Irm Antônio do Carmo Ferreira
Tenho acompanhado, com grande alegria, notícias
divulgadas através dos jornais impressos e até da televisão, a respeito de um
novo incentivo à formação do hábito da leitura. Chamam-no de “esquecer” um
livro. Simples, mas muito motivador!
Consiste em um amante da leitura “esquecer” um livro no banco da praça. Ou na banca de
centro da sala de espera do médico. Ou em algum assento do ônibus. Em qualquer
lugar, a que as pessoas tenham acesso.
A sua destinação encontrar-se-á lavrada na primeira
folha do livro, com dizeres mais ou menos assim – “Lembrei-me de você. Leia-o.
E depois esqueça-o em lugar igual a este”. Surtirá efeito, ao menos
aguçando-lhe a curiosidade com a surpresa do achado e da mensagem!
É como se a gente estivesse completando ou renovando,
em nossos tempos, os amores de nosso Ir.’. Castro Alves pela leitura, ao
escrever o admirável poema “O livro e a América”. Alí, ele anuncia um grande
prêmio a quem amar o livro, certamente a quem fizer dele o melhor uso – a sua
leitura. Garante-lhe o título de “Bendito!”
Para ajudar na formação do hábito da leitura, toda
iniciativa é de muita validade, especialmente entre nós, que tivemos nosso
começo na contramão dessa bênção. Recordo que durante mais de 300 anos, nada se
imprimia aqui no Brasil. Era proibida a posse das prensas por mais precárias
que fossem.
Como se há de convir e por conseqüência, a extensão era
a desqualificação para o aprender a ler. A ausência total do despertar para um
bem de tão alto valor para o progresso da humanidade – a leitura.
A leitura traz o mundo para o aconchego de quem a
exercita. Mais ainda: abre-o a seu conhecimento. A maravilha dos cenários
descritos. O exemplo dos personagens que protagonizam as cenas narradas nos
conteúdos que constituem os livros.
Causa tristeza a constatação do que entre nós impede
maiores conquistas no crescimento do amor à leitura. Fatores negativos à nossa cultura escrita, os
quais precisamos combater. Reporto-me a dois deles. Ao grande percentual de
analfabetos em nossa população. Analfabetos reais e os funcionais. E, ao que se
comenta, a existência de escolas sem biblioteca, quando a lei* obriga o seu funcionamento com tantos títulos quantos sejam os alunos
matriculados. Mas um dia, (que seja breve!) essas barreiras serão ultrapassadas
... Que o Grande Arquiteto do Universo nos favoreça.
Vale o esforço
com que todos devemos estar envolvidos em favor da educação, combatendo
a ignorância – “a mãe de todos os vícios”. O hábito da leitura será um produto
que haverá de vir com esse esforço. Então, nesse sentido, “esquecer” um livro é
atender ao apelo de nosso Irmão Castro Alves – “semear livros à mão cheia” e
por isso ser merecedor do título de “Bendito”.
*)
Lei federal nº 12.244/2010.
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