CADÊ O AVANÇO?
Irm Antônio do Carmo Ferreira
O anúncio do combate ao analfabetismo no Brasil vem
de longe, pois não é de pouco tempo pra cá que se aciona essa tecla. Como se costuma dizer na
maçonaria, “perde-se na poeira da antiguidade...” Agora, a mídia fica assanhada
com essa de que “o MEC falha no acesso ao ensino”. Não há surpresa nessa
reprovação. A novidade, em nossos dias, é que a avaliação é desmoralizante e
demonstra o quanto não se tem levado a sério, nem se tem compromisso com o
futuro dos muitos brasileiros. Somente para uns poucos, o futuro será promissor.
E tome enganação nos muitos!
A UNESCO, departamento da Organização das Nações Unidas
que cuida, inclusive, dessas avaliações educacionais, soltou recentemente o
relatório de que o Brasil está entre os 8 países do mundo de maior quantidade
de analfabetos, num ranking de 164 avaliados. E havia um compromisso (ano 2000)
de acabar com essa chaga no seio da humanidade brasileira até 2015, assumido
perante a UNESCO, como perante o próprio Brasil (até 2020). E, aí, nem uma
coisa nem outra. Inclusive esse ponto final em 2020 não tem mais cabimento,
considerando que era uma das 20 metas estabelecidas pelo Plano Nacional de
Educação 2, que há três anos se encontra passeando no Congresso Nacional, e o
Governo teima em não acudir na sua aprovação.
A educação, no mundo fora do Brasil, avança. Melhora
de qualidade. Dá-se a inclusão de todos. Graças a isto, a inovação tecnológica
adquire grande velocidade. Dobra o acervo desses novos conhecimentos a cada 10 anos. Produtos, hoje, em uso, gerados há
cinco anos, já são obsoletos, e não encontram
peças de reposição no mercado. Certamente, produtos que serão usados lá
pelo ano 2020, a fórmula de produção ainda não foi concebida. As empresas estão
ciosas disto, financiando as pesquisas, investindo pesado nisto, para
viabilizarem a maximização de seus lucros. O Governo segue o mesmo raciocínio,
porque aumentará a sua arrecadação e pela mesma trilha entende crescer no
respeito diante das nações. Aqui, ignora-se isto, em vez de se investir no
conhecimento, tem-se preferido doar o dinheiro às montadoras de veículos,
isentando-as do imposto.
Vejamos como ele iniciara aquele livreto: “A grande
tarefa, o grande desafio da educação
contemporânea é preparar hoje o advento do futuro que bate às nossas portas e
para o qual, lamentavelmente, nós, brasileiros, não estamos ainda preparados”. Escreveu
sobre a precariedade então existente em todos os graus do ensino; e sobre o
analfabetismo dizia ele: “O Brasil iniciou o século XX liderando as
estatísticas internacionais de analfabetismo [ ... ] Desde que se realizou o
primeiro censo demográfico no Brasil, em 1872, a quantidade absoluta de analfabetos
jamais deixou de crescer. Hoje (1990) são cerca de 20 milhões, se contarmos os
de 18 anos e mais, e quase 30 milhões, se incluirmos os de menos de 18. A razão
é simples. Jamais fomos capazes de estancar a fonte de alimentação do
analfabetismo”
Decorrido todo esse tempo, a indiferença e a falta de
compromisso continuam na mesma, sobretudo considerando o desafio da aceleração
no campo da inovação tecnológica e do mesquinho estágio educacional em que nos
encontramos.
Precisamos despertar para a cobrança do que nos pertence:
“A educação é um direito de todos e obrigação do Estado ...” (Art 205 de CF). A
economia do Brasil, alardeiam por aí, que é a 8ª do mundo. Mas, se é verdade,
até quando lhe está garantida essa posição, sabido que o progresso é
conseqüência da educação ? E no campo, em que esta se dá, existem
enormes interrogações como: “a escola é um crematório de cérebros” e
quanto à melhoria de sua qualidade, sai Ministro e
entra Ministro, mas cadê o avanço?
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