O JOIO NOS TRIGAIS DA EDUCAÇÃO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A educação em nosso País se estabelece nos termos da
Constituição Federal que, em seu artigo 205, diz assim: “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Então, de partida, é mister indagar se o Estado está
se desincumbindo, a contento, da respon-sabilidade que lhe está atribuída,
sendo o seu dever colocar à disposição de todos o direito à educação ?
Negativa, infelizmente, a resposta. Uma tristeza que
se revela na existência de tantos desempregados por falta de qualificação para
o trabalho, e nos registros midiáticos que nos humilham perante a avaliação
internacional, em constatações que,
ultimamente, têm sido verberadas no clamor das ruas.
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(PISA), em sua edição de 2009, colocou a juventude estudantil brasileira numa
situação aviltante, por não saber ler e ser falha nos rudimentos de aritmética
e ciências. Numa escala de 1 a 6, ficamos no 1. Três anos depois, na edição de
2012, ora em divulgação, “permanece constrangedor o resultado da comparação do ensino
de nível médio brasileiro”. No total de 65 países avaliados, ficamos em 58º
lugar. Foram avaliados alunos de 15 e 16 anos, formando uma massa de 510 mil
estudantes, sendo 19.877 brasileiros, de 837 escolas. Por isso disse o senador
Cristovam Buarque: “a escola brasileira é um crematório de cérebros”.
No mês de agosto deste ano de 2013, a mídia divulgou
que entre 2010 e junho de 2013, segundo dados do Banco Central, foram transferidos para o exterior cerca de 1
bilhão e seiscentos milhões de dólares resultantes de remuneração paga a mão-de-obra estrangeira empregada no Brasil.
Nesse mesmo período foram empregados, aqui, 55 mil e 400 estrangeiros, por
falta de mão obra brasileira qualificada. Um crime que a fragilidade da
educação comete, favorecendo a bandidagem, a marginalidade e a corrupção com
muitos desses desempregados aliciados por tais desregramentos.
Recente pesquisa sobre a carreira docente no Brasil
divulgada pela Fundação Carlos Chagas, através da qual se conceitua o professor
como um ser relevante que serve de exemplo a ser seguido, atua como formador de
opinião e possui valor social, nada obstante isto, é hoje um profissional
desvalorizado e desrespeitado. Dos estudantes do 3º ano do ensino médio ouvidos
na referida pesquisa, 67% sequer consideraram a hipótese de ser professor,
diante da precariedade nas condições de trabalho e dos baixos salários.
O Governo cumprirá seu papel na educação como direito
de todos, mediante a formulação de um plano decenal, em que estabelecerá as
metas e condicionará os meios: o chamado Plano Nacional de Educação.
Encontra-se, no Congresso Nacional desde 2010 o PNE 2, para vigorar no período
2011-2020. Mas o Governo teima em emperrá-lo, pois há 3 anos estamos sem ele.
Saibamos que a existência do plano nacional de educação é uma exigência
constitucional (Art.214 da CF).
A maçonaria tem se desdobrado na cobrança para que o
PNE 2 seja aprovado. Já estivemos reunidos em assembléia várias vezes nas
principais capitais estaduais. Os Grão-Mestres e a cultura maçônica temos pressionado nesse sentido. Meu livro –
Educação e Maçonaria, Editora A Trolha, Londrina/PR – tem esgotado suas
edições, prova de que estamos atentos e atuantes. A imprensa maçônica tem
insistido nessa luta de ver aprovado o Plano Nacional de Educação. É preciso
despertar a sociedade para o engajamento nessa luta, pois não bastam o grito da
maçonaria e o clamor das ruas! Necessário se torna o envolvimento de todos,
pois a EDUCAÇÃO é um assunto muito sério, inadiável e sempre precedente, não se
permitindo portanto que o Governo faça
dele o que lhe convier. A nossa indignação mostrará que NÃO somos a manada de
190 milhões de búfalos como e em que parece eles quererem nos transformar.
Quero lembrar, aqui, e até render homenagem ao
Senador Marco Maciel, ao alertar que “ não venceremos a
barreira do subdesenvolvimento,
se não vencermos a batalha da educação”. (Livro Liberalismo e Justiça Social,
1987)
A maçonaria sempre esteve engajada nesse afazer de
combate à ignorância – “mãe de todos os vícios”. É um princípio nosso. No
período que se inicia em 1889 (Proclamação da República) e vem ao último
quartel do século XX, a maçonaria, através de suas Lojas, instalou e fez funcionar centenas de Escolas em todo o
Brasil. Em Pernambuco, por exemplo, foram instalados 13 educandários, entre os
quais se encontra a escola Pequeno
Príncipe, (Gravatá) que funciona com a criançada durante o dia, e, à noite,
mantém um curso de alfabetização de adultos.
A maçonaria já se energiza para trabalhar um novo
dispositivo legal em torno da educação, logo após a sanção do PNE 2. Uma Lei de Responsabilidade Educacional, para
punir severamente os gestores falhos e omissos (Projeto em tramitação, Relator
Deputado Raul Henry). Algo sugere que não falta trigo. O joio é que excede
nesse trigal, pois, “em 2010, não havia planos de educação em 17 Estados e em 95% dos municípios
brasileiros”, conforme registra o Dep Fed Paulo Ruben Santiago (J Commercio,
Recife, 09.11.2013)
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