MAÇONARIA E EDUCAÇÃO (1/2)
Irm Élio Figueiredo*
N'A Trolha de junho de
2017, deparei-me com o trabalho do Ir.·. Charles Evaldo Boller, intitulado
Educação Natural na Maçonaria, cujo teor e ideias ali lançadas estão plenamente
de acordo com o meu pensamento relativo à Educação e à Maçonaria, como passo a
mencionar, concitando, ao final, os irmãos a refletirem sobre o assunto.
Há muitos anos se discute, nos
meios maçônicos, qual a finalidade da Maçonaria nos tempos atuais, pois, como é
sabido, nossa Sublime Instituição vem sofrendo diminuição sistemática de
membros, desiludidos com os rumos que está tomando, tanto a Maçonaria, como a
sociedade em geral, sempre no sentido de perda de influência e de respeito aos
valores humanos mais básicos, como a Ética e a Educação.
Há alguns anos, Octacílio
Schüller Sobrinho, defendeu que a Maçonaria era uma Escola do Conhecimento, mas
que vinha perdendo essa característica, o que vem sendo comprovado com os
últimos acontecimentos dentro de nossa instituição.
Frederico Guilherme Costa,
defendia que a Maçonaria é uma forma alternativa de sociabilidade, já que
concita seus membros a participarem da sociedade, buscando melhorar a condição
desta, a fim de que o mundo seja um pouco mais humano e um local de bem viver,
porém, estamos assistindo à total derrocada da sociedade civil como um corpo
saudável e com boa convivência, ante as guerras, os genocídios e as tentativas
de destruição do ser humano como pessoa, servindo, apenas, como número para
saciar o apetite voraz e interminável do lucro e ganho dos capitalistas.
O autor do trabalho publicado, o
Ir.·. Boller, vai ao cerne da questão, pois afirma que a Educação, nos dias
atuais, desvirtuou sua função precípua, quando assevera que: "A transmissão de conhecimento está voltada
para o Comércio e a Indústria, requisitos do capitalismo, que exerce domínio
absoluto em todos os níveis, em todas as escolas públicas ou privadas. GANHO
FINANCEIRO É UM PODER AO QUAL O HOMEM SE SUBMETE." (Grifos e
negritos nossos).
Não se nega que o ganho
financeiro, ou seja, os valores monetários devem ser levados em consideração em
todos os níveis sociais, vez que, é através dele que nós vivemos, com mais ou
menos conforto, com mais ou menos vestimentas e outras necessidades ou desejos.
Entretanto, o que precisamos,
atualmente, é dominarmos nossos desejos de possuir coisas das quais não
necessitamos, que não são imprescindíveis, pois, compramos o que não
precisamos, levados pela propaganda maciça e violenta, que prega o materialismo
de que a felicidade se encontra no automóvel de luxo ou de marca famosa, nas
roupas de grife, e outros bens, absolutamente, desnecessários à nossa vida.
O consumo exagerado, como o que
assistimos no mundo atual, traz consequências desastrosas para o meio ambiente,
pois não mede o perigo do desmatamento, do uso indiscriminado da água, o
excesso de rejeitos, dando origem a enormes quantidades de lixo lançados nos
corpos d'água, no solo fértil, além de muitos outros problemas, sobejamente
discutidos e pouco resolvidos.
Todavia, o consumo exagerado,
como assistimos ocorrer na atualidade, não será, sequer, moderado, se não
houver uma conscientização do ser humano da necessidade de refrear esse desejo
imoderado de possuir bens para mostrar aos demais que tendo muito, exerceremos
um "poder" sobre os demais, como ocorreu no início da urbanização do
ser humano, nos primórdios da civilização, quando o mais forte dominava o mais
fraco, sentimento que subsiste até hoje, porém, de forma não explícita, quando
uma nação detém o domínio da fissão nuclear para fins bélicos e não permite que
os outros países possam fazer uso desse armamento, determinando, assim, que,
por ser mais potente, os demais têm de obedecê-lo.
Para que esse desígnio possa ser
alcançado, mister se faz incutir na mente do ser humano, que é muito mais
saudável e necessário que as pessoas convivam, pois, na convivência harmoniosa
é que se vislumbra a Paz, que tanto perseguimos.
No meu entendimento, esse
desidério somente será alcançado através das crianças, onde deverão ser
plantadas as sementes do bom viver em comunidade, a fim de vermos, no futuro,
alguma melhoria na convivência humana.
Todos nós conhecemos o estado
deplorável em que se encontra a Educação como um todo que, em nosso país, vem
sendo relegada ao pior nível e à mais degradante ausência de vontade de ver
nosso povo instruído e ganhando conhecimento, como nas nações mais adiantadas,
em que o indivíduo tem participação ativa na condução dos destinos de seu país.
A Maçonaria sempre apoiou a
difusão do conhecimento, sendo conhecida sua atuação no correr, principalmente,
do final do século XIX, quando fundaram e mantiveram inúmeras escolas pelo país,
como nos relata o Ir.·. Samuel Vieira da Silva, em artigo na Revista Universo
Maçônico, edição 36, e que hoje é objeto de estudos e pesquisas de
universidades pelo país.
Aliás, a esse respeito, eu posso mencionar que em
Jundiaí, onde nasceu meu avô paterno em 1880, não havia escola até 1895,
ocasião em que ele pôde ser alfabetizado, tornando-se... (Continua na edição
442)
Nenhum comentário:
Postar um comentário