segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

INFORMABIM 300 A e B

A FÉ E AS OBRAS

Irm Antonio do Carmo Ferreira


Tenho lido, em textos produzidos por maçons, que, conforme seus estudos , o mundo é governado por um conjunto de forças que só não mais são ocultas, porque a maçonaria as descobriu e passou a ser sua maquinista.

Nem municiado da fé que move montanhas eu acreditaria nisto. Pois estando no seio da Ordem há mais de 40 anos, não tive acesso a essas forças. E vejam que tenho ocupado cargos importantes! Mas, sabem!, reza o ditado popular: “para cada cabeça um mundo”. Vai ver que as forças existem e a senha de acesso às mesmas passou e, na oportunidade, eu estaria dormindo...

Às vezes fico a pensar que essa invencionice de forças ocultas é obra da antimaçonaria, engenhada para contaminar maçons despreparados e com isto levar a Ordem ao deboche da sociedade culta.

Essas forças, convinha até que existissem, porque, com elas sob seu comando, ficaria mais fácil para a maçonaria implantar, no mundo, o reinado de paz e o progresso da humanidade em geral. Mas não. A sua existência é anunciada para eliminar altos escalões. Ceifar vidas. Tudo que não é a Ordem.

O eminente escritor Ambrósio Peters exige que a maçonaria seja respeitada por tudo com que tem contribuído, ao longo da história das civilizações, para a evolução da humanidade. E reprova essas invencionices como denuncia a má fé com que agridem a Ordem, atribuindo-lhe caráter de maldades no exercício de suas funções. Alerta o grande pensador maçônico para o fato de que se isto fosse verdade, a mídia jornalística, ávida deste tipo de notícia e dotada, em nossos dias, dos mais avançados instrumentos de pesquisa, já teria colocado pelo avesso e desmoralizado tal ocultismo.

Confesso-me preocupado quando ainda leio ou ouço alguém referir-se a forças ocultas que governam o mundo sob o comando da maçonaria e de qualquer outra instituição.

Nós precisamos, e já, é exorcizar o espírito da preguiça do seio da Ordem, porque o danado desse espírito é que tem sido a causa de todos esses males que nos afligem.

Recordo que no ano de 2008, o irmão Giovani Souto defendeu tese de Mestrado dissertada perante o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, na Capital portuguesa, que foi aprovada. Aí ele faz uma espécie de gozação com os que tentam o ilusionismo de apresentar a Ordem como uma organização secreta. Ressalta que esta não é uma postura correta e sim que “os templos precisam aparecer para a sociedade, demonstrando-se que inexistem rituais macabros ou cultos a divindades. O que existem são estudos morais e filosóficos e a prática do bem e de amor ao próximo.”

Continua que “não adianta calar-se diante de notícias incoerentes e preconceitos sobre essa instituição universal”, passagem que me fez lembrar o irmão Luther King ao lhe ser atribuída a advertência de que “a preocupação não deve estar no grito dos maus, mas no silencio dos bons.” “Uma melhor qualidade nos serviços ofertados pela Maçonaria, prossegue o Irmão Souto, começa por uma boa publicidade. A boa comunicação é um meio de sobrevivência dos bons princípios”.

Há nessas conclusões do mestre Giovani Souto dois tópicos que devemos pinçar: “serviços ofertados pela maçonaria” e “boa publicidade”. No primeiro caso, “os serviços”. Deixa significar que existe algo material a ser implantado em algum lugar, na comunidade, por exemplo. Algo de amor ao próximo que labore em favor do progresso, do bem estar, da felicidade. E que, como reza o segundo caso, todos sejam informados, através de “uma boa publicidade” de tal procedimento por parte da maçonaria. Pois os “bons princípios” necessitam da “boa comunicação” para que sobrevivam e se desenvolvam.

A maçonaria nunca foi uma instituição voltada para dentro. Construtora de muros dentro dos quais escondesse o produto de sua ação. Foi e deverá ser sempre construtora de pontes através das quais pudesse levar o progresso e a felicidade aos muitos. Os aquedutos, os Palácios, os Mosteiros, as Catedrais são algumas provas disto. É verdade que há um procedimento para adoção de seus adeptos e uma pedagogia para formação dos mesmos. São procedimentos e pedagogia que só interessam aos que se “iniciam”, daí o caráter templário de sua transmissão. Mas a prática do saber maçônico, esta é de aplicação na comunidade. A Loja maçônica não é o limite. E sim a vertente.

Tiago, o apóstolo, com as suas missivas, criou uma escola. Ele ensinava não bastar possuir o sentimento do amor. Pois era preciso amar. Como a parábola do semeador. Não bastava possuir o diploma, era preciso sair a semear. E até parecia irritado com os que se contentavam apenas com a fé. Ele exigia mais e dava sentença aos que insistiam na limitação – “a fé sem as obras é coisa nula”.

Em nosso caso, é preciso, já, entusiasmar o maçom quanto ao exercício de sua função de Construtor Social. Pois “de que vale a fé sem as obras” ?

(Informabim 300 B)

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