Em sua edição de 6 de dezembro de 2013, o DIÁRIO DE PERNAMBUCO
(Recife), publicou o EDITORIAL com o título
e texto que seguem:
“SEM SUCESSO NA EDUCAÇÃO
“Permanece
constrangedor o resultado da comparação do ensino de nível médio brasileiro com
o de outros 65 países. Foi o que revelou o Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), mantido pela Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em seu relatório 2012. Maior pesquisa de
avaliação do ensino médio em nível mundial, o Pisa é realizado a cada três
anos, com base em provas de matemática, leitura e ciências, aplicadas a alunos
de 15 a 16 anos. Em 2012, 510 mil estudantes, sendo 19.877 brasileiros , de 837
escolas, foram avaliados.
“O objetivo é
medir como cada país está preparando seus jovens para a vida adulta produtiva
de modo a contribuir para o desenvolvimento. A cada avaliação, o Pisa dá mais
ênfase a uma dessas três disciplinas. Em 2012, foi a matemática , justamente na
que o Brasil teve seu melhor desempenho, saindo de 356 pontos em 2003 para 391,
destacando-se como o país que mais ganhou pontos na disciplina. Mas nem por
isso temos o que comemorar. O Brasil ficou em 58º lugar em matemática, muito
abaixo da média da OCDE (502 pontos) e muito perto do Peru, lanterninha, com
373 pontos.
“Para quem se
orgulha de estar entre as 10 maiores economia do mundo, comemorar um pequeno
avanço nas notas de matemática como se isso indicasse que estamos no caminho
certo, como disse a maior autoridade do país no setor, o ministro da Educação,
Aloízio Mercadante, é no mínimo preocupante.
“É verdade que
ele concorda que não podemos nos acomodar a esse sucesso. Mas a visão completa
do ranking do Pisa não deixa dúvida: estamos muito longe de ter com que nos
acomodar e, certamente, não estamos no rumo certo.
“N a s duas outras disciplinas também continuamos mal. Foram 410
pontos em leitura (55º lugar) e 405 (59º) em ciências. Em todas elas perdemos
até para latino-americanos como o Chile, México, Costa Rica e Uruguai. E os
primeiros lugares, com mais de 500 pontos em cada uma das disciplinas, não por
acaso são países ou regiões econômicas
demarcadas que já se destacam como campeãs de competitividade: Xangai, Honk
Kong, Japão, Coréia do Sul e Finlândia.
“Especialistas
alertam que o nível de pontos obtidos pelos estudantes brasileiros indicam que
nenhum aluno obteve seis, o mais alto. Mesmo em matemática, 67,1% dos alunos
ficaram no nível 1, o mais baixo, ou seja, não conseguem solucionar mais do que
problemas básicos. Em ciência, mais da metade (53,7%) ficaram no nível 1, isso
é, entenderam apenas o óbvio. É na leitura que o Brasil tem seu melhor
desempenho, com 73% dos alunos nos
níveis 2 e 3.
É
o retrato de um país que insiste em descuidar do ensino médio para fazer
estatística num ensino superior de qualidade discutível.
“É hora de a sociedade ir além da indignação com esses
exames e perceber o risco que corremos de perder espaço na competitividade
mundial. É preciso passar à ação. Um exemplo: desde 2010 o governo vem
inviabilizando a aprovação pelo Congresso de um plano decenal para educação,
que torna obrigatória a aplicação de verbas equivalentes a 10% do PIB (o dobro
da atual). Encontrou nas promessas do pré-sal um biombo para se esconder da
obrigação de dar à educação a urgência que ela requer.”
(Diário de
Pernambuco, Recife, 06.12.2013)
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