SEMPRE
TRATANDO DE LIVROS E LEITURAS
Irm Antônio
do Carmo Ferreira
Estamos lembrados das notícias sobre a destruição que
as enchentes deste ano causaram à economia e às pessoas na região da mata sul
de Pernambuco. Como também é de recordar a evidência da menina Rivânia,
aparecendo numa canoa velha atravessando o rio de águas barrentas, trazendo ao
colo uma mochila cheia de livros. Uma crença daquela menina em seu futuro a
partir do amor aos livros e da aprendizagem que a leitura dos mesmos
proporciona.
Aquelas enchentes, pelo quadro que deixaram, pareciam
levar as pessoas às cantigas do fim de carnaval, já na madrugada da quarta
feira, “é de fazer chorar” ...
Mas, agora, quero me referir ao esforço que fazem o governo e a comunidade
para o restabelecimento da paisagem de normalidade e de bem estar em que
anteriormente conviviam as pessoas da região. A mídia impressa, em sua função,
tem cuidado de revelar esse grande e inesquecível empenho.
Faz alguns dias, o
ministro da educação, Senhor Mendonça Filho, visitou as cidades
atingidas e anunciou a liberação de vultosa quantia, destinada, principalmente,
às atividades de reconstrução das escolas com destaque para as suas bibliotecas. Um gesto de governo que merece
ser realçado.
Ele mesmo, o Ministro, veio à região para anunciar o
interesse do Ministério, cuja administração lhe foi confiada, para que as
pessoas se ilustrem através da leitura, viajando o mundo inteiro e conhecendo
os maiores pensadores da humanidade graças a esse veículo de inigualável valor
chamado livro, a que o gênio da poesia brasileira – Antônio de Castro Alves –
denominou de “audaz guerreiro”.
Seguindo esse esforço, várias instituições culturais
do Estado de Pernambuco, nesse tempo,
têm dedicado boa parte de sua atuação em favor da reconstituição das
bibliotecas que foram destruídas pelas enchentes. Exemplo disto é a campanha
desenvolvida pela Academia Pernambucana de Letras, coletando milhares e
milhares de livros com essa destinação. Iniciativa vitoriosa diante da
quantidade de obras que lhe foram enviadas, oriundas da comunidade e inúmeras
da autoria de seus imortais.
Desejo, nessa trilha de boa vontade, oferecer uma
pequena sugestão aos dirigentes dos municípios beneficiados. Que se criem, por
iniciativa das Prefeituras, corpos de voluntários, que, presentes nas
bibliotecas e ou nas escolas, despertem as pessoas para o hábito da leitura,
especialmente a garotada estudantil. Que se estabeleça uma premiação por
quantidade de livros lidos com um resumo do que tratava a obra. Coisas assim e
ou outras que a inteligência dos administradores municipais ensejar.
Pois de nada valerão esses gestos de reconstrução e
reconstituição das bibliotecas da região atingidas pelas enchentes (ou mesmo de
outros lugares) se elas servirem apenas de depósito de livros, inclusive porque,
se isto acontece, está aí uma desobediência à orientação evangélica, quando
fala dos talentos, de que “não se devem colocar os mesmos nas botijas”.
Elogiados foram aqueles que os movimentaram.
Quanto às enchentes, elas têm é que ser domesticadas,
tornando-se úteis ao invés de agressivas. A solução para isto pode até já estar
posta. Quem sabe, bastando persistir tratando-se de livros e leituras?
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