INFLUÊNCIA
DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1/3)
Irm
Antônio do Carmo Ferreira
Estávamos nos aceiros
das comemorações do “Dia da Pátria” – 7 de Setembro de 2011. O mui respeitável Delegado
da ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra –, em
Pernambuco, o Dr Meraldo Zisman, acolhendo sugestão do Dr Marcos Luiz da Costa
Cabral, escalou-me para comparecer a este Encontro e, na oportunidade, falar a
respeito da “influência da maçonaria na Independência do Brasil”. Repasso aos
Senhores o sentimento de alta consideração com que se viu cumulado o
Grande Oriente Independente de
Pernambuco – GOIPE, perante esta convocação de seu Grão-Mestre, para participar
deste Encontro e se pronunciar sobre o tema estabelecido.
Os registros de que
dispomos a respeito da Independência foram inseridos na História do Brasil, a
partir de uma produção elaborada no Rio de Janeiro (1). E saíram aos modos do
enfoque daquela porção do Brasil, querendo passar a idéia de que nossa
emancipação política teria sido um presente da dinastia mandante, por
iniciativa própria gestada na magnanimidade de seu representante, tudo sem
qualquer pretensão dos brasileiros nem,
por isto, oferecido qualquer sacrifício de algum deles. Farsa esta que, decerto
e ao curso do tempo decorrido, foi revelando os vários crimes que nessa omissão
proposital tiveram origem.
A América inglesa já
independente e o mesmo trato sendo dado à América espanhola inspiravam
sobretudo os nativos da América portuguesa a buscarem os mesmos caminhos. Os anseios
de se construir uma pátria para os brasileiros mais se acentuavam à medida que
se tomava consciência da humilhação e do descaso com que o colonizador tratava
o povo colonizado. Brasileiro, por exemplo, era o ladrão de pau brasil que o
vendia na Europa. Reinol era a pessoa que há mais de 250 anos extorquia as
riquezas da colônia. Mazombos eram os que aqui haviam nascido.
Ao término do
terceiro século após o descobrimento, ainda era proibido ter-se na colônia uma
simples e rudimentar tipografia (2). A população
daqui, desprovida das possibilidades de
demandar a Europa, não era totalmente ignorante, porque a caridade dos jesuítas
havia acudido alguns nativos com a luz das primeiras letras. Só os que tivessem
freqüentado escola na Corte obtinham emprego público entre nós. Mas, naquele
tempo, os Estados Unidos já contavam com 8 Universidades e a América espanhola
desfrutava de universidades no México, em Lima, Bogotá, Córdoba, Caracas, Quito
e Santiago. (3)
O movimento nativista
no sentido de se construir uma pátria para os brasileiros foi a reação. E não
poderia ser diferente. No inverno de 1796, a maçonaria ingressou no Brasil para
ajudar na consecução desse objetivo. O Areópago de Itambé foi o portal de
acesso e o berço da maçonaria brasileira.
Manuel Arruda da Câmara, seu fundador, ex-frade carmelita de Goiana
(frei Manuel do Coração de Jesus), formado médico e iniciado na maçonaria em
Montpelier, foi seu primeiro Venerável Mestre. O Areópago se propunha a
doutrinar o povo para a grande obra de nossa emancipação política e, dentro das
possibilidades de então, alcançou o objetivo (4). Não havia partidos políticos organizados
naqueles tempos e a maçonaria, a seu modo com as limitações que lhe eram
peculiares, cobria essas funções (5).
A “conspirata de
suassuna” deu prova disto. Por aquele
intermédio, propunha-se a tornar a colônia independente sob as bênçãos de
Napoleão Bonaparte. A família dos Cavalcanti de Albuquerque, senhores do
engenho Suassuna, foram responsabilizados pela liderança do movimento, presos e
seus bens disponibilizados em favor da Coroa. Salvou-a da devassa a Igreja, em
que, para lograr êxito, gastou rios de dinheiro, corrompendo o escrivão
representante de Sua Majestade. Para muitos dos historiadores, a “conspirata de
suassuna” teria marcado o início robusto da revolução demandante de nossa
maioridade política.(6)
Notas:
(1) Evaldo Cabral de Melo, em “A outra Independência”,
pág 11, Editora 34 Ltda, São Paulo.
(2) Xico Trolha, em “Itambé, Berço Heroico da Maçonaria
no Brasil”, pág 120, Editora Maçônica A
Trolha Ltda, Londrina/PR.
(3) Amaro Quintas, em “A Revolução de 1817”, págs 115 e
116, José Olímpio editora, Rio de Janeiro.
(4) Mário Melo, em “A Maçonaria e a Revolução
Republicana de 1817” pags 8 e 9, Imprensa industrial I. Nery da Fonseca, Recife/PE.
(5) Laurentino Gomes, em “1822”, pág 238, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
(6) Evaldo Cabral de Melo, em obra citada, pág 25.
Mário Melo, obra citada, págs 13 e 14.
Padre Joaquim Dias Martins, em “Os mártires pernambucanos”,
verbete Rebelo, Frei Joaquim do Amor
Divino Caneca.
(Continua ...)
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