INFLUÊNCIA
DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (2/3)
Irm
Antônio do Carmo Ferreira
(Continuação ...)
Seus líderes são os
mesmos que figuram no quadro de integrantes do Areópago de Itambé, o qual
cerrava suas portas, ao mesmo tempo em que a “conspirata” era denunciada. Seus
quadros formaram a Academia de Suassuna, que funcionava na sede do engenho de
mesmo nome, sob o Veneralato do Cel Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque, que tempos depois veio a ser o Visconde de Suassuna, e a Academia
do Paraíso, que funcionou no Hospital de mesmo nome, onde hoje passa a Avenida
Dantas Barreto, e dela foi Venerável o Padre João Ribeiro. As duas Academias
não eram senão Lojas maçônicas que então funcionavam com esses títulos de
academia, para não serem flagradas como Lojas Maçônicas. O Frei Caneca foi
iniciado na Academia de Suassuna (7) e o Mons Muniz Tavares, na Loja Academia
do Paraíso, da qual foi secretário.(8)
Em 1814, Pernambuco
contava com uma Grande Loja Provincial(9) – a primeira Potência Maçônica do País
– constituída por cinco Lojas (10): a saber: a Loja Maçônica Pernambuco do
Oriente do Venerável Domingos José Martins; a Loja Maçônica Pernambuco do
Ocidente do Venerável Antônio Gonçalves Cruz (o Cabugá): a Loja Maçônica do
Venerável Antônio Carlos de Andrada (conhecido como Academia Ambulante): e as
duas Lojas Academias de Suassuna e do Paraíso. Domingos José Martins era
natural do Espírito Santo e foi iniciado na maçonaria, na Inglaterra, por
intermédio do Grão-Mestre Hipólito José da Costa, fundador e editor do Correio
Braziliense que, de Londres, era remetido
ao Brasil e fomentava o movimento da Independência.
Os maçons desejavam
seguir a linha adotada na emancipação da colônia inglesa e das colônias
espanholas, na América, isto é, a opção era república. Em 1710 já se pensava
assim, daí em 10 de novembro daquele ano, em Olinda, o primeiro grito de
república nas Américas, a prisão de Bernardo Vieira de Melo e sua morte nos
calabouços de Limoeiro, nas cercanias de Lisboa. A revolução republicana de construção
de uma pátria para os brasileiros eclodiria no dia 6 de abril de 1817, em toda
a colônia, data em que se daria a coroação do Rei. Mas a prisão do militar
Domingos Teotônio Jorge, aqui no Recife,
antecipou a deflagração da
Revolução para 6 de março.(11)
Vitoriosa a
Revolução, implantou-se a República, com constituição, ministérios,
universidade, abolição da escravatura, liberdade religiosa e de imprensa. O
Presidente da República e seus Ministros eram maçons, excetuando o titular da
agricultura, o qual somente veio a ser maçom tempos depois. A Revolução durou
75 dias e se exauriu com a brutal repressão da dinastia Bragança, que mandou
matar quase toda uma geração formada na Europa e no Seminário de Olinda,
remetendo os poucos sobreviventes para os calabouços de Salvador, onde e de
cuja desgraça se alegrava o Conde d´Arcos. Pernambuco sofria a primeira
mutilação de seu território, perdendo as férteis planícies das Alagoas.
Todavia, o que não esperavam os
Braganças, é que se tornava irreversível a Independência do Brasil, graças à
liderança maçônica pernambucana, com e sem batina.(12)
No entanto os ânimos
não arrefeciam. O objetivo teria que ser
alcançado, pois a maçonaria, de então, viera para o fomento da construção de
uma pátria para os brasileiros. Não era como a maçonaria de hoje: mais
filantrópica.
Notas:
(7) Mario Melo,
em “A maçonaria no Brasil”, pag 10, tipografia J.Agostinho Bezerra, Recife/PE
(8) Mario Melo, obra citada, pág 13
(9) Mario Melo, obra citada, pag 14
(10) Flávio Guerra, em “História de Pernambuco”, pag
89, Editora ASA Pernambuco, Recife/PE.
(11) Amaro Quintas, obra citada, pag 94
(12) Muniz Tavares, em “História da Revolução de
Pernambuco de 1817”, com anotações do historiador Oliveira Lima, edição do
Governo do Estado de Pernambuco , Recife/PE em 1969.
“A Revolução de Pernambuco em 1817, bem
que mui pouco durasse, fará sempre época nos anais do Brasil. Tempo virá em que
seis de março, no qual ela foi efetuada, será para todos os brasileiros um dia
de festa nacional.
“Pernambuco já se tinha assaz ilustrado
na sanguinolenta luta, que por longo decurso de anos, desprovido
de meios, abandonado a si só, valorosamente sustentara contra uma das
mais poderosas nações marítimas da Europa, defendendo a sua honra, o seu
território, a despeito das reiteradas ordens do tímido Bragança.
“Com a Revolução indicada conquistou
imprescritível direito à veneração dos amigos sinceros da liberdade. Estes não
poderão esquecer jamais que foi esta
província quem primeiro deu o sinal ao Brasil de ter chegado o momento tão
suspirado de entrar no gozo dos bens imensos, que a cobiça portuguesa por
espaço de três séculos extorquia. Foi ela quem lhe apresentou a grande Carta de
emancipação civil e política, e mostrou com o exemplo a maneira de possuí-la.
“Desgraçadamente não foi seguida,
sucumbiu, mas não pereceu o germe plantado e regado com o sangue dos seus
mártires. Em tempo oportuno frutificou, e não deixará de crescer com vigor.”
(Continua
...)
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