domingo, 31 de janeiro de 2016

INFORMABIM 347 (A e B)


O JOIO NOS TRIGAIS DA EDUCAÇÃO

Irm Antônio do Carmo Ferreira

 

A educação em nosso País se estabelece nos termos da Constituição Federal que, em seu artigo 205, diz assim: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Então, de partida, é mister indagar se o Estado está se desincumbindo, a contento, da respon-sabilidade que lhe está atribuída, sendo o seu dever colocar à disposição de todos o direito à educação ?

Negativa, infelizmente, a resposta. Uma tristeza que se revela na existência de tantos desempregados por falta de qualificação para o trabalho, e nos registros midiáticos que nos humilham perante a avaliação internacional, em constatações   que, ultimamente, têm sido verberadas no clamor das ruas.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), em sua edição de 2009, colocou a juventude estudantil brasileira numa situação aviltante, por não saber ler e ser falha nos rudimentos de aritmética e ciências. Numa escala de 1 a 6, ficamos no 1. Três anos depois, na edição de 2012, ora em divulgação, “permanece constrangedor o resultado da comparação do ensino de nível médio brasileiro”. No total de 65 países avaliados, ficamos em 58º lugar. Foram avaliados alunos de 15 e 16 anos, formando uma massa de 510 mil estudantes, sendo 19.877 brasileiros, de 837 escolas. Por isso disse o senador Cristovam Buarque: “a escola brasileira é um crematório de cérebros”.

No mês de agosto deste ano de 2013, a mídia divulgou que entre 2010 e junho de 2013, segundo dados do Banco Central, foram  transferidos para o exterior cerca de 1 bilhão e seiscentos milhões de dólares resultantes de remuneração paga a  mão-de-obra estrangeira empregada no Brasil. Nesse mesmo período foram empregados, aqui, 55 mil e 400 estrangeiros, por falta de mão obra brasileira qualificada. Um crime que a fragilidade da educação comete, favorecendo a bandidagem, a marginalidade e a corrupção com muitos desses desempregados aliciados por tais desregramentos.

Recente pesquisa sobre a carreira docente no Brasil divulgada pela Fundação Carlos Chagas, através da qual se conceitua o professor como um ser relevante que serve de exemplo a ser seguido, atua como formador de opinião e possui valor social, nada obstante isto, é hoje um profissional desvalorizado e desrespeitado. Dos estudantes do 3º ano do ensino médio ouvidos na referida pesquisa, 67% sequer consideraram a hipótese de ser professor, diante da precariedade nas condições de trabalho e dos baixos salários.

O Governo cumprirá seu papel na educação como direito de todos, mediante a formulação de um plano decenal, em que estabelecerá as metas e condicionará os meios: o chamado Plano Nacional de Educação. Encontra-se, no Congresso Nacional desde 2010 o PNE 2, para vigorar no período 2011-2020. Mas o Governo teima em emperrá-lo, pois há 3 anos estamos sem ele. Saibamos que a existência do plano nacional de educação é uma exigência constitucional (Art.214 da CF).

A maçonaria tem se desdobrado na cobrança para que o PNE 2 seja aprovado. Já estivemos reunidos em assembléia várias vezes nas principais capitais estaduais. Os Grão-Mestres e a cultura maçônica  temos pressionado nesse sentido. Meu livro – Educação e Maçonaria, Editora A Trolha, Londrina/PR – tem esgotado suas edições, prova de que estamos atentos e atuantes. A imprensa maçônica tem insistido nessa luta de ver aprovado o Plano Nacional de Educação. É preciso despertar a sociedade para o engajamento nessa luta, pois não bastam o grito da maçonaria e o clamor das ruas! Necessário se torna o envolvimento de todos, pois a EDUCAÇÃO é um assunto muito sério, inadiável e sempre precedente, não se permitindo portanto  que o Governo faça dele o que lhe convier. A nossa indignação mostrará que NÃO somos a manada de 190 milhões de búfalos como e em que parece eles quererem nos transformar. Quero lembrar, aqui, e até render homenagem ao  Senador Marco Maciel, ao alertar que “ não venceremos  a  barreira  do subdesenvolvimento, se não vencermos a batalha da educação”. (Livro Liberalismo e Justiça Social, 1987)

A maçonaria sempre esteve engajada nesse afazer de combate à ignorância – “mãe de todos os vícios”. É um princípio nosso. No período que se inicia em 1889 (Proclamação da República) e vem ao último quartel do século XX, a maçonaria, através de suas Lojas, instalou  e fez funcionar centenas de Escolas em todo o Brasil. Em Pernambuco, por exemplo, foram instalados 13 educandários, entre os quais se encontra a escola  Pequeno Príncipe, (Gravatá) que funciona com a criançada durante o dia, e, à noite, mantém um curso de alfabetização de adultos.

A maçonaria já se energiza para trabalhar um novo dispositivo legal em torno da educação, logo após a sanção do PNE 2. Uma  Lei de Responsabilidade Educacional, para punir severamente os gestores falhos e omissos (Projeto em tramitação, Relator Deputado Raul Henry). Algo sugere que não falta trigo. O joio é que excede nesse trigal, pois, “em 2010, não havia planos de educação  em 17 Estados e em 95% dos municípios brasileiros”, conforme registra o Dep Fed Paulo Ruben Santiago (J Commercio, Recife, 09.11.2013)

 

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