A FÉ E AS OBRAS
Irm Antonio do Carmo Ferreira
Nem municiado da fé que move montanhas eu acreditaria
nisto. Pois estando no seio da Ordem há mais de 40 anos, não tive acesso a
essas forças. E vejam que tenho ocupado cargos importantes! Mas, sabem!, reza o
ditado popular: “para cada cabeça um mundo”. Vai ver que as forças existem e a senha de acesso às mesmas passou e, na oportunidade, eu
estaria dormindo...
Às vezes fico a pensar que essa invencionice de forças
ocultas é obra da antimaçonaria, engenhada para contaminar maçons despreparados
e com isto levar a Ordem ao deboche da sociedade culta.
Essas forças, convinha até que existissem, porque, com elas sob seu comando,
ficaria mais fácil para a maçonaria implantar, no mundo, o reinado de paz e o
progresso da humanidade em
geral. Mas não. A sua existência é anunciada para eliminar
altos escalões. Ceifar vidas. Tudo que não é a Ordem.
O eminente escritor Ambrósio Peters exige que a
maçonaria seja respeitada por tudo com que tem contribuído, ao longo da história das
civilizações, para a evolução da humanidade. E reprova essas invencionices como
denuncia a má fé com que agridem a Ordem, atribuindo-lhe caráter de maldades no
exercício de suas funções. Alerta o grande pensador maçônico para o fato de que
se isto fosse verdade, a mídia jornalística, ávida deste tipo de notícia e
dotada, em nossos dias, dos mais avançados instrumentos de pesquisa, já teria colocado pelo avesso e desmoralizado
tal ocultismo.
Confesso-me preocupado quando ainda leio ou ouço
alguém referir-se a forças ocultas que governam o mundo sob o comando da
maçonaria e de qualquer outra instituição.
Nós precisamos, e já, é exorcizar o espírito da
preguiça do seio da Ordem, porque o danado desse espírito é que tem sido a
causa de todos esses males que nos afligem.
Recordo que no ano de 2008, o irmão Giovani Souto
defendeu tese de Mestrado dissertada perante o Instituto Superior de Ciências
do Trabalho e Empresa, na Capital portuguesa, que foi aprovada. Aí ele faz uma espécie de gozação com os que
tentam o ilusionismo de apresentar a Ordem como uma organização secreta.
Ressalta que esta não é uma postura correta e sim que “os templos precisam
aparecer para a sociedade, demonstrando-se que inexistem rituais macabros ou
cultos a divindades. O que existem são estudos morais e filosóficos e a prática
do bem e de amor ao próximo.”
Continua que “não adianta calar-se diante de notícias
incoerentes e preconceitos sobre essa instituição universal”, passagem que me
fez lembrar o irmão Luther King ao lhe ser atribuída a advertência de que “a
preocupação não deve estar no grito dos maus, mas no silencio dos bons.” “Uma
melhor qualidade nos serviços ofertados pela Maçonaria, prossegue o Irmão
Souto, começa por uma boa publicidade. A boa comunicação é um meio de
sobrevivência dos bons princípios”.
Há nessas conclusões do mestre Giovani Souto dois
tópicos que devemos pinçar: “serviços ofertados pela maçonaria” e “boa
publicidade”. No primeiro caso, “os serviços”.
Deixa significar que existe algo material a ser implantado em algum
lugar, na comunidade, por exemplo. Algo de amor ao próximo que labore em favor
do progresso, do bem estar, da felicidade. E que, como reza o segundo caso, todos
sejam informados, através de “uma boa publicidade” de tal procedimento por
parte da maçonaria. Pois os “bons princípios” necessitam da “boa comunicação” para que
sobrevivam e se desenvolvam.
A maçonaria nunca foi uma instituição voltada para
dentro. Construtora de muros dentro dos quais escondesse o produto de sua ação.
Foi e deverá ser sempre construtora de
pontes através das quais pudesse levar o progresso e a felicidade aos muitos. Os
aquedutos, os Palácios, os Mosteiros, as Catedrais são algumas provas disto. É
verdade que há um procedimento para adoção de seus adeptos e uma pedagogia para
formação dos mesmos. São procedimentos e pedagogia que só interessam aos que se
“iniciam”, daí o caráter templário de sua transmissão. Mas a prática do saber
maçônico, esta é de aplicação na comunidade. A Loja maçônica não é o limite. E
sim a vertente.
Tiago, o apóstolo, com as suas missivas, criou uma
escola. Ele ensinava não bastar possuir o sentimento do amor. Pois era preciso
amar. Como a parábola do semeador. Não bastava possuir o diploma, era preciso sair
a semear. E até parecia irritado com os que se contentavam apenas com a fé. Ele
exigia mais e dava sentença aos que insistiam na limitação – “a fé sem as obras
é coisa nula”.
Em nosso caso, é preciso, já, entusiasmar o maçom
quanto ao exercício de sua função de
Construtor Social. Pois “de que vale a fé sem as obras” ? (Informabim 318 B)
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