domingo, 31 de janeiro de 2016

INFORMABIM 352 (A e B)


QUANDO TODO CIDADÃO É MARINHEIRO

Irm Antônio do Carmo Ferreira(*)

 

A indiferença, para com esses sofrimentos todos instalados em nosso País, generalizou-se. Pouquíssimos são os que clamam, parecendo até que os brasileiros teriam nascido para sofrer.. Essas inquietações a que assistimos nos últimos meses, nada têm a ver. Incendiar ônibus, quebrar portas de bancos, até depredar bens públicos são gestos de vandalismos, ações de bandidagem, mas não de cobrança pelo bem-estar de todos que, decerto um dia, haverá de vir, não pela via exposta, porém por uma reformulação de costumes, em que se comprometa  o gestor público, não somente o executivo, mas também os que ganham para gerar a legislação pertinente, premiando os bons e punindo os omissos, os maus.

Vejam! Estamos em tempo de semeaduras. Este é o ano da escolha dos dirigentes do País e dos Estados. O que ouvimos, e a mídia é farta nisso, é falar-se em candidatos aos cargos, posições de grandes salários, poder e prestígio, contudo o plano de ação que se eleitos pretendem executar, nele nem falar, e apresentar para consideração do povo, menos ainda. Quer dizer, é muito postulante a empregos de oito anos de duração, sem qualquer compromisso com o que vai  realizar. E não há qualquer punição por nada fazer ou até fazer contrariamente ao que deve ser feito.

Há umas coisas a respeito das quais não podemos ficar indiferentes. Os sofrimentos ... Direitos elencados em nossa Constituição Federal que não se respeitam. Delitos que passam sem punição. Essa história das desigualdades regionais, por exemplo. No mesmo Brasil, vários brasis. A CF estabelece no artigo 165 §7º e artigo 35 das Disposições Transitórias o instrumento para evitar tais disparidades regionais, relacionando investimento e população. Mas o Nordeste tem 27% da população brasileira, e o governo federal investe quanto na Região? Apenas 13% dos recursos federais.(Diário de Pernambuco, 08.02.2014). E tome desigualdade ...

Nossos portos todos nós sabemos do precário serviço que oferecem, como, da mesma forma, são mantidas nossas rodovias, enquanto, diante disto, perde-se grande percentual das safras de grãos no interior do país, acarretando graves prejuízos para os produtores rurais, em conseqüência da omissão governamental. Escassez de recursos financeiros? Nada disto. Outro dia, registrou a mídia que “dos 218 milhões de dólares previstos para investimentos em terminais brasileiros, somente 15,5 milhões foram liberados”. Todavia “contrastando com esse desprezo pelo interesse nacional, o governo investiu, em 2008, 682 milhões de dólares no porto de Mariel, Cuba” (Jornal do Commercio, 14.02.2014).

Outro assunto muito grave: a situação da educação pública. “A educação é um direito de todos” e o Governo tem a obrigação de colocá-la à disposição, para preparar as pessoas para exercício da cidadania e da prática do trabalho. (Art.205 da Constituição Federal). As metas e os meios serão estabelecidos através de um Plano Nacional, para um período de dez anos.(CF, Art 214). Sem esse plano, a educação se realiza sem norte e daí os resultados pífios que as avaliações internacionais têm revelado a respeito de nossa educação pública, marcas que nos humilham e desdizem nosso futuro. O PNE 2 está no Congresso Nacional, há três anos. E cadê a responsabilidade educacional ?

Quero registrar, não por ser maçom, mas por um dever de justiça, que a Ordem Maçônica tem estado atenta a essas omissões e indiferenças. Tem reunido, vezes sem conta, sua liderança nacional,  e pedido que o povo acorde e tome consciência disso. Reclame seus direitos. Mas é uma tarefa muito grande, para tão poucos! É preciso o engajamento de todos. Acuda-nos a convocação que nos deixou o maçom Frei Caneca, que deu a vida nas obras de construção de nossa Pátria: “Quando a nau da Pátria se acha em perigo sob a ameaça de naufrágio, todo cidadão é marinheiro.”

*) Antônio do Carmo Ferreira é Jornalista 5565/PE-MTE

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