FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
Irm Antônio do Carmo Ferreira
É no seio da
família que começa tudo, da aquisição das boas maneiras (ou más) aos primeiros
passos da formação cidadã. Tão evidente
e tão sério este fato que Ruy Barbosa, nos albores do século XX, dava à família
a condição de síntese da pátria. O estado de saúde ou doença da pátria, nos
seus ensinos e conclusões, seria uma ampliação da higidez da família, “multiplicai a célula e tendes o
organismo; multiplicai a família e tereis a Pátria”.
Recordo o
Jornal do Commercio (Recife), em seu editorial de 13.02.2007, onde presta
valiosa contribuição ao discernimento do papel da família, responsabilizando sua
indiferença ou sua desagregação pelas piores mazelas que afligem os
adolescentes. Excerto do editorial: “a
família deve continuar sendo a fonte mais saudável na formação da criança e do
adolescente, do seu caráter, de sua realização como cidadão e pessoa humana. É
a primeira escola de valores. O ensino formal e a pregação religiosa ou cívica
só vêm depois, quando o arcabouço da personalidade já foi modelado pelos pais.”
Na atualidade
brasileira, em que predomina a pobreza e, para muitos, escasseiam as finanças e
o saber, (pois segundo o Inaf só 27% dos brasileiros são plenamente
alfabetizados, mesma posição de 2001) e em conseqüência disto diminui a
qualificação profissional, levando os pais a permanecerem mais tempo nos postos
de trabalho com vistas a obtenção de um acréscimo no ganho, os filhos ficam em
casa ao Deus dará, as crianças mais novas aos cuidados das crianças mais
velhas, que deixam de ir à escola para,
em casa, cuidarem dos menores. A 7ª economia do mundo que se jacta dessa
condição, deveria mesmo era se
envergonhar do estado em que se acha a educação pública, sobretudo no que tange
ao ensino médio.
É preciso,
diante disto, que se encontrem formas auxiliares com que se tente corrigir esses
descaminhos. Cobrar-se, por exemplo, do governo a existência da escola em tempo
integral, com ensino de qualidade e cursos profissionalizantes. Mais ainda: que
exista nela uma assessoria aos gestores, e os pais tenham presença cativa nessa
assessoria, não só para as sugestões, mas também, para ali, poderem acompanhar
a formação de seus filhos. Um novo e admirável papel da escola, com a
assistência da família. Uma contribuição à prática e à eficácia da futura lei
da responsabilidade educacional.
Outro papel,
para os pais, nestes tempos da cibernética. A garotada está ligada nas redes sociais, se não pelo
notebook ou pelo iPad, mas pelo celular,
pelo computador. Torna-se uma exigência para os pais, em face disto, estarem
senhores desses meios de comunicação, para o acompanhamento da vida dos filhos.
O computador pode não estar em casa, mas está disponível na lan house que, hoje
em dia, ampliou suas funções, passando a ser também um ponto de encontro
social.
É o espírito
do tempo que agora, mais que nunca, em virtude da velocidade no campo da
inovação e do progresso tecnológico,
exige mais comprometimento da família. Do gesto de amor da família para com os
seus descendentes, e com a Pátria, porque a indiferença (que será uma
irresponsabilidade) abrirá espaços a veredas perigosas por onde já perambulam
milhares de jovens sem rumo nem futuro, desabrigados e desamparados, com
recurso às drogas e apelo à violência, órfãos de pais vivos, ou como se
expressou o Senador Marco Maciel, em memorável
discurso de texto publicado no Diário de Pernambuco edição de 15.01.1994:
portadores da “síndrome da personalidade
sem afeto”. Cabe refletir: “A
educação, um direito de todos, é dever do Estado e da Família...” CF, Art.205. (Informabim 321 B)
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