ao conclamar a todos a reagir, rogamos ao Supremo Arquiteto do Universo que nos ajude e ilumine" (O Vigilante, edição de set/2011).
Porém a educação, como se percebe, não é tarefa só do governo. Nem a cobrança da melhoria de sua qualidade reserva-se à Maçonaria. É missão de todos: do poder público, das instituições privadas, das famílias. Como também não é tarefa adiável. Não é uma atividade do depois. É de antes. É deste momento. E no estágio em que nos encontramos, o de que “o futuro já está em nossa sala”, agora é a hora do maior esforço.
(Informabim 295 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Existe uma prioridade no elenco de atividades que a maçonaria brasileira estabeleceu para execução nos tempos atuais. Refiro-me à campanha pela melhoria da qualidade da educação pública em nosso País. E quanto a isto é impossível negar a dedicação com que a maçonaria tem se voltado, para que os mais altos resultados sejam colimados no tempo requerido. Sem dúvida os desafios para que isto aconteça são enormes, contudo mais consoladora será a colheita. E certamente são estas expectativas e estas esperanças que têm alimentado o enfrentamento às barreiras que se levantam.
Mas este cuidado com a formação do homem, no seio da maçonaria, não se inaugura no mundo de agora. Sempre foi o seu mister em todos os tempos. Pois é de sua inerência o combate à ignorância e, por conseqüência, o preparo do homem para o exercício de uma vida digna, não somente a sua vida, mas também contribuindo para que a vida do próximo tenha o mesmo destino. Neste sentido é que recordo passagem de um dos seus mais antigos catecismos, de onde pinço: “Não basta habilitar o indivíduo somente para o trabalho, que é um dever social. É preciso dar-lhe uma formação moral e cívica adequada às novas conquistas da técnica e aos novos caminhos abertos para a ciência e para a arte”.
Os altos dirigentes da Ordem maçônica têm consciência disto e trabalham para que esses sonhos não tardem em se concretizar. Inegável como eles têm sabido colocar voz nesses sonhos de nós todos ! Assembléias gerais e audiências públicas, fóruns de debates sempre acalorados e de posicionamento, têm se repetido, muitas vezes, em todos os principais centros populacionais do Brasil, com o objetivo de se deixar bem claro que, sem a melhoria da qualidade da educação pública, nosso País não irá ao lugar competitivo que a economia globalizada estar a exigir. E nos humilha, e constrange, e empobrece ... perante o concerto internacional das Nações.
As Sagradas Escrituras registram que o homem domina a natureza, isto é, a natureza está à disposição para nosso usufruto (Gênesis 1, 26), mas, para tanto, é exigido o devido conhecimento. Por isto, os maçons ensinam que “tanto mais adiantado é o homem, quanto mais pode haurir dos segredos da natureza e empregar as suas descobertas em benefício da humanidade.”
Outro dia, li uma convocação do Grão-Mestre da Maçonaria catarinense, o maçom Alaor Francisco Tissot, que muito nos deixa entusiasmados, quanto ao empenho com que a Fraternidade deverá encarar esse desafio, exigindo a melhoria da qualidade de nossa educação pública. Muito me animaram o arrojo, a ênfase e a tempestividade da mensagem, porque ela coincide com o momento em que tramita na Câmara dos Deputados o Plano Nacional de Educação que resultará nas “diretrizes e bases” do ensino público no decênio que ora se inicia.
Tamanho o significado do que disse o Grão-Mestre Alaor Francisco Tissot que entendo ser a palavra de ordem de todos os maçons brasileiros. Vejamos: “Urge que se dê maior atenção à Educação, destinando-lhe as necessárias verbas, constituindo um melhor e mais eficiente programa de formação, aperfeiçoamento e valorização do magistério, complementando-se por uma maior assistência e consideração pelo estudante. Educar é fixar limites justos. Cabe assim, a nós maçons, mantendo as nossas dignificantes tradições e contribuição à história, assumirmos essas posições até mesmo ousadas. Ao conclamar a todos a reagir, rogamos ao Supremo Arquiteto do Universo que nos ajude e ilumine" (O Vigilante, edição de set/2011).
Porém a educação, como se percebe, não é tarefa só do governo. Nem a cobrança da melhoria de sua qualidade reserva-se à Maçonaria. É missão de todos: do poder público, das instituições privadas, das famílias. Como também não é tarefa adiável. Não é uma atividade do depois. É de antes. É deste momento. E no estágio em que nos encontramos, o de que “o futuro já está em nossa sala”, agora é a hora do maior esforço.
(Informabim 295 B)
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
INFORMABIM 294 A e B
O LIVRO E SUAS MAGIAS
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Hoje é domingo. No Recife, já se foi o período hibernal. O dia nasce animado por um sol de verão, iluminando tudo. E incendiando ... Do apartamento, ouve-se a algazarra do povo, num vai-e-vem intenso, pelas ruas. Decerto, indo à praia, indo aos exercícios, indo aos negócios, indo viver a vida. O inverno é dorminhoco, mas o verão é despertador. Mais ainda em Pernambuco, cujo sol “não somente clareia, mas sobretudo incendeia”, como alertava o poeta João Cabral de Melo Neto. Daí a “boniteza da vida nessa manhã tão linda”. Contudo não é da magia que essa manhã nos passa a que desejo me reportar. Desejo falar de outras magias. Também não quero responder a Robert Heibronner que indaga, em seu livro Perspectivas do Homem, “se ainda há esperança” para o ser vivente. Quero dizer como Paulo Soledade: “Vê, há esperança ainda”. Quero falar do livro e algumas de suas magias.
Em Recife de Pernambuco, chega a seus instantes finais a Bienal do Livro, já em sua oitava versão. Um mundão de gente esteve lá. Foi ver, fazer, participar, ouvir, aprender, adquirir. E alguns até foram passear e se divertir. Pois estar ali, também poderia ser um lazer. Contam que 600 mil pessoas estiveram na Bienal do Livro. Um mundão, não é? Porquanto não são muitas as cidades do Brasil que têm essa população! Foram atraídos pela magia do principal artista da feira ...
Livros e autores. Muitos livros. Muito mais do que se pensa. Nacionais e estrangeiros. De todos os estilos e de todas as escolas. Em prosa e verso. Para todos os gostos. Era o que a vista alcançava. Cicerones a indicarem os estandes segundo as especialidades procuradas. Salas de leitura aparelhadas em nada deixando a desejar. Salões para exposição dos escritores. E eles também compareceram, vindos daqui do Brasil e do exterior. Ajudaram a construir a festa, explicando o curso das narrações de suas obras e alguns deles até ensinando, com satisfação, o exercício do escrever aos que se revelaram interessados naquela aprendizagem.
Alardeiam, por aí, umas comparações que deixam o Brasil em desvantagem nesse setor dos livros. Noticiam, por exemplo, que, na Argentina, há uma livraria para cada 6 mil pessoas, enquanto que em nosso País, há uma livraria para cada 65 mil habitantes.A Unesco sugere uma livraria para cada 10 mil habitantes. Também noticiam que no país vizinho, em média, cada pessoa adquire 7 livros por ano. No Brasil, somente 3, e nesses três se incluem os livros didáticos que o MEC distribui. Estes registros não são bons, e não sabemos se realmente correspondem à verdade. Mas pelo sim e pelo não, convém ficarmos atentos. Pois um “país é feito de homens e de LIVROS”, alerta-nos Monteiro Lobato. Sendo que nesse aconselhamento, o Irmão(zinho) Castro Alves, foi mais enfático: “O livro, caindo n´alma, é gérmen que faz a palma; é chuva que faz o mar”.
Considerando que muitos alegam indisponibilidade financeira para aquisição de livro, lembro que o governo federal, através da lei nº 12.244, publicada no DOU de 24.05.2010, determinou que, em 10 anos, houvesse pelo menos uma biblioteca em cada escola do país e que os títulos não fossem inferiores à quantidade de alunos matriculados. Então “livros a mancheia”. Quero louvar a Maçonaria por sua preocupação e seu desempenho em favor da leitura, do livro e da biblioteca. Ensina a Ordem que quanto mais o homem for preparado, mais ele poderá auferir dos benefícios que a natureza oferece. A preparação, segundo ela, vem do saber que se adquire especialmente através dos livros, cujo hábito de ler ela fomenta e inclui nas obrigações de seus quadros.
Estou certo de que o livro contém magias aos milhares, mais do que os telescópios (extensão da vista), mais do que as espaçonaves (extensão das pernas), mais do que o telefone (extensão da voz), mais do que o arado (extensão dos braços), mais do que os landmarks, porque é o livro “extensão da memória e da imaginação”.
A maçonaria está na luta para que em breve se erradique do Brasil a miséria do analfabetismo. E todos possam desfrutar do prazer de ler e de conhecer o livro e suas magias.
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Hoje é domingo. No Recife, já se foi o período hibernal. O dia nasce animado por um sol de verão, iluminando tudo. E incendiando ... Do apartamento, ouve-se a algazarra do povo, num vai-e-vem intenso, pelas ruas. Decerto, indo à praia, indo aos exercícios, indo aos negócios, indo viver a vida. O inverno é dorminhoco, mas o verão é despertador. Mais ainda em Pernambuco, cujo sol “não somente clareia, mas sobretudo incendeia”, como alertava o poeta João Cabral de Melo Neto. Daí a “boniteza da vida nessa manhã tão linda”. Contudo não é da magia que essa manhã nos passa a que desejo me reportar. Desejo falar de outras magias. Também não quero responder a Robert Heibronner que indaga, em seu livro Perspectivas do Homem, “se ainda há esperança” para o ser vivente. Quero dizer como Paulo Soledade: “Vê, há esperança ainda”. Quero falar do livro e algumas de suas magias.
Em Recife de Pernambuco, chega a seus instantes finais a Bienal do Livro, já em sua oitava versão. Um mundão de gente esteve lá. Foi ver, fazer, participar, ouvir, aprender, adquirir. E alguns até foram passear e se divertir. Pois estar ali, também poderia ser um lazer. Contam que 600 mil pessoas estiveram na Bienal do Livro. Um mundão, não é? Porquanto não são muitas as cidades do Brasil que têm essa população! Foram atraídos pela magia do principal artista da feira ...
Livros e autores. Muitos livros. Muito mais do que se pensa. Nacionais e estrangeiros. De todos os estilos e de todas as escolas. Em prosa e verso. Para todos os gostos. Era o que a vista alcançava. Cicerones a indicarem os estandes segundo as especialidades procuradas. Salas de leitura aparelhadas em nada deixando a desejar. Salões para exposição dos escritores. E eles também compareceram, vindos daqui do Brasil e do exterior. Ajudaram a construir a festa, explicando o curso das narrações de suas obras e alguns deles até ensinando, com satisfação, o exercício do escrever aos que se revelaram interessados naquela aprendizagem.
Alardeiam, por aí, umas comparações que deixam o Brasil em desvantagem nesse setor dos livros. Noticiam, por exemplo, que, na Argentina, há uma livraria para cada 6 mil pessoas, enquanto que em nosso País, há uma livraria para cada 65 mil habitantes.A Unesco sugere uma livraria para cada 10 mil habitantes. Também noticiam que no país vizinho, em média, cada pessoa adquire 7 livros por ano. No Brasil, somente 3, e nesses três se incluem os livros didáticos que o MEC distribui. Estes registros não são bons, e não sabemos se realmente correspondem à verdade. Mas pelo sim e pelo não, convém ficarmos atentos. Pois um “país é feito de homens e de LIVROS”, alerta-nos Monteiro Lobato. Sendo que nesse aconselhamento, o Irmão(zinho) Castro Alves, foi mais enfático: “O livro, caindo n´alma, é gérmen que faz a palma; é chuva que faz o mar”.
Considerando que muitos alegam indisponibilidade financeira para aquisição de livro, lembro que o governo federal, através da lei nº 12.244, publicada no DOU de 24.05.2010, determinou que, em 10 anos, houvesse pelo menos uma biblioteca em cada escola do país e que os títulos não fossem inferiores à quantidade de alunos matriculados. Então “livros a mancheia”. Quero louvar a Maçonaria por sua preocupação e seu desempenho em favor da leitura, do livro e da biblioteca. Ensina a Ordem que quanto mais o homem for preparado, mais ele poderá auferir dos benefícios que a natureza oferece. A preparação, segundo ela, vem do saber que se adquire especialmente através dos livros, cujo hábito de ler ela fomenta e inclui nas obrigações de seus quadros.
Estou certo de que o livro contém magias aos milhares, mais do que os telescópios (extensão da vista), mais do que as espaçonaves (extensão das pernas), mais do que o telefone (extensão da voz), mais do que o arado (extensão dos braços), mais do que os landmarks, porque é o livro “extensão da memória e da imaginação”.
A maçonaria está na luta para que em breve se erradique do Brasil a miséria do analfabetismo. E todos possam desfrutar do prazer de ler e de conhecer o livro e suas magias.
INFORMABIM 293 A e B
203 anos de Imprensa no Brasil
Irm.: Antônio do Carmo Ferreira
O bicentenário da Imprensa no Brasil foi comemorado em vários pontos do País, no dia 1º de junho de 2008. Em cada local, procedeu-se a exposição de seu jornal mais antigo, mostrando-se o exemplar mais remoto disponível, prensas, materiais gráficos, tudo que pudesse identificar um início da atividade jornalística na região. Em muitos lugares também foram realizadas mesas de estudos e de debates em que se revelasse a trajetória da imprensa nesses 200 anos no Brasil.
Recordo que até o início deste século, comemorava-se o dia da imprensa em 10 de setembro, por decisão do Governo Getúlio Vargas. Em 1808, naquela data, entrou em circulação A GAZETA, no Rio de Janeiro,
jornal editado pelo frei Tibúrcio José da Rocha, como órgão oficial de divulgação dos feitos da Coroa portuguesa, cuja sede havia se transferido para a Colônia, com a família real fugindo dos soldados de Napoleão.
O engano (de 10 de setembro) se corrigiu a partir do ano 2000, quando o Congresso Nacional discutiu e aprovou projeto, depois convertido em Lei sancionada pelo Presidente Fernando Henrique, estabelecendo em 1º de junho O DIA NACIONAL DA IMPRENSA.
É que no dia 1º de junho de 1808 entrara em circulação o jornal CORREIO BRAZILIENSE, editado, em Londres, por Hipólito da Costa. Justa e verdadeira homenagem a Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça, considerado, a partir da Lei, Patrono da Imprensa Brasileira.
Antes dA Gazeta, era proibida, na Colônia, a impressão de qualquer informativo e quem se atrevesse adquirir uma máquina tipográfica terminaria por vê-la confiscada de ordem da Coroa e seu proprietário seria punido com muito rigor. Mas, na América espanhola, era diferente e tal não acontecia.
O jornalista Xico Trolha, em seu livro “Itambé – berço heróico da maçonaria no Brasil” registra: “Um fato bem curioso que ilustra o que era o Brasil do começo do século XIX, não havia em todo o território pernambucano e adjacências uma só tipografia. Aqueles que se meteram a instalar Tipografias no Brasil, pagaram muito caro por essa temeridade por esse “crime infamante”. Ainda segundo seus registros, o comerciante Ricardo Fernandes chegou a importar, da Inglaterra, uma tipografia, em 1815, mas não teve condições de utiliza-la. Quando eclodiu a Revolução de 1817, descobriram-na escondida no fundo de um armazém, sendo ela então usada pelos revolucionários para a impressão de seus panfletos. “Com isso, conclui Xico Trolha, podemos afirmar que Itambé, por intermédio da Revolução Pernambucana, implantou a Imprensa Livre no Brasil”.
O Correio Braziliense chegava ao Brasil, transportado em navios, e, aqui, entrava de forma clandestina. Era um jornal engajado no movimento da independência do Brasil. Seu editor, Hipólito da Costa, era maçom que havia sido perseguido e preso pelos executivos da “santa inquisição”, em Lisboa, de onde fugiu para Londres com a ajuda da maçonaria. E, segundo consta, na qualidade de Grão-Mestre Provincial do Condado de Rutland, Inglaterra,(GLUI) participou da iniciação de Domingos José Martins, Presidente da República implantada em 6 de março de 1817, com a Capital em Pernambuco.
Com a mudança da Capital da República, do Rio, para o planalto central, o Correio Braziliense voltou a circular, editado em Brasília pelo sistema dos Órgãos Associados, inspirado e dirigido pelo jornalista Assis Chateaubriand, paraibano de Umbuzeiro, que marcou época na Imprensa do Brasil pela sua inigualável competência gerencial e inovadora no setor.
Mas o DIA NACIONAL DA IMPRENSA, entre nós, é 1º de junho.
Salve!
Irm.: Antônio do Carmo Ferreira
O bicentenário da Imprensa no Brasil foi comemorado em vários pontos do País, no dia 1º de junho de 2008. Em cada local, procedeu-se a exposição de seu jornal mais antigo, mostrando-se o exemplar mais remoto disponível, prensas, materiais gráficos, tudo que pudesse identificar um início da atividade jornalística na região. Em muitos lugares também foram realizadas mesas de estudos e de debates em que se revelasse a trajetória da imprensa nesses 200 anos no Brasil.
Recordo que até o início deste século, comemorava-se o dia da imprensa em 10 de setembro, por decisão do Governo Getúlio Vargas. Em 1808, naquela data, entrou em circulação A GAZETA, no Rio de Janeiro,
jornal editado pelo frei Tibúrcio José da Rocha, como órgão oficial de divulgação dos feitos da Coroa portuguesa, cuja sede havia se transferido para a Colônia, com a família real fugindo dos soldados de Napoleão.
O engano (de 10 de setembro) se corrigiu a partir do ano 2000, quando o Congresso Nacional discutiu e aprovou projeto, depois convertido em Lei sancionada pelo Presidente Fernando Henrique, estabelecendo em 1º de junho O DIA NACIONAL DA IMPRENSA.
É que no dia 1º de junho de 1808 entrara em circulação o jornal CORREIO BRAZILIENSE, editado, em Londres, por Hipólito da Costa. Justa e verdadeira homenagem a Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça, considerado, a partir da Lei, Patrono da Imprensa Brasileira.
Antes dA Gazeta, era proibida, na Colônia, a impressão de qualquer informativo e quem se atrevesse adquirir uma máquina tipográfica terminaria por vê-la confiscada de ordem da Coroa e seu proprietário seria punido com muito rigor. Mas, na América espanhola, era diferente e tal não acontecia.
O jornalista Xico Trolha, em seu livro “Itambé – berço heróico da maçonaria no Brasil” registra: “Um fato bem curioso que ilustra o que era o Brasil do começo do século XIX, não havia em todo o território pernambucano e adjacências uma só tipografia. Aqueles que se meteram a instalar Tipografias no Brasil, pagaram muito caro por essa temeridade por esse “crime infamante”. Ainda segundo seus registros, o comerciante Ricardo Fernandes chegou a importar, da Inglaterra, uma tipografia, em 1815, mas não teve condições de utiliza-la. Quando eclodiu a Revolução de 1817, descobriram-na escondida no fundo de um armazém, sendo ela então usada pelos revolucionários para a impressão de seus panfletos. “Com isso, conclui Xico Trolha, podemos afirmar que Itambé, por intermédio da Revolução Pernambucana, implantou a Imprensa Livre no Brasil”.
O Correio Braziliense chegava ao Brasil, transportado em navios, e, aqui, entrava de forma clandestina. Era um jornal engajado no movimento da independência do Brasil. Seu editor, Hipólito da Costa, era maçom que havia sido perseguido e preso pelos executivos da “santa inquisição”, em Lisboa, de onde fugiu para Londres com a ajuda da maçonaria. E, segundo consta, na qualidade de Grão-Mestre Provincial do Condado de Rutland, Inglaterra,(GLUI) participou da iniciação de Domingos José Martins, Presidente da República implantada em 6 de março de 1817, com a Capital em Pernambuco.
Com a mudança da Capital da República, do Rio, para o planalto central, o Correio Braziliense voltou a circular, editado em Brasília pelo sistema dos Órgãos Associados, inspirado e dirigido pelo jornalista Assis Chateaubriand, paraibano de Umbuzeiro, que marcou época na Imprensa do Brasil pela sua inigualável competência gerencial e inovadora no setor.
Mas o DIA NACIONAL DA IMPRENSA, entre nós, é 1º de junho.
Salve!
domingo, 11 de setembro de 2011
INFORMABIM 292 A e B
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Uma constatação que nos deixa muito alegre é esta de que todos os segmentos da sociedade brasileira estão interessados na melhoria da qualidade da educação em nosso País. Até o segmento integrado pelos políticos. Também não há como alguém, entre nós, omitir-se desse envolvimento, diante das críticas de que temos sido alvo na mídia internacional frente à precariedade dos resultados revelados nas avaliações do saber dos jovens que freqüentam a escola pública brasileira. Caiu a venda, precisamente quando a avaliação PISA denunciava que nossos jovens matriculados no ensino público eram péssimos em leitura, em aritmética e em rudimentos de ciência. Tornou-se um clamor nacional essa constatação que passou a exigir uma resposta urgente.
Outro fato que nos acordou e agravou o anterior, foi o surto de desenvolvimento econômico recentemente praticado no Brasil. Não a implantação do desenvolvimento, mas a descoberta de que não havia mão de obra qualificada para o preenchimento dos novos postos de trabalho reclamados pelo crescimento, e milhares e milhares de bons empregos estavam sendo direcionados para técnicos estrangeiros para cá importados, cujo abrigo seria um prazer para nós, se nossos jovens não continuassem ociosos na ausência da formação para tanto.
Muito nos alegra ver que esse choque nos despertou para a obrigação que temos de cuidar da melhoria da educação colocada pelo governo ao dispor da sociedade. Aliás muito temos escrito sobre este assunto, alertando para o fato de que a educação não é somente responsabilidade do governo, estabelecendo a grade do que deve ser ensinado, fornecendo e mantendo a escola com seus recursos materiais, didáticos e de magistério. É responsabilidade de todos, especialmente da família, em cujo seio começa a formação do cidadão e tem sido frequentemente denunciada, na mídia, como omissa.
A Câmara dos Deputados aprecia, nestes meses, o PNE – Plano Nacional de Educação que tem a ver com o nosso ensino, em todos os níveis, ao longo dos dez anos que se seguem. Bonito é ver o interesse que a
tramitação desse projeto de lei tem despertado. Tem havido debate a seu respeito em todos os quadrantes do Brasil. Cada um se apresentando com a sua colaboração, querendo evitar que o PNE resulte apenas numa “carta de intenções”, como tiveram destino igual muitos outros projetos lindos de literatura e feios de resultados. Por isto, outro dia, disse com muita propriedade a seu povo, através da Rádio local, o Prefeito de um dos grandes Municípios das margens do Rio São Francisco: “Educação básica é o grande desafio do País e entendo que deve ser o grande tema das próximas eleições. Porque é um problema que atinge todas as cidades e regiões indistintamente. Temos boas fontes de financiamento, mas falta a qualidade na gestão dos gastos”. O Prefeito é o político certo para falar sobre isto, conquanto seja ele o gestor que mais sofre das reclamações, porque não se vive no País nem no Estado. Vive-se mesmo e no município.
Então veio em boa hora a remessa à Câmara dos Deputados do projeto de lei que estabelece a responsabilidade educacional, criando-se uma Comissão Especial para cuidar de sua tramitação. O Relator da matéria já foi designado. Trata-se do Deputado Federal Raul Henry, um jovem mestrando da UFPE e que tem vínculos elogiosos com a educação de qualidade, pela qual sempre lutou seja como Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, seja como Secretário do Estado de Pernambuco para os assuntos da Educação. Sua Excelência já entrou no exercício desta nova missão. Pretende visitar o público interessado em todo o País, para discutir o projeto e com a contribuição de todos poder oferecer um relatório que assegure à educação pública a qualidade de que o nosso querido Brasil tanto precisa. Como maçom, tenho a satisfação de registrar que a primeira audiência se deu numa Loja Maçônica – Novo Tempo – ao oriente do Recife.
Que todos realmente se engajem nesta campanha, pois estão em apreço o futuro do nosso País e dos nossos descendentes. Estamos chegando atrasados, é bem verdade, mas está aí o consolo da sabedoria popular: “antes tarde do que nunca”.
(Informabim 292 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Uma constatação que nos deixa muito alegre é esta de que todos os segmentos da sociedade brasileira estão interessados na melhoria da qualidade da educação em nosso País. Até o segmento integrado pelos políticos. Também não há como alguém, entre nós, omitir-se desse envolvimento, diante das críticas de que temos sido alvo na mídia internacional frente à precariedade dos resultados revelados nas avaliações do saber dos jovens que freqüentam a escola pública brasileira. Caiu a venda, precisamente quando a avaliação PISA denunciava que nossos jovens matriculados no ensino público eram péssimos em leitura, em aritmética e em rudimentos de ciência. Tornou-se um clamor nacional essa constatação que passou a exigir uma resposta urgente.
Outro fato que nos acordou e agravou o anterior, foi o surto de desenvolvimento econômico recentemente praticado no Brasil. Não a implantação do desenvolvimento, mas a descoberta de que não havia mão de obra qualificada para o preenchimento dos novos postos de trabalho reclamados pelo crescimento, e milhares e milhares de bons empregos estavam sendo direcionados para técnicos estrangeiros para cá importados, cujo abrigo seria um prazer para nós, se nossos jovens não continuassem ociosos na ausência da formação para tanto.
Muito nos alegra ver que esse choque nos despertou para a obrigação que temos de cuidar da melhoria da educação colocada pelo governo ao dispor da sociedade. Aliás muito temos escrito sobre este assunto, alertando para o fato de que a educação não é somente responsabilidade do governo, estabelecendo a grade do que deve ser ensinado, fornecendo e mantendo a escola com seus recursos materiais, didáticos e de magistério. É responsabilidade de todos, especialmente da família, em cujo seio começa a formação do cidadão e tem sido frequentemente denunciada, na mídia, como omissa.
A Câmara dos Deputados aprecia, nestes meses, o PNE – Plano Nacional de Educação que tem a ver com o nosso ensino, em todos os níveis, ao longo dos dez anos que se seguem. Bonito é ver o interesse que a
tramitação desse projeto de lei tem despertado. Tem havido debate a seu respeito em todos os quadrantes do Brasil. Cada um se apresentando com a sua colaboração, querendo evitar que o PNE resulte apenas numa “carta de intenções”, como tiveram destino igual muitos outros projetos lindos de literatura e feios de resultados. Por isto, outro dia, disse com muita propriedade a seu povo, através da Rádio local, o Prefeito de um dos grandes Municípios das margens do Rio São Francisco: “Educação básica é o grande desafio do País e entendo que deve ser o grande tema das próximas eleições. Porque é um problema que atinge todas as cidades e regiões indistintamente. Temos boas fontes de financiamento, mas falta a qualidade na gestão dos gastos”. O Prefeito é o político certo para falar sobre isto, conquanto seja ele o gestor que mais sofre das reclamações, porque não se vive no País nem no Estado. Vive-se mesmo e no município.
Então veio em boa hora a remessa à Câmara dos Deputados do projeto de lei que estabelece a responsabilidade educacional, criando-se uma Comissão Especial para cuidar de sua tramitação. O Relator da matéria já foi designado. Trata-se do Deputado Federal Raul Henry, um jovem mestrando da UFPE e que tem vínculos elogiosos com a educação de qualidade, pela qual sempre lutou seja como Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, seja como Secretário do Estado de Pernambuco para os assuntos da Educação. Sua Excelência já entrou no exercício desta nova missão. Pretende visitar o público interessado em todo o País, para discutir o projeto e com a contribuição de todos poder oferecer um relatório que assegure à educação pública a qualidade de que o nosso querido Brasil tanto precisa. Como maçom, tenho a satisfação de registrar que a primeira audiência se deu numa Loja Maçônica – Novo Tempo – ao oriente do Recife.
Que todos realmente se engajem nesta campanha, pois estão em apreço o futuro do nosso País e dos nossos descendentes. Estamos chegando atrasados, é bem verdade, mas está aí o consolo da sabedoria popular: “antes tarde do que nunca”.
(Informabim 292 B)
terça-feira, 16 de agosto de 2011
INFORMABIM 291 A e B
Preocupação maçônica com a lentidão governamental na melhoria da educação
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Como Grão-Mestre do Grande Oriente Independente de Pernambuco, no dia 26.07.2011, participei de reunião do Rotary Club Recife-Brum, onde e quando, a convite daquela associação, proferi palestra sobre “A Educação e a Maçonaria”, que é título e conteúdo de um de meus livros, publicado este ano, pela Editora Maçônica A TROLHA Ltda, do oriente de Londrina/PR.
Na oportunidade, revelei-me muito preocupado com o estado de inferioridade na qualidade da educação que vem sendo administrada, para os jovens de nosso País. Essa preocupação mais se acentua diante da morosidade com que o setor governamental reage.
Recentemente, o Ministério do Trabalho alardeou ser o Brasil a meca do emprego para estrangeiros, considerando que, no primeiro semestre deste ano, 26.545 postos de trabalhos em nosso País foram preenchidos por pessoas que vieram de outros países e, aqui, se empregaram com carteira assinada (Diário de Pernambuco, 23.07.2011, pág E4). São empregos de bons salários que, decerto, não serão (em grande parte) gastos no Brasil e que se assim fosse seriam investidos, aqui mesmo, entre nós, reforçando as aquisições e estimulando o nosso crescimento econômico.
E por que isto? Porque não se cuidou da educação. Negou-se a decisão de formar os nossos jovens. Uma quantidade incontável de desocupados diante de novos postos de trabalho, sem a condição qualitativa para ocupá-los.
Agora, o Brasil, desafiado pela economia globalizada, vendo outras nações correrem em sua frente, dá sinais de que pretende retomar seu processo de desenvolvimento econômico e, por consequência, melhorar a condição social dos brasileiros. Aí revelam-se estas mazelas da educação pública, de sua baixa qualidade. E nossos postos de trabalho são preenchidos pela mão de obra estrangeira.
Então o Governo, já tardiamente, porque os pólos de crescimento já foram instalados, anuncia a possibilidade escolar para formação da mão de obra especializada, e abre vagas para o ingresso nos educandários de nível superior. Sabem o que aconteceu? O ensino médio da escola pública não correspondeu. Confessou sem palavras, com o resultado decorrente das provas vestibulares, que levava os jovens que por lá passaram, a lugar nenhum.
As preocupações expressas procedem e mais se enfatizam, com a notícia agora divulgada através do Jornal do Commercio (Caderno Cidades, 26.07.2011, pág 6) que se edita em Pernambuco. “Mais de 70% dos candidatos foram eliminados [...] De cada 4 candidatos que participaram do vestibular para o conjunto das engenharias da Universidade Federal de Pernambuco, realizado este mês, apenas UM conseguiu ultrapassar a nota 2”.
A maçonaria, como a sociedade, está preocupada com esse desleixo. Com esta lentidão que se constata na reação do setor governamental. Todo dia, a mídia anuncia um fato desagradável referente à educação entre nós, quando a educação, para o povo que quer progredir, é investimento essencial e inadiável. Provam isto todas as nações desenvolvidas ou as que estão levando a sério o seu desejo de desenvolvimento.
Como reprova isto a notícia que já começa a circular, de que o Ministério da Educação, embora tenha, para este ano, um orçamento de R$1,37 bilhão para o PAC (programa de aceleração do crescimento), só tenha executado, até junho, R$123,36 milhões. Quer dizer, uma pífia utilização de apenas 9% (nove por cento).
Tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei que estabelece o Plano Nacional de Educação, para dez anos. A maçonaria está acompanhando, com acurada atenção, os seus passos, inclusive contribuindo com sugestões, conforme “Carta de São Paulo” de original entregue pelo Grão-Mestre Presidente da COMAB ao Senador José Sarney, na qualidade de Presidente do Congresso Nacional.
Valho-me deste intermédio, para dizer-me bastante agradecido, face à deferência com que fui acolhido, e impressionado com o alto grau de solidariedade do Rotary Club Recife Brum à campanha que a Maçonaria desenvolve em favor da educação, debatendo o assunto com profundidade e grande interesse.
Vamos continuar rogando ao Grande Arquiteto do Universo que o PNE resulte em efetivo instrumento de combate à ignorância – mãe de todos os vícios – e de fomento ao bem estar do povo brasileiro
(Informabim 291 B)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
INFORMABIM 290 A e B
O SONHO E A ESCADA
Ir.: Antônio do Carmo Ferreira
Não sei se é costume em todas as regiões do Brasil, o maçom dizer que “subiu um degrau na Escada de Jacó”, para externar sua alegria em receber “aumento de salário”.
Aqui, na região em que vivo e tenho vinculação com a Arte Real, é rotina dizer-se esta expressão, tanto na revelação da felicidade de quem foi elevado de grau, como nos discursos de saudação aos beneficiados.
Entendo que deverá ser muito denso o significado deste símbolo na maçonaria (1), diante de tanta ênfase que se lhe dá em seu uso ou ao se fazer a sua exegese, por mais superficial que seja a abordagem.
Não quero falar que a Escada de Jacó é importante, por haver sido admitida no Simbolismo Maçônico e, coincidentemente, ao mesmo tempo em que se inaugurava o primeiro Templo Maçônico, construído como tal e para esta finalidade – o Freemason’s Hall – inaugurado em 1776 (2), no oriente de Londres.
Nem desejo registrar, mas já registrando, a sua importância, porque esteja configurada no Painel da Loja de Aprendiz, elaborado por Willian Dight, em 1808 (3), onde a Escada de Jacó aparece, partindo da Bíblia aberta sobre o altar e alçando-se ao céu, que o alcança no clarão de uma estrela de sete pontas.
Todavia, como se percebe, mesmo sem querer me referir a uma Escada, já falei de duas. Uma, a do sonho de Jacó, cuja descrição vem do Velho Testamento (4). Outra, desenhada por Dight, que se reporta à primeira, mas com omissões e algumas inserções. Na Escada do sonho, ela está ligando a terra ao céu, e anjos, sobem e descem. Na Escada do Painel, ela está ligando a Bíblia do altar ao céu, sem anjos, mas com a introdução de fortes símbolos do cristianismo, quais sejam: a cruz da fé, a âncora da esperança, e o cálice do amor (o sangue do Filho de Deus, derramado em face do amor pela humanidade). (5)
O sonho, teve-o Jacó, e está totalmente narrado no Gênesis. O Senhor, na oportunidade, fala a Jacó de tudo de bom que lhe está reservado, tanto a Jacó quanto à sua descendência – o povo de Israel, nome este que substituiu o de Jacó, após sua luta com o anjo, episódio de que a Bíblia se ocupa no livro de Gênesis (6)
A conversa havida ao pé da Escada inspira o entendimento de uma contrapartida de Jacó e descendentes ao que o Senhor, seu Deus, lhe estava a garantir. Que aquele povo desse à vida o destino de encaminhar-se ao Altíssimo: (7) “uma peregrinação de retorno à Casa do Pai”, como séculos depois, Santo Agostinho ensinava a respeito da vida.
Parece-me não causar arrepios dizer que a maçonaria pensa desta forma, quando proclama a “prevalência do espírito sobre a matéria”. Pensamento este muito bem retratado na composição do compasso e esquadro, sendo este a matéria e aquele o espírito.
A vida, em seus aspectos menos tangíveis, é o mote principal da Ordem. O aperfeiçoamento do iniciado e seu exemplo na comunidade em que habita.. O cuidado com o bem-estar do próximo. O zelo pela família. A dedicação às coisas do amor fraternal. O adepto da maçonaria deve apresentar-se pelo bem que pode fazer.
A Escada de Jacó indica esta trajetória. No que se refere ao sonho, ela é utilizada pelos anjos (seres plenos de virtudes) em sua movimentação. O maçom deverá ser um construtor de templos à virtude. Ele mesmo será uma pedra que se poliu para ocupar espaço na construção. Ascender mais um degrau na Escada é estar mais perto do Criador. Significa dizer: possuir mais virtudes. A contrapartida ao que o Senhor ofertou a Jacó.
A Escada de Jacó, na concepção de Dight, que contém os símbolos da fé, da esperança e do amor, tem o chamamento do maçom a seu próprio aperfeiçoamento.
Se o maçom diz que subiu um degrau na Escada, tem convicção do que está dizendo, e acredita nisto, ele está declarando seu compromisso com esta prática de amar a Deus, pois está em seu caminho; de aperfeiçoar-se, porque é destinado a ser templo de Deus (8); e de amar ao próximo que é um estágio da Escada, que se encontra mais aproximado do Altíssimo.
Que o Grande Arquiteto do Universo conceda, sempre, aos irmãos maçons a força e o vigor suficientes para subirem, não somente um, porém vários degraus nesta desafiadora “escada”, com a qual sonhou Jacó e na qual a maçonaria se inspira a cada instante.
RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS
(1) “A Escada de Jacob é alegoria de origem bíblica e designa a escada que Jacob viu em sonho, a qual simbolizava a providência e cuidado especial de Deus por Jacob; os anjos levavam suas orações e necessidades ao trono de Deus e desciam com as bênçãos divinas; em Maçonaria ela é representada sobre o círculo entre paralelas verticais e tangenciais, tendo no topo, uma estrela de sete pontas, como símbolo da ligação do iniciado com Deus, através da ascensão na escada iniciática”. José Castellani, no livro Dicionário Etimológico Maçônico, vol. DEFG, pág. 59, Editora A Trolha, Londrina/PR..
(2) “Naquele ano foi pintado um Painel... tudo leva a crer que o irmão Pintor... acrescentou também a Escada de Jacó, que desde alguns anos antes já vinha sendo ensinado nas Lojas. Lendo Machey, vemos que no rito de York, a Escada não era um Símbolo original, tendo sido introduzido por Dunckerley em 1776, época em que Priston iniciou suas LEITURAS. O que vem a comprovar, é que, até aquela data, a Escada de Jacó ainda não era um Símbolo Maçônico. No Rito Escocês Antigo e Aceito, ela entrou pelas mãos de Miguel André de Ransay, que era um ardoroso defensor dos Stwarts, transformando em símbolo maçônico a Escada Mística dos Mistérios Mitraicos.” Francisco de Assis Carvalho no livro “Símbolos Maçônicos e suas origens”, págs. 135, 136 e 137, Editora A Trolha, Londrina/PR..
(3) “Willian Dight, um maçom inglês, pintor, em 1808 elaborou três Painéis sobre lona, como era de uso na época.” Rizzardo Da Camino no livro “Os Painéis da Loja de Aprendiz” pág. 109, Editora A Trolha. Na pág. 110 da mesma obra, está reproduzido o painel onde se encontra o desenho da Escada de Jacó.
(4) Gênesis 28:10 – 17
(5) I Cor 13:13
(6) Gênesis 32: 28
(7) Gênesis 28:20 – 22
(8) I Cor 6: 19
(Informabim 290 B)
Ir.: Antônio do Carmo Ferreira
Não sei se é costume em todas as regiões do Brasil, o maçom dizer que “subiu um degrau na Escada de Jacó”, para externar sua alegria em receber “aumento de salário”.
Aqui, na região em que vivo e tenho vinculação com a Arte Real, é rotina dizer-se esta expressão, tanto na revelação da felicidade de quem foi elevado de grau, como nos discursos de saudação aos beneficiados.
Entendo que deverá ser muito denso o significado deste símbolo na maçonaria (1), diante de tanta ênfase que se lhe dá em seu uso ou ao se fazer a sua exegese, por mais superficial que seja a abordagem.
Não quero falar que a Escada de Jacó é importante, por haver sido admitida no Simbolismo Maçônico e, coincidentemente, ao mesmo tempo em que se inaugurava o primeiro Templo Maçônico, construído como tal e para esta finalidade – o Freemason’s Hall – inaugurado em 1776 (2), no oriente de Londres.
Nem desejo registrar, mas já registrando, a sua importância, porque esteja configurada no Painel da Loja de Aprendiz, elaborado por Willian Dight, em 1808 (3), onde a Escada de Jacó aparece, partindo da Bíblia aberta sobre o altar e alçando-se ao céu, que o alcança no clarão de uma estrela de sete pontas.
Todavia, como se percebe, mesmo sem querer me referir a uma Escada, já falei de duas. Uma, a do sonho de Jacó, cuja descrição vem do Velho Testamento (4). Outra, desenhada por Dight, que se reporta à primeira, mas com omissões e algumas inserções. Na Escada do sonho, ela está ligando a terra ao céu, e anjos, sobem e descem. Na Escada do Painel, ela está ligando a Bíblia do altar ao céu, sem anjos, mas com a introdução de fortes símbolos do cristianismo, quais sejam: a cruz da fé, a âncora da esperança, e o cálice do amor (o sangue do Filho de Deus, derramado em face do amor pela humanidade). (5)
O sonho, teve-o Jacó, e está totalmente narrado no Gênesis. O Senhor, na oportunidade, fala a Jacó de tudo de bom que lhe está reservado, tanto a Jacó quanto à sua descendência – o povo de Israel, nome este que substituiu o de Jacó, após sua luta com o anjo, episódio de que a Bíblia se ocupa no livro de Gênesis (6)
A conversa havida ao pé da Escada inspira o entendimento de uma contrapartida de Jacó e descendentes ao que o Senhor, seu Deus, lhe estava a garantir. Que aquele povo desse à vida o destino de encaminhar-se ao Altíssimo: (7) “uma peregrinação de retorno à Casa do Pai”, como séculos depois, Santo Agostinho ensinava a respeito da vida.
Parece-me não causar arrepios dizer que a maçonaria pensa desta forma, quando proclama a “prevalência do espírito sobre a matéria”. Pensamento este muito bem retratado na composição do compasso e esquadro, sendo este a matéria e aquele o espírito.
A vida, em seus aspectos menos tangíveis, é o mote principal da Ordem. O aperfeiçoamento do iniciado e seu exemplo na comunidade em que habita.. O cuidado com o bem-estar do próximo. O zelo pela família. A dedicação às coisas do amor fraternal. O adepto da maçonaria deve apresentar-se pelo bem que pode fazer.
A Escada de Jacó indica esta trajetória. No que se refere ao sonho, ela é utilizada pelos anjos (seres plenos de virtudes) em sua movimentação. O maçom deverá ser um construtor de templos à virtude. Ele mesmo será uma pedra que se poliu para ocupar espaço na construção. Ascender mais um degrau na Escada é estar mais perto do Criador. Significa dizer: possuir mais virtudes. A contrapartida ao que o Senhor ofertou a Jacó.
A Escada de Jacó, na concepção de Dight, que contém os símbolos da fé, da esperança e do amor, tem o chamamento do maçom a seu próprio aperfeiçoamento.
Se o maçom diz que subiu um degrau na Escada, tem convicção do que está dizendo, e acredita nisto, ele está declarando seu compromisso com esta prática de amar a Deus, pois está em seu caminho; de aperfeiçoar-se, porque é destinado a ser templo de Deus (8); e de amar ao próximo que é um estágio da Escada, que se encontra mais aproximado do Altíssimo.
Que o Grande Arquiteto do Universo conceda, sempre, aos irmãos maçons a força e o vigor suficientes para subirem, não somente um, porém vários degraus nesta desafiadora “escada”, com a qual sonhou Jacó e na qual a maçonaria se inspira a cada instante.
RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS
(1) “A Escada de Jacob é alegoria de origem bíblica e designa a escada que Jacob viu em sonho, a qual simbolizava a providência e cuidado especial de Deus por Jacob; os anjos levavam suas orações e necessidades ao trono de Deus e desciam com as bênçãos divinas; em Maçonaria ela é representada sobre o círculo entre paralelas verticais e tangenciais, tendo no topo, uma estrela de sete pontas, como símbolo da ligação do iniciado com Deus, através da ascensão na escada iniciática”. José Castellani, no livro Dicionário Etimológico Maçônico, vol. DEFG, pág. 59, Editora A Trolha, Londrina/PR..
(2) “Naquele ano foi pintado um Painel... tudo leva a crer que o irmão Pintor... acrescentou também a Escada de Jacó, que desde alguns anos antes já vinha sendo ensinado nas Lojas. Lendo Machey, vemos que no rito de York, a Escada não era um Símbolo original, tendo sido introduzido por Dunckerley em 1776, época em que Priston iniciou suas LEITURAS. O que vem a comprovar, é que, até aquela data, a Escada de Jacó ainda não era um Símbolo Maçônico. No Rito Escocês Antigo e Aceito, ela entrou pelas mãos de Miguel André de Ransay, que era um ardoroso defensor dos Stwarts, transformando em símbolo maçônico a Escada Mística dos Mistérios Mitraicos.” Francisco de Assis Carvalho no livro “Símbolos Maçônicos e suas origens”, págs. 135, 136 e 137, Editora A Trolha, Londrina/PR..
(3) “Willian Dight, um maçom inglês, pintor, em 1808 elaborou três Painéis sobre lona, como era de uso na época.” Rizzardo Da Camino no livro “Os Painéis da Loja de Aprendiz” pág. 109, Editora A Trolha. Na pág. 110 da mesma obra, está reproduzido o painel onde se encontra o desenho da Escada de Jacó.
(4) Gênesis 28:10 – 17
(5) I Cor 13:13
(6) Gênesis 32: 28
(7) Gênesis 28:20 – 22
(8) I Cor 6: 19
(Informabim 290 B)
domingo, 10 de julho de 2011
INFORMABIM 289 A e B
RESPONSABILIDADE EDUCACIONAL
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Venho tratando, com insistência, da situação em que se encontra a qualidade da educação pública em nosso País. Tenho feito isto sob um enfoque maçônico, dado fazer parte da Fraternidade, em cujos objetivos se inclui o permanente combate à ignorância. E, em nome de uma de suas integrantes de que recebi delegação, procuro desincumbir-me da missão, dirigindo debates nas assembléias, instruindo em Lojas e divulgando as sugestões em artigos que os tenho publicado, quinzenalmente, nos principais jornais e revistas da Ordem.
O presente momento é convidativo para isto, diante da crítica internacional e mesmo perante o diagnóstico conhecido por todos, revelantes de uma imagem desoladora, e, ao tempo em que tramita na Câmara dos Deputados a proposta governamental – PNE – com que o Poder Executivo pretende estabelecer as diretrizes, para o setor, no período decenal que se inicia este ano, buscando decerto a qualificação que a construção de nosso futuro requer.
Entende-se que o Plano governamental é bom. Mas temos alertado para que todos acompanhem a sua tramitação, impedindo que ele seja desfigurado. Mais ainda: oferecendo as sugestões para melhorá-lo. E, sem dúvidas, elas são muitas. Uma delas, por exemplo, é a revogação da Lei que permite o analfabeto votar. Se realmente queremos erradicar o analfabetismo neste decênio, como sinaliza o PNE, não tem cabimento, por razões obvias, manter-se em vigor uma lei que permite o analfabeto votar, até premiando-o com o direito de escolher todos os dirigentes da Nação. A restrição é que será o estímulo de procura à escola.
Outros dois pontos que tenho abordado reiteradas vezes são os referentes à existência dos planos de atividades educacionais nos Estados e Municípios. No diagnóstico de nosso atual estágio da educação pública, ressalta a notícia de que poucos são os Estados que têm plano de educação, e se os Estados são poucos muito menos são os Municípios. Então voltamos aos ensinamentos do velho Sêneca: “O marujo que não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe sopra favorável”.
Quando o PNE foi anunciado e com sua chegada ao Congresso Nacional, falou-se muito a respeito dos recursos financeiros comprometidos que seriam da ordem dos 7% do PIB – produto interno bruto. E houve grita em favor de alavancar-se o piso para 10%. Mas ao mesmo tempo, vários jornais impressos e de televisão registravam que os recursos financeiros, mesmo inferiores a 7%, foram suficientes, a aplicação é que teria sido falha. Quer dizer, nem existiam metas a alcançar. A pulverização dos recursos foi diagnosticada pela inferior qualidade com que a educação pública se revelara.
Então que nos acudam as sagradas escrituras em seu novo testamento: “não só orar, mas não esquecer nunca de vigiar”. É imprescindível ao sucesso do plano, a inserção, em seu conteúdo, da responsabilidade por este êxito. Metas estabelecidas, meios condicionados e a fiscalização a respeito da aplicação dos meios e da consecução dessas metas ao tempo estabelecido.
São evidentes estas preocupações em nossos debates no seio da maçonaria e nos artigos que tenho publicado. Em “uma urgente e doce revolução”, de fevereiro, fiz referência a projeto de lei, de iniciativa do Poder Executivo, enviado à Câmara, em novembro/10, que “objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional”. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos. E os cumpridores de seus deveres sejam louvados.
Para grande alegria nossa, viemos a saber que o Deputado Federal Raul Henry desenvolve gestões no sentido de vir a ser escolhido para relatar a matéria. Quer dizer, foi vitoriosa a constatação de que se torna necessário e indispensável o estabelecimento da responsabilidade de quem executa o plano de educação pública, passando a ser crime o descumprimento, seja na ação, seja na omissão.
Falei em alegria, também porque o Deputado Henry, desta forma, pensa igualzinho à maçonaria, mas sem a ela pertencer, nessa luta da educação pública. E possui grande experiência no assunto, tendo sido Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e, posteriormente, Secretário Estadual para os assuntos da Educação em Pernambuco. Candidato a Prefeito do Recife, debateu o assunto educação pública e mostrou a sua potencialidade para levá-lo a auspiciosos resultados. Faço votos que seja vitorioso nessa cruzada pela relatoria, pois em alcançando tal desejo, o Plano Nacional de Educação fugirá do rótulo de “uma mera carta de boas intenções”, para resultar completo com a existência e exigência da responsabilidade educacional.
(Informabim 289 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Venho tratando, com insistência, da situação em que se encontra a qualidade da educação pública em nosso País. Tenho feito isto sob um enfoque maçônico, dado fazer parte da Fraternidade, em cujos objetivos se inclui o permanente combate à ignorância. E, em nome de uma de suas integrantes de que recebi delegação, procuro desincumbir-me da missão, dirigindo debates nas assembléias, instruindo em Lojas e divulgando as sugestões em artigos que os tenho publicado, quinzenalmente, nos principais jornais e revistas da Ordem.
O presente momento é convidativo para isto, diante da crítica internacional e mesmo perante o diagnóstico conhecido por todos, revelantes de uma imagem desoladora, e, ao tempo em que tramita na Câmara dos Deputados a proposta governamental – PNE – com que o Poder Executivo pretende estabelecer as diretrizes, para o setor, no período decenal que se inicia este ano, buscando decerto a qualificação que a construção de nosso futuro requer.
Entende-se que o Plano governamental é bom. Mas temos alertado para que todos acompanhem a sua tramitação, impedindo que ele seja desfigurado. Mais ainda: oferecendo as sugestões para melhorá-lo. E, sem dúvidas, elas são muitas. Uma delas, por exemplo, é a revogação da Lei que permite o analfabeto votar. Se realmente queremos erradicar o analfabetismo neste decênio, como sinaliza o PNE, não tem cabimento, por razões obvias, manter-se em vigor uma lei que permite o analfabeto votar, até premiando-o com o direito de escolher todos os dirigentes da Nação. A restrição é que será o estímulo de procura à escola.
Outros dois pontos que tenho abordado reiteradas vezes são os referentes à existência dos planos de atividades educacionais nos Estados e Municípios. No diagnóstico de nosso atual estágio da educação pública, ressalta a notícia de que poucos são os Estados que têm plano de educação, e se os Estados são poucos muito menos são os Municípios. Então voltamos aos ensinamentos do velho Sêneca: “O marujo que não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe sopra favorável”.
Quando o PNE foi anunciado e com sua chegada ao Congresso Nacional, falou-se muito a respeito dos recursos financeiros comprometidos que seriam da ordem dos 7% do PIB – produto interno bruto. E houve grita em favor de alavancar-se o piso para 10%. Mas ao mesmo tempo, vários jornais impressos e de televisão registravam que os recursos financeiros, mesmo inferiores a 7%, foram suficientes, a aplicação é que teria sido falha. Quer dizer, nem existiam metas a alcançar. A pulverização dos recursos foi diagnosticada pela inferior qualidade com que a educação pública se revelara.
Então que nos acudam as sagradas escrituras em seu novo testamento: “não só orar, mas não esquecer nunca de vigiar”. É imprescindível ao sucesso do plano, a inserção, em seu conteúdo, da responsabilidade por este êxito. Metas estabelecidas, meios condicionados e a fiscalização a respeito da aplicação dos meios e da consecução dessas metas ao tempo estabelecido.
São evidentes estas preocupações em nossos debates no seio da maçonaria e nos artigos que tenho publicado. Em “uma urgente e doce revolução”, de fevereiro, fiz referência a projeto de lei, de iniciativa do Poder Executivo, enviado à Câmara, em novembro/10, que “objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional”. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos. E os cumpridores de seus deveres sejam louvados.
Para grande alegria nossa, viemos a saber que o Deputado Federal Raul Henry desenvolve gestões no sentido de vir a ser escolhido para relatar a matéria. Quer dizer, foi vitoriosa a constatação de que se torna necessário e indispensável o estabelecimento da responsabilidade de quem executa o plano de educação pública, passando a ser crime o descumprimento, seja na ação, seja na omissão.
Falei em alegria, também porque o Deputado Henry, desta forma, pensa igualzinho à maçonaria, mas sem a ela pertencer, nessa luta da educação pública. E possui grande experiência no assunto, tendo sido Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e, posteriormente, Secretário Estadual para os assuntos da Educação em Pernambuco. Candidato a Prefeito do Recife, debateu o assunto educação pública e mostrou a sua potencialidade para levá-lo a auspiciosos resultados. Faço votos que seja vitorioso nessa cruzada pela relatoria, pois em alcançando tal desejo, o Plano Nacional de Educação fugirá do rótulo de “uma mera carta de boas intenções”, para resultar completo com a existência e exigência da responsabilidade educacional.
(Informabim 289 B)
quinta-feira, 30 de junho de 2011
INFORMABIM 288 A e B
SE AS METAS FORAM ATINGIDAS
Irm Antônio do Carmo Ferreira
São muito boas as notícias que nos têm chegado a respeito da tramitação do Plano Nacional de Educação na Câmara dos Deputados. São notícias que demonstram estar a Nação atenta ao que se discute sobre a educação, especialmente sobre o que se pretende estabelecer com relação à melhoria de sua qualidade no setor público. Não só as organizações e sindicatos vinculados ao ensino, mas também Deputados Federais integrantes da Comissão de Educação e Cultura têm realizado audiência pública em quase todos os Estados, debatendo com o povo, expondo as metas e estratégias do PNE, e colhendo idéias com que o plano decenal de nossa educação possa vir a ser uma lei que atenda aos anseios do setor e que este se torne uma efetiva contribuição ao progresso do Brasil, colocando o nosso sistema educacional público em melhor conceito perante os demais povos desenvolvidos.
As notícias dão conta também, e até estão louvando, do engajamento da Maçonaria nesse esforço pela melhoria da qualidade da educação no País. E esta luta não se inaugura com o advento do presente plano decenal. A maçonaria é progressista, e, mais ainda, muito exigente quanto à distribuição desse progresso. É que os seus resultados sejam uma dádiva para todos, caso contrário o “desenvolvimento” geraria a desunião e não “a paz”, que lhe seria “o novo nome” a que se reportou Paulo VI em sua encíclica Populorum Progressio. A Maçonaria objetiva tornar feliz a humanidade e entende que a via principal para isso está no combate à ignorância por ser ela a mãe de todos os vícios.
O PNE, para 2011-2020, chegou ao Congresso Nacional no mês de novembro do ano passado, mas a COMAB já havia reunido seus Grão-Mestres em Assembléias Gerais da Fraternidade em Blumenau/SC, Recife/PE e Macapá/AP para denunciar a situação crítica da educação pública no País. Prosseguiu com as Assembléias em Brasília, São Paulo e João Pessoa. Em São Paulo se deu o XVI Encontro Nacional da Cultura Maçônica, expedindo-se aí uma CARTA ao País, da qual os originais foram entregues ao Senador José Sarney, em audiência especial concedida ao Grão-Mestre Rubens Franz então Presidente da Confederação Maçônica do Brasil. No mesmo Encontro de São Paulo foi lançado o livro EDUCAÇÃO & MAÇONARIA que trata do PNE e revela a preocupação da Ordem quanto à qualidade da educação pública, fazendo sugestões para sua melhoria..
O Plano encaminhado pelo governo é bom. Nosso grande cuidado deve girar em dois sentidos. Não permitir que ele seja desfigurado para atender a interesses de pessoas ou de ideologias. Mas envidar esforço, para que se entenda e se deixe patente na lei que a educação para todos, como desejou o constituinte, não é dever apenas do Governo (Executivo), pois também deverá ser da Justiça, da Sociedade, da Família. , da Escola.
O Governo Federal acena com 7% do produto interno bruto para as despesas com a educação. Os líderes entendem que as necessidades do setor exigem 10% do PIB. Mas não basta o gado é preciso o olho do fazendeiro. É necessário que se inclua na lei de diretrizes decorrente do Plano a definição do crime de responsabilidade educacional (1) e se delegue competência ao Ministério Público para denunciá-lo. É só dá uma olhadinha no que tem acontecido com referência ao crime de responsabilidade fiscal !
Os recursos financeiros são suficientes. Vamos pensar que sejam. Mas é preciso fezê-los chegar a seu destino e que eles aí sejam aplicados conforme as metas estabelecidas. Então as metas, para o setor, haverão de existir tanto nos Estados como nos Municípios. Sem os planos locais, nada feito. É como aconselhava o filósofo Sêneca: “marujo que não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe sopra favorável”. Portanto nada melhor nem mais eficaz, em cada município, que a existência de grupos fiscais, onde se incluam, sem remuneração, dirigentes de escolas e funcionários, pais e alunos, maçonaria e outras organizações da comunidade, que acompanhem se as metas estabelecidas foram realmente alcançadas.
(1) Tramita, na Câmara dos Deputados, desde novembro/11, projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo que objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos.
(Informabim 288 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
São muito boas as notícias que nos têm chegado a respeito da tramitação do Plano Nacional de Educação na Câmara dos Deputados. São notícias que demonstram estar a Nação atenta ao que se discute sobre a educação, especialmente sobre o que se pretende estabelecer com relação à melhoria de sua qualidade no setor público. Não só as organizações e sindicatos vinculados ao ensino, mas também Deputados Federais integrantes da Comissão de Educação e Cultura têm realizado audiência pública em quase todos os Estados, debatendo com o povo, expondo as metas e estratégias do PNE, e colhendo idéias com que o plano decenal de nossa educação possa vir a ser uma lei que atenda aos anseios do setor e que este se torne uma efetiva contribuição ao progresso do Brasil, colocando o nosso sistema educacional público em melhor conceito perante os demais povos desenvolvidos.
As notícias dão conta também, e até estão louvando, do engajamento da Maçonaria nesse esforço pela melhoria da qualidade da educação no País. E esta luta não se inaugura com o advento do presente plano decenal. A maçonaria é progressista, e, mais ainda, muito exigente quanto à distribuição desse progresso. É que os seus resultados sejam uma dádiva para todos, caso contrário o “desenvolvimento” geraria a desunião e não “a paz”, que lhe seria “o novo nome” a que se reportou Paulo VI em sua encíclica Populorum Progressio. A Maçonaria objetiva tornar feliz a humanidade e entende que a via principal para isso está no combate à ignorância por ser ela a mãe de todos os vícios.
O PNE, para 2011-2020, chegou ao Congresso Nacional no mês de novembro do ano passado, mas a COMAB já havia reunido seus Grão-Mestres em Assembléias Gerais da Fraternidade em Blumenau/SC, Recife/PE e Macapá/AP para denunciar a situação crítica da educação pública no País. Prosseguiu com as Assembléias em Brasília, São Paulo e João Pessoa. Em São Paulo se deu o XVI Encontro Nacional da Cultura Maçônica, expedindo-se aí uma CARTA ao País, da qual os originais foram entregues ao Senador José Sarney, em audiência especial concedida ao Grão-Mestre Rubens Franz então Presidente da Confederação Maçônica do Brasil. No mesmo Encontro de São Paulo foi lançado o livro EDUCAÇÃO & MAÇONARIA que trata do PNE e revela a preocupação da Ordem quanto à qualidade da educação pública, fazendo sugestões para sua melhoria..
O Plano encaminhado pelo governo é bom. Nosso grande cuidado deve girar em dois sentidos. Não permitir que ele seja desfigurado para atender a interesses de pessoas ou de ideologias. Mas envidar esforço, para que se entenda e se deixe patente na lei que a educação para todos, como desejou o constituinte, não é dever apenas do Governo (Executivo), pois também deverá ser da Justiça, da Sociedade, da Família. , da Escola.
O Governo Federal acena com 7% do produto interno bruto para as despesas com a educação. Os líderes entendem que as necessidades do setor exigem 10% do PIB. Mas não basta o gado é preciso o olho do fazendeiro. É necessário que se inclua na lei de diretrizes decorrente do Plano a definição do crime de responsabilidade educacional (1) e se delegue competência ao Ministério Público para denunciá-lo. É só dá uma olhadinha no que tem acontecido com referência ao crime de responsabilidade fiscal !
Os recursos financeiros são suficientes. Vamos pensar que sejam. Mas é preciso fezê-los chegar a seu destino e que eles aí sejam aplicados conforme as metas estabelecidas. Então as metas, para o setor, haverão de existir tanto nos Estados como nos Municípios. Sem os planos locais, nada feito. É como aconselhava o filósofo Sêneca: “marujo que não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe sopra favorável”. Portanto nada melhor nem mais eficaz, em cada município, que a existência de grupos fiscais, onde se incluam, sem remuneração, dirigentes de escolas e funcionários, pais e alunos, maçonaria e outras organizações da comunidade, que acompanhem se as metas estabelecidas foram realmente alcançadas.
(1) Tramita, na Câmara dos Deputados, desde novembro/11, projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo que objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos.
(Informabim 288 B)
quinta-feira, 16 de junho de 2011
INFORMABIM 287 A e B
“ISSO, ARNESTO, NUM SE FAZ!”
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A partir do momento em que a notícia começou a circular, não pararam de me chegar telefonemas, bilhetinhos e e-mails. Tantos foram eles que já me causavam aborrecimentos. É que a mídia preenchia grandes espaços com a informação de que autoridades do setor educacional haviam autorizado o uso, nas escolas, de livros através dos quais eram ensinadas formas de concordância que destoavam das regras tradicionais.
Quero crer que essa procura por mim se devia ao fato de que, recentemente, publiquei o livro “Educação & Maçonaria”, revelando o desejo da Ordem Maçônica em ver o movimento educacional entre nós na mais alta consideração.
“Nós pega o peixe” era o tipo do ensino de que se reclamava, e que estava colocado à disposição de mais de meio milhão de estudantes em todo o País, por intermédio de livro da coleção Viver, Aprender. O descontentamento se tornava geral e até se indagava qual seria, com isto, a real intenção do governo, considerando que esse tipo de ensino não se presta para concurso, nem de acesso a emprego, nem de vestibular, resultando, como se torna óbvio, numa via para a exclusão social, sendo portanto um crime contra a juventude.
Tão perniciosos são vistos, por muitos, esses ensinamentos que a Defensoria Pública da União no Distrito Federal, numa sábia interpretação desse alarme da sociedade, entrou com ação na Justiça Federal, para que o livro “Por uma vida melhor” seja recolhido das escolas públicas em que foram distribuídos.(Jornal do Commercio, Recife, 31.05.2011)
Encontra-se em apreciação no Congresso Nacional projeto de lei, mediante o qual o Governo propõe o Plano Nacional de Educação – PNE, para uma vigência de 10 anos. É através desse dispositivo que se busca o estabelecer dos caminhos para a melhoria da qualidade de nossa educação, arrancando-a da situação de inferioridade em que se encontra perante as avaliações internacionais. P o i s
bem, é neste momento em que as instituições se empenham para que as esperanças se tornem realidade e esta nos ponha na trilha do progresso que surgem entraves e contradições assim.
Desejo lembrar que a Maçonaria tem lugar proeminente entre as instituições e sociedades engajadas neste esforço da melhoria da qualidade de nossa educação. Não somente que ela se torne um bem para todos e que em conseqüência diga-se adeus ao analfabetismo, mas também que se cuide da formação técnico-profissional do alunado e do respeito à dignidade de nossos mestres. Com este projeto, todos haverão de estar comprometidos; o governo, a família, a sociedade, a escola.
Digo até que deve ser inserto no PNE dispositivo que caracterize como crime a irresponsabilidade educacional e que o Ministério Público tenha acrescido em sua competência a função de denunciá-lo. Pois é preciso combater a ignorância, insistimos, porque ela “é a mãe de todos os vícios”. E uma das formas como a ignorância aparece é no “saber errado o que se deve saber certo”. Ou copiando o Correio Braziliense: “Oferecer como modelo um livro eivado de barbarismo é apostar na manutenção da ignorância”.
Agora, vem uma outra onda de desgosto, a de que o ministério da educação estaria distribuindo, nas escolas, livros que ensinam aritmética com erro de soma. Ensinam, para citar um exemplo, que a diferença 10 menos 7 é igual a 4. Falam que o ano passado foram distribuídos esses livros para quase um milhão e meio de matriculados em escolas rurais de todo o País. Em termos financeiros, são R$14 milhões saídos do bolso do contribuinte que deveriam ter um destino responsável e correto.
Eu nem sei se vou acreditar nessa notícia. Mas se essa informação procede, lógico que não terei dúvida em pedir licença a Adoniram Barbosa para dar o mesmo conselho com que ele advertiu aquele senhor do bairro paulistano do Brás: “Isso num se faz, Arnesto!”.
(Informabim 287 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A partir do momento em que a notícia começou a circular, não pararam de me chegar telefonemas, bilhetinhos e e-mails. Tantos foram eles que já me causavam aborrecimentos. É que a mídia preenchia grandes espaços com a informação de que autoridades do setor educacional haviam autorizado o uso, nas escolas, de livros através dos quais eram ensinadas formas de concordância que destoavam das regras tradicionais.
Quero crer que essa procura por mim se devia ao fato de que, recentemente, publiquei o livro “Educação & Maçonaria”, revelando o desejo da Ordem Maçônica em ver o movimento educacional entre nós na mais alta consideração.
“Nós pega o peixe” era o tipo do ensino de que se reclamava, e que estava colocado à disposição de mais de meio milhão de estudantes em todo o País, por intermédio de livro da coleção Viver, Aprender. O descontentamento se tornava geral e até se indagava qual seria, com isto, a real intenção do governo, considerando que esse tipo de ensino não se presta para concurso, nem de acesso a emprego, nem de vestibular, resultando, como se torna óbvio, numa via para a exclusão social, sendo portanto um crime contra a juventude.
Tão perniciosos são vistos, por muitos, esses ensinamentos que a Defensoria Pública da União no Distrito Federal, numa sábia interpretação desse alarme da sociedade, entrou com ação na Justiça Federal, para que o livro “Por uma vida melhor” seja recolhido das escolas públicas em que foram distribuídos.(Jornal do Commercio, Recife, 31.05.2011)
Encontra-se em apreciação no Congresso Nacional projeto de lei, mediante o qual o Governo propõe o Plano Nacional de Educação – PNE, para uma vigência de 10 anos. É através desse dispositivo que se busca o estabelecer dos caminhos para a melhoria da qualidade de nossa educação, arrancando-a da situação de inferioridade em que se encontra perante as avaliações internacionais. P o i s
bem, é neste momento em que as instituições se empenham para que as esperanças se tornem realidade e esta nos ponha na trilha do progresso que surgem entraves e contradições assim.
Desejo lembrar que a Maçonaria tem lugar proeminente entre as instituições e sociedades engajadas neste esforço da melhoria da qualidade de nossa educação. Não somente que ela se torne um bem para todos e que em conseqüência diga-se adeus ao analfabetismo, mas também que se cuide da formação técnico-profissional do alunado e do respeito à dignidade de nossos mestres. Com este projeto, todos haverão de estar comprometidos; o governo, a família, a sociedade, a escola.
Digo até que deve ser inserto no PNE dispositivo que caracterize como crime a irresponsabilidade educacional e que o Ministério Público tenha acrescido em sua competência a função de denunciá-lo. Pois é preciso combater a ignorância, insistimos, porque ela “é a mãe de todos os vícios”. E uma das formas como a ignorância aparece é no “saber errado o que se deve saber certo”. Ou copiando o Correio Braziliense: “Oferecer como modelo um livro eivado de barbarismo é apostar na manutenção da ignorância”.
Agora, vem uma outra onda de desgosto, a de que o ministério da educação estaria distribuindo, nas escolas, livros que ensinam aritmética com erro de soma. Ensinam, para citar um exemplo, que a diferença 10 menos 7 é igual a 4. Falam que o ano passado foram distribuídos esses livros para quase um milhão e meio de matriculados em escolas rurais de todo o País. Em termos financeiros, são R$14 milhões saídos do bolso do contribuinte que deveriam ter um destino responsável e correto.
Eu nem sei se vou acreditar nessa notícia. Mas se essa informação procede, lógico que não terei dúvida em pedir licença a Adoniram Barbosa para dar o mesmo conselho com que ele advertiu aquele senhor do bairro paulistano do Brás: “Isso num se faz, Arnesto!”.
(Informabim 287 B)
domingo, 5 de junho de 2011
INFORMABIM 286 A e B
SE FOSSE APENAS UM PESADELO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A falta de cuidado com a qualidade da educação pública se estabeleceu no Brasil e, ao que se percebe, dá sinais de evolução, nada obstante o esforço envidado em contrário por muita gente e associações, através de projetos de lei, de orientações, de alerta em artigos e livros, de reuniões e assembléias, mas o mal não cede. São denúncias seguidas, vindas de todos os Estados. Escolas degradadas, aonde o alunado vai menos pelo ensino, mais pela merenda, a qual, ao que se noticia, está sendo oferecida em condições impróprias ao consumo humano. Falam até do entorno da escola como ponto de negócios para drogas. Hoje, ao se perguntar pelo professor a um de seus familiares, a resposta é de que ele “foi dar aula”. Sim, “dar aula”, tão baixa é a remuneração, ao que se juntam adicionais como o desestímulo ao desenvolvimento da vocação para o magistério e o desrespeito aos que abraçam o sacerdócio da formação das gerações.
O jornal O Globo, em edição de 9 de abril deste ano, publicou artigo do senador Cristóvão Buarque sobre “as vergonhas que temos”, em que ele trata do mundo econômico brasileiro que alardeiam ser um paraíso e do nosso mundo social, a respeito de que não falam, porque, no estado precário em que se encontra, fere as nossas vergonhas.
Conta ele que Vitor Hugo se negara a apertar a mão do imperador Pedro II, porque sua majestade convivia com a escravidão. Então que faria hoje o romancista francês perante a mão estendida do brasileiro? Certamente, entende o professor Buarque, Vitor Hugo não lhe apertaria a mão, pelo mesmo motivo – convivência com a escravidão, sendo que a de nossos dias é muito pior que a do passado, a que provém da inferioridade educacional.
E não são poucos os que se encontram nesse estado, infelizmente com predomínio no Brasil. Pois “a maioria dos adultos analfabetos (do mundo) vive em apenas dez países, sendo o Brasil um deles, com 14 milhões, com o agravamento de que, em nosso País, eles nem ao menos reconhecem a própria bandeira. De 1889 até hoje, chegamos à sétima posição mundial na economia, mas temos quase três vezes mais brasileiros adultos iletrados do que tínhamos naquele ano; além de 30 a 40 milhões de analfabetos funcionais”.
Então como se pensar num Brasil, soberano e próspero, se a educação não for para todos e de qualidade ? Aliás, há quem já esteja ensinando que “falar errado” é remédio para “uma vida melhor”. Pior é que o MEC tem apoiado essa posição. Os jornais noticiam que 484.195 alunos receberam, neste ano, livros que ensinam expressões como “os livro”, “nós pega o peixe” e isto já vem acontecendo há 10 anos, com “pelo menos 2 milhões de livros distribuídos a jovens e adultos pelo Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação”. Também tenho para mim que se o objetivo é a inclusão social, esse ensinamento não resultará proveitoso. Rápido e ao inverso, chegar-se-á à exclusão social. E mande-se dinheiro pelo ralo.
É preciso combater a ignorância, porque “ela é a mãe de todos os vícios”, conforme ensina a maçonaria. E “saber mal o que se deve saber certo” é um dos seus aspectos. Desejo lembrar que a instituição maçônica tem estado vigilante à tramitação do PNE (Plano Nacional de Educação) na Câmara dos Deputados e já expôs a sua posição sobre a melhoria da qualidade da educação em todas as suas Assembléias Gerais (COMAB) desde fevereiro de 2010, culminando com a Carta de São Paulo (9 de abril de 2011) cujo original foi entregue ao Senador Sarney, na qualidade de presidente do Congresso Nacional. Ressaltam, de suas decisões, bandeiras como: erradicação do analfabetismo até 2017; valorização dos profissionais da educação; melhoria na educação básica; construção de uma nova vertente para a universidade e para o ensino técnico profissionalizante; comprometimento de valor correspondente a 10% do PIB com a educação; definição como crime a irresponsabilidade educacional, penalizando-se severamente o infrator.
Melhor seria, porém, que estas notícias fossem apenas um pesadelo, porque para nos livrarmos de sua presença, bastaria um simples despertar. (Informabim 286 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A falta de cuidado com a qualidade da educação pública se estabeleceu no Brasil e, ao que se percebe, dá sinais de evolução, nada obstante o esforço envidado em contrário por muita gente e associações, através de projetos de lei, de orientações, de alerta em artigos e livros, de reuniões e assembléias, mas o mal não cede. São denúncias seguidas, vindas de todos os Estados. Escolas degradadas, aonde o alunado vai menos pelo ensino, mais pela merenda, a qual, ao que se noticia, está sendo oferecida em condições impróprias ao consumo humano. Falam até do entorno da escola como ponto de negócios para drogas. Hoje, ao se perguntar pelo professor a um de seus familiares, a resposta é de que ele “foi dar aula”. Sim, “dar aula”, tão baixa é a remuneração, ao que se juntam adicionais como o desestímulo ao desenvolvimento da vocação para o magistério e o desrespeito aos que abraçam o sacerdócio da formação das gerações.
O jornal O Globo, em edição de 9 de abril deste ano, publicou artigo do senador Cristóvão Buarque sobre “as vergonhas que temos”, em que ele trata do mundo econômico brasileiro que alardeiam ser um paraíso e do nosso mundo social, a respeito de que não falam, porque, no estado precário em que se encontra, fere as nossas vergonhas.
Conta ele que Vitor Hugo se negara a apertar a mão do imperador Pedro II, porque sua majestade convivia com a escravidão. Então que faria hoje o romancista francês perante a mão estendida do brasileiro? Certamente, entende o professor Buarque, Vitor Hugo não lhe apertaria a mão, pelo mesmo motivo – convivência com a escravidão, sendo que a de nossos dias é muito pior que a do passado, a que provém da inferioridade educacional.
E não são poucos os que se encontram nesse estado, infelizmente com predomínio no Brasil. Pois “a maioria dos adultos analfabetos (do mundo) vive em apenas dez países, sendo o Brasil um deles, com 14 milhões, com o agravamento de que, em nosso País, eles nem ao menos reconhecem a própria bandeira. De 1889 até hoje, chegamos à sétima posição mundial na economia, mas temos quase três vezes mais brasileiros adultos iletrados do que tínhamos naquele ano; além de 30 a 40 milhões de analfabetos funcionais”.
Então como se pensar num Brasil, soberano e próspero, se a educação não for para todos e de qualidade ? Aliás, há quem já esteja ensinando que “falar errado” é remédio para “uma vida melhor”. Pior é que o MEC tem apoiado essa posição. Os jornais noticiam que 484.195 alunos receberam, neste ano, livros que ensinam expressões como “os livro”, “nós pega o peixe” e isto já vem acontecendo há 10 anos, com “pelo menos 2 milhões de livros distribuídos a jovens e adultos pelo Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação”. Também tenho para mim que se o objetivo é a inclusão social, esse ensinamento não resultará proveitoso. Rápido e ao inverso, chegar-se-á à exclusão social. E mande-se dinheiro pelo ralo.
É preciso combater a ignorância, porque “ela é a mãe de todos os vícios”, conforme ensina a maçonaria. E “saber mal o que se deve saber certo” é um dos seus aspectos. Desejo lembrar que a instituição maçônica tem estado vigilante à tramitação do PNE (Plano Nacional de Educação) na Câmara dos Deputados e já expôs a sua posição sobre a melhoria da qualidade da educação em todas as suas Assembléias Gerais (COMAB) desde fevereiro de 2010, culminando com a Carta de São Paulo (9 de abril de 2011) cujo original foi entregue ao Senador Sarney, na qualidade de presidente do Congresso Nacional. Ressaltam, de suas decisões, bandeiras como: erradicação do analfabetismo até 2017; valorização dos profissionais da educação; melhoria na educação básica; construção de uma nova vertente para a universidade e para o ensino técnico profissionalizante; comprometimento de valor correspondente a 10% do PIB com a educação; definição como crime a irresponsabilidade educacional, penalizando-se severamente o infrator.
Melhor seria, porém, que estas notícias fossem apenas um pesadelo, porque para nos livrarmos de sua presença, bastaria um simples despertar. (Informabim 286 B)
quarta-feira, 4 de maio de 2011
INFORMABIM 285 A e B
O OLHO DO FAZENDEIRO . . .
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Há quem entenda ter causado surpresa ao po-vo a notícia recente de que se tornará neces-sária a importação de mão de obra para suprir a demanda que decorre da aceleração do desenvolvimento econômico de nosso País. Serão milhões de empregos no Brasil, sem que aos mesmos os brasileiros possam ter acesso. E por que este constrangimento? Porque durante décadas estivemos a privilegiar a formação acadêmica direcionada para o setor terciário, mesmo sabendo de sua saturação, em detrimento da formação técnica e profissionalizante. É o próprio Ministério da Educação que registra essa destinação ao bacharelismo, esquecendo-se do amparo ao desenvolvimento da vocação técnica. Hoje, constata-se a proporção de 6 matrículas em cursos superiores contra 1 matrícula no ensino técnico.
Devem ter sido informações desta ordem que influenciaram a Presidente da República a, recentemente, acrescentar em seu plano de governo, no setor educacional, o “programa nacional de acesso ao ensino técnico e ao emprego”, com a sigla Pronatec, através do qual, e como é obvio, procura ensejar as soluções, para este desafio decorrente do crescimento de nossa economia. Em linhas gerais, o mecanismo oferecido contempla (a) a geração de mais escolas técnicas; (b) a convocação de mais professores e especialistas; (c) e a abertura de nova linha de financiamento. A notícia é de que já se encontram em implantação 81 escolas técnicas e o programa acrescenta a construção de mais 120 unidades. O governo federal autorizou, e isto já circula através da mídia impressa, a abertura de 4683 vagas para institutos de educação, ciência e tecnologia, sendo 2867 para o cargo de professor. Além disto, propõe-se o governo a rever o FIES, programa de financiamento aos estudantes, que hoje serve apenas aos de curso superior, e com a revisão, será também direcionado para atender ao estudante de nível médio profissionalizante.
Esta decisão governamental motiva alegria e credibilidade, porque vai ao encontro dos anseios do povo – mais educação e mais possibilidades de emprego e renda – e torna evidente o resgate do compromisso de acelerar o desenvolvimento do Brasil, ora tentando suprir a carência de recursos humanos especializados.
Todavia não é por todos esses acenos e anunciações que o povo pode sentar-se à beira da estrada e, ao soprar da brisa, aguardar que tudo aconteça, como se tudo viesse, ao alvorecer, qual maná encontrado no deserto nos tempos mosaicos. Todos nós – indivíduos e associações - temos que participar. Cada um com as suas possibilidades, é claro.
Neste mês, só para citar um exemplo, a Maçonaria, no exercício de seu nobre papel de combatente da ignorância, realizou em São Paulo um “encontro nacional” – o XVI – do qual fizerem parte os pesquisadores, escritores, acadêmicos, historiadores e jornalistas. A cultura maçônica ali reunida, após examinar os “desafios de nosso tempo”, expediu um manifesto à Nação em favor da melhoria da qualidade da educação, no qual põe em destaque a erradicação do analfabetismo e a construção de uma nova vertente para a universidade e o ensino profissionalizante. O manifesto, denominado Carta de São Paulo, foi entregue ao Senador Sarney – Presidente do Congresso Nacional, onde ora se encontra em tramitação o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011 a 2020.
Mas não é só a Maçonaria que deve acompanhar a formulação do Plano e sua tramitação. É preciso que todos participem, pois este assunto da educação é grande demais, para ser cuidado apenas pelo Governo. A erradicação da pobreza no Brasil resultará desse caminho, como não haverá outra via para o progresso e o bem estar, como não houve para nenhuma outra nação, senão esta da educação de seu povo. O que se diz e o que se sabe é que os recursos financeiros destinados a esses programas são suficientes. Então é preciso “vigiar”, cobrando-se a efetiva presença do povo no acompanhamento de sua aplicação e dos resultados, pois, conforme adverte a sabedoria popular, sem “o olho do fazendeiro” não se “ engorda o rebanho”.
(Informabim 285 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Há quem entenda ter causado surpresa ao po-vo a notícia recente de que se tornará neces-sária a importação de mão de obra para suprir a demanda que decorre da aceleração do desenvolvimento econômico de nosso País. Serão milhões de empregos no Brasil, sem que aos mesmos os brasileiros possam ter acesso. E por que este constrangimento? Porque durante décadas estivemos a privilegiar a formação acadêmica direcionada para o setor terciário, mesmo sabendo de sua saturação, em detrimento da formação técnica e profissionalizante. É o próprio Ministério da Educação que registra essa destinação ao bacharelismo, esquecendo-se do amparo ao desenvolvimento da vocação técnica. Hoje, constata-se a proporção de 6 matrículas em cursos superiores contra 1 matrícula no ensino técnico.
Devem ter sido informações desta ordem que influenciaram a Presidente da República a, recentemente, acrescentar em seu plano de governo, no setor educacional, o “programa nacional de acesso ao ensino técnico e ao emprego”, com a sigla Pronatec, através do qual, e como é obvio, procura ensejar as soluções, para este desafio decorrente do crescimento de nossa economia. Em linhas gerais, o mecanismo oferecido contempla (a) a geração de mais escolas técnicas; (b) a convocação de mais professores e especialistas; (c) e a abertura de nova linha de financiamento. A notícia é de que já se encontram em implantação 81 escolas técnicas e o programa acrescenta a construção de mais 120 unidades. O governo federal autorizou, e isto já circula através da mídia impressa, a abertura de 4683 vagas para institutos de educação, ciência e tecnologia, sendo 2867 para o cargo de professor. Além disto, propõe-se o governo a rever o FIES, programa de financiamento aos estudantes, que hoje serve apenas aos de curso superior, e com a revisão, será também direcionado para atender ao estudante de nível médio profissionalizante.
Esta decisão governamental motiva alegria e credibilidade, porque vai ao encontro dos anseios do povo – mais educação e mais possibilidades de emprego e renda – e torna evidente o resgate do compromisso de acelerar o desenvolvimento do Brasil, ora tentando suprir a carência de recursos humanos especializados.
Todavia não é por todos esses acenos e anunciações que o povo pode sentar-se à beira da estrada e, ao soprar da brisa, aguardar que tudo aconteça, como se tudo viesse, ao alvorecer, qual maná encontrado no deserto nos tempos mosaicos. Todos nós – indivíduos e associações - temos que participar. Cada um com as suas possibilidades, é claro.
Neste mês, só para citar um exemplo, a Maçonaria, no exercício de seu nobre papel de combatente da ignorância, realizou em São Paulo um “encontro nacional” – o XVI – do qual fizerem parte os pesquisadores, escritores, acadêmicos, historiadores e jornalistas. A cultura maçônica ali reunida, após examinar os “desafios de nosso tempo”, expediu um manifesto à Nação em favor da melhoria da qualidade da educação, no qual põe em destaque a erradicação do analfabetismo e a construção de uma nova vertente para a universidade e o ensino profissionalizante. O manifesto, denominado Carta de São Paulo, foi entregue ao Senador Sarney – Presidente do Congresso Nacional, onde ora se encontra em tramitação o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011 a 2020.
Mas não é só a Maçonaria que deve acompanhar a formulação do Plano e sua tramitação. É preciso que todos participem, pois este assunto da educação é grande demais, para ser cuidado apenas pelo Governo. A erradicação da pobreza no Brasil resultará desse caminho, como não haverá outra via para o progresso e o bem estar, como não houve para nenhuma outra nação, senão esta da educação de seu povo. O que se diz e o que se sabe é que os recursos financeiros destinados a esses programas são suficientes. Então é preciso “vigiar”, cobrando-se a efetiva presença do povo no acompanhamento de sua aplicação e dos resultados, pois, conforme adverte a sabedoria popular, sem “o olho do fazendeiro” não se “ engorda o rebanho”.
(Informabim 285 B)
terça-feira, 26 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
CARTA DE SÃO PAULO
CARTA DE SÃO PAULO
A Maçonaria em Defesa da Educação Nacional
A Cultura Maçônica, reunida em São Paulo, em seu XVI Encontro Nacional, nos dias 8 e 9 de abril de 2011, através das suas associações formadoras AABML, ABIM, INBRAPEM e UBRAEM, vem a público revelar sua preocupação com a inferior qualidade do ensino público no Brasil e convocar o Povo para decidir sobre:
I. “Erradicação do analfabetismo da terra brasileira,
II. “Melhoria da educação básica; e,
III. “Construção de uma nova vertente para a universidade e o ensino técnico profissionalizante para o Brasil.”
Dados recentes indicam a existência cerca de 19 milhões (9,8%) de analfabetos e 39 milhões (20,5%) de analfabetos funcionais. Não temos duvidas que é possível erradicar o analfabetismo no Brasil em dez anos, e para tanto bastaria um novo plano de educação nacional, maior dispêndio com a educação, aprimoramento e ampliação do número de docentes; e a construção de novas salas de aulas em todo o País.
Lembrando que além de saber ler, escrever e contar, é preciso qualificação e preparo técnico para exercer as funções criadas pela onda tecnológica, propomos a construção de um novo paradigma, elegendo a década de 2012/2022, como a “Década da Educação”. Propomos, ainda, que o Ministério da Educação abrace, exclusivamente, o Ensino Básico e Fundamental, delegando o Ensino Superior ao Ministério de Ciência Tecnologia, e implante um Projeto Nacional de Educação focado em doze premissas:
I. Erradicação do analfabetismo;
II. Universalizar o atendimento escolar;
III. Melhorar a qualidade de ensino;
IV. Superação das desigualdades educacionais;
V. Formação para o trabalho;
VI. Promoção da sustentabilidade socioambiental;
VII. Promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII. Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção de Produto Interno Bruto;
IX. Valorização dos profissionais de educação;
X. Difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática de educação;
XI. Implementação de escolas de tempo integral, e,
XII. Implementação de escolas de ensino continuado para promoção da erradicação do analfabetismo funcional.
Volvendo os seus olhos para importância de uma “Educação para Mudança” promotora da erradicação da pobreza, os maçons, por meio de seus órgãos máximos de Cultura, esperam que o Governo Federal e os Governos Estaduais e Municipais invistam mais e melhor em educação e façam da Educação a sua bússola com vistas a dar ao Brasil a sua devida importância e lugar de destaque no concerto das Nações.
O Brasil só será grande se vencer a batalha da Alfabetização Nacional, da erradicação do analfabetismo e da pobreza, e emprestar suporte à formação técnico-profissionalizante em todos os níveis.
São Paulo, SP, em 09 de abril de 2011.
ANTÔNIO DO CARMO FERREIRA EDENIR GUALTIERI
Presidente da ABIM Presidente do INBRAPEM
ÉLIO FIGUEIREDO LUIZ GONZAGA DA ROCHA
Presidente da UBRAEM Presidente AABML
A Maçonaria em Defesa da Educação Nacional
A Cultura Maçônica, reunida em São Paulo, em seu XVI Encontro Nacional, nos dias 8 e 9 de abril de 2011, através das suas associações formadoras AABML, ABIM, INBRAPEM e UBRAEM, vem a público revelar sua preocupação com a inferior qualidade do ensino público no Brasil e convocar o Povo para decidir sobre:
I. “Erradicação do analfabetismo da terra brasileira,
II. “Melhoria da educação básica; e,
III. “Construção de uma nova vertente para a universidade e o ensino técnico profissionalizante para o Brasil.”
Dados recentes indicam a existência cerca de 19 milhões (9,8%) de analfabetos e 39 milhões (20,5%) de analfabetos funcionais. Não temos duvidas que é possível erradicar o analfabetismo no Brasil em dez anos, e para tanto bastaria um novo plano de educação nacional, maior dispêndio com a educação, aprimoramento e ampliação do número de docentes; e a construção de novas salas de aulas em todo o País.
Lembrando que além de saber ler, escrever e contar, é preciso qualificação e preparo técnico para exercer as funções criadas pela onda tecnológica, propomos a construção de um novo paradigma, elegendo a década de 2012/2022, como a “Década da Educação”. Propomos, ainda, que o Ministério da Educação abrace, exclusivamente, o Ensino Básico e Fundamental, delegando o Ensino Superior ao Ministério de Ciência Tecnologia, e implante um Projeto Nacional de Educação focado em doze premissas:
I. Erradicação do analfabetismo;
II. Universalizar o atendimento escolar;
III. Melhorar a qualidade de ensino;
IV. Superação das desigualdades educacionais;
V. Formação para o trabalho;
VI. Promoção da sustentabilidade socioambiental;
VII. Promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII. Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção de Produto Interno Bruto;
IX. Valorização dos profissionais de educação;
X. Difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática de educação;
XI. Implementação de escolas de tempo integral, e,
XII. Implementação de escolas de ensino continuado para promoção da erradicação do analfabetismo funcional.
Volvendo os seus olhos para importância de uma “Educação para Mudança” promotora da erradicação da pobreza, os maçons, por meio de seus órgãos máximos de Cultura, esperam que o Governo Federal e os Governos Estaduais e Municipais invistam mais e melhor em educação e façam da Educação a sua bússola com vistas a dar ao Brasil a sua devida importância e lugar de destaque no concerto das Nações.
O Brasil só será grande se vencer a batalha da Alfabetização Nacional, da erradicação do analfabetismo e da pobreza, e emprestar suporte à formação técnico-profissionalizante em todos os níveis.
São Paulo, SP, em 09 de abril de 2011.
ANTÔNIO DO CARMO FERREIRA EDENIR GUALTIERI
Presidente da ABIM Presidente do INBRAPEM
ÉLIO FIGUEIREDO LUIZ GONZAGA DA ROCHA
Presidente da UBRAEM Presidente AABML
segunda-feira, 4 de abril de 2011
INFORMABIM 283 A e B
AVIVANDO A LEMBRANÇA
(Informabim 283 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
O Presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, esteve, recentemente, em visita ao Brasil. Na oportunidade, e no Rio de Janeiro, fez um belíssimo discurso, do qual pincei algumas passagens de que irei me valer nessa jornada sobre a melhoria da qualidade da educação no Brasil que ora empreendemos.
Disse o Presidente Obama que “o Brasil sempre foi o país do futuro, mas, agora, esse futuro está aqui” (Diário de Pernambuco, Recife, 21/03/2011) . Lembramos que essa história de o “Brasil, um país do futuro” vem do início do século passado e foi cunhada pelo escritor Stefan Zweig que usou a expressão como título de um dos seus livros. Depois o Alvin Toffler vem com o livro – Choque do Futuro – e, aí, falou claro e enfático, não só com referência ao Brasil, mas dirigindo-se a toda a humanidade – “o futuro está em nossa sala”.
Então o Presidente dos Estados Unidos nos alertou para isto, sem querer, mas fazendo o benefício de nos acordar para este grande momento. E consagrando sua qualidade de excelente líder, ensinou o ingrediente de como participar, desde agora, do fazimento desse futuro, de modo que ele seja realmente venturoso para nossos pósteros. Ensinou que “precisamos de um compromisso com a inovação e com a tecnologia”.
Ora, nós estamos convivendo com a elaboração do Plano Nacional de Educação que trata exatamente deste compromisso e deste assunto. É plano para dez anos que será convertido em Lei e se encontra na Câmara dos Deputados, precisamente na Comissão de Educação e Cultura. É necessário acompanhar e participar das discussões, pois educação, especialmente a melhoria de sua qualidade, não deve ser obrigação apenas do Estado, mas de todos os brasileiros.
Em artigo publicado no Jornal do Commercio (A escola pública é o resto ? Recife, 30/03/2011), o professor José Luís Simões – doutor em educação e docente da UFPE - caracterizou dois modelos de escola existentes em nosso País, a saber:
“No primeiro deles, encontramos as elites que estudam nos principais colégios das grandes cidades. Nas escolas limpas e que têm recursos para publicidade, encontramos organização administrativa e professores bem pagos, além de estudantes que certamente serão “doutores” concursados em cobiçados cargos públicos. Alguns possivelmente se dedicarão à iniciativa privada conduzindo negócios e empresas da família.
No segundo modelo de escola, encontramos as “subescolas”, a maioria das escolas públicas, com laboratórios desativados e professores desmotivados, onde estudam os filhos dos pobres, ou seja, a maioria dos cidadãos. É na escola pública que estão os filhos dos desempregados, o garoto que freqüenta o semáforo, que vigia os automóveis, o filho do flanelinha, da faxineira ou do porteiro do prédio”.
É, portanto, urgente se dá um basta nesta cruel desigualdade, da qual os grandes beneficiários são poucos, enquanto os contribuintes somos todos nós. A educação de nosso povo é o caminho. Deixa de ser um dos caminhos, para ser a via prioritária. E a vez está aí, quando se oferece ao País a oportunidade de um plano decenal para nossa educação, alocando recursos, condicionando meios. Cabe-nos a tarefa do estabelecimento das metas enquanto se discute o plano. Então ninguém pode se omitir da participação. Não basta “orar”, vem das sagradas escrituras, que o antecede do “vigiar”.
Pensemos nestas duas frases:
(1) “Vamos torcer e cobrar que nessa nova década a boa escola não seja apenas privilégio da minoria; que a escola pública alcance status para além de mero depósito de crianças e adolescentes pobres e, não raramente, famintos pela merenda”.(Doutor José Luís Simões)
(2) “Acreditamos que com a força de vontade, podemos mudar nossos destinos”.(Presidente B Obama)
Aceitando o conselho do Presidente Obama e o parodiando, é de se afirmar: sim, meus irmãos, nós também podemos (Yes, my brothers, we can too!) mas, disto, estejamos sempre avivando a lembrança.
(Informabim 283 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
O Presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, esteve, recentemente, em visita ao Brasil. Na oportunidade, e no Rio de Janeiro, fez um belíssimo discurso, do qual pincei algumas passagens de que irei me valer nessa jornada sobre a melhoria da qualidade da educação no Brasil que ora empreendemos.
Disse o Presidente Obama que “o Brasil sempre foi o país do futuro, mas, agora, esse futuro está aqui” (Diário de Pernambuco, Recife, 21/03/2011) . Lembramos que essa história de o “Brasil, um país do futuro” vem do início do século passado e foi cunhada pelo escritor Stefan Zweig que usou a expressão como título de um dos seus livros. Depois o Alvin Toffler vem com o livro – Choque do Futuro – e, aí, falou claro e enfático, não só com referência ao Brasil, mas dirigindo-se a toda a humanidade – “o futuro está em nossa sala”.
Então o Presidente dos Estados Unidos nos alertou para isto, sem querer, mas fazendo o benefício de nos acordar para este grande momento. E consagrando sua qualidade de excelente líder, ensinou o ingrediente de como participar, desde agora, do fazimento desse futuro, de modo que ele seja realmente venturoso para nossos pósteros. Ensinou que “precisamos de um compromisso com a inovação e com a tecnologia”.
Ora, nós estamos convivendo com a elaboração do Plano Nacional de Educação que trata exatamente deste compromisso e deste assunto. É plano para dez anos que será convertido em Lei e se encontra na Câmara dos Deputados, precisamente na Comissão de Educação e Cultura. É necessário acompanhar e participar das discussões, pois educação, especialmente a melhoria de sua qualidade, não deve ser obrigação apenas do Estado, mas de todos os brasileiros.
Em artigo publicado no Jornal do Commercio (A escola pública é o resto ? Recife, 30/03/2011), o professor José Luís Simões – doutor em educação e docente da UFPE - caracterizou dois modelos de escola existentes em nosso País, a saber:
“No primeiro deles, encontramos as elites que estudam nos principais colégios das grandes cidades. Nas escolas limpas e que têm recursos para publicidade, encontramos organização administrativa e professores bem pagos, além de estudantes que certamente serão “doutores” concursados em cobiçados cargos públicos. Alguns possivelmente se dedicarão à iniciativa privada conduzindo negócios e empresas da família.
No segundo modelo de escola, encontramos as “subescolas”, a maioria das escolas públicas, com laboratórios desativados e professores desmotivados, onde estudam os filhos dos pobres, ou seja, a maioria dos cidadãos. É na escola pública que estão os filhos dos desempregados, o garoto que freqüenta o semáforo, que vigia os automóveis, o filho do flanelinha, da faxineira ou do porteiro do prédio”.
É, portanto, urgente se dá um basta nesta cruel desigualdade, da qual os grandes beneficiários são poucos, enquanto os contribuintes somos todos nós. A educação de nosso povo é o caminho. Deixa de ser um dos caminhos, para ser a via prioritária. E a vez está aí, quando se oferece ao País a oportunidade de um plano decenal para nossa educação, alocando recursos, condicionando meios. Cabe-nos a tarefa do estabelecimento das metas enquanto se discute o plano. Então ninguém pode se omitir da participação. Não basta “orar”, vem das sagradas escrituras, que o antecede do “vigiar”.
Pensemos nestas duas frases:
(1) “Vamos torcer e cobrar que nessa nova década a boa escola não seja apenas privilégio da minoria; que a escola pública alcance status para além de mero depósito de crianças e adolescentes pobres e, não raramente, famintos pela merenda”.(Doutor José Luís Simões)
(2) “Acreditamos que com a força de vontade, podemos mudar nossos destinos”.(Presidente B Obama)
Aceitando o conselho do Presidente Obama e o parodiando, é de se afirmar: sim, meus irmãos, nós também podemos (Yes, my brothers, we can too!) mas, disto, estejamos sempre avivando a lembrança.
sexta-feira, 25 de março de 2011
INFORMABIM 282 A e B
NA HORA DE DESPERTAR
(Informabim 282 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Raras são as notícias de que tramita na Câmara dos Deputados, o PNE – Plano Nacional de Educação, para viger no período de dez anos a se iniciar ainda neste 2011. Frágil, infelizmente, o envolvimento do povo, quando deveria ser intenso e encorpado, febril mesmo, não só por causa do tempo de sua vigência que já começou, mas também e sobretudo pela importância que ele tem para o progresso de nosso País. O PNE foi elaborado pelo Ministério da Educação e encaminhado pelo Presidente da República, no mês de novembro próximo passado, à Câmara dos Deputados, onde recebeu o nº PL 8035/10. A Comissão de Educação e Cultura, onde ele ora se encontra, é presidida pela Deputada Fátima Bezerra (PT-RN).
Poucos se deram conta disto, decerto pela ausência, na mídia, de notícias sobre o assunto, e também do silêncio imposto aos fóruns onde o debate sobre a matéria deveria estar em efervescência.
Reparando bem, a mídia foi preenchida com o noticiário dos “apagões”, do corte orçamentário, da reforma política, da visita do Presidente dos EUA, cortinas que inibem a visão do real, mas o assunto EDUCAÇÃO foi esquecido, quando, pelo menos, e neste momento, a sua discussão deveria ser a prioridade nacional. Parece que já apagou, na memória brasileira, o nosso fiasco na avaliação internacional da qualidade da educação que se ministra a nossos jovens! Lembram? Em matéria de leitura (e nas outras duas) ficamos na lona! Enquanto sem a educação não iremos a lugar nenhum. Não iremos fabricar. Não iremos produzir. Não iremos progredir. Vejamos o sucesso de quem investiu na qualidade da educação. A Coréia do Sul, por exemplo “que na década de 70 iniciou uma verdadeira revolução na qualidade da educação pública, principalmente investindo na área de ciência. Com isto elevaram um PIB per capita abaixo do brasileiro (à época) para um dos mais altos do mundo em menos de duas gerações”. Isto para não falar em fato remoto, ao lembrar que os Estados Unidos fizeram o mesmo na década de 1870/80.
Agora, temos uma oportunidade como esta da discussão de um plano nacional para a nossa educação, para um período de dez anos, e não se coloca o povo no seio do debate a tal respeito. Talvez por isto haja até quem afirme não haver, para muitos parlamentares “interesse em democratizar e melhorar a qualidade na educação, porque seu sucesso eleitoral depende justamente do atraso, da falta de conhecimento e de informação”.
Quero, no entanto, registrar grande alegria com a mobilização de seus Grão-Mestres levada a efeito pela Confederação Maçônica do Brasil – COMAB nos dias 14 e 15 de março deste ano, quando os reuniu em Brasília, tendo os mesmos visitado Senadores e Deputados em seus Gabinetes, apresentando a cada um dos parlamentares visitados Manifesto em que expõe as preocupações da maçonaria para com o nível da educação brasileira e faz sugestões para a melhoria da sua qualidade.
A COMAB tem ressaltado que é prioritário o seu cuidado para com a educação. E várias têm sido as assembléias realizadas a este respeito, sendo principais as que tiveram lugar em Fortaleza, Salvador, Blumenau, Recife, Amapá e Brasília nestes últimos 12 meses. E em seu Manifesto apresentado recentemente em Brasília, inclusive ao MEC, revela o seu desejo de participar, de perto, das discussões sobre o PNE, e, depois de aprovado em sua versão final, acompanhar a sua execução. A revista A TROLHA, capitaneando a imprensa maçônica brasileira, tem alertado o povo para a importância deste momento.
Então é preciso e urgente, e a maçonaria faz esta cruzada, mostrar à população “o verdadeiro desastre que é a nossa educação pública”, que resulta no desemprego, na violência, na pobreza e em nossa humilhação internacional; bem como e ao mesmo tempo fomentar o envolvimento de todos, conscientizando-os de que “a educação pública é uma questão relevante para se deixar apenas na mão do Estado”.
E para os que entendem nada ter a ver com o que se disse até aqui, passo-lhes um recadinho do apóstolo Paulo (Rom 13, 11): “não vedes que já é tempo de despertar?”.
(Informabim 282 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Raras são as notícias de que tramita na Câmara dos Deputados, o PNE – Plano Nacional de Educação, para viger no período de dez anos a se iniciar ainda neste 2011. Frágil, infelizmente, o envolvimento do povo, quando deveria ser intenso e encorpado, febril mesmo, não só por causa do tempo de sua vigência que já começou, mas também e sobretudo pela importância que ele tem para o progresso de nosso País. O PNE foi elaborado pelo Ministério da Educação e encaminhado pelo Presidente da República, no mês de novembro próximo passado, à Câmara dos Deputados, onde recebeu o nº PL 8035/10. A Comissão de Educação e Cultura, onde ele ora se encontra, é presidida pela Deputada Fátima Bezerra (PT-RN).
Poucos se deram conta disto, decerto pela ausência, na mídia, de notícias sobre o assunto, e também do silêncio imposto aos fóruns onde o debate sobre a matéria deveria estar em efervescência.
Reparando bem, a mídia foi preenchida com o noticiário dos “apagões”, do corte orçamentário, da reforma política, da visita do Presidente dos EUA, cortinas que inibem a visão do real, mas o assunto EDUCAÇÃO foi esquecido, quando, pelo menos, e neste momento, a sua discussão deveria ser a prioridade nacional. Parece que já apagou, na memória brasileira, o nosso fiasco na avaliação internacional da qualidade da educação que se ministra a nossos jovens! Lembram? Em matéria de leitura (e nas outras duas) ficamos na lona! Enquanto sem a educação não iremos a lugar nenhum. Não iremos fabricar. Não iremos produzir. Não iremos progredir. Vejamos o sucesso de quem investiu na qualidade da educação. A Coréia do Sul, por exemplo “que na década de 70 iniciou uma verdadeira revolução na qualidade da educação pública, principalmente investindo na área de ciência. Com isto elevaram um PIB per capita abaixo do brasileiro (à época) para um dos mais altos do mundo em menos de duas gerações”. Isto para não falar em fato remoto, ao lembrar que os Estados Unidos fizeram o mesmo na década de 1870/80.
Agora, temos uma oportunidade como esta da discussão de um plano nacional para a nossa educação, para um período de dez anos, e não se coloca o povo no seio do debate a tal respeito. Talvez por isto haja até quem afirme não haver, para muitos parlamentares “interesse em democratizar e melhorar a qualidade na educação, porque seu sucesso eleitoral depende justamente do atraso, da falta de conhecimento e de informação”.
Quero, no entanto, registrar grande alegria com a mobilização de seus Grão-Mestres levada a efeito pela Confederação Maçônica do Brasil – COMAB nos dias 14 e 15 de março deste ano, quando os reuniu em Brasília, tendo os mesmos visitado Senadores e Deputados em seus Gabinetes, apresentando a cada um dos parlamentares visitados Manifesto em que expõe as preocupações da maçonaria para com o nível da educação brasileira e faz sugestões para a melhoria da sua qualidade.
A COMAB tem ressaltado que é prioritário o seu cuidado para com a educação. E várias têm sido as assembléias realizadas a este respeito, sendo principais as que tiveram lugar em Fortaleza, Salvador, Blumenau, Recife, Amapá e Brasília nestes últimos 12 meses. E em seu Manifesto apresentado recentemente em Brasília, inclusive ao MEC, revela o seu desejo de participar, de perto, das discussões sobre o PNE, e, depois de aprovado em sua versão final, acompanhar a sua execução. A revista A TROLHA, capitaneando a imprensa maçônica brasileira, tem alertado o povo para a importância deste momento.
Então é preciso e urgente, e a maçonaria faz esta cruzada, mostrar à população “o verdadeiro desastre que é a nossa educação pública”, que resulta no desemprego, na violência, na pobreza e em nossa humilhação internacional; bem como e ao mesmo tempo fomentar o envolvimento de todos, conscientizando-os de que “a educação pública é uma questão relevante para se deixar apenas na mão do Estado”.
E para os que entendem nada ter a ver com o que se disse até aqui, passo-lhes um recadinho do apóstolo Paulo (Rom 13, 11): “não vedes que já é tempo de despertar?”.
quinta-feira, 3 de março de 2011
INFORMABIM 281 A e B
PASSAGEM PARA O FUTURO
(Informabim 281 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Somos seres em trânsito e nesta caminhada é costume nos depararmos com satisfações, alegrias, prosperidade, como também com pedras, tropeços, conflitos, dificuldades. Agora mesmo, convivemos com os conflitos decorrentes de dois modelos sociais. Até aqui o modelo referente à sociedade industrial, em exaustão, e abrindo espaço para a sociedade do conhecimento, já em nossa sala.
O primeiro, por todo o avanço tecnológico que alcançou, destronando o homem do sólio da “melhor medida” e tornando-o um complemento. O robô substituindo-o em quase todas as funções, assumindo o exercício de sujeito da ação, povoando nossa sociedade de desempregados, dos quais está repleta, ornamentados de todos os percalços gerados por este ócio compulsório Mas, paradoxalmente, para quem pode adquirir, oferecendo um mundo pleno de conforto, maravilhas e possibilidades.
Estes conflitos, porém, não nos tomaram de assalto. Não chegaram sorrateiros nas caladas da noite de ontem. Eles vêm se anunciando. A notícia da globalização, por exemplo, foi um alerta. E porque não foi levada na devida conta, a atual geração está pagando caro por isto. A tecnologia em desenvolvimento rápido, numa velocidade que nos põe cada vez mais distante de seu alcance.
Pesquisas recentes, neste setor da educação, mostram o fosso que separa nossos jovens, quanto ao nível de saber, de seus coetâneos de outros países. Então este é o grande momento do despertar, porque se encontra em andamento a formulação de um plano educacional, com vistas à inclusão no sistema de trabalho de muitos dos que ora se acham desempregados e, ao mesmo tempo, antecipa idéias que se insinuam como dominantes na era do conhecimento que está chegando.
O Plano Nacional de Educação, para o decênio 2011 a 2020, deverá ser o instrumento dessa teleologia. Vislumbra-se nele tais possibilidades. E se confirma isto no pronunciamento feito pela Presidente Dilma Rousseff na abertura do calendário escolar deste ano, quando Sua Excelência expressa que “nenhum país poderá se desenvolver sem educar bem o seu jovem e capacitá-lo plenamente para o emprego e para as novas necessidades criadas pela sociedade do conhecimento”. Quer dizer, cuida do homem para esses instantes finais da era industrial, sem deixar de investir na preparação dos que se destinam ao mundo da mentefatura, ainda em laboratório, mas na certeza de que há de vir.
Como um dos dirigentes da maçonaria brasileira, tenho pedido a atenção de meus irmãos para estes conflitos, seja analisando o insuficiente nível de conhecimento que detemos perante as atuais exigências da economia globalizada, seja despertando para o esforço que devemos induzir para a melhoria da qualidade da educação que ora proporcionamos.
Indagado por que se pede essa atenção? A resposta está no óbvio. É que a Maçonaria tem como objetivo tornar feliz a humanidade, sendo uma de suas missões o combate à ignorância, mãe de todos os vícios. Então não há como deixar de corresponder a esta convocação. Aliás, temos sido presentes nesta luta, através de fóruns de debate, de assembléias gerais, de firmeza em nossos pronunciamentos e da imprensa.
Recentemente, o Presidente da COMAB, em Mensagem a seus Grão-Mestres, focalizou “a ação pela educação de qualidade, como projeto prioritário” [ ...] contribuindo para que as novas gerações saiam do modelo de preparo de massas para uma mão de obra (era industrial), para desenvolver um espírito pró-ativo para as questões de inclusão social com a geração de oportunidades e renda (era do conhecimento)”. Seu entendimento é que o maçom, neste instante, deve assumir duas bandeiras: “1) conscientizar a parcela da sociedade, formadora de opiniões e a população em geral para o verdadeiro desastre que é a nossa educação pública; e 2) envolver-se pessoalmente, pois educação pública é uma questão por demais relevante para se deixar apenas na mão do Estado.”
E, para isto, não mais dispomos de tempo de carência, pois segundo Alvin Toffler, o futuro já está em nossa sala, aguardando sugestões.
(Informabim 281 B)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Somos seres em trânsito e nesta caminhada é costume nos depararmos com satisfações, alegrias, prosperidade, como também com pedras, tropeços, conflitos, dificuldades. Agora mesmo, convivemos com os conflitos decorrentes de dois modelos sociais. Até aqui o modelo referente à sociedade industrial, em exaustão, e abrindo espaço para a sociedade do conhecimento, já em nossa sala.
O primeiro, por todo o avanço tecnológico que alcançou, destronando o homem do sólio da “melhor medida” e tornando-o um complemento. O robô substituindo-o em quase todas as funções, assumindo o exercício de sujeito da ação, povoando nossa sociedade de desempregados, dos quais está repleta, ornamentados de todos os percalços gerados por este ócio compulsório Mas, paradoxalmente, para quem pode adquirir, oferecendo um mundo pleno de conforto, maravilhas e possibilidades.
Estes conflitos, porém, não nos tomaram de assalto. Não chegaram sorrateiros nas caladas da noite de ontem. Eles vêm se anunciando. A notícia da globalização, por exemplo, foi um alerta. E porque não foi levada na devida conta, a atual geração está pagando caro por isto. A tecnologia em desenvolvimento rápido, numa velocidade que nos põe cada vez mais distante de seu alcance.
Pesquisas recentes, neste setor da educação, mostram o fosso que separa nossos jovens, quanto ao nível de saber, de seus coetâneos de outros países. Então este é o grande momento do despertar, porque se encontra em andamento a formulação de um plano educacional, com vistas à inclusão no sistema de trabalho de muitos dos que ora se acham desempregados e, ao mesmo tempo, antecipa idéias que se insinuam como dominantes na era do conhecimento que está chegando.
O Plano Nacional de Educação, para o decênio 2011 a 2020, deverá ser o instrumento dessa teleologia. Vislumbra-se nele tais possibilidades. E se confirma isto no pronunciamento feito pela Presidente Dilma Rousseff na abertura do calendário escolar deste ano, quando Sua Excelência expressa que “nenhum país poderá se desenvolver sem educar bem o seu jovem e capacitá-lo plenamente para o emprego e para as novas necessidades criadas pela sociedade do conhecimento”. Quer dizer, cuida do homem para esses instantes finais da era industrial, sem deixar de investir na preparação dos que se destinam ao mundo da mentefatura, ainda em laboratório, mas na certeza de que há de vir.
Como um dos dirigentes da maçonaria brasileira, tenho pedido a atenção de meus irmãos para estes conflitos, seja analisando o insuficiente nível de conhecimento que detemos perante as atuais exigências da economia globalizada, seja despertando para o esforço que devemos induzir para a melhoria da qualidade da educação que ora proporcionamos.
Indagado por que se pede essa atenção? A resposta está no óbvio. É que a Maçonaria tem como objetivo tornar feliz a humanidade, sendo uma de suas missões o combate à ignorância, mãe de todos os vícios. Então não há como deixar de corresponder a esta convocação. Aliás, temos sido presentes nesta luta, através de fóruns de debate, de assembléias gerais, de firmeza em nossos pronunciamentos e da imprensa.
Recentemente, o Presidente da COMAB, em Mensagem a seus Grão-Mestres, focalizou “a ação pela educação de qualidade, como projeto prioritário” [ ...] contribuindo para que as novas gerações saiam do modelo de preparo de massas para uma mão de obra (era industrial), para desenvolver um espírito pró-ativo para as questões de inclusão social com a geração de oportunidades e renda (era do conhecimento)”. Seu entendimento é que o maçom, neste instante, deve assumir duas bandeiras: “1) conscientizar a parcela da sociedade, formadora de opiniões e a população em geral para o verdadeiro desastre que é a nossa educação pública; e 2) envolver-se pessoalmente, pois educação pública é uma questão por demais relevante para se deixar apenas na mão do Estado.”
E, para isto, não mais dispomos de tempo de carência, pois segundo Alvin Toffler, o futuro já está em nossa sala, aguardando sugestões.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
INFORMABIM 280 A e B
ADEUS AO GIZ E À SALIVA Irm Antônio do Carmo Ferreira
Chega-me ao conhecimento a notícia de que se encontra em queda a procura pelos cursos de formação para o magistério. O descenso teria sido de 50%, tomando-se como referência as matrículas do último ano que antecede o quatriênio que terminou em 2010.
Por que tal vem acontecendo, a ponto da geração de tamanho desestímulo? Nem precisa analisar, para se dizer que esta constatação representa uma ocorrência de profunda gravidade. Porque não bastam as leis que oferecem as diretrizes, nem a escola paramentada com as condições físicas e provida dos instrumentos que a tecnologia proporciona, nem até a presença farta do alunado. Porquanto o mestre seja o início. Digamos assim: não existe uma partenogênese do saber, em que a lei, o prédio e o aluno, por si só, geram o saber. O saber é possuído e transmitido pelo mestre.
Então é grave a situação do desestímulo em busca do magistério, sobretudo agora, tempo em que a Nação elabora um plano decenal com vistas à melhoria da qualidade de sua educação e que prevê, dentre as suas metas, a de tornar a educação um bem de todos, significando dizer mais pessoas nas salas de aula, o que requer, portanto, a existência de muito mais professores.
Comenta-se, insiste-se mesmo, que a causa principal desse estado desestimulante estaria na baixa remuneração do professorado. Ora o professor é o instrumento de condução e distribuição do saber, tendo para isto de adquiri-lo pois ninguém ensina o que não sabe. O mestre é um profissional que estará sempre voltando à escola, especialmente o mestre de nossos dias em cuja apropriação do conhecimento haverá de ser mais veloz que a corrida tecnológica. O mestre terá que correr muito mais, de modo que já esteja de frente para receber o impacto da tecnologia no momento em que ela o encontrar.
Voltar à escola, adquirir conhecimento, instrumentalizar-se, atualizar-se no saber segundo a demanda do espírito do tempo, e dominar a nova didática com que distribuir o conhecimento, tudo isto requer disponibilidade financeira. Conquanto nenhum desses itens lhe virá de graça, como lingotes de fogo, caídos sobre as cabeças, em domingo de pentecostes. E a vertente dessa disponibilidade financeira é o seu salário.
Outro dia, em reportagem do Jornal do Commercio (edição de 09.02.2011, 1º cad. pág 2) havia inserta uma indagação do Senador Cristóvão Buarque a qual tem tudo a ver com o que estamos escrevendo: “Que futuro tem um país que diminui o número de seus professores?” E ele mesmo responde, afirmando e advertindo: “Não há futuro num país que não tem um alto potencial de produção de inteligência”.
Grão-Mestres e líderes maçons, diante da responsabilidade dos cargos que exercem, têm estado reunidos em assem-bleias gerais em vários pontos do Brasil, discutindo o assunto “melhoria da qua-lidade da educação”, chamando a atenção para estes pontos críticos, e sugerindo caminhos para seu equacionamento. Aconteceu assim, o ano passado, em Blumenau, Fortaleza, Salvador, Recife, Macapá e, já este ano, na Capital Federal.
Agora, estão essas lideranças, em companhia de renomados especialistas, analisando e acompanhando a tramitação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que estabelece o Plano Nacional de Educação para os próximos 10 anos. E, nele, se inclui (item 9) dispositivo que trata da “valorização dos profissionais de educação”. Percebemos que esta será a janela pela qual se descortinam as chances para discussão da retomada do estímulo à fascinante e nobre carreira do magistério.
Pois é como escreveu a filósofa Maria Lúcia de Arruda Aranha (em Filosofia da Educação, Edit Moderna, SP, pág 296): [“ ... a aula de saliva e giz está condenada ...”].
(Informabim 280 B)
Chega-me ao conhecimento a notícia de que se encontra em queda a procura pelos cursos de formação para o magistério. O descenso teria sido de 50%, tomando-se como referência as matrículas do último ano que antecede o quatriênio que terminou em 2010.
Por que tal vem acontecendo, a ponto da geração de tamanho desestímulo? Nem precisa analisar, para se dizer que esta constatação representa uma ocorrência de profunda gravidade. Porque não bastam as leis que oferecem as diretrizes, nem a escola paramentada com as condições físicas e provida dos instrumentos que a tecnologia proporciona, nem até a presença farta do alunado. Porquanto o mestre seja o início. Digamos assim: não existe uma partenogênese do saber, em que a lei, o prédio e o aluno, por si só, geram o saber. O saber é possuído e transmitido pelo mestre.
Então é grave a situação do desestímulo em busca do magistério, sobretudo agora, tempo em que a Nação elabora um plano decenal com vistas à melhoria da qualidade de sua educação e que prevê, dentre as suas metas, a de tornar a educação um bem de todos, significando dizer mais pessoas nas salas de aula, o que requer, portanto, a existência de muito mais professores.
Comenta-se, insiste-se mesmo, que a causa principal desse estado desestimulante estaria na baixa remuneração do professorado. Ora o professor é o instrumento de condução e distribuição do saber, tendo para isto de adquiri-lo pois ninguém ensina o que não sabe. O mestre é um profissional que estará sempre voltando à escola, especialmente o mestre de nossos dias em cuja apropriação do conhecimento haverá de ser mais veloz que a corrida tecnológica. O mestre terá que correr muito mais, de modo que já esteja de frente para receber o impacto da tecnologia no momento em que ela o encontrar.
Voltar à escola, adquirir conhecimento, instrumentalizar-se, atualizar-se no saber segundo a demanda do espírito do tempo, e dominar a nova didática com que distribuir o conhecimento, tudo isto requer disponibilidade financeira. Conquanto nenhum desses itens lhe virá de graça, como lingotes de fogo, caídos sobre as cabeças, em domingo de pentecostes. E a vertente dessa disponibilidade financeira é o seu salário.
Outro dia, em reportagem do Jornal do Commercio (edição de 09.02.2011, 1º cad. pág 2) havia inserta uma indagação do Senador Cristóvão Buarque a qual tem tudo a ver com o que estamos escrevendo: “Que futuro tem um país que diminui o número de seus professores?” E ele mesmo responde, afirmando e advertindo: “Não há futuro num país que não tem um alto potencial de produção de inteligência”.
Grão-Mestres e líderes maçons, diante da responsabilidade dos cargos que exercem, têm estado reunidos em assem-bleias gerais em vários pontos do Brasil, discutindo o assunto “melhoria da qua-lidade da educação”, chamando a atenção para estes pontos críticos, e sugerindo caminhos para seu equacionamento. Aconteceu assim, o ano passado, em Blumenau, Fortaleza, Salvador, Recife, Macapá e, já este ano, na Capital Federal.
Agora, estão essas lideranças, em companhia de renomados especialistas, analisando e acompanhando a tramitação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que estabelece o Plano Nacional de Educação para os próximos 10 anos. E, nele, se inclui (item 9) dispositivo que trata da “valorização dos profissionais de educação”. Percebemos que esta será a janela pela qual se descortinam as chances para discussão da retomada do estímulo à fascinante e nobre carreira do magistério.
Pois é como escreveu a filósofa Maria Lúcia de Arruda Aranha (em Filosofia da Educação, Edit Moderna, SP, pág 296): [“ ... a aula de saliva e giz está condenada ...”].
(Informabim 280 B)
domingo, 6 de fevereiro de 2011
UMA URGENTE E DOCE REVOLUÇÃO II
Uma urgente e "doce revolução"
II/2 - DECIFRANDO A ESFINGE
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Já concluindo o seu governo, o Presidente Lula encaminhou à Câmara dos Deputados projeto de lei e anexo referentes a um “Plano Nacional de Educação” (*). Assim procedendo, o Presidente dá início à formulação das diretrizes para a educação, no País, no período decenal que se estenderá de 2011 a 2020. Cabe ao povo e às instituições, o acompanhamento da tramitação legislativa, não somente conhecendo o texto, lendo-o com a maior atenção, escrevendo as alterações de que verifiquem ele carecer, mas também enviando essas emendas ao Parlamento e exigindo das Comissões deste as audiências públicas, para que o Plano seja amplamente debatido, até que ao findar da elaboração legislativa haja o Documento que realmente se preste às diretrizes da educação da qual o Brasil tanto espera e merece. Ressalte-se que não basta a elaboração da lei. É preciso que inserto nela esteja evidente o dispositivo que garanta ao povo fiscalizar o seu cumprimento, com severas penas ao infrator.**
O Governo Federal, com este procedimento, respeita obrigação cons-titucional da educação para todos, como também sinaliza a intenção de colaborar com o futuro do País, pois como é sabido e tem-se provado isto à saciedade, sem educação não teremos desenvolvimento econômico e social, quer dizer, amanhã, quando muito, dentro do mundo globalizado, seríamos vistos como uma manada de búfalos. Aliás a este respeito dissertaram Martin & Schumann em livro publicado sob o título de “A armadilha da globalização”, onde escrevem que os 500 maiores empresários do mundo haviam decidido sobre isto já fazia tempo e que a previsão deles era de que o início do novo milênio seria tomado por uma economia, em que em cada 100 pessoas, apenas 20 seriam suficientes para gerar a produção total e assim possuiriam as condições de sobrevivência e prosperidade, sem qualquer dificuldade. Os 80 restantes, como não teriam o que almoçar, ganhariam o direito de pensar como “seriam almoçados”. O professor Cristóvão Buarque, então já com a sua responsabilidade de ex reitor da Universidade de Brasília e de ex Governador do Distrito Federal, fez o seu alerta através do artigo “Um choque de ética”, publicado pelo Diário de Pernambuco, edição de 13.12.98. Aí ele adverte que a globalização é irreversível, e como a própria palavra diz, nela estão todos, indivíduos, grupos, associações e nações. Os previdentes se cuidariam. Preparar-se-iam e se protegeriam, para usufruir dos benefícios. Mas os retardados, estes pagariam caro pela demora. Profecia do mestre, agora com mandato no Senado Federal. Qual a imagem atual da qualidade de nossa educação, diante dos índices interna-cionais de avaliação ?
O Senador Buarque insiste em sua cruzada em favor de uma educação de melhor qualidade para todos os brasi-leiros.*** Professor e dirigente de ensino em nível universitário, como também em todos os níveis desde o ensino às crianças, dado que foi Governador do Distrito Federal, é uma voz que deve ser ouvida e uma experiência que deve ser consultada, quando se trata de educação em nosso País. Recentemente, fez palestra perante uma assembleia de líderes maçons, realizada em Brasília (19.11.2010), dissertando sobre o tema “Educacionismo e a construção do Brasil”, em que ele, entre outros lindos despertares, legou-nos estes: “Estive cansado, junto com tantos outros, com a dificuldade de mudar a trágica realidade que caracteriza o Brasil. Mas despertei. [ ... ] Despertei para o fato de que o nosso papel é despertar o povo brasileiro, e todas as suas classes, não só para o cansaço com a realidade, mas para a esperança e para a necessidade de uma revolução educacional; garantir escolas com a mesma qualidade em todo o país, para todas as classes e em todas as cidades. Escolas tão boas que as melhores no mundo”. E para os que desistem ao virem que longa será a caminhada, mandou-lhes o seguinte despertar: “Despertei também para a necessidade da paciência, porque essa revolução levará algumas décadas para ser realizada. Mas, angustiado, despertei para a urgência de iniciar imediatamente essa doce revolução”.(Jornal da Grande Loja, Goiânia/GO, edição Nov/2010)
Nestes tempos de prioridade para a educação, num atrevimento danado estive a ler “Filosofia da educação”, livro escrito pela doutora Maria Lúcia de Arruda Aranha, publicado pela Editora Moderna Ltda, de São Paulo. Aí pincei dois grandes conselhos que transmito para os que se distanciaram da escola e agora retornam e pretendem engajar-se nesta “revolução”: a) “... lembramos as mudanças decorrentes das novas tecnologias de informação e comunicação que alteraram profundamente as maneiras de lidar com o conhecimento, tanto na sua produção como na sua transmissão. Aliados a isso, os fenômenos da globalização, da interação imensa entre cultura e populações heterogêneas, da pluralidade de valores e de comportamentos têm ajudado a romper as estruturas tradicionais (Pág 294). b) De início podemos lembrar que “a aula de saliva e giz” está condenada, bem como o professor encarregado da mera transmissão do saber”(Pág 296). Então a filósofa Maria Lúcia nos adverte da existência destas novas circunstâncias e que entendo ser uma excelente e oportuna orientação para todos aqueles que, vindo de gerações que se formaram segundo a ótica de outras exigências, agora se alistam construtores de pontes para a sociedade brasileira do amanhã.
José Américo de Almeida, romancista e político,.era Governador do Estado da Paraíba, quando se propôs à criação da Universidade daquele Estado, que mais tarde veio a ser Federal. As últimas palavras de sua mensagem à Assembleia Legislativa: “Eu vos dei as raízes. Outros vos darão asas e o selo da perpetuidade”. Entendo que o Ministro Haddad, ao encerrar as justificativas do projeto de lei, poderia ter usado as expressões de Zé Américo, ou não nas usou, mas teria lembrado. Agora, cabe-nos a responsabilidade “das asas e do selo”. O Presidente “deu as raízes”. O Governo, em seu projeto, revela o que entende ser a educação nesta década que ora se inicia, girando em torno de uma síntese de dez itens a saber:
“I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – superação das desigualdades educacionais;
IV – melhoria da qualidade do ensino;
V – formação para o trabalho;
VI – promoção da sustentabilidade sócio-ambiental;
VII – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto;
IX – valorização dos profissionais da educação; e
X – difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.”
Estes itens se desdobraram em 20 metas que são justificadas, cada uma delas, com várias diretrizes, chamadas de “estratégias” pela equipe redatora do Ministério da Educação. As “metas” e res-pectivas“estratégias” encontram-se no endereço http://www.domcarmo.blogspot.com , em seu inteiro teor, para que, com a sua disponibilidade e leitura, possamos fazer o proveito de que necessitamos, ao participar dessa urgente e “doce revolução” , como a denominou, patrioticamente, o Senador Cristóvão Buarque.
(*) Já está na Câmara o documento de autoria do Poder Executivo que tramitará com o nº PL 8035/10. Inici-almente, sob os cuidados da Comissão de Educação e Cultura, em cujo seio, em breve, a Deputada Fátima Bezerra (do Rio Grande do Norte) apresentará seu parecer, tendo em vista que para isto foi designada.
(**) Tramita, na Câmara, desde novembro, projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo que objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos.
(***) Tramita, no Senado, desde 2007, projeto de lei nº 480, de iniciativa do Senador Cristóvão Buarque, em que se determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica. Justifica o Senador: “No Brasil, os filhos dos dirigentes políticos estudam a educação básica em escolas privadas. Isto mostra, em primeiro lugar, a má qualidade da escola pública brasileira, e, em segundo lugar, o descaso dos dirigentes para com o ensino público”.
II/2 - DECIFRANDO A ESFINGE
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Já concluindo o seu governo, o Presidente Lula encaminhou à Câmara dos Deputados projeto de lei e anexo referentes a um “Plano Nacional de Educação” (*). Assim procedendo, o Presidente dá início à formulação das diretrizes para a educação, no País, no período decenal que se estenderá de 2011 a 2020. Cabe ao povo e às instituições, o acompanhamento da tramitação legislativa, não somente conhecendo o texto, lendo-o com a maior atenção, escrevendo as alterações de que verifiquem ele carecer, mas também enviando essas emendas ao Parlamento e exigindo das Comissões deste as audiências públicas, para que o Plano seja amplamente debatido, até que ao findar da elaboração legislativa haja o Documento que realmente se preste às diretrizes da educação da qual o Brasil tanto espera e merece. Ressalte-se que não basta a elaboração da lei. É preciso que inserto nela esteja evidente o dispositivo que garanta ao povo fiscalizar o seu cumprimento, com severas penas ao infrator.**
O Governo Federal, com este procedimento, respeita obrigação cons-titucional da educação para todos, como também sinaliza a intenção de colaborar com o futuro do País, pois como é sabido e tem-se provado isto à saciedade, sem educação não teremos desenvolvimento econômico e social, quer dizer, amanhã, quando muito, dentro do mundo globalizado, seríamos vistos como uma manada de búfalos. Aliás a este respeito dissertaram Martin & Schumann em livro publicado sob o título de “A armadilha da globalização”, onde escrevem que os 500 maiores empresários do mundo haviam decidido sobre isto já fazia tempo e que a previsão deles era de que o início do novo milênio seria tomado por uma economia, em que em cada 100 pessoas, apenas 20 seriam suficientes para gerar a produção total e assim possuiriam as condições de sobrevivência e prosperidade, sem qualquer dificuldade. Os 80 restantes, como não teriam o que almoçar, ganhariam o direito de pensar como “seriam almoçados”. O professor Cristóvão Buarque, então já com a sua responsabilidade de ex reitor da Universidade de Brasília e de ex Governador do Distrito Federal, fez o seu alerta através do artigo “Um choque de ética”, publicado pelo Diário de Pernambuco, edição de 13.12.98. Aí ele adverte que a globalização é irreversível, e como a própria palavra diz, nela estão todos, indivíduos, grupos, associações e nações. Os previdentes se cuidariam. Preparar-se-iam e se protegeriam, para usufruir dos benefícios. Mas os retardados, estes pagariam caro pela demora. Profecia do mestre, agora com mandato no Senado Federal. Qual a imagem atual da qualidade de nossa educação, diante dos índices interna-cionais de avaliação ?
O Senador Buarque insiste em sua cruzada em favor de uma educação de melhor qualidade para todos os brasi-leiros.*** Professor e dirigente de ensino em nível universitário, como também em todos os níveis desde o ensino às crianças, dado que foi Governador do Distrito Federal, é uma voz que deve ser ouvida e uma experiência que deve ser consultada, quando se trata de educação em nosso País. Recentemente, fez palestra perante uma assembleia de líderes maçons, realizada em Brasília (19.11.2010), dissertando sobre o tema “Educacionismo e a construção do Brasil”, em que ele, entre outros lindos despertares, legou-nos estes: “Estive cansado, junto com tantos outros, com a dificuldade de mudar a trágica realidade que caracteriza o Brasil. Mas despertei. [ ... ] Despertei para o fato de que o nosso papel é despertar o povo brasileiro, e todas as suas classes, não só para o cansaço com a realidade, mas para a esperança e para a necessidade de uma revolução educacional; garantir escolas com a mesma qualidade em todo o país, para todas as classes e em todas as cidades. Escolas tão boas que as melhores no mundo”. E para os que desistem ao virem que longa será a caminhada, mandou-lhes o seguinte despertar: “Despertei também para a necessidade da paciência, porque essa revolução levará algumas décadas para ser realizada. Mas, angustiado, despertei para a urgência de iniciar imediatamente essa doce revolução”.(Jornal da Grande Loja, Goiânia/GO, edição Nov/2010)
Nestes tempos de prioridade para a educação, num atrevimento danado estive a ler “Filosofia da educação”, livro escrito pela doutora Maria Lúcia de Arruda Aranha, publicado pela Editora Moderna Ltda, de São Paulo. Aí pincei dois grandes conselhos que transmito para os que se distanciaram da escola e agora retornam e pretendem engajar-se nesta “revolução”: a) “... lembramos as mudanças decorrentes das novas tecnologias de informação e comunicação que alteraram profundamente as maneiras de lidar com o conhecimento, tanto na sua produção como na sua transmissão. Aliados a isso, os fenômenos da globalização, da interação imensa entre cultura e populações heterogêneas, da pluralidade de valores e de comportamentos têm ajudado a romper as estruturas tradicionais (Pág 294). b) De início podemos lembrar que “a aula de saliva e giz” está condenada, bem como o professor encarregado da mera transmissão do saber”(Pág 296). Então a filósofa Maria Lúcia nos adverte da existência destas novas circunstâncias e que entendo ser uma excelente e oportuna orientação para todos aqueles que, vindo de gerações que se formaram segundo a ótica de outras exigências, agora se alistam construtores de pontes para a sociedade brasileira do amanhã.
José Américo de Almeida, romancista e político,.era Governador do Estado da Paraíba, quando se propôs à criação da Universidade daquele Estado, que mais tarde veio a ser Federal. As últimas palavras de sua mensagem à Assembleia Legislativa: “Eu vos dei as raízes. Outros vos darão asas e o selo da perpetuidade”. Entendo que o Ministro Haddad, ao encerrar as justificativas do projeto de lei, poderia ter usado as expressões de Zé Américo, ou não nas usou, mas teria lembrado. Agora, cabe-nos a responsabilidade “das asas e do selo”. O Presidente “deu as raízes”. O Governo, em seu projeto, revela o que entende ser a educação nesta década que ora se inicia, girando em torno de uma síntese de dez itens a saber:
“I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – superação das desigualdades educacionais;
IV – melhoria da qualidade do ensino;
V – formação para o trabalho;
VI – promoção da sustentabilidade sócio-ambiental;
VII – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto;
IX – valorização dos profissionais da educação; e
X – difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.”
Estes itens se desdobraram em 20 metas que são justificadas, cada uma delas, com várias diretrizes, chamadas de “estratégias” pela equipe redatora do Ministério da Educação. As “metas” e res-pectivas“estratégias” encontram-se no endereço http://www.domcarmo.blogspot.com , em seu inteiro teor, para que, com a sua disponibilidade e leitura, possamos fazer o proveito de que necessitamos, ao participar dessa urgente e “doce revolução” , como a denominou, patrioticamente, o Senador Cristóvão Buarque.
(*) Já está na Câmara o documento de autoria do Poder Executivo que tramitará com o nº PL 8035/10. Inici-almente, sob os cuidados da Comissão de Educação e Cultura, em cujo seio, em breve, a Deputada Fátima Bezerra (do Rio Grande do Norte) apresentará seu parecer, tendo em vista que para isto foi designada.
(**) Tramita, na Câmara, desde novembro, projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo que objetiva alterar a Lei nº 7347/85, para disciplinar a ação civil pública de responsabilidade educacional. A intenção é dar poder ao Ministério Público para fiscalizar os agentes da educação nas três esferas do Executivo. Isto permitirá que os gestores sejam cobrados por sua ação ou omissão, acionados e punidos.
(***) Tramita, no Senado, desde 2007, projeto de lei nº 480, de iniciativa do Senador Cristóvão Buarque, em que se determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica. Justifica o Senador: “No Brasil, os filhos dos dirigentes políticos estudam a educação básica em escolas privadas. Isto mostra, em primeiro lugar, a má qualidade da escola pública brasileira, e, em segundo lugar, o descaso dos dirigentes para com o ensino público”.
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