domingo, 31 de janeiro de 2016

INFORMABIM 350 (A e B)


 
CADÊ O AVANÇO?
Irm Antônio do Carmo Ferreira
 
 


O anúncio do combate ao analfabetismo no Brasil vem de longe, pois não é de pouco tempo pra cá que se  aciona essa tecla. Como se costuma dizer na maçonaria, “perde-se na poeira da antiguidade...” Agora, a mídia fica assanhada com essa de que “o MEC falha no acesso ao ensino”. Não há surpresa nessa reprovação. A novidade, em nossos dias, é que a avaliação é desmoralizante e demonstra o quanto não se tem levado a sério, nem se tem compromisso com o futuro dos muitos brasileiros. Somente para uns poucos, o futuro será promissor. E tome enganação  nos muitos!

A UNESCO, departamento da Organização das Nações Unidas que cuida, inclusive, dessas avaliações educacionais, soltou recentemente o relatório de que o Brasil está entre os 8 países do mundo de maior quantidade de analfabetos, num ranking de 164 avaliados. E havia um compromisso (ano 2000) de acabar com essa chaga no seio da humanidade brasileira até 2015, assumido perante a UNESCO, como perante o próprio Brasil (até 2020). E, aí, nem uma coisa nem outra. Inclusive esse ponto final em 2020 não tem mais cabimento, considerando que era uma das 20 metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação 2, que há três anos se encontra passeando no Congresso Nacional, e o Governo teima em não acudir na sua aprovação.

A educação, no mundo fora do Brasil, avança. Melhora de qualidade. Dá-se a inclusão de todos. Graças a isto, a inovação tecnológica adquire grande velocidade. Dobra o acervo desses novos conhecimentos a cada  10 anos. Produtos, hoje, em uso, gerados há cinco anos, já são obsoletos, e não encontram  peças de reposição no mercado. Certamente, produtos que serão usados lá pelo ano 2020, a fórmula de produção ainda não foi concebida. As empresas estão ciosas disto, financiando as pesquisas, investindo pesado nisto, para viabilizarem a maximização de seus lucros. O Governo segue o mesmo raciocínio, porque aumentará a sua arrecadação e pela mesma trilha entende crescer no respeito diante das nações. Aqui, ignora-se isto, em vez de se investir no conhecimento, tem-se preferido doar o dinheiro às montadoras de veículos, isentando-as do imposto.

 Lembro, para voltar ao assunto inicial,  que em 1990, o Senador Marco Maciel publicou uma plaqueta, pelo Centro Gráfico do Senado Federal, com o título “LIBERDADE, IGUALDADE E EDUCAÇÃO”, em que ele revelava sua preocupação com a educação em nosso País, e fazia sugestões de como poderia ela ser conduzida a ponto de se tornar realmente uma forte e decisiva contribuição para o desenvolvimento do Brasil, formando mão de obra qualificada , estimulando o magistério, fomentando a geração de especialistas em pesquisas para a inovação tecnológica, procedendo a inclusão social

Vejamos como ele iniciara aquele livreto: “A grande tarefa,  o grande desafio da educação contemporânea é preparar hoje o advento do futuro que bate às nossas portas e para o qual, lamentavelmente, nós, brasileiros, não estamos ainda preparados”. Escreveu sobre a precariedade então existente em todos os graus do ensino; e sobre o analfabetismo dizia ele: “O Brasil iniciou o século XX liderando as estatísticas internacionais de analfabetismo [ ... ] Desde que se realizou o primeiro censo demográfico no Brasil, em 1872, a quantidade absoluta de analfabetos jamais deixou de crescer. Hoje (1990) são cerca de 20 milhões, se contarmos os de 18 anos e mais, e quase 30 milhões, se incluirmos os de menos de 18. A razão é simples. Jamais fomos capazes de estancar a fonte de alimentação do analfabetismo”

Decorrido todo esse tempo, a indiferença e a falta de compromisso continuam na mesma, sobretudo considerando o desafio da aceleração no campo da inovação tecnológica e do mesquinho estágio educacional em que nos encontramos.

Precisamos despertar para a cobrança do que nos pertence: “A educação é um direito de todos e obrigação do Estado ...” (Art 205 de CF). A economia do Brasil, alardeiam por aí, que é a 8ª do mundo. Mas, se é verdade, até quando lhe está garantida essa posição, sabido que o progresso é conseqüência da educação ? E no campo, em que esta se dá,  existem  enormes interrogações como: “a escola é um crematório de cérebros” e quanto  à   melhoria de sua qualidade, sai Ministro e entra Ministro, mas cadê o avanço?

 

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