ORIGENS DO PENSAMENTO OCIDENTAL
Irm Luiz Carlos Bedran (*)
O pensamento ocidental, este
ao qual nos sujeitamos, ao qual ainda estamos subordinados e somos
influenciados até hoje, desde que os romanos assimilaram dos gregos a sua
filosofia e a sua cultura e as expandiram através de guerras de conquistas,
originou-se da Grécia e atingiu seu ponto culminante há 2500 anos na Atenas de
Péricles.
Entretanto, é de se perguntar
se a Grécia é considerada o berço do pensamento ocidental ou então como os
gregos chegaram a desenvolvê-lo. Quais suas origens?
Duas correntes tentam
responder a essa questão. A primeira, a dos orientalistas, imagina que os
gregos adquiriram das antigas civilizações orientais o conhecimento para
desenvolver sua filosofia; a segunda, a dos ocidentalistas, diz que ela teve
vida própria e sua origem deu-se na própria Grécia.
Entretanto, já não dúvidas de
que os gregos assimilaram dos orientais, dos hebreus, egípcios, babilônios,
hindus e dos fenícios conhecimentos científicos e até mesmo os religiosos.
Assim como a geometria e a aritmética teriam nascido no Egito, a astronomia
entre os babilônios e esses conhecimentos terem funções práticas e utilitárias,
tinham também conteúdo nitidamente religioso e era privilégio da casta
sacerdotal dominante.
Mas isso não significa,
porém, que os gregos não foram originais na filosofia e na investigação
científica, mesmo porque, além da cultura grega não ter sido privilégio da
classe dominante, era conseqüência de uma investigação racional, não
religiosa.
Na verdade, a cultura antiga
oriental foi assimilada pelos filósofos gregos desde os pré-socráticos com a
criação dos mitos, com a invenção de uma divindade única, de uma origem do
mundo, pela idéia de um espírito inteligente, da luta entre os contrários (luz
x trevas, por ex.), da idéia de um corpo mortal e de uma alma imortal. E que
eram concepções dos orientais, mas que os gregos as transformaram tanto que se
pode afirmar que eles foram originais, na filosofia e na ciência.
É chamado de “milagre grego”.
Se os orientais buscavam nos conhecimentos matemáticos astronômicos e
aritméticos por praticidade, os gregos os transformaram em ciências matemáticas
e na astronomia. Além disso, os gregos foram os inventores da política, no
sentido da administração da pólis, da cidade, onde todos dela
participavam, inclusive leigos e não apenas grupos fechados religiosos como nas
civilizações orientais.
Alguns autores também
entendem que a filosofia grega originou-se do mito, ou seja, das religiões.
Entretanto os gregos romperam com os mitos por não terem conseguido explicar
racionalmente a origem das coisas. E eles procuravam na razão, no
racional, a origem das coisas.
Segundo Hegel, o
desenvolvimento da filosofia grega somente foi possível “pelo desaparecimento
da sociedade patriarcal, pelo surgimento das cidades livres e organizadas em
leis”.
O homem grego era político e
pensador e não um mago ou religioso. Essas as origens do pensamento ocidental,
do nosso pensamento.
(Excerto do livro “Pequena história da
filosofia ocidental”, Compacta gráfica e editora, e-mail: compactg@terra.com.br)
*) Luiz
Carlos Bedran, jornalista, advogado, cientista social e escritor.
Procurador do Estado de São Paulo, aposentado. Membro da Loja Maçônica Caridade
III, oriente de Araraquara/SP. Editor do jornal maçônico O COMPANHEIRO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário