Durante toda
essa campanha eleitoral, não tenho observado maiores interesses pelo tema
educação. Reporto-me às falas dos candidatos ao cargo de Presidente da
República. Nenhum deles aborda o assunto educação. E quando toca o faz
tangencialmente numa sequência em que o termo mal aparece e em último lugar,
antecedido por: segurança, saúde e outros ... Nos debates, ninguém é indagado
sobre que tratamento será dado à educação em seu governo. É como se a educação
fosse uma função de somenos importância na construção do progresso de uma
nação.
Infelizmente, é
assim mesmo que se vê o fator educacional em nossas equações governamentais. Há
um plano decenal em execução que prevê um compromisso de 10% do PIB a ser
aplicado, mas não se chegou sequer à metade e, pior, o Governo proíbiu, por
emenda constitucional, qualquer acréscimo por muitos anos. Pratica-se dessa
forma um crime contra o “país do futuro”, frustrando as esperanças de milhões
de jovens que ficam impossibilitados de ter um ensino melhor e, de maneira
eficaz, contribuirem para o progresso de nossa Pátria.
Tudo se passa,
como se as mil maravilhas estivessem acontecendo. Escolas bem aparelhadas.
Professores e educadores bem remunerados, com salários fazendo jus à sua
importância na formação da juventude. Estudantes ávidos do saber e estimulados
para tanto, com uma avaliação superior aos índices alcançados por seus
contemporâneos do restante do mundo.
Uma grosseira
ironia. Pensem o inverso! Que é o estágio em que se encontra nossa Educação.
Salvo em alguns Estados, onde um milagre consolador tem acontecido, graças
sobretudo ao esforço local das escolas
de ensino em tempo
integral, decorrente da ação conjunta de
governo, família, estudantes e educadores.
Tento pensar que
o aprofundamento do tema teria saído daqueles debates iniciais, dado sua
importância, para ser incluído e desenvolvido na construção do plano de governo
do candidato eleito. Uma consciência coletiva dos candidatos. Então, mês que
vem, após a unção do eleito, é de todo urgente sua excelência repensar os temas
educação verso emprego, sabido (Art. 205 da CF) que a educação é um direito de
todos, cuidado pelo estado e família, para proverem a pessoa das condições para
o exercício da cidadania e do trabalho.
Treze milhões de
desempregados. Tantos postos de trabalho extintos. Com a retomada do
crescimento, estariam eles habilitados à ocupação das novas funções que o
mercado de trabalho venha a oferecer? Pesquisadores sensíveis aos anseios das
pessoas, anseios que surgem à medida que a tecnologia lhes proporciona novos e
mais atraentes bens e serviços, antevêem que mais da metade dos jovens que hoje
fazem o curso médio, está se formando para a ocupação de empregos na
produção de bens, dos quais ainda não se tem notícia. Frutos da velocidade nas
descobertas, invenções e tecnologias!
Mais: esses
mesmos pesquisadores advertem que o futuro privilegiará as “habilidades
comportamentais” para os humanos, enquanto que caberá aos robôs a prática das “habilidades
técnicas”.
Então, é preciso
e urgente repensar a educação, porque o tempo do robô está chegando, e a
qualidade do empresário se revela, não na caridade que pratica, mas no lucro
que sua organização aufere.
*)- Antônio do Carmo Ferreira é Economista pela UFPB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário