O LIMÃO E A LIMONADA
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Para a oportunidade e as atuais
circunstâncias, em que se peleja no
combate à ignorância e luta-se na
fronteira da melhoria de qualidade da educação pública em nosso País, não haveria
nada mais alvissareiro que encenar cuidado com a juventude, e melhor ainda se
esse zelo residir no campo educacional, considerando que a educação é o melhor
ingrediente na construção do futuro em que viverão, adultos e cidadãos, os
jovens de hoje. Ademais a educação é um direito de todos a que se obriga o
Estado proporcionar, e não um favorecimento a uma fatia da população. E sem uma
educação que responda às exigências do espírito do tempo e perante ele se
imponha, não é possível dar foro de credibilidade a profecias de futuro
brilhante para crianças e adolescentes. Nem para ninguém.
Custa acreditar em que haja
alguém neste País que ignore a situação aviltante em que se encontra nossa
educação pública. Sinal maior não há que professores, técnicos e
servidores do setor em greve por um período que já ultrapassa 60 dias, como
se encontram, clamando por condições dignas de trabalho, e de atualização
salarial ! Quantos milhões de estudantes sem aula, num tempo em que a educação
pública se coloca num humilhante 87º lugar entre as cento e poucas nações que
tiveram seu ensino básico avaliado! E 38% dos estudantes de curso superior não
sabem ler e escrever plenamente, isto é, “não
dominam habilidades básicas de leitura e escrita!”
A carreira do magistério está
desestimulada. Constata-se que nos últimos anos tem diminuído a quantidade dos
que procuram os
vestibulares de acesso aos cursos de
formação de professor. O conhecimento, o professor e o aluno, na escola. O
mestre, senhor do conhecimento, para transmiti-lo ao aluno. O magistério será
sempre uma profissão muito exigida e de muita evidência, e, por isto, diferente
das demais, sempre do retorno à escola, pois antes do ensinar, o mestre deverá
ser senhor do conhecimento a transmitir. Como pensar assim, se não lhe forem
possibilitadas as condições? Mas tal não está ocorrendo, sendo necessário o
recurso da greve.
A história consagra o vigor
do setor industrial como o responsável pelo desenvolvimento econômico das
nações, mas esse vigor não esqueceu em nenhum lugar da presença de uma mão de
obra altamente qualificada. Como poderá o Brasil alimentar a esperança de
tornar exitosos e prósperos seus polos de desenvolvimento, sem o
atendimento a esse quesito? Por isso, o constituinte deu letra certa ao findar
de escrever o artigo 205 (CF): “A educação ... será promovida ... visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa ... e sua qualificação para o trabalho”
As novas descobertas povoam
nosso cotidiano e têm origem na velocidade com que se apreende o conhecimento
tecnológico e inovador. Com este, é preciso a urgente familiarização, mas isto
não se dá com uma educação pública omissa como a da atualidade e
descomprometida com o futuro como se revela.
O PNE 2, embora seja uma
carta de intenções do Governo, abriga fartas esperanças. Pois entendemos que ele serve de instrumento
para a erradicação do analfabetismo; para fomentar a respeitabilidade que
o professor merece; para tornar o ensino médio uma atividade que ocupe o jovem
em tempo integral e culmine com uma profissão. Em suma, nele alberga uma
preocupação com o fazimento do nosso amanhã, contanto que sejam estabelecidas
metas e tempo de colimá-las, com responsabilidade e severa punição aos que
tentarem corromper os objetivos estabelecidos.
Merecerá grande louvor quem
for capaz de influir na rapidez da tramitação do PNE 2 e do projeto sobre a
responsabilidade educacional, para fazê-los chegar à sanção presidencial antes
de findar-se este ano, porquanto ambos estejam no Congresso desde novembro de
2010. O exercício dessa influência poderá surpreender o seu agente com a láurea
da alquimia, dado estar convertendo a acidez do limão que ora representa nossa
educação pública numa doce limonada, agradável ao paladar de todos.
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