O ORIGINAL LIVRO DAS CONSTITUIÇÕES
Irm Theobaldo Varoli Filho *
Em 1723, foi
publicado o “Livro das Constituições”, por aprovação da Grande Loja¹ e por
ordem do duque de Wharton, grão-mestre. Esse livro passou à maçonaria quase
sempre conhecido impropriamente por “Constituição de Arderson”, embora este
maçom pioneiro fosse apenas o seu principal colaborador e autor do
ante-projeto.
Desaguliers,
então deputado grão mestre, na dedicatória do livro ao ex-grão-mestre Duque de
Montagu, enaltece o trabalho de “nosso erudito autor” (Anderson), como “uma
justa e exata descrição da maçonaria desde o princípio do mundo”.
Parece-nos,
salvo melhor juízo, que os maçons pioneiros se exprimiam desse modo para
caracterizar apenas uma linguagem simbólica, pois não há admitir que eles
acreditassem que a maçonaria tivesse começado com Adão, o qual “teria ensinado
a Geometria a seus filhos”.
O demérito do
trabalho de Anderson não escaparia aos maçons versados em história. Deveria ele
proclamar o caráter lendário dos documentos que conseguiu estudar com o
propósito de consubstanciar-lhes e codificar-lhes as fantasias.
Não nos parece,
a nós, que Anderson fosse ignorante. Bem que ele poderia ressalvar que todas as
fraternidades e corporações medievais tinham suas lendas e que até nas
“guildas” se representavam dramas. Isso ele não fez, apesar de os fundadores da
Grande Loja inglesa serem chamados de “modernos” pela crítica que lhe faziam os
“antigos”. O resultado foi o surto de comentários ridículos e da instalação de
uma desastrosa mística inspirada num falso ancestrismo maçônico a satisfazer o
culto da vaidade entre os maçons ignorantes.
Todavia, o
melhor trabalho de Anderson foi o de haver compilado os velhos usos e as
“Antigas Obrigações” (Old Charges). O melhor da consolidação de Anderson teria
sido o resumo dos regulamentos profissionais da Arquitetura Gótica. De fato, os
usos e costumes de pedreiros e canteiros construtores das catedrais góticas
constituem a fonte mais importante da Maçonaria. Os mesmos preceitos
profissionais e até o uso de sinais, toques e palavras, dos tempos do arquiteto
Erwin, de Steinbach, eram seguidos, com algumas inevitáveis diferenças, pelos
obreiros das artes bizantina e sarracena, na sua fase ulterior.
Nota
do editor:
*) Excerto (páginas 190 e 192, I Tomo)
do livro Curso de Maçonaria Simbólica de autoria do Ir Theobaldo Varoli Filho,
publicado em três volumes pela editora A Gazeta Maçônica, São Paulo/SP. A
divulgação dos dois excertos que publicamos (na edição 455 e nesta 456 do
INFORMABIM), objetiva convidar os irmãos à leitura desse maravilhoso livro,
portador de tantos e tão profundos conhecimentos sobre a Maçonaria Simbólica,
que nos legou o maçonólogo Theobaldo Varoli Filho. Pedidos: José Calixto
Teixeira. E-Mail: agazetamaconica@terra.com.br
1) Grande Loja de Londres.
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