domingo, 7 de fevereiro de 2010

COMENTÁRIO: LIVRO DE ACF

“NAS CANTEIRAS DA ARTE REAL”*


Ir Raimundo Rodrigues (Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo)



Temos lido em vários autores maçônicos, que merecem fé, que a leitura é uma necessidade para quem quer crescer em conhecimentos, para quem deseja subir os degraus da escada do saber. Essa afirmação contém em seu bojo verdade que não pode ser desmentida.

Todas as vezes que alguém abre um livro e começa a lê-lo, este alguém está estudando. É preciso anotar que existem livros bons que, por tratarem de único assunto em centenas de páginas, não são lidos. Daí por que, é nosso pensar, que os bons autores maçons são que, além de não inventar, escrevem suas obras tratando de vários temas diferentes em capítulos curtos e vazados em linguagem simples, porém correta. E isto acontece exatamente com o livro que debaixo dos olhos: Nas Canteiras da Arte Real. Esta obra é de grande valor para o maçom que seja aumentar seus conhecimentos da doutrina maçônica em suas características fundamentais: história, filosofia e ritualística.

Esse livro é tão bom que nos obriga a estudar a partir do título. Esse termo canteiras existe? Não estaria o autor tentando criar um neologismo? Não se pode ficar em dúvida, logo ... não há outro jeito, deve-se pedir auxílio aos dicionários. O Dicionário Brasileiro Contemporâneo nos diz que canteiras são pedreiras de onde se extraem pedras de cantaria. E o Dicionário Contemporâneo continua a nos esclarecer afirmando que cantaria é a pedra grande e lavrada para construções.

Desse Nas Canteiras da Arte Real extraem-se “pedras do conhecimento” com as quais poderemos construir de catedrais do saber a catedrais da cultura maçônica.

Antônio do Carmo Ferreira, com esse novo livro, oferece-nos textos curtos, muito bem escritos, cujo fito maior é passar aos maçons preciosos conhecimentos da história e da doutrina de nossa sublime instituição.

O livro traz o prefácio do maçom Guilherme de Queiroz Ribeiro que diz aquilo que precisamos saber sobre o articulista, o escritor e o notável orador Antônio do Carmo Ferreira que, logo no primeiro artigo Vitriol – Um Tônico Rejuvenescedor, enchendo-nos de alegria ao verificarmos que a tradução da frase latina – Visita interiora terrae retificandoque invenies occultum lapidem – está absoluta correta: “Penetra os interiores da terra e, esquadrinhando-os, encontrarás a pedra oculta”. Esta é tradução de quem sabe latim. Aqueles que não estudaram a maravilhosa língua de Cícero não traduzem: simplesmente se baseiam na semelhança das palavras latinas com aquelas do idioma lusitano, sem pensar ou sem saber que as palavras mudam de sentido no tempo e no espaço.

Há capítulos no livro que nos trazem ensinamentos difíceis de serem encontrados em outros autores, como v.g. aquele que intitula “A Ordem Maçônica nos tempos de Frei Caneca”. Naquele artigo há coisas que precisamos saber, especialmente sobre os inícios da Maçonaria no Brasil, sem invenções e comprovados em documentos autênticos.

JOIAS LITERÁRIAS - Uma série de excelentes artigos do livro estão pojados de ensinamentos úteis. Quando o autor aborda o tema “A Epopéia Farroupilha e Reminiscências de 1817” nos traz ensinamentos históricos ligados à Maçonaria, dificilmente encontrados em outros autores.

“Iluminando os caminhos do bem” é o título do discurso pronunciado pelo autor quando das festividades em comemoração ao Jubileu de Prata do Grande Oriente Paulista. Para nós, acostumados a ler e a ouvir Antônio do Carmo, a beleza literária e a profundidade dos conceitos emitidos naquela peça oratória não se constitui uma novidade e tanto é verdade que já várias vezes, quer escrevendo, quer falando, afirmamos que o Grão-Mestre do GOIPE é o maior orador da Maçonaria do Brasil, no momento.

Vejamos um pouco pequeno tópico do discurso. A certa altura, o orador exclama: “Que mimo trago eu, além dos reportados, e dos arrecifes pernambucanos, do acre de seus sargaços, do espelho das águas do Capibaribe, onde os fantasmas antanho, trêmulos de medo deles mesmos, miram-se ao findar da tarde? Da certeza da unidade nacional em idioma e território, obtidos com a expulsão do invasor batavo, da responsabilidade pelo ingresso de nossa Ordem no Brasil através do portal de Itambé, engenho e arte do botânico Arruda da Câmara; do sacrifícios dos revolucionários irredentos de 1817, cujas vidas foram imoladas em troca de uma pátria para os brasileiros numa revolução incontestável de maçons com e sem batina”.

Normalmente não comporta artigos extensos, razão por que não nos é possível continuar a escrever sobre as jóias literárias que o livro contém. Porém não poderemos deixar de citar alguns capítulos, através dos quais aumentamos nossos parcos conhecimentos. Aqui vão: “Mestre Maçom” – neste capítulo o autor faz um estudo sobre a época em que surgiu e foi adotado o grau de Mestre Maçom. “Frequência nas Lojas maçônicas”, “Compromisso com o sigilo”, “Aspectos pedagógicos da sociabilidade”, “Maçonaria: aqui, agora”, “Nossa independência veio do Areópago”, “Família e Maçonaria”, “Da necessidade do planejamento”.

O livro contém, além desses, mais oito artigos de excelentes conteúdos.



(*) Publicado na revista CONSCIÊNCIA Nº 90, 2009, Campo Grande/MS. www.revistaconsciencia.com.br)

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