A MAÇONARIA ESPECULATIVA e o autor de suas Constituições.
Irm Antônio do Carmo Ferreira
A Maçonaria de Ofício ou Operativa, à qual deve a civilização européia inegável tributo, foi atuante cerca de 300 anos. No fim do século XVII estava de “fogo morto”, aparecendo, nos registros, a sua existência já esmaecida. Mas não houve uma vontade direcionada para sua exaustão. As causas que contribuíram para esse acabamento, vieram de outras motivações..
Uma delas foi a Reforma Luterana. Para este movimento, mais plausível era o deslocamento do Cura à aldeia. E não uma aldeia toda deslocar-se ao entorno das Catedrais para ouvir a pregação religiosa. Com o êxito desta ideia, esbarrou a atividade das grandes construções, e, em conseqüência, fechavam-se as guildas, levando ao ócio centenas de “pedreiros” às quais eram filiados.
Vinculada à guilda, existia uma função beneficente para a qual os filiados contribuiam financeiramente, gerando fundos para assistência aos “pedreiros” invalidados no trabalho ou sem condições para este, quando a idade já lhe era avançada.
Estancadas as construções, a corrida foi grande e célere em rumo à “beneficência”, pondo-a em dificuldade para cumprir o seu papel. Admite-se que a salvação daquele sistema de auxílio teria vindo nas asas da admissão, nas guildas, de pessoas alheias às atividades das mesmas.
Teria sido esta a abertura decisiva, para que os não-pedreiros fossem aceitos nas guildas da maçonaria ainda de Ofício. Filantropos e ricaços incharam os quadros da sociedade, sendo o latifundiário John Boswell o primeiro a ser beneficiado, ao ser aceito maçom da Loja “Capela de Santa Maria” ao oriente de Edimburgo. E ninguém perdia com isto. Ao contrário, todos ganhavam. Os postos de beneficência com as doações, para atendimento aos muitos que dependiam disto, e os aceitos que passavam a gozar dos 3 privilégios concedidos aos integrantes das guildas: poderem formar associação; migrarem de uma para outra região; serem isentos de tributação.
Os pesquisadores localizam, no advento da Igreja Anglicana, decorrente da querela entre o Rei da Inglaterra e o Sumo Pontífice, outro motivo para a exaustão da maçonaria operativa, considerando funcionar esta como se um braço fosse da Igreja de Roma. Os maçons operativos que estavam sujeitos à religião oficial de seu país, a partir daí, encontravam apoio à desobrigação de tal exigência. A escolha religiosa seguia o Eclesiástico: “O coração modifica a feição dos homens”. O canal de ligação do homem com Deus é de sua livre escolha e não de fato impositivo. O que não podia era o “maçom se bem compreendesse seus deveres jamais se converter em um estúpido ateu nem em irreligioso libertino”.
Estes pruridos religiosos, registra a História, levaram toda a Europa a um estado de decadência social e econômica, quase dizimando a população masculina por sua convocação e utilização nas atividades de guerra. Coube à reação a geração de sociedades comprometidas com a reconstrução social integradas por homens livres daqueles vícios que corroíam a civilização e voltados para o trabalho da melhoria dos costumes. Entre elas, estava a principal: a Maçonaria Especulativa da qual fazemos parte.
Em 24 de junho de 1717, quatro Lojas das muitas então existentes se reuniram e criaram o sistema obediencial, que abolia a existência da Loja solitária, dando lugar às Lojas solidárias, subordinadas a um Grão-Mestre. Naquela data, fundaram a Grande Loja de Londres para dar curso ao sistema obediencial, valendo-se dos ideais e com os objetivos da Maçonaria Especulativa. As quatro Lojas fundadoras foram: “O Ganso e a Grelha”, da cervejaria do pátio da Igreja de São Paulo; “A Coroa”, da cervejaria do Parker´s Lane; “A Macieira”, da taberna de Charles Street do Convent Garden; e “O Topázio e as Luvas”, da taberna da Channel Row, no Westminster.
Era preciso, contudo, estabelecerem-se as regras de existência e condução daquela nova sociedade. E este trabalho começou a ser feito, com a designação do Pastor James Anderson para sua execução.
James Anderson nasceu, no ano de 1680, na cidade de Aberdeen, Escócia. Seus estudos iniciais ele os fez em sua cidade natal. Sua formação, porém, concluiu em Londres, onde havia fixado residência. A Igreja de Swallow Street, uma das presbiterianas de Londres, teve-o como ministro, a partir de 1710. Em 1717, encontrava-se entre os maçons que fundaram a primeira Potência Maçônica do mundo, e em 1721, 29 de setembro, foi designado pelo Grão-Mestre Jean Theophile Desaguliers para escrever o documento das obrigações e deveres da Grande Loja de Londres.
Desincumbiu-se da eminente convocação com brilhantismo, consagrando-se um grande escritor de maçonaria, ao compilar as old charges – documentos das antigas obrigações – resultando nas CONSTITUIÇÕES que vieram a ser publicadas em 1723 e representam hoje o documento jurídico básico deste novo tempo da Maçonaria. James Anderson faleceu, em Londres, no ano de 1739, certo de que a Maçonaria é “um Centro de União”, sendo ao mesmo tempo “o meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que, de outra maneira, ficariam perpetuamente separadas”. O canteiro universal do amor ao próximo e da felicidade das pessoas.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
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Sempre comento com os irmãos: conviver com o nosso Grão-Mestre é um privilégio de poucos. O texto está simplesmente ótimo.
ResponderExcluirGeraldo Majella
Cada vez admiro mais o nosso Grão-Mestre e fico atento em suas colocações e textos, sempre aprendo mais.
ResponderExcluirGerson Ferraz