MÃO DE OBRA PARA O PROGRESSO
E O CONCURSO DA EDUCAÇÃO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A história do
desenvolvimento econômico registra que nenhuma nação chegou ao patamar do
que chamamos 1º mundo, senão com o
arrimo da industrialização (o setor secundário da economia), cujo processo se
inicia com a explicitação da vontade política, e se consolida com a adesão
empresarial que encontra favoráveis os insumos, um mercado a satisfazer, e,
sobretudo, mão de obra abundante e qualificada.
Há um desejo
de o Brasil industrializar-se, porque esse é o caminho histórico do progresso,
do desenvolvimento econômico e social, embora esse desejo não esteja explícito num projeto nacional, como nos tempos JK, por
exemplo. Contudo, em muitos dos Estados, isto é evidente, como é o caso de Pernambuco que se esforça
para implantar pólos de crescimento industrial em várias regiões de seu
território, conforme se constata em Suape (indústria naval e de refino de
petróleo), em Goiana (saúde e automotiva), no Araripe (gesso), no São Francisco
(indústria vinícola), etc
Nesses
projetos, cada fator de produção tem o seu peso, mas o fator mão de obra
qualificada, tanto a de nível superior como a de nível técnico, é levado na
mais alta conta. João Cabral de Melo Neto, poetando, resumia essa consideração,
dizendo que “o homem é sempre a melhor medida”. Em menos palavras ainda: é o
“sujeito”, enquanto que o robot nunca irá além de ser um “complemento”. Daí a
importância da educação, na história da riqueza das nações. Foi pensando que o
Brasil haveria de ser uma potência de 1º mundo, (quero crer) que o Constituinte
de 88 concluiu a redação do artigo 205 relevando os objetivos da Educação – “preparar a pessoa para o exercício da
cidadania e a sua qualificação para o trabalho”.
A midia
divulgou recentemente que em 2014 e 2015, nesses dois anos, a indústria vai
precisar preencher UM MILHÃO de novos postos de trabalho. Mas, em vez de ser só
alegria, a notícia vem com a preocupação de que “o gargalo da mão de obra de
nível profissionalizante e técnico acende o sinal vermelho no chão da fábrica,
pois a modernização dos parques indus-triais, com a aquisição de novas máquinas
e tecnologia de ponta, esbarra na baixa capa-citação profissional. 80% das indústrias re-clamam das deficiências da
educação básica no País”, considerando que os que a possu-em e estão em seus
quadros “têm difi-culdade de leitura e interpretação de texto”. Em suma:: “o indivíduo mal formado tem baixa
capacidade de interpretação, não tem raciocínio matemático, e dificuldade de
operar o painel digital de uma máquina.”(RLucchesi, diretor da CNI).
O entendimento
que segue e vem ao encontro do que estamos abordando, é do Dr Josias Silva
Albuquerque, Presidente do Sistema
Fecomércio-PE, “o crescimento industrial
e dos serviços vem sendo obstruído pela carência de mão de obra especializada,
levando inúmeras organi-zações a contratar profissionais de outros países. Não
se pode ignorar quadro tão som-brio, quando entendemos que a verdadeira mola
propulsora do desenvolvimento de uma nação é a educação de qualidade para
todos”. (D.P. 03.09.2013)
Os jovens
brasileiros que têm a felicidade de já estarem empregados e os que desejam
empregar-se precisam aguçar a consciência de que a escola é a vertente aonde
devem ir e retornar em busca da educação garantidora do seu futuro, adquirindo não somente o
conhecimento, mas a especialização que
leva a melhorar a sua produtividade e evidenciar sua indis-pensabilidade ao
emprego que ocupa. Registro com tristeza essa estatística: atualmente, são
necessários 3 trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um
sul-coreano, no mesmo tempo; 4 brasileiros para um alemão; e cinco brasileiros
para um norte-americano.(D.P. 20.10.2013) .
Entendo que a
aprovação do Plano Nacional de Educação 2
daria uma boa ajuda para superar vexame como esse, pois que três das 20 metas
do mesmo referem-se ao ensino médio profissionalizante em escolas técnicas e de
tempo integral. E a mão de obra, uma vez especializada, não para o progresso. Ao
contrário,dinamiza-o.
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