Na filosofia, desde Platão na famosa Alegoria da Caverna, a luz deveria ser uma
busca incessante dos seres humanos, pois ela é metaforicamente comparada com a
sabedoria, com o conhecimento. Quem encontra a luz, encontra o saber. Da mesma
forma, segundo o mito, quem encontra a luz (conhecimento) também corre o risco
de ser morto pelos que vivem nas trevas (ignorantes) Como disse Antônio Costa:
“Só quem está acostumado na escuridão,
indigna-se com quem lhe acende uma luz”. Um paradoxo estranho, mas real.
O século XVIII é considerado o Século das Luzes, pois neste momento histórico uma
gama de teorias conhecidas como Iluministas revolucionou o mundo, modificando
estruturas sociais, possibilitando mudanças na forma de pensar e de agir. As
luzes, que simbolizavam o conhecimento, deveriam iluminar os novos rumos das
sociedades. Dentre os filósofos Iluministas, Voltaire ousou dizer já naquele
século uma grande verdade, que pode ser questionado por muitos, mas que não
deixa de ser repleta de luz:Ӄ mais claro que o sol, que Deus criou a mulher
para domar o homem”.
Nem a biologia escapa da luz, primeiro porque não há vida sem luz, as
plantas precisão dela para realizarem a fotossíntese e por conseqüência tornarem-se
alimentos para os demais seres, movendo assim, a cadeia alimentar. E segundo,
porque um dos atos mais belos da humanidade, o parto, é comparado ao ato de dar
à luz.
A luz foi o início de tudo. Independentemente de qualquer versão sobre a
criação e/ou surgimento das coisas, da vida, ela é mencionada. Para os
cientistas o Big Bang, considerado a grande explosão luminosa, marca o início
da história do universo e em conseqüência dos planetas e seres. Para os
religiosos a luz foi uma das primeiras criações divinas e dela a divisão entre
o bem (luz) e o mal (trevas).
O ser humano necessita desejar a luz, sair das trevas. Buscar a luz deveria
ser uma constante, um ato contínuo, prazeroso e essencial. Encontrá-la é o
ápice da própria essência do ser. Se somos de fato animais racionais, a
racionalidade só acontece quando iluminada. Ao contrário, uma racionalidade
apagada, provocará atos danosos do próprio ser e a todos que estão ao seu
redor.
A luz ilumina nossas escolhas; permite visualizarmos o nosso ambiente com
mais clareza; induz à bondade, à tolerância, ao desejo do bem para si e para os
outros. O ser que busca a luz acredita na vida e em si próprio. Martin Luther
King disse, fazendo uma analogia muito pertinente e iluminada: “A escuridão não pode expulsar a escuridão,
apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode
fazer isso”.
Termino esta reflexão com um pensamento de Carl Gustav Jung: “Até onde conseguimos discernir, o único
propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão da mera
existência”. Por isso, quando alguém ou a nossa própria consciência
perguntar o que queremos, não hesitemos em responder: queremos a luz.
1)-
Artigo publicado em O CINZEL nº 62/2018. Periódico editado pelo jornalista
ÁLISSON CORRÊA. E-Mail: alissonlgc@gmail.com
2)-
Walter Gonçalves de Souza, professor, membro da Academia Maçônica de Letras do
Leste de Minas Gerais. Obreiro da ARLS “Caratinga Livre” 922 - GOB –
Caratinga/MG.
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