Irm Antônio do Carmo Ferreira
Corria o ano de 1991. Xico Trolha estava no Recife
desde o dia 10 de novembro. Viera de Londrina na expectativa de ver as ruínas
do Senado da Câmara, o Mercado da Ribeira e as ladeiras de Olinda.
Em 1710, no dia 10 de novembro, no Senado da Câmara,
falou-se de independência na Colônia. Sonhos! Bernardo Vieira de Melo que havia
governado o Rio Grande do Norte, teatralizou aqueles sonhos. Deu o primeiro
grito de República nas Américas. Seu gesto valeu-lhe a vida. Morreu nos
calabouços do Limoeiro, nas cercanias da Corte. Porém não foi em vão. “A
República é Filha de Olinda”, lembra o hino de Pernambuco. Xico queria ser
fotografado ali, frente às ruínas. E foi.
Queria mais: sentir o aroma que vinha das flores
regionais, trazido pelos ventos soprados dos bosques, onde eram escondidos os escravos,
para em algum momento, serem expostos e negociados no Mercado da Ribeira. Xico,
como todos os maçons, sentia náusea, bastava lembrar da escravidão.
Certa feita, um poeta local falara para o Xico que as
ladeiras de Olinda, de tão íngremes, pareciam, no topo, furar as nuvens, e,
vistas do pé, mais se assemelhavam a escadas do céu. E ele, ao constatar isto,
dizia-me: “Quando me indagarem sobre a Escada de Jacó, vou responder que lembra
as ladeiras de Olinda que esbarram na porta do céu”.
Dia 11 de novembro, já estávamos reunidos no Recife:
Xico Trolha, Carlos Pacheco e Castellani. Eles eram meus convidados. Eu,
proustianamente inspirado, estava “à procura do tempo perdido” com referência à
aprendizagem maçônica. E aqueles irmãos e amigos sabiam muito e sempre se
prontificavam a me indicar os caminhos, não “os de Suwam“, mas os da arte real.
Tínhamos um projeto em comum. Insistir na união dos
irmãos, pois é nesse estado, que “acontecem o bom e o suave”. Para a consecução
desse objetivo, sabíamos da espessura dos muros que haveriam de ser demolidos.
Mas não importava o esforço, por maior que fosse. Importante mesmo e
gratificante era antever a cadeia de união resultante e proporcionada pelas
pontes construídas.
Veio então a idéia de se iniciar esse trabalho,
gerando-se um associação dos produtores de notícias dos feitos da Ordem,
Unanimidade! Não só produzir, mas divulgar e, nessa atividade, estimular o
acompanhamento do progresso na arte da comunicação. Eram 12 de novembro, data
que não nos pareceu propícia ao evento da anunciação do nascimento de uma
associação do porte daquela que vinha de ser fundada. Pois em 12 de novembro de
1823, militares armados cercaram o prédio, onde estavam reunidos os Deputados
que elaboravam, no Rio de Janeiro, a 1ª Carta Magna de nossa Nação, e por
decisão de S. M. I. ficava dissolvida a Constituinte. Data de tristes
lembranças!
Dia 13 de novembro de 1991, no Templo da Loja Maçônica
“10 de Novembro de 1710”, a 33 metros das ruínas do Senado da Câmara, em
Olinda, pelas 20 horas, com o Ocidente e o Oriente completamente preenchidos
por irmãos maçons, foi anunciada a fundação e instalação da Associação
Brasileira da Imprensa Maçônica – ABIM.
São decorridos 27 anos, tendo a ABIM cumprido os seus
objetivos. Associados em todos os recantos do Brasil e de todas as Potências
Maçônicas. Revistas modernas, editoradas nos padrões tecnológicos mais
avançados. Boletins e jornais produzidos em grau de excelência.
Nesta data, cumprimentamos todos os associados da
ABIM, com a mesma certeza com que James Anderson compilou as Constituições: “A
Maçonaria é um centro de união”. Xico e Castellani, já no Oriente Eterno, rogai
por nós!
Salve 13 de novembro, dia nacional da imprensa
maçônica!
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