Momentos de despertar
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Preocupa-me
demais, e muito me incomoda, a situação
em que se encontra a educação pública no Brasil. Entendo que não preocupa
somente a mim, pelo que tenho constatado
no convívio com as lideranças de vários segmentos da sociedade e, ultimamente,
diante do que tenho lido na mídia ao divulgar manifestações populares
conhecidas como “a voz das ruas”.
Uma das
instituições mais preocupadas de que tenho tido notícia é a Maçonaria, que tomo
por exemplo. E essa Ordem não esconde sua indignação, seja em Encontros
Nacionais, seja em Assembléias de seus Grão-Mestres e de outras autoridades
relevantes, não só criticando o descaso com que se trata o assunto, mas também
contribuindo com sugestões para a melhoria da qualidade da educação pública.
Sem a educação
pública de qualidade e ao alcance de todos, não dá para se pensar em progresso
do Brasil, em futuro promissor, nem em bem estar. Pois, três anos atrás,
pesquisa internacional (PISA) avaliou
que o jovem brasileiro (peças fundamentais do amanhã) não sabia ler, e
fraquejava diante de rudimentos de aritmética e de ciência. Para os muitos, continua
esse estado de coisa: somente poucos ultrapassando essa barreira, sobretudo os
que estudam em escola particular, para os quais se torna mais fácil o acesso ao
curso superior da Universidade Pública.
Recentemente,
o Governo anunciou que iria dar maior assistência ao setor de saúde, trazendo
médicos do exterior. Houve uma grita danada. Contra. Mas não houve ainda um alarme contra a importação
de especialistas para atender noutras
áreas. Pois os melhores empregos nos
pólos de desenvolvimento estão sendo preenchidos por mão-de-obra que vem
de fora, e os nossos jovens, sem a posse do conhecimento, ficam a serviço do
vício e da miséria.
Haverá
violência maior que esta de manter analfabeta a juventude e desestimulada a
vocação para o magistério, aviltada a sua remuneração e desprestigiado o
professor? “A educação é um direito de todos”, assim reza a Constituição
Federal (Art.205) que, no mesmo dispositivo sujeita o Estado e a família a tornarem esse direito
uma realidade, com vistas a tornar a pessoa apta ao exercício da cidadania e do
trabalho.
Retorno à
preocupação, dado que é através do Plano Nacional de Educação, de período decenal,
que se estabelecem as metas e os meios para os rumos da educação pública. É só
uma visitinha ao artigo 214 da CF que se vê a obrigação do Estado em fazer
isto. Mas que está acontecendo? O silêncio opaco. E no silêncio opaco, nada
acontece. O PNE 2 esteve na Câmara dos
Deputados de novembro de 2010 a agosto de 2012, quando seguiu para o Senado, e
lá se encontra até os dias de hoje. E tome anúncio de importação de mão-de-obra
qualificada!
Então como vem
sendo administrada a educação pública do Brasil, sem a lei do PNE exigida pela
CF em seu artigo 214, nesse vácuo de 3 anos e meio? Só a educação de qualidade
e de todos garante o futuro promissor. Não seriam crimes o descaso com a
educação e o desrespeito à Constituição?
O certo é que com um puxadinho pra cá e uma gambiarra para lá, “eles” vão concretizando o sonho de nos
transformar numa manada de búfalos, com todas as porteiras abertas à corrupção.
Brasil, tenho,
para vós, um recadinho do apóstolo Paulo:
“Não vedes que já é tempo de despertar?” (Rom 13, 11).
Nenhum comentário:
Postar um comentário