DESCONSTRUINDO O AMANHÃ
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Estive atento, a todo tempo,
na expectativa de uma notícia com que pudesse brindar meus irmãos maçons no fim
deste ano. Quem acompanha a luta da maçonaria, sabe que me refiro aos
assuntos pertinentes à educação pública no Brasil. Mas as notícias
que me chegaram, são mesquinhas, e de forma contrária não são as
que decerto desejávamos. Ah! Uma exceção: escola pública do ensino fundamental,
do município de Quixaba, no interior remoto de Pernambuco, disputou, com
suas similares do Brasil inteiro, o melhor nível de qualidade, e obteve o 1º
lugar, confirmando a constatação do escrivão luso, circunstante do
descobrimento do Brasil: “em se plantando, tudo dá”, até a falta de querer
político e a má vontade manifesta quanto à educação pública que entre nós
cresce celeremente.
As notícias do fim de ano são
as mesmas que circularam o ano todo. Não se prestam para lembranças
natalinas, como desejava enviar, (infelizmente!), mas servem para reflexão. O
PNE 2 travou no Senado (desde agosto), após dois anos na Câmara. É o plano da
educação para nosso País, em dez anos: projetos, diretrizes, metas e meios,
inclusive, os financeiros. Não há sinais de interesse por seu andamento na Alta
Casa do Congresso. Pelo menos não os encontro na mídia. Enquanto isso a
qualidade do ensino público no Brasil figura entre as piores do mundo, legando,
a manter-se dessa forma, um futuro sem alvíssaras a atual geração, onde
estão nossos filhos e netos.
Pesquisa realizada,
recentemente, em 40 países, pela conceituada empresa britânica de consultoria,
a Economist Intelligence Unit, mostra o Brasil em penúltimo lugar na qualidade
de educação. Ganha apenas da Indonésia e perde para a Colômbia, Argentina e
Chile, pra não falar da Finlândia, Coréia do Sul, Hong Kong, Japão e Cingapura,
detentores do 1º, 2º, 3º, 4º e 5º lugares no ranking, respectivamente.
Entrevistado, um dos principais dirigentes da pesquisa aponta dois itens como
dínamos das melhores colocações nesse ranking: “1) a cultura da educação bem
inserida na sociedade; e 2) a valorização docente, pois é pelo professor
que a eficácia da aprendizagem é ampliada”. (DP 28.11.12, em Educação, o Brasil
entre os piores).
O IBGE, no censo de 2010, não
nos anima com os dados oferecidos nesse setor, ao contrário mais lenha bota na
fogueira do descaso para com a educação e portanto para com o amanhã de nossos
descendentes. Constata e divulga que “apenas 11,3% das pessoas com 25 anos ou
mais tinham ensino superior completo no País; outras 49,3% não tinham sequer o
fundamental” (JC 20.12.12) e somente 29% de todos os brasileiros eram
plenamente alfabetizados. Também não basta ir à escola, e aí está um dos nossos
maiores cuidados. Insistimos na qualidade do que se aprende. Outro
dia, a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, informou que “71% dos
empresários brasileiros têm dificuldades para preencher vagas, impedidos por
falta de formação com qualificação dos candidatos”. (JC 18.11.12). Sinal de
que,em breve, estaremos importando mão de obra, e os brasileiros, à margem,
desempregados.
Tal deficiência no campo da
educação mostra ao mundo um retrato horrível de nossa baixa qualificação para o
trabalho, o que, se não melhora, prejudicará o crescimento do Pais e o
bem-estar da Nação. Assinala a coluna JC Negócios que “o trabalhador brasileiro
gera um quinto da riqueza de um americano” e cita mais outra cruel curiosidade:
“numa fábrica de celulares com os mesmos equipamentos e condições de trabalho,
um coreano produz 15 celulares por hora, contra nove do brasileiro”. (JC
22.11.12). Desejo oferecer um destaque quando me reporto à Coréia do Sul.
Recordo que nos anos 60, já concluindo meu bacharelado em Ciências Econômicas
, ouvia falar na semelhança do Brasil com aquele país asiático. Agora, por que
tamanha diferença? Responde o Diário de Pernambuco, após consultar três
respeitáveis economistas: “A grande diferença que criou dois caminhos opostos
para cada um dos países, foi o investimento em educação”. (DP 22.12.12, Cad de
Economia).
É um preço muito alto que
pagamos em dar curso à ignorância e aos poucos anos que passamos, ocupando os
bancos escolares. Em média, não temos ultrapassado os 5 anos de escola,
enquanto, na maioria dos países desenvolvidos, a população chega aos 10 anos,
destacando-se os coreanos com 11 anos. Não quero mais me referir à
avaliação do PISA, porque me dá uma profunda tristeza. Mas não posso
calar, como não tenho calado reiteradas vezes, perante essa maneira com
que ora se despreza a educação pública brasileira, pois isto é não só um
desrespeito à Constituição Federal (Art 205 ... a educação é um direito de
todos), mas sobretudo um massacre a nosso Brasil, cujo amanhã (nem mais parece,
porque a olhos vistos) se está desconstruindo.
(P.S.:) O
Correio Braziliense, de 30.12.2012, chega às bancas com a notícia de capa, em
que a Presidente, em 2012, teria sido reprovada na condução da educação. Segundo aquele respeitável Jornal,
em reportagem da mesma data (págs 1 e 2), um, em cada 2 brasileiros, dá a seu governo esse desabono. (Informabim 325 B)
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