Discurso
do GM Antônio do Carmo Ferreira
ao
ensejo das homenagens prestadas ao Ir.’. do Amor Divino, Frei Caneca,
em
13 de janeiro de 2013, no Forte de Cinco Pontas, Recife/PE.
O
GOIPE, a Prefeitura da Cidade do Recife e o Povo.
Este é
um momento muito importante para a maçonaria brasileira. Como um de seus
Grão-Mestres, desejo expressar os melhores agradecimentos pela honra com que Sua
Excelência o Prefeito do Recife distingue os maçons, em nos convidando para
estarmos presentes, e efetivamente participando destas homenagens, que ora são
prestadas ao maçom Joaquim do Amor Divino Rabello, o Frei Caneca, mártir pernambucano,
herói nacional, um dos artífices da pátria dos brasileiros.
A
maçonaria ingressou no Brasil, no fim do inverno de 1796, pelo portal de Itambé,
onde e quando Manuel Arruda da Câmara, o
ex Frei Manuel do Coração de Jesus, instalou o Areópago, com o objetivo de
doutrinar o povo para a construção de uma pátria para os brasileiros. Arruda da
Câmara retornava de Montpellier, França, onde se formara em Medicina e fora
iniciado na Maçonaria. Joaquim do Amor Divino Rabello, nascido no Recife, era,
então, um rapazinho de 17 anos, idade em que tomou o hábito.
Em
1801, ocorre a Conspirata de Suassuna. Primeiro fruto da ação dos areopagitas
de Itambé. Pretendia-se a Independência do Brasil sob o amparo de Napoleão.
Ainda não era tempo de colheita. Contudo,
mais e mais, fincava-se a pretensão. O Areópago cerrava as suas portas em
Itambé, porém os sábios dali migraram para o Recife. E, aqui, fundaram as duas
Lojas Maçônicas: Academia do Paraíso, sob o Veneralato do Padre João Ribeiro, e
a Academia de Suassuna, sob o Veneralato do Cel
Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
Nessa
Loja Academia de Suassuna, o Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, já ordenado em
1801, foi iniciado maçom, conforme
registro do padre Dias Martins, em seu livro Mártires Pernambucanos, publicado
inicialmente em 1853. Nessa obra, o autor acrescenta terem ingressado na Ordem,
na mesma Loja Maçônica, os senhores Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de
José Bonifácio, e o padre Miguelinho.
Em
1823, Frei Caneca entrega ao prelo suas Cartas de “Pítia a Damão”, sendo que na
X Carta demonstra profundo conhecimento sobre a Maçonaria, informando já haver
lido 14 livros a seu respeito, faz-lhe muitos elogios, pede respeito à mesma e
revela o progresso já então alcançado pela Ordem maçônica em Pernambuco.
Anos
depois, essa notícia da iniciação maçônica do Frei Caneca é confirmada pelo
jornalista Mário Melo, Secretário do Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográfico de Pernambuco, em seu livro “Maçonaria no Brasil, Prioridade de
Pernambuco”, publicado em 1909.
A Revolução
de 6 de março de 1817 foi a afirmação dos sonhos de liberdade que se
concretizariam com uma pátria para os brasileiros, com regime republicano. A
pátria chegou a existir durante 75 dias, com Presidente maçom, Ministério de
maçons, constituição, abolição da escravatura,
universidade, liberdade religiosa e de imprensa. A dinastia Bragança
mandou matar quase todos daquela geração revolucionária.
O
Irmão Joaquim do Amor Divino, o Frei Caneca, estava entre os que sobreviveram. Foi, no entanto, desterrado
para os calabouços de Salvador. Ele era um dos missionários da maçonaria. Em
1821 volta para Pernambuco, para seu Recife, onde vem a saber, em setembro de 1822,
que D Pedro havia declarado o Brasil independente e que adotaria uma Carta
Magna, elaborada pelos representantes do povo.
Mas em novembro do ano seguinte D Pedro fechava a Assembléia Constituinte,
perseguia os Deputados, e outorgava uma Constituição, para a qual exigia
juramento nas Províncias.
Pernambuco,
de imediato, recusou-se a tal juramento. Melhor lhe pareceu a resposta revolucionária da Confederação do
Equador sob a presidência do maçom Manoel de Carvalho Paes de Andrade. E, da
qual, o Maçom Frei Caneca fora o ideólogo e o maior de seus líderes.
Era o
fim do inverno de 1824 no Recife e também daquele movimento. Esquartejaram
Pernambuco, roubando-lhe dois terços de seu território. Prenderam Frei Caneca e
mandaram matá-lo. Arcabuzaram-no em 13 de janeiro de 1825, como se isto fosse
seu fim. Nunca: Pois “O patriota não morre, vive além da eternidade”. Os
escribas, dóceis ao Bragança, omitiram,
por muito tempo, das páginas da História do Brasil, esses e muitos outros feitos
gloriosos dos pernambucanos, mas não conseguiram lavar o sangue dos mártires
que coloriu as pedras das ruas do
Recife, identificando-as como travesseiros de heróis.
A
maçonaria revela-se honrada por essa distinção com que a Prefeitura da Cidade
do Recife nos trata, fazendo-nos parceiros desta homenagem ao nosso Irmão Joaquim do Amor
Divino, o Frei Caneca: poeta, escritor, gramático, professor, jornalista, maçom
missionário, que ofereceu a vida, para que os brasileiros tivessem uma pátria, e
fosse ela pelos brasileiros dirigida, respeitada no universo, povoada de
pessoas dignas, educadas e felizes, pois é princípio da maçonaria tornar feliz
a humanidade. O Frei do Amor Divino foi nessa construção, como maçom que o era, um inigualável pontífice.
O
Grande Oriente Independente de Pernambuco saúda Sua Excelência o Prefeito em
querer, com sua valorosa e competente equipe, retornar o Recife à semelhança da
pátria, de cujos primeiros passos foi gerador e palco, e em favor da qual o
Irmão do Amor Divino, Frei Caneca, deu a vida. Um Recife bem dirigido,
progressista, admirado, da paz, cosmopolita,
acolhedor, para onde se queira vir ou em
que se deseja ficar, em face do ambiente de felicidade que inspira. O tempo é de amar Recife. Todos nós amemos o
Recife.
A
maçonaria está solidária com esse projeto inovador e se coloca ao dispor para a
consecução das respostas a esse desafio. Que Frei Caneca, o Irmão Maçom do Amor Divino,
rogue por nós.
Boa
sorte, Prefeito! Que Deus o ampare nessa
nova caminhada. (Informabim 326 B)
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