quarta-feira, 27 de março de 2013

INFORMABIM 325 (A e B)



DESCONSTRUINDO O AMANHÃ
Irm Antônio do Carmo Ferreira

Estive atento, a todo tempo, na expectativa de uma notícia com que pudesse brindar meus irmãos maçons no fim deste  ano. Quem acompanha a luta da maçonaria, sabe que me refiro aos  assuntos pertinentes à  educação pública no Brasil. Mas as notícias que me  chegaram, são mesquinhas, e de  forma contrária não são as que decerto desejávamos. Ah! Uma exceção: escola pública do ensino fundamental, do município  de Quixaba, no interior remoto de Pernambuco, disputou, com suas similares do Brasil inteiro, o melhor nível de qualidade, e obteve o 1º lugar, confirmando a constatação do escrivão luso, circunstante do descobrimento do Brasil: “em se plantando, tudo dá”, até a falta de querer político e a má vontade manifesta quanto à educação pública que entre nós cresce celeremente.
As notícias do fim de ano são as mesmas que circularam o ano todo.  Não se prestam para lembranças natalinas, como desejava enviar, (infelizmente!), mas servem para reflexão. O PNE 2 travou no Senado (desde agosto), após dois anos na Câmara. É o plano da educação para nosso País, em dez anos: projetos, diretrizes, metas e meios, inclusive, os financeiros. Não há sinais de interesse por seu andamento na Alta Casa do Congresso. Pelo menos não os encontro na mídia. Enquanto isso a qualidade do ensino público no Brasil figura entre as piores do mundo, legando, a manter-se dessa forma,  um futuro sem alvíssaras a atual geração, onde estão nossos filhos e netos.
Pesquisa realizada, recentemente, em 40 países, pela conceituada empresa britânica de consultoria, a Economist Intelligence Unit, mostra o Brasil em penúltimo lugar na qualidade de educação. Ganha apenas da Indonésia e perde para a Colômbia, Argentina e Chile, pra não falar da Finlândia, Coréia do Sul, Hong Kong, Japão e Cingapura, detentores do 1º, 2º, 3º, 4º e 5º lugares no ranking, respectivamente.  Entrevistado, um dos principais dirigentes da pesquisa aponta dois itens como dínamos das melhores colocações nesse ranking: “1) a cultura da educação bem inserida na sociedade; e 2) a valorização docente, pois é pelo professor que a eficácia da aprendizagem é ampliada”. (DP 28.11.12, em Educação, o Brasil entre os piores).
O IBGE, no censo de 2010, não nos anima com os dados oferecidos nesse setor, ao contrário mais lenha bota na fogueira do descaso para com a educação e portanto para com o amanhã de nossos descendentes. Constata e divulga que “apenas 11,3% das pessoas com 25 anos ou mais tinham ensino superior completo no País; outras 49,3% não tinham sequer o fundamental” (JC 20.12.12) e somente 29% de todos os brasileiros eram plenamente alfabetizados. Também não basta ir à escola, e aí está um dos nossos maiores cuidados. Insistimos   na qualidade do que se aprende. Outro dia, a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, informou que “71% dos empresários brasileiros têm dificuldades para preencher vagas, impedidos por falta de formação com qualificação dos candidatos”. (JC 18.11.12). Sinal de que,em breve, estaremos importando mão de obra, e os brasileiros, à margem, desempregados.
Tal deficiência no campo da educação mostra ao mundo um retrato horrível de nossa baixa qualificação para o trabalho, o que, se não melhora, prejudicará o crescimento do Pais e o bem-estar da Nação. Assinala a coluna JC Negócios que “o trabalhador brasileiro gera um quinto da riqueza de um americano” e cita mais outra cruel curiosidade: “numa fábrica de celulares com os mesmos equipamentos e condições de trabalho, um coreano produz 15 celulares por hora, contra nove do brasileiro”. (JC 22.11.12). Desejo oferecer um destaque quando me reporto à Coréia do Sul. Recordo que nos anos 60, já concluindo meu bacharelado em Ciências Econômicas , ouvia falar na semelhança do Brasil com aquele país asiático. Agora, por que tamanha diferença?  Responde o Diário de Pernambuco, após consultar três respeitáveis economistas: “A grande diferença que criou dois caminhos opostos para cada um dos países, foi o investimento em educação”. (DP 22.12.12, Cad de Economia).
É um preço muito alto que pagamos em dar curso à ignorância e aos poucos anos que passamos, ocupando os bancos escolares.  Em média, não temos ultrapassado os 5 anos de escola, enquanto, na maioria dos países desenvolvidos, a população chega aos 10 anos, destacando-se os  coreanos com 11 anos. Não quero mais me referir  à avaliação do PISA, porque me dá uma profunda tristeza. Mas não posso  calar, como não tenho calado reiteradas vezes,  perante essa maneira com que ora se despreza a educação pública brasileira, pois isto é não só um desrespeito à Constituição Federal (Art 205 ... a educação é um direito de todos), mas sobretudo um massacre a nosso Brasil, cujo amanhã (nem mais parece, porque a olhos vistos) se está desconstruindo.
(P.S.:)  O Correio Braziliense, de 30.12.2012, chega às bancas com a notícia de capa, em que a Presidente, em 2012, teria sido reprovada na condução da  educação. Segundo aquele respeitável Jornal, em reportagem da mesma data (págs 1 e 2),  um, em cada 2 brasileiros,  dá a seu governo esse desabono. (Informabim 325 B)

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