sábado, 30 de janeiro de 2016

INFORMABIM 332 (A e B)


INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1/3)

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

Estávamos nos aceiros das comemorações do “Dia da Pátria” – 7 de Setembro de 2011. O mui respeitável Delegado da ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra –, em Pernambuco, o Dr Meraldo Zisman, acolhendo sugestão do Dr Marcos Luiz da Costa Cabral, escalou-me para comparecer a este Encontro e, na oportunidade, falar a respeito da “influência da maçonaria na Independência do Brasil”. Repasso aos Senhores o sentimento de alta consideração com que se viu cumulado o Grande  Oriente Independente de Pernambuco – GOIPE, perante esta convocação de seu Grão-Mestre, para participar deste Encontro e se pronunciar sobre o tema estabelecido.

Os registros de que dispomos a respeito da Independência foram inseridos na História do Brasil, a partir de uma produção elaborada no Rio de Janeiro (1). E saíram aos modos do enfoque daquela porção do Brasil, querendo passar a idéia de que nossa emancipação política teria sido um presente da dinastia mandante, por iniciativa própria gestada na magnanimidade de seu representante, tudo sem qualquer  pretensão dos brasileiros nem, por isto, oferecido qualquer sacrifício de algum deles. Farsa esta que, decerto e ao curso do tempo decorrido, foi revelando os vários crimes que nessa omissão proposital tiveram origem.

A América inglesa já independente e o mesmo trato sendo dado à América espanhola inspiravam sobretudo os nativos da América portuguesa a buscarem os mesmos caminhos. Os anseios de se construir uma pátria para os brasileiros mais se acentuavam à medida que se tomava consciência da humilhação e do descaso com que o colonizador tratava o povo colonizado. Brasileiro, por exemplo, era o ladrão de pau brasil que o vendia na Europa. Reinol era a pessoa que há mais de 250 anos extorquia as riquezas da colônia. Mazombos eram os que aqui haviam nascido.

Ao término do terceiro século após o descobrimento, ainda era proibido ter-se na colônia uma simples  e  rudimentar  tipografia (2).   A  população daqui,  desprovida das possibilidades de demandar a Europa, não era totalmente ignorante, porque a caridade dos jesuítas havia acudido alguns nativos com a luz das primeiras letras. Só os que tivessem freqüentado escola na Corte obtinham emprego público entre nós. Mas, naquele tempo, os Estados Unidos já contavam com 8 Universidades e a América espanhola desfrutava de universidades no México, em Lima, Bogotá, Córdoba, Caracas, Quito e Santiago. (3)

O movimento nativista no sentido de se construir uma pátria para os brasileiros foi a reação. E não poderia ser diferente. No inverno de 1796, a maçonaria ingressou no Brasil para ajudar na consecução desse objetivo. O Areópago de Itambé foi o portal de acesso e o berço da maçonaria brasileira.  Manuel Arruda da Câmara, seu fundador, ex-frade carmelita de Goiana (frei Manuel do Coração de Jesus), formado médico e iniciado na maçonaria em Montpelier, foi seu primeiro Venerável Mestre. O Areópago se propunha a doutrinar o povo para a grande obra de nossa emancipação política e, dentro das possibilidades de então, alcançou o objetivo (4). Não havia partidos políticos organizados naqueles tempos e a maçonaria, a seu modo com as limitações que lhe eram peculiares, cobria essas funções (5).

A “conspirata de suassuna” deu  prova disto. Por aquele intermédio, propunha-se a tornar a colônia independente sob as bênçãos de Napoleão Bonaparte. A família dos Cavalcanti de Albuquerque, senhores do engenho Suassuna, foram responsabilizados pela liderança do movimento, presos e seus bens disponibilizados em favor da Coroa. Salvou-a da devassa a Igreja, em que, para lograr êxito, gastou rios de dinheiro, corrompendo o escrivão representante de Sua Majestade. Para muitos dos historiadores, a “conspirata de suassuna” teria marcado o início robusto da revolução demandante de nossa maioridade política.(6)

 

Notas:

 

(1) Evaldo Cabral de Melo, em “A outra Independência”, pág 11, Editora 34 Ltda, São Paulo.

 

(2) Xico Trolha, em “Itambé, Berço Heroico da Maçonaria no Brasil”, pág  120, Editora Maçônica A Trolha Ltda, Londrina/PR.

 

(3) Amaro Quintas, em “A Revolução de 1817”, págs 115 e 116, José Olímpio editora, Rio de Janeiro.

 

(4) Mário Melo, em “A Maçonaria e a Revolução Republicana de 1817” pags 8 e 9, Imprensa industrial  I. Nery da Fonseca, Recife/PE.

 

(5) Laurentino Gomes, em “1822”, pág  238, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro.

 

(6) Evaldo Cabral de Melo, em obra citada, pág 25.

Mário Melo, obra citada, págs 13 e 14.

Padre Joaquim Dias Martins, em “Os mártires pernambucanos”, verbete Rebelo,   Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.

                                                                                                                                 (Continua ...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário