AS VIGAS MESTRAS DA MAÇONARIA
Ir Antônio do Carmo Ferreira
Sempre gostei de ler. Lia não somente livros didáticos
mais de um em cada matéria, como também lia
os que de alguma forma tinham a ver com a formação religiosa a que eu
então havia sido destinado. Eu era um estudante em regime de internato. E fazia da leitura minha principal diversão.
Recordo que a leitura da Bíblia, passava-me a sensação de um bem-estar
inigualável. Seria capaz de trocar pelo almoço, por mais saboroso que ele fosse
ou ainda maior que fosse a fome em que
eu estivesse. Eu ficava encantado com aquelas narrações. Era a descoberta de um
maravilhoso mundo novo, que a leitura da Bíblia me proporcionava. Adquiri assim
o hábito da leitura.
Com o ingresso na Maçonaria, minha leitura passou a
privilegiar os livros que lhe diziam respeito. Os rituais e, em seguida, as
obras referentes à doutrina, à ritualística e à história. Então a história que
comecei a desbravar era aquela estória! A neblina dos tempos ... O avental e a
folha de parreira ... A origem adâmica ... Os legados de Noé ... A construção
do Templo de Salomão ... Narrações que não resistiriam às exigências da
credibilidade. Tiradentes, como maçom, por exemplo ... Felizmente que não eram
tantos os livros editados com estes conteúdos.
Aí conheci Xico Trolha e Castellani. Eles me
alertaram. Das edições nacionais, convinha que eu pegasse a linha documentada.
Não formasse estoque de saber alicerçado no “achismo”. De acordo, passei a ler
Nicola Aslan e Teobaldo Varoli Filho, e os próprios Castellani e Xico Trolha. E
todos os outros escritores de maçonaria aderentes a essa trilha. Nada de “acho
que”, nem de que “o guru me disse”.
Graças a esse trabalho de Xico e Castellani, expostos nas Lojas, nos
Congressos, nas suas colunas jornalísticas, em suas palestras, num esforço
titânico nem sempre muito compreendido, é que se tem hoje, com certa evidência,
a realidade da Ordem, sua trajetória, da origem aos nossos dias.
Em tempos recentes, a Editora Maçônica A TROLHA tomou
a decisão de reeditar Nicola Aslan. É um benefício que proporciona à geração
atual de maçons. Obras que respeitam a verdade e colocadas à disposição dos
maçons leitores a preços favoráveis sem agressão ao bolso.
Soube no mês de agosto, durante Encontro maçônico,
realizado aqui no Recife que a Editora A Trolha pretendia dar continuidade a
esse projeto de relançamento de obras que teriam influenciado muitos e muitos
ao tempo de sua edição. E que “As Vigas Mestras da Maçonaria” do Jorge
Buarque Lira estaria na vez. Beleza!
Conheço a obra, como conheço do mesmo autor Maçonaria
e o Cristianismo. Vigas Mestras, li-o, faz uns 30 anos se não me falha a
memória. Um tempão, heim, mas ainda recordo algumas de suas idéias. Era um
momento em que se divulgavam muitas asneiras a respeito da maçonaria, e até se
atribuíam coisas diabólicas a sua atuação. Prosélitos de uma determinada
religião verberavam isto. Buarque era pastor de outra religião e mostrava nas
“Vigas Mestras” que tudo aquilo de ruim que se dizia não era verdade. A Ordem,
como assegurava Frei Caneca, na X Carta de Pítia a Damão, só faz o bem, e forma
seus adeptos no amor ao próximo para
tornar feliz a humanidade. E nestes propósitos consistiam “As Vigas Mestras”.
O Almirante Sodré, prefaciando essa obra, ressaltou
que “suas páginas se assemelham a sermões e nelas tem-se muito a aprender. O
autor empolga sempre pela sua veemência e sinceridade. Lendo-o tem-se a
impressão de o ver falando, ferindo forte os erros com a sua expressiva
impetuosidade”.
Jorge Buarque Lira amou a Maçonaria e isto se constata
no ardor e na veemência com que a defendeu e divulgou. Num tempo em que as
discussões a respeito da Ordem eram acirradas, e os opositores desejavam com
afinco enfraquecê-la e desmoralizá-la. Quer dizer, varrê-la da face da terra, o
que seria um grave e irreparável prejuízo para a evolução da humanidade. As
Vigas Mestras, se reeditadas, trarão ao conhecimento desta geração maçônica um acervo de informações sobre a crueldade que
se praticou contra a maçonaria e a condição de perenidade que ela possui. Ou
como se perguntava Howard, o autor de A Conspiração Ocultista, “Por que, nada obstante esses séculos todos
de existência, a maçonaria ainda desperta tanta paixão?!”
(Informabim 324 B)
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