DESEJAVA FALAR DE FLORES
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Ele não estava pensando nisto. Mas, quem sabe ? Talvez estivesse. E se estava, aquele momento de estar era maravilhoso. Ele passava um alerta, como o fez Vandré, poetando “pra não dizer que não falei das flores”. Lindos versos!. E ele também estava alertando, quando escreveu as palavras que escreveu.
Reporto-me ao que disse, e com o dizer alertara, o jornalista Ziraldo, admirado por sua produção literária destinada às crianças, parte já transformada em filme.. Falou que as ferramentas modernas, ensejadas pelas adiantadas estações da tecnologia, devem ser auxiliares na formação e transmissão do conhecimento. E não devem ser vistas como sinais de que o jornal (mídia impressa) e o livro tenham-se tornado obsoletos e, em decorrência, estejam céleres nos caminhos da inatividade. O livro não deixou de ser “um audaz guerreiro” (Castro Alves). E ainda é “com ele e homens que se constrói uma nação” (M Lobato).
Alerta o jornalista Ziraldo para o frágil estado em que se encontra nossa educação e se coloca disposto ao confronto: “enquanto o problema da educação não se resolver, vamos continuar batendo de frente”. Prossegue: “Temos que estabelecer o compromisso de que, a partir de hoje, não cresçam mais crianças analfabetas no país”. Para ele, o instrumento principal, nesse combate, é o livro: Aí suas palavras: ”A educação precisa ser pelo livro. A palavra gravada mudou o mundo. Em 1500, o ser humano andava de charrete. 500 anos depois de Guttemberg, ele pousa na lua. Não pode ser coincidência” Então, conclui Ziraldo, “Não adianta colocar a internet na mão da criança. A humanidade é 90% formada por imbecis e o paraíso deles é a internet.” (Diário de Pernambuco, edição de 12.10.2011).
Muitos outros líderes nos mais diversos setores econômicos e sociais do Brasil, pensando da mesma forma, alertam os pregoeiros do ocaso da imprensa e do livro. Batem de frente com a mesquinhez dos mesmos, sobretudo agora diante do sucesso alcançado pela Bienal do Livro a que assistimos nesta Região. .
Informações da pertinência do Instituto de Verificação de Circulação (IVC) dão conta de que a circulação dos jornais experimentou um crescimento de 4,2% no 1º semestre deste ano, se comparado com os 6 primeiros meses do ano passado.
E quanto aos livros? Já falei sobre o assunto em artigos anteriores. A Bienal, aqui no Recife, foi um sucesso. 600 mil pessoas passaram por lá.
Com a popularização da TV, havia muita gente anunciando o fim do cinema. Hoje são profetas fracassados, pois constata-se o reverso de suas previsões: o cinema se beneficiou da televisão, renovando-se e expandindo-se.
O mesmo vem acontecendo com a mídia impressa e a internet; o livro e a internet. Um susto danado com o advento desta, e as carpideiras já eram chamadas ...Mas o que se torna evidente ? Cada vez mais progresso, tornando rouca e abafada a voz dos pregoeiros do caos
Ouso resumir: a leitura do livro e do jornal impresso é de valia inexcedível para a evolução da humanidade e, claro, de seu bem estar. O crescimento no acesso aos mesmos é um forte indicativo do que se expôs. Há uma esperança de que dias melhores hão de vir para nossa gente. Para nós todos. E, então, desperta-se para a construção dos caminhos a essa Canaã. A pavimentação não está longe de nós. Está à nossa vista. Na leitura, seja do jornal, seja da revista, seja do livro. Isto é pacífico. Como é pacífico também a necessidade da formação do hábito da leitura. Não devemos esquecer disto: o hábito da leitura. O livro, o jornal, a biblioteca e a destinação das pessoas a esse convívio e a esse mister..
Os caminhos não serão nada fáceis. Serão, decerto, ásperos e espinhosos. Exigirão suor e determinação. Contudo a premiação ultrapassará, de muito, o esforço. A história das sociedades que chegaram ao cume, atesta o esforço e o prêmio. Minha leitura da entrevista de Ziraldo, aqui referida, é de um alerta, como quem lembrasse o poeta – também falei de espinhos, mas o desejo era apenas falar de flores.
(Informabim 297 B)
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
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