domingo, 31 de janeiro de 2016

INFORMABIM 349 (A e B)


Em sua edição de 6 de dezembro de 2013, o DIÁRIO DE PERNAMBUCO (Recife), publicou o  EDITORIAL com o título e texto que seguem:
 
“SEM SUCESSO NA EDUCAÇÃO
 


“Permanece constrangedor o resultado da comparação do ensino de nível médio brasileiro com o de outros 65 países. Foi o que revelou o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), mantido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em seu relatório 2012. Maior pesquisa de avaliação do ensino médio em nível mundial, o Pisa é realizado a cada três anos, com base em provas de matemática, leitura e ciências, aplicadas a alunos de 15 a 16 anos. Em 2012, 510 mil estudantes, sendo 19.877 brasileiros , de 837 escolas, foram avaliados.

“O objetivo é medir como cada país está preparando seus jovens para a vida adulta produtiva de modo a contribuir para o desenvolvimento. A cada avaliação, o Pisa dá mais ênfase a uma dessas três disciplinas. Em 2012, foi a matemática , justamente na que o Brasil teve seu melhor desempenho, saindo de 356 pontos em 2003 para 391, destacando-se como o país que mais ganhou pontos na disciplina. Mas nem por isso temos o que comemorar. O Brasil ficou em 58º lugar em matemática, muito abaixo da média da OCDE (502 pontos) e muito perto do Peru, lanterninha, com 373 pontos.

“Para quem se orgulha de estar entre as 10 maiores economia do mundo, comemorar um pequeno avanço nas notas de matemática como se isso indicasse que estamos no caminho certo, como disse a maior autoridade do país no setor, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, é no mínimo preocupante.

“É verdade que ele concorda que não podemos nos acomodar a esse sucesso. Mas a visão completa do ranking do Pisa não deixa dúvida: estamos muito longe de ter com que nos acomodar e, certamente, não estamos no rumo certo.

“N a s    duas    outras    disciplinas também continuamos mal. Foram 410 pontos em leitura (55º lugar) e 405 (59º) em ciências. Em todas elas perdemos até para latino-americanos como o Chile, México, Costa Rica e Uruguai. E os primeiros lugares, com mais de 500 pontos em cada uma das disciplinas, não por acaso são países ou regiões  econômicas demarcadas que já se destacam como campeãs de competitividade: Xangai, Honk Kong, Japão, Coréia do Sul e Finlândia.

“Especialistas alertam que o nível de pontos obtidos pelos estudantes brasileiros indicam que nenhum aluno obteve seis, o mais alto. Mesmo em matemática, 67,1% dos alunos ficaram no nível 1, o mais baixo, ou seja, não conseguem solucionar mais do que problemas básicos. Em ciência, mais da metade (53,7%) ficaram no nível 1, isso é, entenderam apenas o óbvio. É na leitura que o Brasil tem seu melhor desempenho, com  73%  dos   alunos  nos  níveis  2  e  3.

É o retrato de um país que insiste em descuidar do ensino médio para fazer estatística num ensino superior de qualidade discutível.

“É hora de a sociedade ir além da indignação com esses exames e perceber o risco que corremos de perder espaço na competitividade mundial. É preciso passar à ação. Um exemplo: desde 2010 o governo vem inviabilizando a aprovação pelo Congresso de um plano decenal para educação, que torna obrigatória a aplicação de verbas equivalentes a 10% do PIB (o dobro da atual). Encontrou nas promessas do pré-sal um biombo para se esconder da obrigação de dar à educação a urgência que ela requer.”

(Diário de Pernambuco, Recife, 06.12.2013)

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