DESCASO COM A EDUCAÇÃO
(Um crime com a prática do qual decerto muitos
estão ganhando, mas é preciso com
urgência serem denunciados)
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A mídia fez o
maior estardalhaço com a divulgação do grande montante de recursos financeiros
que o Brasil remete ao exterior, originados em pagamento de salários a
estrangeiros. Os dados são do Banco Central; foram transferidos em 2010 cerca
de US$392 milhões; em 2011, US$403 milhões; em 2012, US$406 milhões; e no
primeiro semestre de 2013, US$442,7 milhões. Só em 2010, segundo a mesma fonte,
empregaram-se no Brasil 55,4 mil estrangeiros. (Diário de Pernambuco, edição de
04 de agosto de 2013).
O alarme
procede e não procede. Não procede porque se trata de remuneração ao trabalho a
quem compareceu ao expediente e honestamente desenvolveu seu esforço, deu sua
energia, e competentemente produziu. Então fez jus ao salário, destinando-o a
seu critério que foi enviá-lo à sua terra de origem, para seus investimentos lá
e ou custeio das despesas de seus familiares.
Entretanto o
alerta é cabível, se a mídia, ao fazê-lo, quiser referir-se à educação. É só
reparar no que estabelece o artigo 205 de nossa Carta Magna. Lá no finzinho
dessa passagem, o constituinte escreveu que “a educação se destina a preparar o
brasileiro para o exercício da cidadania e a habilitá-lo para o trabalho”. É
“um direito de todos” que está sendo só para uma parte. Uma pequena parte. A
grande maioria não tem acesso à educação. E os que recebem essa graça são
enganados com um produto de péssima qualidade, que os humilha ao dizerem-se
possuidores de curso médio na escola pública brasileira. Exceções? Raras, meus
irmãos. Elas existem, mas são raras.
Outro dia, um
empresário, dono de muita grana, vem por aqui, onde se propõe a levantar uma
grande indústria. Logo, surgiram muitos dirigentes políticos, mais parecia um
leilão, cada um (fingindo silêncio), mas fazendo sua oferta para atrair o capitalista a se instalar em sua área
de
domínio. O empresário então
informa não ter olhos para terreno,
isenção fiscal ou outros benefícios. O problema, para ele, era a mão de obra
qualificada, inexistente (Educação & Maçonaria, Editora A Trolha, Londrina,
pág 45). Um tapa na cara dos que levam a
vida a construir puxadinhos e gambiarras ao exercício da educação pública no
Brasil, com o objetivo de permanência no poder, o que não devia acontecer,
porém é o que infelizmente se constata...
Oferta de
muito emprego (55 mil só em 2010) e tantos brasileiros desempregados. Por que
esse mal? Porque falta educação para o trabalho. Vejamos o diagnóstico desse
mal que ameaça o futuro de nossa gente: “Problema do desemprego de jovens está
na baixa qualidade da educação ou na total falta dela”, disse o mui ilustre
educador Antônio Freitas, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista
ao Jornal do Comercio (Recife, edição de 11 de agosto de 2013).
O Plano
Nacional de Educação 2 está no Congresso Nacional há mais de dois anos. São as
metas e os meios para se fazer a educação de nossos irmãos, da humanidade
brasileira, com vistas a prepará-los para o exercício da cidadania e a prática
do trabalho.E por que o Congresso não aprova o PNE2? Será que os seus integrantes não são
sensíveis ao crime que estão cometendo? Ou têm consciência da fábrica de analfabetos
que estão construindo, para com os mesmos decerto contarem nas manobras de
permanência no Congresso ?
O senador
Buarque clamou: “a escola brasileira é um crematório de cérebros” (Jornal do
Comercio, Recife, edição de 27 de abril de 2012). Então, será de toda urgência
que identifiquemos os operadores do
crematório, para que segregados do convívio na sociedade, o crime não
continue a se perpetrar, dando-se um
nunca mais ao descaso com a educação.
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