Em várias instituições pernam-bucanas e no próprio Palácio do Governo do
Estado foi comemorada a Data Magna de Pernambuco, agora feriado por força de
Lei, lembrando a Revolução de 6 de Março de 1817, tida por muitos historiadores
como “a 1ª revolução da independência do Brasil”.
Sobre esse assunto, desejo referir-me à pesquisa empreendida pelo
Diplomata Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão, resultando no livro “A
Revolução de 1817 e a História do Brasil”, que a Editora Itatiaia, numa
louvável iniciativa, publicou.
São novos enfoques a partir dos quais essa obra analisa a Revolução de 6
de Março de 1817, como registra o professor Vamireh Chacon: “o marco fundador
da história diplomática do Brasil”. E o próprio historiador Gonçalo Mourão
afirma: “A Revolução de 1817 criou o Brasil a nível internacional como entidade
independente e com ela começa a História Diplomática do Brasil”.
Havia razão e segurança bastantes para o escritor assim se referir, pois
era diplomata de carreira, trabalhando no Itamaraty e com acesso às melhores
fontes. Pesquisou, “em fontes primárias diretas”, nos Arquivos Diplomáticos do
Itamaraty, de então, atinentes a Buenos Aires. Washington, Londres, Madri, Paris, Áustria e São Petesburgo
(Rússia).
Enquanto a luta na costa do Pacífico já havia tornado independentes
quase todas as colônias do mundo espanhol, o Brasil continuava apenas terras de
Portugal nas Américas. É bem verdade, lembra o professor Vamireh Chacon, que
duas inconfidências (mineira e baiana) haviam acontecido, “nenhuma delas,
entretanto, teve qualquer significado externo e sua repercussão internacional
foi nenhuma".
O Diplomata Gonçalo Mourão põe em seu livro, como venho chamando a
atenção do leitor, a grande importância com que o mundo todo viu esse movimento
revolucionário e registra, inclusive, os destaques dados pelos principais
jornais sobre esse assunto.
Faz referência ao “primeiro embaixador do Brasil em toda a nossa
História, Antônio Gonçalves da Cruz, vulgo Cabugá. Cabugá desembarcou em
Boston, saudado, com grande satisfação (great pleasure) como Sua Excelência
Antônio Gonzalo da Cruz, Ministro do Governo de Pernambuco nos Estados Unidos,
e comitiva, pela imprensa norte-americana, conforme os jornais locais Boston
Daily Adviser e Boston Patriot (15/05/1817).”
“A cobertura que o Times dá ao acontecimento da Revolução de 1817 em
Pernambuco é excepcional”, constata Gonçalo
Mourão e acrescenta que de 27 de maio a 1º de agosto daquele ano, em 58 números
do jornal, 21 foram seus editoriais sobre a Revolta. E que “nenhum assunto de
política internacional ocupou, naquela ocasião, tanto as páginas do Times,
quanto a Revolução de 1817.”
Desejo, pois, fazer mais esse registro sobre a
relevância da Revolução de 1817, evidenciando alguns dos tópicos com que o
Diplomata construiu seu livro “A Revolução de 1817 e a História do Brasil”
(Editora Itatiaia), para cuja leitura convido os que amam a história de nossa
formação política. A imprensa internaci-onal, dando maior importância à Revo-lução
Pernambucana de 1817 “do que a que daria, cinco anos mais tarde, à própria
independência do Brasil, deixa patente o
significado e a magnitude daquela Revo-lução”, capaz de “criar, a partir de
então, o Brasil a nível internacional como entidade independente.“
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