APOSTANDO NO ATRASO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
No âmbito
das universidades federais tem se
desenvolvido um esforço danado para que seus objetivos sejam alcançados em grau
de excelência. São exigentes na administração e mais ainda no recrutamento de
seu quadro docente, só admitindo, para o magistério, pessoas altamente
habilitadas com mestrado, doutorado, pós-doutorado. (Embora o salário seja:
“Oh!”, como costumava dizer o Chico Anísio, e, hoje, greves de mais de 60 dias
confirmam.) A universidade federal deve estar preocupada com essa assombração
da possibilidade de ingresso em seu corpo discente de candidatos sem a devida
porosidade para absorção do conhecimento ao nível e na intensidade ali ensinado.
O comentário
gira em torno de que a universidade pública estaria povoada de estudantes
vindos do ensino médio na escola privada, onde teriam recebido ensino de
qualidade suficiente para atender às exigências do vestibular. Enquanto que o
propósito inicial de sua existência era o de acolher o filho da família sem
condições favoráveis ao pagamento do ensino superior. Estaria ocorrendo o
contrário (pelo menos é o que se diz): dado que se encontrariam ganhando as
vagas os candidatos oriundos de famílias
que têm ótimas condições financeiras na comunidade, tanto que puderam cursar os
melhores colégios particulares. Mas é preciso conferir isto.
Essa história
de 50% das vagas de ingresso nos cursos superiores das universidades federais
serem reservadas para candidatos que cursaram o ensino médio em escola pública,
carece de uma análise mais acurada, antes de sua conversão em lei. Pois a sanção dessa iniciativa em lei agride o esforço universitário, ao
tempo em que coloca sob o tapete o lixo que como tal tem sido apresentada a
educação pública no que tange ao ensino médio
“A questão que
sobressai da inaceitável proposição é a tentativa de mascarar a maior tragédia
nacional. Trata-se da falência da escola pública. Incapaz – por omissão e
negligência – de oferecer ensino de qualidade para a maioria da população, o
Estado avança contra a universidade num jogo de faz de conta que só trará
prejuízo para a concretização do sonho de figurar entre as potências do século
21”, afirmou-me outro dia um analista político, com especialidade em gestão da
educação pública.
A obrigação
nacional e o respectivo compromisso têm direção certa e devem ser perseguidos
sem essas assombrações e sinuosidades. A luta é pela melhoria da qualidade da
educação pública, hoje pessimamente referida, quando não reprovada nos fóruns internacionais de avaliação. O
esforço deverá ser desenvolvido pela qualificação do nosso ensino médio, de
modo que os que o cursarem sejam aprovados nas competições, e não pelo
afrouxamento ou as escâncaras das portas universitárias para os mesmos.
Vejamos como
as forças do mal não dormem! Em vez de se dar urgência à aprovação do PNE 2 e
de se converter em lei o projeto de responsabilidade educacional que são as
alavancas da melhoria da qualidade da educação pública, vem-se com essa
tentativa de enganação. “Maçons alerta,...”¹ Pois as forças do mal sempre
estiveram indormidas e, pelo que se vê, continuam apostando no atraso.(1) Hino Maçônico, Ir Pedro I.
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