O
NATAL E A FRATERNIDADE QUE ELE INSPIRA
Ir\ Antônio do Carmo Ferreira
Já vivemos as Boas
Festas comemorativas do Natal. Então pensemos nele,lembrando não os pinheiros,
sempre enfeitados de sugestivos presentes, denominados “árvores de natal”, nem
os “bons velhinhos” portadores de mochilas exuberantes – os papais-noéis, de
eficaz indução aos sentimentos mercantis, mas recordando o nascimento de Jesus
Cristo, o homenageado que os nossos dias teimam em fazê-lo cada vez menos
presente. Daí o grito que vem dos longes: cadê os Presépios?
Também não nos
incomode que Jesus tenha nascido não exatamente num 25 de dezembro, nem no 1º
ano do calendário pelo qual nos pautamos. Importe-nos, e muito, a mensagem que
este nascimento nos traz, gerando, esta lembrança, um tempo de agradecimentos e
de renovação de ideais.
Consta que os romanos
valeram-se de uma festa pagã já tradicional e de grande aceitação popular – o
nascimento do Invencível Sol - e, em
seu lugar, colocaram a festa do Natal de nosso Senhor Jesus. Este apocalipse
(substituição, revelação) se deu no século IV, durante o pontificado de Júlio
I, em 337 d.C (1). Naquele tempo era assim “Roma locuta, causa finita”. Roma
falou (não se discutia), estava falado.
Esta decisão, contudo,
não deverá ser vista como Jesus passando a ser um bem particular e privativo de
qualquer Igreja, nem de uma parte do mundo. Pois uma Igreja sua terá que ser
inclusiva de todos. Será do mundo inteiro. O mesmo entendimento deverá ser o da
religião de Jesus que não será a de uma porção dos povos. É a de toda a
humanidade. Porquanto a sua pregação teve como cerne a mensagem de “amor ao
próximo”, que Ele disse ser o “novo mandamento semelhante ao primeiro” – o de
amar a Deus sobre todas as coisas(2). Disse mais, através de seus apóstolos que
quem fala amar a Deus e não amar o próximo é mentiroso(3).Vejam que linda é a
religião de Jesus! Exuberante na mensagem – AMAR AO PRÓXIMO. E Jesus foi a LUZ
que veio para clarear a todos. Dar um basta nas trevas. Iluminar todo o
universo. Todo o reino de Deus. E não limitados reininhos de alguns, que
ensejam as desavenças e, por isto, as trevas, causadoras dos males que
atormentam o ser humano.
O homem se torna maçom
numa linda cerimônia, durante a qual ele NASCE para tal circunstância. Ele
faz nascer em
si novos ideais, quais sejam os de tornar feliz a
humanidade, que são os ideais da Maçonaria. Ninguém ingressa na Maçonaria sem
firmar o compromisso de AMAR O PRÓXIMO. E compromisso em maçonaria não
prescreve, nem se quebra. Cumpre-se.
Estamos em tempo de
Natal. Quer dizer, dias de reflexão sobre a mensagem com que nos acena o
nascimento de Jesus. Primeiro, agradecer ao Grande Arquiteto do Universo pelo
que pudemos realizar em favor do próximo, que foi possível isto graças a Ele,
conforme reconhecem os adonhiramitas, como também sermos gratos pela vida que
Ele nos deu: um presente inigualável, dentro do qual nos trouxe nossa família,
nossos amigos, nossos irmãos, este mundão que nos rodeia e clama pela paz. E,
segundo, deveremos recorrer a este tempo de Natal, para recordar de nossos
sonhos, de nossos projetos. E nos perguntar: temos chegado às realizações dos
mesmos? Se não chegamos, não desistir, pois Deus é amor(4). E sendo o Bom
Pastor, como é, iluminará os nossos caminhos.(5).
O padre Vieira nos lembra
da parábola do Semeador. É insistir em jogar a semente. Se caiu na pedra
escaldante, se caiu entre os espinhos, se caiu no caminho sob os pés do
viandante, não desistir. Cairá, decerto, uma vez, em solo fértil (6). E
crescerá e dará frutos. Assim são os sonhos, os ideais . Jesus,
o Cristo, que
trocou a vida pelo amor ao próximo, garantiu um prêmio, ensinando
através do apóstolo que “fará jus ao mesmo quem persistir até o fim” (7). Por
isto, fraternidade, para o maçom, não é algo que ele apenas deseja. É algo que
sobretudo ele vive a praticar. E que, por conseqüência, não lhe seja nunca
palavra para enfeitar discurso.
Notas:
(1) Annie Besant, in O Cristianismo Esotérico, Editora
Pensamento, São Paulo, pág.95. (2) Mateus 22, 36-40. (3) I João
4, 20. (4) I João 4, 16. (5) Salmo 23. (6) Padre Antônio Vieira in Os
Sermões, Difusão Européia do Livro – DIFEL, São Paulo. Sermão da Sexagésima
pregado na Capela Real no ano de 1655.
(7)
Apocalipse 2,10
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