sábado, 30 de janeiro de 2016

INFORMABIM 333 (A e B)


INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (2/3)

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

(Continuação ...)

Seus líderes são os mesmos que figuram no quadro de integrantes do Areópago de Itambé, o qual cerrava suas portas, ao mesmo tempo em que a “conspirata” era denunciada. Seus quadros formaram a Academia de Suassuna, que funcionava na sede do engenho de mesmo nome, sob o Veneralato do Cel Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, que tempos depois veio a ser o Visconde de Suassuna, e a Academia do Paraíso, que funcionou no Hospital de mesmo nome, onde hoje passa a Avenida Dantas Barreto, e dela foi Venerável o Padre João Ribeiro. As duas Academias não eram senão Lojas maçônicas que então funcionavam com esses títulos de academia, para não serem flagradas como Lojas Maçônicas. O Frei Caneca foi iniciado na Academia de Suassuna (7) e o Mons Muniz Tavares, na Loja Academia do Paraíso, da qual foi secretário.(8)

Em 1814, Pernambuco contava com uma Grande Loja Provincial(9) – a primeira Potência Maçônica do País – constituída por cinco Lojas (10): a saber: a Loja Maçônica Pernambuco do Oriente do Venerável Domingos José Martins; a Loja Maçônica Pernambuco do Ocidente do Venerável Antônio Gonçalves Cruz (o Cabugá): a Loja Maçônica do Venerável Antônio Carlos de Andrada (conhecido como Academia Ambulante): e as duas Lojas Academias de Suassuna e do Paraíso. Domingos José Martins era natural do Espírito Santo e foi iniciado na maçonaria, na Inglaterra, por intermédio do Grão-Mestre Hipólito José da Costa, fundador e editor do Correio Braziliense que, de Londres, era remetido  ao Brasil e fomentava o movimento da Independência.

Os maçons desejavam seguir a linha adotada na emancipação da colônia inglesa e das colônias espanholas, na América, isto é, a opção era república. Em 1710 já se pensava assim, daí em 10 de novembro daquele ano, em Olinda, o primeiro grito de república nas Américas, a prisão de Bernardo Vieira de Melo e sua morte nos calabouços de Limoeiro, nas cercanias de Lisboa. A revolução republicana de construção de uma pátria para os brasileiros eclodiria no dia 6 de abril de 1817, em toda a colônia, data em que se daria a coroação do Rei. Mas a prisão do militar Domingos Teotônio Jorge, aqui no Recife,  antecipou a deflagração  da Revolução para 6 de março.(11)

Vitoriosa a Revolução, implantou-se a República, com constituição, ministérios, universidade, abolição da escravatura, liberdade religiosa e de imprensa. O Presidente da República e seus Ministros eram maçons, excetuando o titular da agricultura, o qual somente veio a ser maçom tempos depois. A Revolução durou 75 dias e se exauriu com a brutal repressão da dinastia Bragança, que mandou matar quase toda uma geração formada na Europa e no Seminário de Olinda, remetendo os poucos sobreviventes para os calabouços de Salvador, onde e de cuja desgraça se alegrava o Conde d´Arcos. Pernambuco sofria a primeira mutilação de seu território, perdendo as férteis planícies das Alagoas. Todavia,  o que não esperavam os Braganças, é que se tornava irreversível a Independência do Brasil, graças à liderança maçônica pernambucana, com e sem batina.(12)

No entanto os ânimos não  arrefeciam. O objetivo teria que ser alcançado, pois a maçonaria, de então, viera para o fomento da construção de uma pátria para os brasileiros. Não era como a maçonaria de hoje: mais filantrópica.

 

Notas:

 (7) Mario Melo, em “A maçonaria no Brasil”, pag 10, tipografia J.Agostinho Bezerra, Recife/PE

 

(8) Mario Melo, obra citada, pág 13

 

(9) Mario Melo, obra citada, pag 14

 

(10) Flávio Guerra, em “História de Pernambuco”, pag 89, Editora ASA Pernambuco, Recife/PE.

 

(11) Amaro Quintas, obra citada, pag  94

 

(12) Muniz Tavares, em “História da Revolução de Pernambuco de 1817”, com anotações do historiador Oliveira Lima, edição do Governo do Estado de Pernambuco , Recife/PE em 1969.

“A Revolução de Pernambuco em 1817, bem que mui pouco durasse, fará sempre época nos anais do Brasil. Tempo virá em que seis de março, no qual ela foi efetuada, será para todos os brasileiros um dia de festa nacional.

“Pernambuco já se tinha assaz ilustrado na sanguinolenta luta, que por longo  decurso  de  anos,  desprovido  de  meios,  abandonado  a  si  só, valorosamente sustentara contra uma das mais poderosas nações marítimas da Europa, defendendo a sua honra, o seu território, a despeito das reiteradas ordens do tímido Bragança.

“Com a Revolução indicada conquistou imprescritível direito à veneração dos amigos sinceros da liberdade. Estes não poderão  esquecer jamais que foi esta província quem primeiro deu o sinal ao Brasil de ter chegado o momento tão suspirado de entrar no gozo dos bens imensos, que a cobiça portuguesa por espaço de três séculos extorquia. Foi ela quem lhe apresentou a grande Carta de emancipação civil e política, e mostrou com o exemplo a maneira de possuí-la.

“Desgraçadamente não foi seguida, sucumbiu, mas não pereceu o germe plantado e regado com o sangue dos seus mártires. Em tempo oportuno frutificou, e não deixará de crescer com vigor.”

                                                                                                                                             (Continua ...)

 

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