Irm
Antônio do Carmo Ferreira
Esse costume de
comprar móveis, utensílios, veículos e tudo quanto mais se possa imaginar, para
pagamento em “módicas prestações”, tem alimentado situações perversas e mais
das vezes desesperadoras, a quantos se
valem desse sistema para satisfação de seus anseios de consumo.
É bem provável
que nunca foram alertados para o fato de que ao comprarem a prazo estão comprometendo rendas e salários
de até o 24º mês à frente do momento da aquisição. E muitas vezes sem a certeza
ou a garantia de que tais remunerações lhes estarão disponíveis no futuro comprometido.
Nessas “eras de
descontinuidade”, em que no momento 12 milhões de brasileiros perderam seus
empregos, e estão sem trabalho, confirma-se tal incerteza e se torna um risco
comprometer rendas que provenham de salários futuros, de muitos meses
à frente. E muitos estão
procedendo dessa maneira, atendendo ao aceno do cartão de crédito, parcelando o
pagamento em várias prestações, o que encarece as compras com o pagamento do
serviço do cartão e alimenta o risco e o constrangimento no amanhã.
É preciso
repensar esse costume de gastar mais do que se ganha. E me reporto a este
assunto, nesta oportunidade, diante do disse-não-disse político causado pela
PEC 241, remetida pelo governo à Câmara, e já se encontra no Senado com o
número 55, pretendendo estabelecer fortes mecanismos para limitar os gastos
públicos.
Tem sido uma
gritaria danada. Cada corporação
reclamando na defesa de seus interesses, sem lembrar do benefício ao
todo. Gastar, gastar ... mas há recursos para tanto? “É preciso julgar, pra
depois ...” deitar falação, ensina o cancioneiro popular.
De fato, nesses
tempos de tanta insegurança, com a vida em risco em cada canto, não há como não
exigir dos governantes reforço no custeio do setor ! Quando a nossa saúde, ela
mesma, encontra-se hospitalizada, não se vê, sem tristeza, uma hipótese de
freio nas despesas com ela!
E a educação e o
ensino? Aí é que é “de fazer chorar”, como se freva no carnaval do Recife,
falando-se da “quarta feira ingrata”, se se insinua uma limitação nos gastos
desse setor, quando nos encontramos a reboque diante de nossas carências,
perante a evolução das inovações e da tecnologia já conhecidas pelo resto do
mundo!
A esperança
ressalta, contudo, e vem na palavra
esclarecedora do próprio Sr Presidente
Temer, para quem “o limite de gastos instituído pela PEC é global. Não é um
teto para a educação, um teto para a
saúde ... Nosso horizonte é prestigiar a saúde e a educação, é
prestigiar o investimento”. Educação e Saúde teriam tratamento especial com
inclusive alocação de mais recursos nos orçamentos que haverão de vir, quer
dizer com valores maiores que os consignados em dispositivos dos anos
anteriores. “Quando nós”, continua o Sr Presidente, “dizemos que ele será
revisável a cada Orçamento, não significa que ele não pode ser além da
inflação”. (Diário de Pernambuco, 14.10.16).
Recentemente, o
ministro da educação, Sr Mendonça Filho, anunciou que um crédito suplementar de
R$5 bilhões havia beneficiado o MEC e “servirá
para pagamento de pessoal e gastos com benefícios em universidades, hospitais
universitários, institutos federais além de autarquias e fundações federais.
Garantido um reajuste de 10,77% a professores e servidores da área técnica de
universidades e institutos federais”. (Jornal do Comércio, 11.11.16). São
gestos que fortalecem a crença.
Então vamos
pedir ao Grande Arquiteto do Universo para que ilumine os nossos parlamentares,
no sentido de que, ao apreciarem a matéria,
tornem exigente, e não falhe, a realidade a que se reporta o Presidente
Temer em suas explicações.
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