quinta-feira, 18 de novembro de 2010
INFORMABIM 274 A e B
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Recordo que fazer as provas do ENEM era uma festa para os jovens que pretendiam ingressar na Universidade. Os resultados alcançados não só avaliavam o nível do saber, mas também contribuíam para formar a nota de aprovação ao acesso aos cursos superiores almejados. Repito: era uma festa para a juventude.
Agora, vejo que a euforia se converteu em preocupação. A edição do ENEM, referente ao ano passado, revelou-se com muitos equívocos, e os candidatos não gostaram. Quando pensávamos que tudo havia sido sanado, que nada de erro voltaria a ocorrer, eis que na edição deste ano surgem fatos mais graves. A ponto de, no entender de muitos, melhor seria a anulação total das provas que chegaram a ser feitas.
Estes fatos são muito graves, e para medir a dimensão da gravidade, basta ver a declaração do Presidente da República de até disponibilizar os serviços da polícia federal na identificação de responsáveis, se má-fé viesse a ser constatada, ainda, se necessário for, fazerem-se novos exames, de modo que a juventude não seja prejudicada em seus caminhos na busca da Universidade.
Estamos em tempo de mudanças, tanto no âmbito federal, como em todos os estados da federação. No bojo dessas mudanças vem a troca dos gerentes na área da educação: novo Ministro e novos Secretários. Cada um com o seu plano de ação, onde decerto estarão estabelecidas as metas a alcançar no quatriênio e os meios necessários para as realizações pretendidas. Pois nenhum governo que se preza se estabelece sem um plano de ação a seguir. Houve um tempo em que o candidato disputava o cargo, já dizendo, durante a disputa, o que pretendia realizar. Ultimamente é que o povo vem tolerando essa história de candidato disputar cargo, apenas discutindo o passado do adversário e não apresentando a que estágio de progresso pretende conduzir o povo a quem pede o voto.
Em todos os programas, a educação do povo deve ser o básico, o preliminar, daí a contemplação desse setor com maiores atenções nos planos de ação governamental das nações em desenvolvimento, porque aí maiores são as exigências com a formação científica, tecnológica e profissional, para dar à força de trabalho a qualificação indispensável a seu engajamento no progresso reclamado.
E não é somente por causa do trabalho. Chega a ser uma exigência do exercício da cidadania. A educação contribui eficazmente nos modos da escolha dos líderes governamentais. A ignorância é que nada tem a ver com a virtude, por ser a mãe de todos os vícios. De quais meios pode o analfabeto se valer na escolha de seus representantes para suprir os cargos de governo?
Outro dia, li nos jornais, e isto me causou grande desgosto, que o incremento da melhoria educacional no País não era destaque no próximo governo federal, segundo o qual “A educação já está bem encaminhada”. Se é verdade este entendimento, nós não iremos a lugar nenhum no quatriênio que segue. O Governo federal não dando o exemplo, como poderá ser exigente para com os governos estaduais e municipais?
Quero lembrar que “o ensino brasileiro de maneira geral foi apontado como um dos entraves para que o país melhore sua posição no quadro internacional do Índice de Desenvolvimento Humano, medido pela ONU: ficamos no 73º entre os 169 países pesquisados, perdendo para 11 nações da América latina e Caribe.” Segundo levantamento recente, “a USP, mantida pelo governo de São Paulo, considerada a melhor do Brasil, ficou fora das 200 melhores do mundo (232º colocação)”.
As falhas evidenciadas na elaboração das provas do ENEM são mais um dos sinais vermelhos que se acendem. Então é necessário gritar. Despertar. Não aceitar ser um búfalo na manada que muitos dos eleitos pretendem tanger. Esta é “a oportunidade que não pode ser perdida para se dar à educação as atenções e os cuidados que ela merece”.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
INFORMABIM 273 B
RETORNANDO ÀS SEMEADURAS
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Estou retornando ao tema da educação, não só porque o assunto é fascinante, mas também e sobretudo porque surge o tempo em que sua abordagem se torna iminente. Antes, uma breve parada, para lembrarmos Guerra Junqueiro, no intróito do livro Velhice do Padre Eterno. Ali, ele diz que “terminada a colheita, arroteia-se o terreno e semeia-se de novo”. Pois é, passada a recente refrega eleitoral e anunciado o nome do escolhido, cabe-nos a apresentação para o exercício da cidadania, oferecendo as sementes com que o novo semeador possa realizar os sonhos de quantos lhe confiaram sua representação na expectativa de um amanhã mais promissor para nosso País.
Não há como relegar ao depois os cuidados com a educação no Brasil, especialmente nestes tempos em que a mídia internacional divulga índices que de muito inferioriza nossa posição diante dos níveis de qualidade já alcançados por outras nações. Mais ainda, as inovações tecnológicas surgem a cada instante e não irão estancar em sua velocidade, para esperar que se lhes alcancem. Os que estive-rem atrás terão que adquirir velocidade su-perior, para em superando o atraso, iguala-rem-se aos já desenvolvidos. Então o esfor-ço reclamado é muito grande, na acumu-lação do saber e no tempo. A não ser que o binômio trabalho/progresso seja submetido pelo ócio/miséria.
O “Diário de Pernambuco”, em recente editorial (02.11.2010), com toda sua responsabilidade de “o jornal mais antigo em circulação na América Latina”, alerta para o que se deve fazer imediatamente. “Pássada a guerra eleitoral, a presidente eleita terá seu primeiro acerto se reco-nhecer que o Brasil está muito longe do paraíso e o povo tem direito a menos mar-keting, mais transparência e mais ação ...” Honesto em sua análise, não omite o que já se fez, “mas não há como manter o cresci-mento sem uma revolução na educação ...” E ilumina o caminho, acendendo o lampião: “Ao governo federal, que fica com 70% do imenso bolo tributário, não é mais possível dar as costas ao ensino médio”.
A maçonaria está engajada nesta luta
pela melhoria da qualidade do ensino, da erradicação do analfabetismo, do ensino
profissionalizante, da implantação de centros tecnológicos. Como se pensar em desenvolvimento econômico e social sem os recursos humanos qualificados para operacionaliza-lo? Sem o ensino a que nos estamos reportando? Comenta-se que ressalta das pesquisas do IBGE, recentemente procedidas, que o maior bolsão de pobreza, no Brasil, encontra-se no Nordeste . Coincidentemente, 50% de todos os analfabetos do País residem nesta porção do Brasil, como também se comenta.
O professor Mangabeira Unger, da Havard e ex-Ministro para Assuntos Estratégicos no Brasil, em entrevista concedida ao DP (1º/11/2010), responde assim: “O Nordeste pode tornar-se vanguarda de um projeto de desenvolvimento do Brasil. Agora, a região precisa deixar de aparecer no imaginário do país como o pobrezinho, pedindo uma compensação aqui e outra acolá ... Um projeto que veja o Nordeste não como um assunto regional, mas nacional. Não há solução para o Brasil, sem solução para o Nordeste.”
Daí, decerto, o clamor do Diário de Pernambuco, no sentido de que se proceda, imediatamente, “uma revolução na educação”. A maçonaria entende e instrui que quanto mais educado, e quanto mais possuidor de conhecimento for o homem, mais se habilita para usufruir dos benefícios do progresso. Emerge deste entendimento, sua missão permanente que é o “combate a ignorância, por ser a mãe de todos os vícios”.
A Confederação Maçônica do Brasil – COMAB já convocou a Asssembleia Geral de seus Grão-Mestres em quatro oportunidades (Fortaleza, Salvador, Blumenau e Recife) para tratarem desta campanha sobre a educação. Um livro foi publicado – “Educação & Maçonaria” revelando suas preocupações e sugestões. Uma quinta Assembleia está anunciada e terá lugar no Norte do País, precisamente em Macapá/Amapá. Porque , seguindo o conselho do poeta luso, este é o momento de irmos retornando às semeaduras.
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Estou retornando ao tema da educação, não só porque o assunto é fascinante, mas também e sobretudo porque surge o tempo em que sua abordagem se torna iminente. Antes, uma breve parada, para lembrarmos Guerra Junqueiro, no intróito do livro Velhice do Padre Eterno. Ali, ele diz que “terminada a colheita, arroteia-se o terreno e semeia-se de novo”. Pois é, passada a recente refrega eleitoral e anunciado o nome do escolhido, cabe-nos a apresentação para o exercício da cidadania, oferecendo as sementes com que o novo semeador possa realizar os sonhos de quantos lhe confiaram sua representação na expectativa de um amanhã mais promissor para nosso País.
Não há como relegar ao depois os cuidados com a educação no Brasil, especialmente nestes tempos em que a mídia internacional divulga índices que de muito inferioriza nossa posição diante dos níveis de qualidade já alcançados por outras nações. Mais ainda, as inovações tecnológicas surgem a cada instante e não irão estancar em sua velocidade, para esperar que se lhes alcancem. Os que estive-rem atrás terão que adquirir velocidade su-perior, para em superando o atraso, iguala-rem-se aos já desenvolvidos. Então o esfor-ço reclamado é muito grande, na acumu-lação do saber e no tempo. A não ser que o binômio trabalho/progresso seja submetido pelo ócio/miséria.
O “Diário de Pernambuco”, em recente editorial (02.11.2010), com toda sua responsabilidade de “o jornal mais antigo em circulação na América Latina”, alerta para o que se deve fazer imediatamente. “Pássada a guerra eleitoral, a presidente eleita terá seu primeiro acerto se reco-nhecer que o Brasil está muito longe do paraíso e o povo tem direito a menos mar-keting, mais transparência e mais ação ...” Honesto em sua análise, não omite o que já se fez, “mas não há como manter o cresci-mento sem uma revolução na educação ...” E ilumina o caminho, acendendo o lampião: “Ao governo federal, que fica com 70% do imenso bolo tributário, não é mais possível dar as costas ao ensino médio”.
A maçonaria está engajada nesta luta
pela melhoria da qualidade do ensino, da erradicação do analfabetismo, do ensino
profissionalizante, da implantação de centros tecnológicos. Como se pensar em desenvolvimento econômico e social sem os recursos humanos qualificados para operacionaliza-lo? Sem o ensino a que nos estamos reportando? Comenta-se que ressalta das pesquisas do IBGE, recentemente procedidas, que o maior bolsão de pobreza, no Brasil, encontra-se no Nordeste . Coincidentemente, 50% de todos os analfabetos do País residem nesta porção do Brasil, como também se comenta.
O professor Mangabeira Unger, da Havard e ex-Ministro para Assuntos Estratégicos no Brasil, em entrevista concedida ao DP (1º/11/2010), responde assim: “O Nordeste pode tornar-se vanguarda de um projeto de desenvolvimento do Brasil. Agora, a região precisa deixar de aparecer no imaginário do país como o pobrezinho, pedindo uma compensação aqui e outra acolá ... Um projeto que veja o Nordeste não como um assunto regional, mas nacional. Não há solução para o Brasil, sem solução para o Nordeste.”
Daí, decerto, o clamor do Diário de Pernambuco, no sentido de que se proceda, imediatamente, “uma revolução na educação”. A maçonaria entende e instrui que quanto mais educado, e quanto mais possuidor de conhecimento for o homem, mais se habilita para usufruir dos benefícios do progresso. Emerge deste entendimento, sua missão permanente que é o “combate a ignorância, por ser a mãe de todos os vícios”.
A Confederação Maçônica do Brasil – COMAB já convocou a Asssembleia Geral de seus Grão-Mestres em quatro oportunidades (Fortaleza, Salvador, Blumenau e Recife) para tratarem desta campanha sobre a educação. Um livro foi publicado – “Educação & Maçonaria” revelando suas preocupações e sugestões. Uma quinta Assembleia está anunciada e terá lugar no Norte do País, precisamente em Macapá/Amapá. Porque , seguindo o conselho do poeta luso, este é o momento de irmos retornando às semeaduras.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
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